Referências...................................................................................................................... 24
Editorial
©2022 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
https://www.gov.br/agricultura/pt-br
Coordenação Editorial
Equipe Técnica
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Embrapa
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Apresentação
Solos saudáveis são solos biologicamente ativos, produtivos e resilientes, ou seja,
com melhor performance diante de problemas advindos de estresses abióticos (ex:
falta de chuva) e bióticos (ex: ocorrência de doenças). Além disso, solos saudáveis
produzem plantas mais nutritivas, possuem maior potencial de sequestro de carbono,
maior eficiência no uso de nutrientes e melhor capacidade de biorremediação de
pesticidas. Tudo isso resulta em maior lucratividade tanto no aspecto econômico
quanto no ambiental.
Mas como saber se o solo onde cultivamos nossas lavouras esta saudável ou
doente? O que fazer para manter solos saudáveis?
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Introdução
Olá! Sejam bem-vindos e bem-vindas ao Módulo 3 do curso Saúde do Solo,
Tecnologia BioAs e Sustentabilidade Agrícola.
Neste Módulo, vamos apresentar a primeira parte das técnicas que nos levarão saber
como manter os solos saudáveis através de duas aulas: na Aula 1, descreveremos
as vantagens e as limitações do uso de plantas de cobertura nos sistemas agrícolas;
já na Aula 2, vamos descrever as bases e as vantagens do sistema plantio direto
nos sistemas agrícolas.
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Aula 1 | Uso de plantas de cobertura
• cobrir o solo;
• proteger o solo contra processos erosivos;
• proteger o solo contra a lixiviação e promover uma ciclagem mais eficaz de
nutrientes.
GLOSSÁRIO:
Porém, as plantas de cobertura não se limitam a esses fins, já que muitas são
usadas (Cf. Lamas, idem):
• para pastejo;
• para produção de sementes;
• para silagem;
• como feno, e
• como fornecedoras de palha para sistema plantio direto.
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Lamas (ibidem) lembra que tão importante quanto a parte aérea (aquela que fica
acima da superfície do solo) das plantas de cobertura, são as suas raízes: “Os efeitos
das raízes na produtividade agrícola, ainda são pouco reconhecidos, embora seja
sabido sobre sua importância na construção do perfil do solo”, leciona.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
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GLOSSÁRIO:
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GLOSSÁRIO:
GLOSSÁRIO:
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• auxiliam no controle de doenças e de pragas, beneficiando diretamente as
culturas sucessoras: as braquiárias, são excelentes no manejo do mofo
branco, doença que está se tornando cada vez mais grave em várias regiões,
causando danos às culturas de feijão e algodão. Crotalaria spectabilis é
exemplo de uma planta de cobertura que auxilia no manejo do percevejo
castanho.
GLOSSÁRIO:
Proporção adequada de Carbono e Nitrogênio na palha (relação C/N) e teor de lignina adequados
para manter cobertura durante período seco e incrementar estoques de Carbono no solo.
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Aumento da infiltração e retenção de água e da aeração pelo aumento da porosidade do solo
por meio do sistema radicular em decomposição.
Aumenta proteção contra raios solares, diminuindo calor no solo, a amplitude térmica e
oxidação da matéria orgânica do solo, consequentemente, melhorando a atividade microbiana
do solo.
Pode prover além da cobertura viva e morta, alimento para animais e humanos, permitindo
a integração lavoura-pecuária-floresta de atividades tal como o iLPF (Integração Lavoura-
Pecuária-Floresta).
Fonte: PASSOS & MARCOLAN (2013), adaptado.
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entre si. No experimento realizado, as misturas milheto + U. ruziziensis e milheto
+ U. ruziziensis + feijão-guandu proporcionaram as maiores produtividades
de grãos de soja (2.265 kg ha-1 e 2.440 kg ha-1, respectivamente), diferindo dos
demais tratamentos. As menores produtividades foram observadas na mistura
milheto + crotalárias (1.784 kg ha-1), no pousio (1.980 kg ha-1) e no mix de milheto
+ feijão-guandu (1.988 kg ha-1). Os tratamentos milheto + trigo mourisco, milheto
+ feijão-guandu e pousio não diferiram entre si, com produtividades de 2.014 kg
ha-1, 1.988 kg ha-1 e 1.980 kg ha-1, respectivamente. Esse estudo mostrou que a
produtividade da soja é beneficiada quando cultivada após as gramíneas milheto +
U. ruziziensis ou a mistura delas com o feijão-guandu, provavelmente devido aos
benefícios promovidos pela alternância de plantas de diferentes famílias na área de
cultivo. Os pesquisadores concluíram que o uso de microrganismos benéficos não
proporcionou incrementos significativos na produtividade da soja e que as misturas
milheto + U. ruziziensis e milheto + U. ruziziensis + feijão-guandu proporcionaram
as maiores produtividades de grãos de soja.
O uso de plantas de cobertura no sistema plantio direto é uma opção viável para
incrementos com sustentabilidade na produtividade da soja. Dados obtidos
por Carvalho et al., 2022 (informação pessoal) corresponderam a uma média
de produtividade da soja em rotação ao milho superior (71 sacas ha-1) à média
nacional (59 sacas ha-1), com uma tendência de maior rendimento quando cultivada
em sucessão ao feijão-bravo-do-ceará (76 sacas ha-1) seguido da sucessão com
o trigo (74 sacas ha-1). O sorgo cultivado em sucessão, entretanto, suprimiu a
produtividade da soja (65 sacas ha-1) nesse estudo.
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PALAVRA DE ESPECIALISTA
Como toda espécie vegetal, as utilizadas como plantas de cobertura exigem
condições ambientais adequadas para seu crescimento e desenvolvimento.
Por exemplo, quando cultivada fora da época indicada, por ser sensível a
duração do fotoperíodo, a Crotalaria spectabilis, tem o seu crescimento
vegetativo reduzido, iniciando o período de formação de sementes quando as
plantas ainda estão com altura reduzida, diminuindo a produção de matéria
seca e aumentando as condições favoráveis à incidência de mofo-branco.
A tomada de decisão sobre o cultivo de uma espécie como planta de cobertura
deve ser precedida de um profundo conhecimento acerca da espécie em
questão para evitar qualquer tipo de frustração em termos de produção e
benefícios e até mesmo a disseminação de pragas, doenças e nematoides,
além da competição por nutrientes.
O cultivo de espécies de plantas de cobertura pode ser feito utilizando-se uma
única espécie, duas ou mais espécies semeadas ao mesmo tempo na mesma
área. A semeadura simultânea de mais de uma espécie sobre o ponto de vista
de melhoria da biodiversidade do sistema é inquestionável. No entanto, tudo irá
depender do propósito que se tem com o cultivo da planta de cobertura e das
espécies consorciadas, e principalmente, do sistema de produção, priorizando
sempre a cultura principal, que é o interesse prioritário do produtor rural.
É fato que o uso de plantas de cobertura tem uma certa “restrição” de boa
parte do setor produtivo, já que não resulta em retorno financeiro direto e
imediato. No entanto, os reflexos e entraves dos sistemas de produção atuais,
baseados em sucessão de cultivos (ex.: soja/milho), indicam de forma clara
o papel dessas espécies na diversificação e viabilidade dos sistemas de
produção, inclusive com retorno econômico e ambiental já comprovados.
(Fonte: LAMAS, op. cit., idem)
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Quadro 2 – Desafios no uso de plantas de cobertura
Pode representar como fonte de alimento e hospedeira alternativa de insetos pragas e doenças,
aumentando a população desses nos plantios subsequentes.
Alta relação C/N pode proporcionar deficiências temporárias de nitrogênio e outros nutrientes
pela mobilização de nutrientes, na cultura principal.
Liberação do nitrogênio deve ocorrer de forma sincronizada com a necessidade das culturas
de verão.
Uso de sementes de qualidade sem contaminação para não disseminação de plantas daninhas.
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Aula 2 | O plantio direto
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(Fonte: https://boaspraticasagronomicas.com.br/boas-praticas/plantio-direto/ Acesso em: 15 jun 2022.)
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• O desempenho animal é bastante melhorado com sistemas integrados em
SPD;
• Reduz a compactação do solo;
• Auxilia na infiltração da água e reposição da água subterrânea.
• Reduz custos de produção e melhor relação benefício/custo;
• Possibilita a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF);
• Pode ser adotado em pequenas, médias e grandes propriedades rurais;
• Traz economia de combustíveis, tempo e mão de obra;
• Promove aumento de produtividade e renda;
• Está entre os sistemas que promovem a redução de emissão de CO2 e de
outros Gases de Efeito Estufa.
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Figura 1. Incrementos do lucro operacional pela utilização de plantas de cobertura em sucessão ao
feijoeiro. | Fonte: GERLACH, G. A. X. et al. (2013).
PALAVRA DE ESPECIALISTA
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Na ausência do preparo do solo, com aração e gradagem, são as raízes
das plantas as responsáveis pelo condicionamento do solo para a próxima
semeadura. Portanto, a adoção do Sistema Plantio Direto requer diversificação
de culturas, com inclusão de espécies vegetais de abundante sistema radicular,
capaz de condicionar o solo para a safra seguinte. Neste sentido, culturas
como cereais de inverno e de verão se destacam pelo farto sistema radicular
que apresentam.
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O sorgo granífero e os cereais de inverno são exemplos que ilustram este
cenário. Pode-se afirmar que o desenvolvimento, a inovação, a expansão e
a diversificação atual da agroindústria nacional, que constitui mecanismo
para criar e expandir mercados e oferecer liquidez à comercialização, não
corresponde com a capacidade, a competência, a aptidão e o potencial da
agricultura em desenvolvimento no País.
Assim, esse majestoso desafio a ser enfrentado pelo Sistema Plantio Direto
em sistemas de produção exclusivamente produtores de grãos, requer
instrumentos de cunho político e ambiental que viabilizem economicamente
a diversificação de culturas. Destaca-se, entretanto que a diversificação de
culturas nos sistemas integrados de produção, como integração lavoura/
pecuária, é assegurada pelo cultivo de espécies forrageiras e pastagens, cuja
economicidade é satisfeita pelos mercados de carne e leite, que se apresentam
em expansão e com liquidez garantida.
Fonte: DENARDIN & ANTUNES (Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/
noticia/9697114/artigo---desafio-do-plantio-direto Acesso em: 15 jun 2022 - adaptado)
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Quadro 3 - Limitadores do Sistema Plantio Direto
dependência de herbicidas
ausência de adequado planejamento que permita que operações como colher-semear ocorram
simultaneamente
Portanto, consoante o estudo de Motta e Asmus (op. cit., idem), “o manejo incorreto
(ausência de rotação e consorciação de culturas) tem sido o causador da maioria
das limitações e problemas associados ao Plantio Direto e não ao SPD”. E concluem
ressaltando que “grande parte desses entraves, podem ser solucionados após a
devida avaliação técnica especializada”.
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Referências
ANDRADE, C. M. S. de et al . Técnicas de plantio direto. In: SIMPÓSIO DE PECUÁRIA
INTEGRADA - Recuperação de pastagens: anais, 2., 2016, Sinop. Cuiabá: Fundação Uniselva,
2016. p. 54-92.
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CARVALHO, A. M. de; AMABILE, R. F. Plantas condicionadoras de solo: interações
edafoclimáticas, uso e manejo. In: CARVALHO, A. M. de; AMABILE, R. F. (Org.). Cerrado:
adubação verde. 1. ed. Brasília: Embrapa, 2006, v. 1, p. 143-170.
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PASSOS, A. M. A. dos; MARCOLAN, A. L. Sistema plantio direto: plantas de cobertura.
Porto Velho: Embrapa Rondônia, 2013.
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Este produto foi realizado no âmbito do Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/16/001 - MODERNIZAÇÃO ESTRATÉGICA - MAPA, em contrato
celebrado entre a AVANTE BRASIL INFORMÁTICA E TREINAMENTOS LTDA. e o INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA
– IICA.