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Estudo Dirigido Sobre competência

Geissiane Rodrigues Santana de Avelar

1- O código de processo Civil, quando indica os limites de atuação da jurisdição nacional,


entre os artigos 21 a 25 esta informando que o Brasil possui atribuição de processar e julgar
determinada pretensão. O código não trata porém, de pretensão que pode ser julgadas pelo
judiciário estrangeiro. Não existe a possibilidade de definição de competência internacional
por um outro pais.

2- De acordo com o disposto no artigo 88 do código de processo civil trata se de casos de


competência concorrente/cumulativa, onde a justiça brasileira é tida como competente para
processar e julgar uma demanda, mas não fica excluída a possibilidade de a causa ser
validamente processada e julgada em tribunal alienígena.

3-Na Competência Internacional Exclusiva, o art. 23 do Novo CPC traz as hipóteses em


que somente o Brasil é competente para julgar, excluindo os demais países, não cabendo o
foro de eleição de jurisdição e, mesmo havendo sentença estrangeira sobre o fato, nosso
judiciário não homologará tal decisão (um exemplo desse tipo de competência é quando a
ação disser respeito a imóveis situados no Brasil).

4- A competência é fixada no momento da propositura da ação, pelas regras vigentes nesta


data, pouco importando alterações de fato ou de direitos supervenientes. É o princípio
da perpetuatio iurisdictionis, consagrado no artigo 87 do CPC. Para se fixar a competência
interna devem ser empregados três critérios:

 O critério objetivo fixa a competência em razão do valor da causa ou da sua natureza,


sendo previstos nos arts. 91 e 92 do CPC.

 O critério funcional de fixação de competência a distribui entre diversos órgãos


“quando as diversas funções necessárias num mesmo processo ou coordenadas à
atuação da mesma vontade de lei são atribuídas a juízes diversos ou órgãos
jurisdicionais diversos”. Há também o fenômeno da competência funcional ocorrendo
entre processos diferentes, quando todos eles são ligados a uma mesma pretensão.

 O critério territorial, em que a distribuição da competência se faz em razão de aspectos


ligados, exclusivamente, à posição geográfica, sendo certo que se pretende com tal
critério aproximar o Estado juiz dos fatos ligados à pretensão manifestada pelo autor.

Assim é que, em geral, estabelece o art. 94 do CPC que será competente o juízo localizado no
foro do domicílio do réu. Outras regras de distribuição da competência por critérios
territoriais devem ser levados em conta. Nos termos do art. 95 do CPC é competente o juízo
do foro da situação da coisa para os processos em que se discutem direitos reais sobre
imóveis. Importante, também, a regra do art. 96, que fixa a competência do foro do último
domicílio no Brasil do autor da herança para inventário e partilha de seus bens, assim como
para todos os processos ligados à sua sucessão, e ainda para todos aqueles em que for
demandado o seu espólio.

5- O critério em razão ao valor da causa refere se primeiramente a uma classificação relativa,


ou seja, as partes podem alterar a competência segundo o que dispõe o artigo 63 código de
processo civil. A competência dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais foi recepcionada pela
lei 9099/95 no artigo 3º, estabelecendo como critérios o valor e a matéria. O referido artigo
estabelece que os Juizados Especiais Estaduais têm competência para processar e julgar as
causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: nas causas cujo valor não exceda
40 vezes o salário mínimo, nas causas enumeradas no artigo 275 II do Código de Processo
Civil qualquer que seja o valor e nas ações de despejo para uso próprio e nas ações
possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente a 40 salários mínimos.

6- A competência em razão da matéria trata-se de uma competência absoluta, ou seja, as


partes não podem decidir esse critério de competência, diferindo do que ocorre com a
competência relativa. No que tange ratione materiae (em razão da matéria) é aquela que se
refere à natureza da causa, podendo ser vista sob duas vertentes. A primeira versa sobre a
determinação da justiça competente, ou seja, se federal, do trabalho, militar, estadual ou
eleitoral. A segunda estabelece, após a descoberta da justiça competente, o juiz ou o tribunal
que tenha sido conferida a competência para a demanda. Deste último critério, infere-se o
surgimento dos denominados juízos privativos, estabelecidos pela organização judiciária,
como, por exemplo, varas de família, varas de acidentes do trabalho, varas de acidentes de
trânsito, etc.

7- A competência territorial ou de foro leva em conta a divisão do território nacional em


circunscrições judiciárias. Na Justiça Estadual, as circunscrições, que correspondem a um ou
mais municípios, denominam-se comarcas. Cada juiz tem competência para julgar as ações
que, de acordo com o critério do Código, devam ser propostas no juízo da sua comarca. Na
Justiça Federal comum, as circunscrições denominam-se seções judiciárias e correspondem
cada uma, ao território do respectivo Estado.

8- A competência absoluta são estabelecidas (proteção do interesse público), todos os sujeitos


processuais são legitimados a apontar a ofensa a uma regra dessa natureza, até mesmo porque
o respeito à ordem pública é questão incompatível com a limitação de legitimados que
pretendam sua concretização. Ou seja, podem arguir a incompetência absoluta o autor, réu,
terceiros intervenientes, MP como fiscal e até mesmo o juiz, de ofício (art. 64 NCPC). Já a
competência relativa o autor não pode alegar a incompetência relativa por razões lógicas. O
autor tem na propositura da demanda o momento adequado para se manifestar acerca da
competência relativa, não sendo compatível a propositura da demanda em foro escolhido por
ele e a posterior alegação de incompetência por ele mesmo criada.

9- Princípio da perpetuatio jurisdictionis é também chamado de princípio da perpetuação da


competência. Nesse sentido, quando há a distribuição de uma ação seguindo as regras de
competência da lei, este feito chegará a um órgão do Poder Judiciário e ocorrerá a prevenção
(prevenção no sentindo de concentrar competência em um determinado juízo). A ideia desta
norma é que após a escolha daquele juízo, o processo ali tramite do início ao fim (até o
momento que transite em julgado, ou passe à outras instâncias em razão de recursos). Desta
feita, fixada a competência do juízo, alterações ou circunstâncias supervenientes não são
capazes de modificá-la, de forma a proteger as partes no processo, principalmente o autor.

10- Na análise dos critérios de fixação de competência a primeira questão a ser resolvida é a
da chamada competência internacional que vem estipulada pelos arts. 88 e 89 do Código de
Processo Civil. O art. 88 dispõe sobre a competência internacional concorrente e o art. 89
sobre a competência internacional exclusiva. Verificada a competência internacional, e sendo
certo que a demanda pode ser ajuizada perante autoridade judiciária brasileira, passa-se a
análise da competência interna. A competência é fixada no momento da propositura da ação,
pelas regras vigentes nesta data, pouco importando alterações de fato ou de direitos
supervenientes. É o princípio da perpetuatio iurisdictionis, consagrado no artigo 87 do CPC.

11- Segundo Cintra, Grinover e Dinamarco, a prorrogação da competência pode ser legal, ou
seja, prevista em lei, como se dá nos casos em que há conexão ou continência entre duas
ações (arts. 102 e 104 do CPC), como também pode ser voluntária, isto é, decorrente de
vontade das partes. A prorrogação voluntária da competência, por sua vez, divide-se em
expressa ou tácita. A expressa dá-se nas hipóteses de eleição de foro (art. 111 do CPC) e a
tácita quando a parte ré deixa de opor exceção de incompetência relativa no prazo legal
(art. 114 do CPC).

12- Sendo que conforme o Artigo 64 do CPC tanto a competência relativa e absoluta será
alegada como questão preliminar de contestação, in verbis: Artigo 64 do CPC - A
incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
Assim, conforme manifestação da parte contrária, o juiz decidira alegação de incompetência,
caso seja acolhida os autos serão remetidos ao juízo competente, nos termos do §§2º e 3º do
Artigo 64 do CPC. Exceto as questões do § 4º do Artigo 64 do CPC: § 4º - Salvo decisão
judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
13- O §1 o esclarece que a incompetência absoluta poderá ser alegada em qualquer tempo e
grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício pelo juiz, mas, em qualquer caso, a decisão
sempre será tomada após ouvir a manifestação da parte contrária, seguindo o § 2º do
artigo 64 do Novo CPC. Acolhida a alegação de incompetência, os autos serão remetidos ao
juízo competente e conservar-se-ão os efeitos das decisões proferidas pelo juízo incompetente
até que outra seja proferida, salvo decisão em sentido contrário, na forma dos §§ 3º e 4º
do Novo CPC. Já o artigo 65 do Novo CPC dispõe que em caso de incompetência relativa, se
o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação, será prorrogada a
competência do juízo. E o seu parágrafo único deixa claro que o Ministério Público é parte
legítima para alegar a incompetência, nas causas em que atuar, é claro.

14- A conexão é uma relação de semelhança entre demandas distintas. Assim, duas ou mais
ações serão conexas quando lhes for comum o pedido e a causa de pedir (art. 55, caput, do
CPC/15). Dessa forma, enxergadas as semelhanças presentes no dispositivo, a conexão tem o
condão de modificar a competência, reunindo as ações conexas em um único juízo. Sendo
assim, a modificação da competência pela conexão tem por objetivo promover a eficiência
processual e evitar a prolação de decisões conflitantes, contraditórias. Portanto, o §1º do art.
55 do CPC/15 traz a determinação de que as causas conexas serão reunidas para decisão
conjunta. Ressalte-se que esta norma é cogente, logo sua observância é obrigatória. Além
disso, há a possibilidade de que ações sejam conexas ainda que não haja semelhança entre o
pedido e a causa de pedir. É o caso expresso no §3º do art. 55, quando dois processos tiverem
vínculo entre os objetos litigiosos, que correm risco de obterem decisões conflitantes. O
conceito de continência está inserido no de conexão, uma vez que para ocorrer o fenômeno, é
necessária a identidade entre as causas de pedir. Nesse sentido, nada nos impede de afirmar
que continência é uma forma de conexão. O Conceito está previsto no caput do art. 56 do
CPC, que diz: “Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade
quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das
demais.” Dessa forma, haverá continência quando o pedido de uma ação englobar o pedido de
outra ação, ou seja, o pedido desta contém o daquela.

15- A prevenção do juízo decorrerá do registro ou da distribuição da petição inicial, conforme


disciplina o art. 59 do CPC/15. Ou seja, o juízo onde for proposta, em primeiro lugar, uma das
ações, será onde os processos serão reunidos para julgamento.

16- O conflito de competência pode ser:

A) Positivo (dois ou mais juízes se declaram competentes);

B) Negativo (dois ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a


competência).
C) Quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia sobre a reunião ou separação de
processos: se um órgão jurisdicional determina a reunião de processos e contra esta o outro
órgão se insurge, está-se diante de conflito positivo de competência (os dois juízos afirmam-
se competentes); se, ao contrário, um órgão jurisdicional determina a separação de processos e
outro, ao qual um dos feitos foi remetido, rejeita a competência que lhe foi atribuída, está-se
diante de conflito negativo de competência (dois juízos renegam a competência).

Sendo atribuída por determinado juiz ou órgão jurisdicional a competência a outro juiz,
caberá a este último, caso não aceite a competência que lhe tenha sido imputada e não
indique um terceiro juízo como competente, a suscitação do conflito de competência
(art. 66 do NCPC, parágrafo único).

A legitimação para a suscitação do conflito de competência é das partes, do Ministério


Público, podendo o órgão jurisdicional suscitá-lo de ofício. Em regra, nos conflitos de
competência não se faz necessária a intervenção do MP. Sua atuação será obrigatória apenas
nos conflitos que forem em tal órgão suscitados, evidentemente, pois o MP terá, nesta
situação, a condição de parte suscitante, ou nos conflitos de competência oriundos de causas
em que é obrigatória a participação do órgão ministerial, conforme rol do art. 178 do NCPC.

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