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Objeto e método da economia política

As diversas conceções de Economia Política


A expressão Economia deriva das palavras gregas “oiko” (casa) e “nomos” (ordem),
correspondendo ao “governo de casa”.
A análise económica tem caráter parcial, estudando uma categoria determinada de factos
sociais: factos económicos.
Problemas económicos fundamentais:
 Que bens produzir e em que quantidades?
 Como e onde produzir esses bens?
 Para quem produzir?
Que bens produzir e em que quantidades?
Se em certo mercado a procura aumenta, a oferta será insuficiente para satisfazer todas as
necessidades, já que as empresa planeiam a produção dos bens em função da procura
esperada.
A subida dos preços fará aumentar os lucros das empresas, levando ao aumento da produção.
Se a procura de um bem diminuir, o seu preço baixará, já que perante o excesso de oferta, os
vendedores estarão dispostos a baixar o preço para conseguirem escoar a produção.
Como e onde produzir esses bens?
Na economia de mercado, os preços formam-se em função da oferta e da procura.
Quanto menos eficientes for a produção, maiores serão os custos de produção da empresa e
menores serão os seus ganhos.
O mercado distribuirá lucros pelos eficientes e prejuízos pelos ineficientes.
Para quem produzir?
Existem dois tipos de mercado: o mercado dos bens e serviços e o mercado dos fatores
produtivos.

No mercado dos fatores produtivos, compram-se e vendem-se os fatores de produção, tudo se


passando num circuito económico.
Neste mercado:
 Os proprietários cedem o fator de produção terra, em troca de um preço que é a renda;
 Os trabalhadores vendem o seu trabalho às empresas, em troca de um preço que é o
salário;
 Os capitalistas disponibilizam o capital às empresas, em troca de um preço que é o
juro;
 Se no final o valor da venda dos bens superar os custos de produto, o empresário
obterá um lucro.
A distribuição da riqueza na economia de mercado é realizada por diferentes vias:
 Salário dos trabalhadores
 Renda dos proprietários
 Juros dos capitalistas
 Lucros dos empresários
A somar esses rendimentos obtém-se o Rendimento Nacional.

Relações entre economia e política


Mercado e o governo
Às formas democráticas de governo corresponde economias de mercado, descentralizadas e
às formas não democráticas de governo corresponderão economias planificadas,
centralizadas.

Formas de organizar as respostas aos problemas económicos fundamentais:


 Pelo Estado – através da atuação económica direta ou por via de planificação da
economia
 Pelo mercado – através do sistema de preços, a partir de um Estado regulador
 Por uma terceira via, de combinação da concorrência, da intervenção e da regulação
As relações entre o poder politico e a atividade económica podem assumir três formas:
 Ordenação económica
 Intervenção económica
 Atuação económica direta
O sistema de preços nas economias de mercado
Nas economias capitalistas, em que a produção se processa em função e para o mercado, os
problemas são resolvidos pelo sistema de preços resultante do encontro entre a oferta e a
procurar entre vendedores e compradores.

O mercado funciona como ponto de encontro entre os agentes económicos, do lado da oferta
(produtores, vendedores) e da procura (consumidores) em que as decisões sobre quantidades
oferecidas e procuradas são tomadas com base no preço.
No mercado, os sujeitos económicos orientam as suas escolhas numa lógica de custo-
beneficio, procurando obter o máximo de vantagens com o mínimo de custos.

Os critérios de atuação são:


 Racionalidade económica
 Eficiência
 Eficácia
As insuficiências e falhas de mercado
Bens públicos – bens que o mercado não tem interesse em produzir e a comunidade não pode
dispensar a sua existência sob pena de vez seriamente afetada a satisfação de necessidades
essenciais à estabilidade social e política.

As consequências das insuficiências de mercado vão desde a desigualdade na distribuição da


riqueza e dos rendimentos, às atividades económicas que beneficiam ou prejudicam outras, à
falta de bens suscetíveis de satisfazer necessidades importantes, em razão do desinteresse por
parte das entidades privadas na sua produção, à instabilidade económico global ou setorial,
etc.

A medida da intervenção das entidades públicas na afetação de recursos à satisfação de


necessidades coletivas, deve tratar-se de saber quanto é que a atividade financeira deve pesar
no conjunto da economia, considerando as famílias e as empresas.

Monopólio – quando um certo mercado tem apenas um único vendedor.


Oligopólio – quando alguns vendedores dominam um certo mercado.
Conceitos económicos fundamentais
Necessidades económicas
Para existir uma necessidade económica, é preciso que se verifiquem quatro pressupostos:
 Estado de insatisfação
 Conhecimento de um meio adequado para satisfazer a necessidade
 Acessibilidade desse meio
 Desejo de possuir esse meio

As necessidades económicas dividem-se:


 Necessidades primárias ou essenciais – são necessidades que decorrem da própria
natureza humana, são sentidas por todos e indispensáveis à sobrevivência. (ex: água,
comidas, etc)
 Necessidades secundárias ou de civilização – variam de indivíduo para indivíduo, de
região para região, de época para época, podendo não existir.

Lei de Gossen – toda a necessidade é saciável, descrevendo de intensidade à medida que vai
sendo satisfeita, acabando por se extinguir.
Os bens económicos
Entende-se por bens económicos todo o bem ou serviço apto à satisfação de uma
necessidade, desde que tal seja útil, acessível, disponível e raro.

Bens materiais e serviços


Os bens materiais abrangem todos os bens com existência corpórea ou expressão física (ex:
bens alimentares).
Os serviços são bens imateriais que consistem em utilidades prestadas por agentes
económicos aos indivíduos que com eles se relacionem na atividade económica (ex: serviços
de um advogado).

Bens direitos ou indiretos


Bens diretos (bens de gozo) são aqueles que se mostram aptos a satisfazer imediatamente
necessidades (ex: vestuário, livros)
Bens indiretos (bens de produção) são instrumentos para a produção de outros bens (ex:
máquinas)

Bens consumíveis e bens duradouros


Bens consumíveis são aqueles que satisfazem necessidades pela sua própria destruição, ou
seja, são bens suscetíveis de uma única utilização.
Bens duradouros podem ser utilizados várias vezes, visto que têm capacidade para satisfazer
necessidades sem que isso implique a sua destruição.

Bons duráveis e bens perecíveis


Bens duráveis são aqueles que se conservam durante um largo período de tempo sem que
disso resulte a sua deterioração.
Bens perecíveis são aqueles que se deterioram com o decurso do tempo, pelo que não podem
ser armazenados.

Bens complementares e bens substituíveis


Bens complementares são todos aqueles que são utilizados conjuntamente na produção ou
no consumo (ex: café, açúcar, pneus)
Bens substituíveis são aqueles que podem utilizar-se em alternativa.

Matérias-primas; produtos acabados e semi-acabados; subprodutos


As matérias-primas compreendem todos os bens da natureza que, não tenham sofrido
qualquer transformação resultante da atividade humana, se destinam a sofrer essas mesmas
alterações. (ex: algodão e cortiça)
Nos produtos acabados incluem-se todos os bens que esgotaram o leque de transformações a
que poderiam ser sujeitos, adquirindo a natureza de bens diretos (ou de consumo) ou bens
indiretos (ou instrumentais).
Os produtos semi-acabados são bens que, já tendo sofrido alguma transformação, são ainda
suscetíveis as sofrer novas transformações.
Subprodutos são os bens resultantes da transformação de outros bens.
A utilidade
A utilidade significa a aptidão dos bens para a satisfação das necessidades económicas
Utilidade total e utilidade marginal
Utilidade total – utilidade do conjunto dos bens de que se pode dispor na satisfação das
necessidades.
Utilidade marginal – utilidade adicional proporcionada com a utilização de uma unidade
adicional de determinada bem.
Lei da utilidade marginal decrescente
De acordo com esta lei, o indivíduo à medida que consome maiores quantidades de um bem,
vê diminuir a utilidade.
O custo económico e a desutilidade
O custo integra um aspeto positivo que se consubstancia na energia despendida pelo
indivíduo para produzir o bem, e um aspecto negativo que se traduz no sentimento de
sacrifício com que é desenvolvida a produção.

O custo económico toma-se indissociável da penosidade que as tarefas produtivas


representam para o indivíduo que as desenvolve, o que assume reflexos nos níveis salariais.
Esta penosidade, que resulta da produção de um bem económico denomina-se desutilidade.
O desenvolvimento de uma atividade económica só se justifica enquanto a utilidade que
proporciona for maior que a desabilidade que acarreta.

Utilidade ponderada – relação entre a utilidade de um bem e o custo sofrido para a sua
produção.

A produção
Setores de produção
 Setor primário
 Setor industrial
 Setor dos serviços
Setor primário – abrange a exploração dos solos e dos respetivos seres vivos, na produção de
bens alimentares necessários ao homem.

Setor industrial – abrange as atividades destinadas à extração de matérias-primas e as


atividades de transformação daquelas em bens úteis.

Setor dos serviços – toda a atividade humana imaterial de satisfação de necessidades.


Fatores de produção
 Trabalho
 Capital
 Fatores naturais (ex: terra)
Rendimento, produtividade e rentabilidade dos fatores de produção
Rendimento – volume de produção, enquanto resultado que é possível obter com a utilização
de fatores de produção ao longo de um período temporal determinado.

Produtividade – medida do nível de satisfação das necessidades económicas atingidas por


uma estrutura de produção ou por um dos seus fatores.

Rentabilidade – está associada ao lucro da empresa.

Lucro – rendimento diferencial que o empresário obtém sempre que os bens produzidos são
vendidos por um preço que corresponda a um valor superior ao do respetivo custo de
produção.
O que é o rendimento nacional e como se mede
Rendimento nacional – fluxo de bens e serviços produzidos e vendidos numa dada economia
durante um período de tempo considerado.
Mede a produção de riqueza ao longo do ano, mas só os bens produzidos e vendidos.
Rendimento real e rendimento monetário
Rendimento real – soma dos bens e serviços produzidos
Rendimento monetário – soma dos valores expressos em moeda relativos aos bens
transacionados no mercado
O PNB e o PIB
PNB (produto nacional bruto) – preços de venda dos bens e serviços, incluido os impostos
indiretos que recaem sobre as transações.
O PNB integra o custo dos fatores utilizados na produção: salários, juros, rendas e lucros.

PIB (produto interno bruto) – corresponde ao total dos valores criados pelas unidades
produtivas do pais durante um ano.
O PIB enquanto índice de bem-estar
O PIB (produto interno bruto) é o instrumento mais frequentemente utilizado para medir o
bem-estar da população de um determinado país e para estabelecer comparações relativas ao
nível de vida e bem-estar das populações dos diversos países.
PIB per capita - corresponde a um valor médio de rendimento por pessoa.
A subavaliaçao do PNB
A subavaliaçao resulta de:
 No PNB só são contabilizados — os bens vendidos o mercado, os bens e serviços
prestados por estudantes, imigrantes clandestinos e por todos os indivíduos
economicamente inativos, despesas públicas compra efetuado pelo Estado
 Não entram para o PNB — os bens e serviços que são objeto de transação não
onerosas, e os bens e serviços objeto da economia paralela, os pagamentos de
transferências, os rendimentos de transferência
A sobreavaliação do PNB
Método do valor acrescentado- procede-se a uma separação dos valores realizados (faturados)
pelas empresas e dos valores acrescentados (criados de novo) pelas empresas.
Considera-se o preço de venda no mercado, deduzindo do respetivo custo de aquisição dos
bens intermediários e temos encontrado a parcela correspondente ao valor acrescentado da
empresa.

Produto nacional liquido, dividendo nacional, rendimento pessoal e rendimento dispon ível
O PNB corresponde à soma do valor dos bens finais produzidos e dos serviços prestados.

PNB + valor das amortizações + reintegrações dos capitais fixos = PNL a preços de mercado
que equivale à poupança das empresas

Poupanças das empresas + impostos indiretos (IVA) + subsídios à produção = PNL a custos de
fatores que equivale ao Dividendo Nacional

Dividendo Nacional + lucros não distribuídos + impostos sobre lucros + contribuições para a
Segurança Social + benefícios pagos pela Segurança Social = rendimento pessoal

Valor obtido pelas unidades produtivas que não é distribuído pelas pessoas + impostos sobre
o rendimento pessoal (IRS) + contribuições para a Segurança Social = rendimento disponível

Preços e mercados
Noções de preço e de mercado
Preço – expressão monetária do valor dos bens.
Mercado de concorrência perfeita
Mercado – espaço abstrato onde se encontram a procura e a oferta agregada dos agentes
económicos, cujos objetivos económicos contraditórios se harmonizam, através dos preços de
transação entre eles.
Um mercado ideal pressupõe a verificação de características como, a fluidez e a atomicidade.

A fluidez implica:
 Liberdade de fixação de preços
 Liberdade de fixação de quantidades
 Liberdade de negociação
 Homogeneidade dos produtos
 Transparecia do mercado
 Mobilidade dos fatores de produção
A atomicidade implica:
 Número suficientemente extenso de vendedores e de compradores
 O mercado permanece indiferente à conduta isolada de qualquer vendedor ou
comprador

O mercado de concorrência perfeita é um mercado de equilíbrio automático, ou seja:


 Nos mercados onde a oferta é excessiva há uma transferência para os setores onde a
oferta é escassa
 O equilíbrio entre a oferta e a procura é reposto automaticamente pelo livre jogo da
concorrência
A curva da procura e a lei da procura
A influência do preço nas quantidades procuradas designa-se curva da procura.
A curva da procura desenvolve-se em sentido descendente, em que a procura varia na razão
inversa dos preços.
A cada preço de mercado (eixo vertical) corresponde uma determinada quantidade do bem
(eixo horizontal) que os indivíduos vão procurar adquirir.
A curva da oferta e a lei da oferta
A oferta corresponde à quantidade do bens e serviços que um sujeito económico está
disposto a vender no mercado a um determinado preço.
A curva da oferta mostra a quantidade de unidades de um bem (eixo horizontal) que os
vendedores estão dispostos a vender nos diferentes preços (eixo vertical).
Sempre que o preço de um bem sobe, a oferta aumenta, e sempre que o preço baixa, a oferta
diminui.
O efeito da procura
A procura dia-se elástica quando varia na razão inversa dos preços.
Sempre que o preço varia, essa variação vai refletir-se nas quantidades procuradas, fazendo
com que os compradores adquiram mais unidades do bem cujo preço baixou.
O efeito de substituição
A elasticidade será maior sempre que existam bens sucedâneos que o comprador possa
utilizar em substituição do bem cujo preço aumenta, garantindo a satisfação da necessidade
sem suportar um esforço acrescido resultante do aumento do preço do bem A.
A procura do bem A vai diminuir pelo facto dos compradores poderem dispor de bens
sucedâneos, o que torna a procura do bem A mais elástica.
A elasticidade cruzada ou indireta
A elasticidade cruzada ou indireta, mostra-nos a influência que o preço de um certo bem (A)
provoca na procura de um outro bem (B).
Quando verificamos que o aumento do preço do bem A provoca o aumento da procura do
bem B, concluímos que se trata de bens sucedâneos.
Quando verificamos que o aumento do preço do bem A provoca uma diminuição da procura
do bem B, concluímos que se trata de bens complementares.
A elasticidade e a inelasticidade da oferta
Nos exatos termos acabados de ver, diz-se que a oferta é elástica; ela varia na razão direta dos
preços.
Quando a oferta se mantém indiferente à variação do preço diz-se que a oferta é inelástica.
Os efeitos de substituição e de rendimento
Se os preços começarem a cair os vendedores, podendo evitar vender a um preço mais baixo e
optar por esperar por uma subida de preço, em condições desfavoráveis, os vendedores adiam
a venda e, se possível, substituem-na pela armazenagem, ou em situações de queda
acentuada de preço, os vendedores chegam a preferir dar outro destino aos bens, optando
pelo auto consumo ou pela doação a instituições de solidariedade social, chegando às vezes a
optar pela destruição numa tentativa de repor o equilíbrio entre quantidades procuradas e
quantidades oferecidas.
A opção pela armazenagem, só se justificará sempre que o preço esperado venha a cobrir
custos adicionais de armazenagem e novo transporte.
A lei da oferta e da procura
No mercado, os preços de um determinado bem formam-se no ponto de interseção das
curvas da procura e da oferta (ponto de equilíbrio).

De acordo com a lei da oferta e da procura os preços variam na razão inversa da oferta e na
razão direta da procura, o que significa que:
 Quanto a oferta aumenta, o preço baixa
 Quando a oferta diminui, o preço aumenta
 Quando a procura aumenta, o preço sobe
 Quando a procura diminui, o preço baixa

Concorrência perfeita- quando existem muitos compradores e vendedores, e nenhum, por si


só tem possibilidades de controlar o preço.

Concorrência imperfeita – quando um vendedor ou um comprador pode influenciar o preço.


Os mercados de concorrência imperfeita
O monopólio é um mercado que se caracteriza pela existência de uma só empresa a vender
um determinado bem ou a prestar um determinado serviço.
Oferta
Procura Monosituação Oligosituação Polisituação
Monosituação = 1 Monopólio bilateral Monopólio Monopsónio
contrariado
Oligosituação = Monopólio Oligopólio Oligopsónio
poucos contrariado contrariado
Polisituação = Monopólio simples Oligopólio perfeito Concorrência
muitos perfeita

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