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AO DOUTO JUÍZO DA VARA ÚNICA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE

CRATO/CE

Ação de Alimentos c/c pedido de fixação de alimentos provisórios

Jaime do Nascimento Rocha, brasileiro, menor impúbere, neste ato


representado por sua genitora, Julia do Nascimento, brasileira, solteira, inscrita no
CPF sob nº XXX.XXX.XXX-XX, portadora do RG de nº XXXXXXXXX-X, residente e
domiciliada na rua XXXXXXX, nº XXX, bairro XXXXXX, Crato/CE, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, através de sua advogada infra-
assinada, propor:

AÇÃO DE ALIMENTOS C/C PEDIDO DE FIXAÇÃO DE ALIMENTOS


PROVISÓRIOS

Em face de João Rocha Braga, brasileiro, solteiro, metalúrgico, residência e


domicílio em local não sabido, porém com trabalho fixo em Metalúrgica, com sede
na rua XXXXXXX, nº XXX, bairro XXXXXX, Araripina/CE.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O Requerente requer de pronto o benefício da Gratuidade da Justiça, uma vez
que não possui condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu
próprio sustento e de sua família.

De forma que basta a simples alegação do interessado para que o juiz possa
lhe conceder os benefícios da justiça gratuita. Ante ao exposto, o Requerente é
pessoa pobre na verdadeira acepção jurídica do termo, razão pela qual requer os
benefícios da justiça gratuita nos termos do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal
de 1988 c/c artigo 98 com seus incisos e parágrafos e seguintes do Código de
Processo Civil/2015.

DOS FATOS

O autor é filho legítimo do requerido, conforme certidão de nascimento (doc.


XX), nascido em decorrência de um breve relacionamento entre Jaime e Julia, seus
genitores.

O Requerido jamais ofereceu apoio psicológico e financeiro durante a


gestação do menor, bem como nunca ajudou após o seu nascimento, tendo apenas
registrado a criança no cartório em virtude de estar pela região à época do
nascimento do menino.

Após o parto, a mãe do autor, desempregada, passou a conviver sozinha com


a criança, não tendo a mínima condição de prover o seu sustento do lar, já que não
pode exercer atividade profissional em razão de não ter com quem deixar a criança,
nem tem condições de pagar para que um cuidador assim o faça.

Diante disso, não restou outra alternativa ao autor, senão a propositura da


presente ação com vistas a ver satisfeito o seu direito e como medida de justiça.

DO DIREITO

O direito a alimentos, está expresso na Constituição Federal, no artigo 229,


que assim diz:
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.

A ação de alimentos é regulada pela lei 5.478/68 e prevista no artigo 1.696


do Código Civil:

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre


pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos
mais próximos em grau, uns em falta de outros.

Mais incisivo ainda é o artigo 1.695 do mesmo diploma legal:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende


não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria
mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem
desfalque no necessário ao seu sustento.

Ora, está claro o dever de prestação de alimentos não é exclusivo na genitora


do autor, e sim também do seu pai, é óbvio que o réu deve cumprir com suas
obrigações, de forma a contribuir para que o autor tenha uma qualidade de vida
razoável.

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS


Diante do exposto, mostra-se necessária a fixação de alimentos provisórios
em favor do autor, ante a sua necessidade urgente de obtenção de recursos
financeiros destinados a prover uma justa qualidade de vida.

Para fixação dos alimentos, o art. 1694, §1º, Código Civil (CC) aduz que:

“Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros


pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para
viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive
para atender às necessidades de sua educação.
§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.”

Assim, os alimentos são proporcionais à possibilidade do alimentante em


prover e à necessidade do alimentante, o que é denominado pela doutrina de
trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade, também adotado pela
jurisprudência. A seguir:

“ALIMENTOS. Na fixação de alimentos, há de ser levado em conta a


preservação do equilíbrio e a proteção social, avaliando-se a possibilidade
de quem os presta e a necessidade de quem os solicita, Apelação
conhecida e provida unanimemente. (APC nº 34536952ª, Turma Cível,
Rel. Valtenio Mendes Cardoso)”

O Requerido trabalha de carteira assinada em uma metalúrgica localizada na


cidade de Araripina/CE e recebe pelo menos R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais)
mensais, demonstrando assim que ele possui total possibilidade de arcar com as
despesas mínimas necessárias que podem proporcionar uma qualidade de vida
digna ao seu filho sem que haja nenhum prejuízo ao seu próprio sustento.

A prestação deverá ser depositada mensalmente na Conta Corrente em nome


da genitora nº XXXX-X, Agência XXXXX, Banco do Brasil.

Logo, o autor tem plena confiança e espera serenamente que vossa


excelência, ao analisar a presente inicial, de pronto, defira os alimentos requeridos,
como medida da mais pura e lídima justiça.

DA ANTECIPAÇÃO DAS PROVAS

Como não existe um comprovante de renda do demandado que permita


auferir a média de ganho mensal deste, necessário se faz a análise de sua
movimentação bancária bem como de seus cartões de crédito e, ainda, a sua
declaração de imposto de renda pessoa física e jurídica, pois através de tais dados
poder-se-á constatar, com segurança, o valor médio mensal percebido pelo mesmo
e fixar a pensão alimentícia de forma justa e perfeita.

Assim, requer a antecipação das provas pelo Douto Juízo com a expedição
dos ofícios a seguir requeridos, como forma de trazer mais celeridade e economia
processual, pois ter-se-á nos autos elementos que demonstram a renda mensal do
demandado e não haverá espaço para discussão sobre o valor da renda, o que
certamente facilitará a conciliação em audiência e/ou até mesmo o julgamento ao
final.
Acresça-se, ainda, que a antecipação da expedição de ofícios aos referidos
órgãos, desde logo, não trará qualquer prejuízo ao demandado, vez que a presente
demanda tramita em segredo de justiça.

Diante do exposto, o autor requer seja deferida a produção antecipada de


prova para determinar a expedição do seguinte ofício:

a. Ao Banco Central do Brasil, através do Bacen-Jud, para que as instituições


financeiras onde o réu for cliente como pessoa física e jurídica, encaminhe
aos cuidados deste Juízo, extratos com as movimentações bancárias (conta
corrente, poupança e investimentos) e de cartão de crédito vinculado às
instituições bancárias as quais o réu é correntista.

Assim, certamente teremos que os rendimentos auferidos pelo Requerido,


comprovarão que o demandado tem condições suficientes para proporcionar ao
filho menor, uma vida digna e necessária.

DOS PEDIDOS

Assim, diante do exposto, requer:

1. Concessão de alimentos provisórios no valor de R$ 484,8 (quatrocentos e


oitenta e quatro reais e oitenta centavos) a serem depositados na conta
nº XXXX-X, Agência XXXXX, Banco do Brasil;
2. O deferimento dos benefícios da justiça gratuita por ser pobre na forma
lei, não podendo arcar com as despesas processuais sem privar-se do seu
próprio sustento e de sua família;
3. Designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do
art. 319, VII, do CPC;
4. A citação do requerido em seu local de trabalho, para que compareça em
audiência de autocomposição a ser designada por Vossa Excelência, sob
pena de confissão quanto a matéria de fato, podendo contestar dentro do
prazo legal sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia, conforme artigo
344 do CPC.
5. A intimação do representante do Ministério Público para intervir no feito,
em conformidade com o artigo 178, II do CPC;
6. A procedência da presente ação.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova, em especial a


testemunhal, documental, bem como todas aquelas necessárias à obtenção da
justiça.

Dá-se à presente ação o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

Termos em que.

Pede e espera deferimento.

Juazeiro do Norte/CE, 16 de novembro de 2022.

Julieta Brenda Fernandes Morão


OAB/CE Nº XX.XXX
Lista de documentos para o processo:

1. RG, CPF, comprovante de residência da genitora;


2. Certidão de Nascimento do menor;
3. Comprovantes de despesas com o menor como: mensalidade de colégio,
plano de saúde, gastos com lazer, roupas, alimentos, e qualquer outro gasto
que seja recorrente;
4. Testemunhas que possam confirmar os fatos;
5. Pelo menos algum documento pessoal do demandado (CPF, RG, Certidão de
Nascimento/Casamento);

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