Michael Ellsberg
Introdução xvii
Epílogo 215
Agradecimentos 217
Ralph Waldo Emerson
Sobre Olhos e Contato Visual 221
Notas 225
Entrevistados 237
Recado para os Leitores
,
2009
Introdução
Os olhos são a janela da alma, assim, é muito mais fácil ter uma
conversa interessante com alguém depois de passar três minutos
olhando bem nos olhos dela. Essa é a ideia por trás das Eye Ga-
zing Parties. Conversas banais sobre seu tipo de emprego, a loca-
lização de seu apartamento, ou de onde você é, não representam
uma boa maneira de estabelecer uma cativante conexão com uma
pessoa atraente. O contato visual sim.
Veja como funciona. Um número par de solteiros reúne-se em
um espaço alternativo. Depois de tomarem alguns drinks e de ou-
virem jazz, o grupo divide-se em pares, e cada par passa três minu-
tos olhando um nos olhos do outro, sem falar, com ritmos convidati-
vos ao fundo. Há troca de parceiro a cada três minutos, totalizando
quarenta e cinco minutos. Depois, há uma festa, com bastante bebi-
da e música voluptuosa vibrando. O contato visual tem efeito ele-
trizante na festa. Explicado simplesmente, três minutos de contato
visual representam um caminhão de quebra-gelo. Venha apreciar
essa nova e excitante maneira de conhecer almas solteiras!
tra habilidade em contato visual: Quando ele olhou para mim, senti
como se fôssemos as únicas pessoas na sala.
Assim, amigos, é o poder do contato visual: a habilidade de
estabelecer uma conexão tão forte entre seres humanos, num
período de tempo muito curto, de modo que duas pessoas sintam
que são, por um instante, uma só. Não conheço nenhuma força na
experiência humana que possa fazer tal mágica tão rapidamente.
Você consegue pensar em todos os diferentes contextos nos
quais fosse útil estabelecer com os outros fortes sentimentos de
conexão, de solidariedade e de confiança, de forma instantânea?
Encontros, vendas, conferências, apresentações comerciais, en-
trevistas de emprego, conversas cordiais com a família ou o amor,
uma noite romântica com o parceiro – são apenas algumas pou-
cas áreas que se beneficiariam com um contato visual bem pra-
ticado. Exploraremos, nos capítulos seguintes, como o contato
visual se relaciona com todos esses campos.
O contato visual eficiente pode fazer a diferença entre a excelên-
cia e o fracasso nas interações sociais, inclusive facilitando a conquis-
ta de um emprego, o sucesso de um encontro, o aprofundamento
da relação com as pessoas amadas e, por outro lado, pode ajudá-lo
também a conseguir ou destruir a cooperação e a coesão de um
grupo de trabalho. Dito sinteticamente, o contato visual é uma
das forças mais poderosas na interação direta entre seres humanos.
Mulheres, imaginem as palavras “Quer se casar comigo?”
saindo da boca do homem perfeito... em uma praia romântica...
com um enorme anel de diamantes estendido para você... en-
quanto os olhos do homem estão fixos nos seus... pés!
A maior parte das informações obtidas dos olhos vem das al-
terações da abertura, sendo o que se vê da íris e da esclera – o
branco – resultado da ação muscular nas pálpebras inferior e su-
perior. Em cada lado da face, há quatro músculos, que alteram
essa abertura, onde estão as informações.
Na raiva, temos um “olhar” em que a pálpebra superior é er-
guida, e a testa, abaixada, fazendo pressão sobre a pálpebra supe-
rior, enquanto a inferior fica tensa. Você obtém um olhar feroz.
É um sinal de raiva muito poderoso. Não é necessário ver mais
nada no restante do rosto, embora o olhar seja acompanhado
por movimentos faciais congruentes.
A felicidade tem alguns sinais visuais, mas não tão poderosos.
Distingui o que chamo de “sorriso Duchenne” em homena-
gem ao neurologista francês que fez, pela primeira vez, essa ob-
servação, a qual comprovei cem anos depois. O verdadeiro sor-
riso de felicidade, que chamei de “sorriso Duchenne”, envolve
movimento de um músculo ao redor do olho – orbiculari oculi,
pars lateralis – fazendo a pálpebra mover-se para baixo muito le-
vemente. Posso produzir pés de galinha ou movimentos faciais
com um enorme, amplo e verdadeiro sorriso. Porém, como di-
zia Duchenne, esse músculo “não obedece à vontade”. A maio-
ria das pessoas não consegue movê-lo voluntariamente. “E sua
ausência desmascara o falso amigo”.
Aqui está algo muito interessante. Não deve ter sido útil, no
curso de nossa evolução, os outros membros de nossa espécie sa-
berem se estávamos realmente nos divertindo ou apenas fingindo.
Podemos distinguir os dois casos por meio de medidas bas-
tante cuidadosas. Podemos ensinar as pessoas a acertarem 75%
das vezes. Então, não se trata de um sinal. As pessoas podem dis-
tinguir raiva, medo e surpresa com muito mais facilidade, mes-
mo a uma grande distância.
ELLSBERG: Medo, raiva e surpresa – são emoções cuja lei-
tura imediata deve ter sido muito útil em nosso passado. Você