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Um dos temas mais discutidos na atualidade é a igualdade de direitos e de

deveres entre os seres humanos, não importando o seu género, orientação sexual, etnia,
classe social, entre outros fatores. Mas, para se falar sobre o presente e pensar sobre o
futuro, primeiramente é necessário conhecer e analisar o passado.

No passado quando os homens se tornaram caçadores, a força física vira uma


coisa indispensável para a sobrevivência do grupo, fazendo com que os homens
tivessem um maior estatuto social. E ao ocorrer a ação dos grupos humanos, ocorre o
surgimento da propriedade privada e da disputa por terras, em que ganha aquele que
lutar e derrotar, pela força, seu inimigo. Esses guerreiros, vitoriosos nas disputas,
passaram a tratar as mulheres como propriedade, obrigando-as a serem submissas e
exclusivas deles, pois não aceitariam ter de legar os seus bens a um descendente que não
fosse seu filho legítimo. Começou aí a repressão sexual e o mito da inferioridade da
mulher, que perdurou durante vários séculos. Os primeiros grandes movimentos sociais
a contestarem essa repressão, e que podem ser considerados a origem do Feminismo,
começaram em meados dos séculos XVIII e XIX. Não foi do nada que coincidiram com
a Revolução Francesa, que buscava os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade
entre os homens. Essa Revolução encorajou algumas mulheres a lutarem pelos seus
direitos e a denunciar a sujeição em que eram mantidas e que se manifestava em todas
as esferas da vida: jurídica, política, económica, educacional, entre outras. Com a
Revolução Industrial, houve uma mudança na vida das mulheres das classes menos
favorecidas: elas passaram a ser inseridas na nova economia capitalista. Mas isso não
foi uma conquista social: pela necessidade de mais trabalhadores nas fábricas, os
empregadores passaram a contratar mulheres, mas alegando que elas não tinham o
mesmo rendimento de um trabalhador masculino, eles pagavam menores salários e as
faziam trabalhar em condições sub-humanas, sem direito à licença-maternidade e tempo
para cuidar dos filhos, além de serem frequentes os abusos sexuais nas fábricas. Tudo
isso aumentou o número de manifestações feministas em buscas de melhores condições
sociais. As fábricas e outros serviços ficaram sem ninguém e a produção cessou quando
a sociedade mais precisava. A solução que se adotou foi a incorporação em massa da
mulher a todos os âmbitos do mundo trabalhista. E foi aí que as lutas femininas
começaram a alcançar os seus objetivos, a mulher passou a ser, gradualmente,
reconhecida como capaz de realizar as mais diversas tarefas, antes atribuídas somente
aos homens. Mas as lutas não pararam por aí. Conquistados os direitos trabalhistas,
ainda sobram muitos outros aspetos da vida social que ainda permaneciam (e alguns
ainda permanecem) desiguais: o direito de participação da vida política, direitos
judiciais, liberdade moral e sexual, entre outros, que foram (e continuam) sendo
conquistados lentamente na sociedade. Exemplos dessas desigualdades entre os géneros
que permanecem atualmente podem ser verificados a comparar os salários de ambos os
sexos para uma mesma profissão. Salvo alguns casos, os homens geralmente costumam
ganhar mais do que as mulheres, que por questões culturais, não se impõem na hora da
contratação e acabam a aceitar os valores salariais já estabelecidos. E essa diferença de
salários acaba aumentando quando se trata de mulheres de outras etnias, como a negra e
a indígena, devido ao preconceito racial ainda existente na sociedade. A liberdade moral
e sexual para as mulheres são outro exemplo de conquistas sociais que ainda não se
completaram atualmente, como na questão da escolha pessoal de se ter filhos: a
sociedade tende a aceitar com bem mais facilidade o homem que opta por não ter, do
que a mulher na mesma situação.
Um dos argumentos contra a igualdade de géneros é a diferença no tempo para a
aposentadoria dos homens e das mulheres. As mulheres se aposentam aos 60 anos e os
homens trabalham até os 65. A falha deste argumento é que ele ignora o fato de que as
mulheres trabalham em jornada dupla, ganham menos e ainda têm filhos. No que se
refere ao trabalho doméstico, na maioria das vezes, são as esposas que exercem essa
atividade não remunerada. E ainda, falando em equidade, o corpo da mulher sofre mais
com mudanças hormonais e ela experimenta doenças como osteoporose muito mais
cedo. Porém, se essas mulheres se sentem realizadas, felizes vivendo desse modo, isso
deve ser respeitado, pois, os ideais de igualdade, por mais estranho que isto soe para
alguns, não são universais. Mas para aquelas mulheres que querem a igualdade de
géneros, e são barradas por aspetos conservadores da sociedade, as mudanças devem ser
efetuadas, através da consciencialização das pessoas sobre esses problemas sociais.
Porque uma sociedade democrática deve visar sempre ao bem de todos, para que cada
um tenha a oportunidade de evoluir como ser humano.

Faz sentido continuar a discutir a igualdade de género? Óbvio que faz. Por
agora, o acesso à educação continua a ganhar terreno mundialmente, sendo um dos
indicadores mais positivos para equilibrar a balança. Por outro lado, embora a
percentagem de mulheres com acesso ao ensino superior tenha galgado terrenos nas
últimas décadas, no que toca a acesso a altos quadros profissionais ou ao
empoderamento político, a discrepância entre homens e mulheres continua a ser
profundamente acentuada. Sendo algo já normal e muitas mulheres já estão cientes de
tal. Contudo, a conclusão vai ser sempre ter ao mesmo: temos um longo caminho a
percorrer e é urgente começar a acelerar o passo.

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