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Habilidades I:

Comunicação/Relacionamento.

Curso: MEDICINA

Unidade: I

Relação Médico-Paciente.
Prof. Arthur Nolasco Gusmão
 Relação Médico – Paciente.

O encontro entre o paciente e o médico desperta uma


gama variada de sentimentos e emoções, configurando
uma relação humana especial, designada através dos
tempos, como a relação médico - paciente.

Esta não é uma relação humana habitual, comum, mas


insere em seu bojo uma grande carga de angústia,
medo, incerteza, amor, ódio, insegurança, confiança,
determinando assim uma relação dialética entre o ser
doente, e aquele que lhe oferece ajuda.
Premissas:

1. A relação médico – paciente constitui a parte fundamental


da prática médica, devendo ser foco de atenção e estudo
a partir do momento em que o estudando encontra-se
com o seu primeiro paciente, permanecendo por durante
toda sua vida.
2. O exame clínico, especialmente a anamnese, continua
sendo o elemento principal do tripé em que se apoia a
medicina moderna. Os outros dois componentes são os
exames laboratoriais e os equipamentos que produzem
traçados e imagens dos órgãos.
Obs.: Referência para o
diagnóstico de doenças
psicossomáticas .

Anamnese e
Ex. Físico

Ex.
Ex. Imagem
Laboratoriais
Premissas:

3. Para se entender o relacionamento com os pacientes, é


necessário adquirir uma boa compreensão dos
mecanismos psicodinâmicos envolvidos neste processo:
4. A aprendizagem da relação médico – paciente está
intimamente interligada á aprendizagem do método
clínico, e ambas dependem de treinamento prolongado,
sempre sob supervisão.
5. É indispensável a aquisição de conhecimentos básicos
das humanidades (filosofia, antropologia, psicologia,
sociologia e outras), pois a relação médico - paciente
ultrapassa o âmbito dos fenômenos biológicos, dentro do
qual se costuma aprisionar a profissão médica.
Relação Médico – Paciente e Princípios Bioéticos.

Princípios bioéticos; autonomia, beneficência, não –


maleficência, sigilo e justiça, vêm ganhando lugar de
destaque no ensino – aprendizagem da relação médico –
paciente.
No lugar do paternalismo ou do autoritarismo, quando os
médicos faziam escolhas para os pacientes de acordo
com seus valores profissionais, está surgindo um
relacionamento mais igualitário, que resulta muitas vezes
em decisão compartilhada.

* Humaniza SUS
O processo pelo qual os médicos e os pacientes tomam decisões juntos tem
sido chamado de consentimento informado, e é fruto do princípio da
autonomia.

O consentimento informado é um elemento necessário ao


atual exercício da medicina, como um direito do paciente e
um dever moral e legal do médico. Pois sendo o paciente
dono de seu próprio interesse, para decidir se prefere
manter-se no estado de saúde em que se apresenta ou
submeter-se a um tratamento relativamente perigoso, deve
ser devidamente esclarecido pelo profissional que o
atende.
O consentimento informado representa uma manifestação
expressa da autonomia da vontade do paciente, ou seja, é
recomendável que seja por escrito para evitar-se maiores
discussões sobre se o consentimento foi ou não dado e se
foi de modo suficiente ou não.

Talvez possamos dizer que o respeito pela autonomia do paciente como ser
humano e cidadão é, hoje, o núcleo central do relacionamento médico –
paciente.
Princípios da beneficência, da não maleficência.

O Princípio da Beneficência é o que estabelece que devemos


fazer o bem aos outros, independentemente de desejá-lo ou
não. É importante distinguir estes três conceitos. Beneficência
é fazer o bem, Benevolência é desejar o bem e Benemerência é
merecer o bem.
Muitos autores propõem que o Princípio da Não maleficência é
um elemento do Princípio da Beneficência. Deixar de causar o
mal intencional a uma pessoa já fazer o bem para este
indivíduo.
Cultivar o sigilo e procurar ser justo também é indissociável
do exame clínico e faz parte da relação médico –
paciente. A necessidade de prevenção contra possíveis
demandas judiciais envolvendo atos médicos é outros
aspecto que justifica o ensino dos princípios bioéticos.
A boa relação médico – paciente é, por si mesma uma
atitude preventiva, evitando-se mal entendidos que
possam evoluir para situações muito desagradáveis e
desgastantes para o médico.
 O princípio da justiça estabelece como condição
fundamental a eqüidade: obrigação ética de tratar cada
indivíduo conforme o que é moralmente correto e
adequado, de dar a cada um o que lhe é devido. O
médico deve atuar com imparcialidade, evitando ao
máximo que aspectos sociais, culturais, religiosos,
financeiros ou outros interfiram na relação médico-
paciente. Os recursos devem ser equilibradamente
distribuídos, com o objetivo de alcançar, com melhor
eficácia, o maior número de pessoas assistidas.
Ética, Bioética – Relações.

A Ética depende da moral e pressupõe uma construção


individual apreendendo valores e atitudes como algo
transformador pelos pensamentos e conscientização na
ação.
A bioética das relações parte da necessidade do indivíduo
de perceber os conflitos que podem surgir ao relacionar-
se com outra pessoa. Esses conflitos próprios dos seres
humanos podem ou não fazer parte da consciência do
indivíduo , mas eles existem em consequência da
necessidade de nos adaptarmos ao mundo. Ao
tomarmos consciência deles, podemos compreendê-los
ou não, modificando ou não nossa maneira de agir.
Relação Médico – Paciente.

Na bioética da relação médico – paciente está o conflito


entre o emocional e o racional ; o maior desgaste do
profissional médico não se deve ao número de horas
trabalhadas, mas a intensidade emocional com que
vivenciam todos os seus atos, pois eles significam tratar
com a vida, a honra e a saúde de outras pessoas.
Na prática o que mantém os vínculos efetivos na profissão
médica são a confiança e a empatia. Devemos estar
atentos a estes requisitos emocionais básicos se quiser
mantermos nossa função como profissionais da saúde
humana. O médico não deve se esquecer de que quem
o procura é um paciente e não uma doença , e o faz em
função da dor e do sofrimento.
Aspectos Psicodinâmicos da Relação Médico – Paciente.

Ao ser praticada dentro do quadro de referência das


ciências naturais, a medicina voltou-se mais para
enfermidade do que para o paciente, não contemplando
a tentativa de compreender o homem como ser que
pensa e sente, e que vive inserido em uma sociedade,
em relacionamento com outras pessoas.
No final do século XIX e início do século XX, Freud e seus
seguidores começaram a desvendar os mecanismos
inconscientes envolvidos na relação humana. Esta nova
aquisição dos aspectos psicodinâmicos possibilitou
pensar a relação médico – paciente sob outro ângulo.
Vídeo 1
Aspectos Psicodinâmicos da Relação Médico – Paciente.

Toda vez que uma pessoas procura um médico para qualquer questão
relacionada a saúde, esta é a própria definição de paciente, entram
em jogo fenômenos psicodinâmicos próprios do relacionamento
entre o médico e o paciente. Será fácil compreender que estes
fenômenos poderão ter diferentes graus de intensidade ou
profundidade, em função dos vários fatores que participam desse
encontro, entre eles a característica da enfermidade e a duração da
relação médico – paciente.
Pressupõe-se que o médico tenha conhecimento cientifico sobre os
aspectos da doença, e que o paciente apenas domine os conceitos
do senso comum . Embora esta situação possa não ser exatamente
assim, caso em que o paciente é também profissional da área de
saúde, o fato dele estar regredido pelo próprio processo de
adoecimento faz com que a simetria da relação seja mantida.
1. Médico Ativo – Paciente Passivo.

Nesta condição, o paciente abandona-se por completo e


aceita passivamente os cuidados médicos, sem mostrar
necessidade ou vontade de compreendê-los.
Essa é a característica da medicina de urgência, quanto
mais ativo e seguro se mostrar o médico, tanto mais
tranquilo e seguro ficará o paciente.
2. Médico Dirigindo – Paciente Colaborando.

O médico assume seu papel de maneira, até certo ponto,


autoritária.
O paciente aceita e compreende tal atitude, procurando
colaborar.
3. Médico Agindo – Paciente Participando Ativamente.

O médico permanece no seu papel de definir os caminhos e os


procedimentos, e o paciente compreende e atua conjuntamente .
As decisões são tomadas após troca de ideias e análise de
alternativas. Assim, o paciente assume responsabilidade frente ao
processo de tratamento de sua doença. Há então um redimensionar
de papéis, uma parceria entre o médico e o paciente, corretamente
designada aliança terapêutica.
O paciente de hoje não mais se vê no papel tradicional de submeter-se
sem queixas e sem perguntas as quaisquer medidas que o médico
supostamente infalível, acha que são as melhores.
Graças aos meios de comunicação, acha-se muito melhor informado
sobre assuntos médicos que as gerações anteriores.
Apropriar-se dos sentimentos inconscientes, que deixa de selos para
se tornar parte do mundo consciente constitui melhor maneira de
valorizar as emoções que perpassam as relações humanas.
História da Relação Médico – Paciente.

Aí se encontra uma das maiores contribuições de Freud para a medicina


moderna, pois coube a ele sistematizar os conhecimentos nesta área.
É esse conhecimento que instrumentaliza o profissional para uma postura de
cuidado de seu paciente.

Médico Cuidador:

Segundo Winnicot, diferencia-se do médico curador exatamente


pela capacidade de atender seu paciente de forma global e
holística, ampliando o conceito de médico curador, que
somente se envolve com a cura da doença, o que
frequentemente não é conseguido, causando profunda
frustração.
Figura 01
Figura 02
?

Figura 03 Figura 04 Figura 05


Referências:

Celmo Celeno Porto – Semiologia Médica 6ª Edição.


Cap: 2 e 3.

A Inclusão da Perspectiva do Paciente na Consulta


Médica: um Desafio na Formação do Médico.
Denise BallesterI.

Obrigado!

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