Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“Amamos odiar os alemães” é um título emprestado. É com esta afirmação que o jornalista
Pedro Santos Guerreiro (2011) sintetiza a dinâmica de um antigermanismo português
indelével, ao comentar uma tese de José Viriato Soromenho-Marques proferida numa
conferência em Lisboa, em junho de 2011 (no ano da intervenção do FMI em Portugal).
Este filósofo e comentador político conclui que a Alemanha demonstrou a sua
incompetência para liderar a Europa e relembra o que levou à primeira e posteriormente, à
segunda Guerra Mundial. A continuidade transhistórica subentendida desemboca
facilmente num lugar comum que, de forma persistente, atravessa a comunicação social
portuguesa dos últimos anos, em parte em sintonia com a francesa e, mais ainda, com a
britânica.1 Tal lugar comum pode ser reduzido às seguintes afirmações:
- a política económica atual da República Federal da Alemanha representa a
reedição de pretensões imperialistas germânicas desmedidas e, assim sendo, desastrosas;
- ou, numa versão de discurso mais essencialista: esta política económica é
expressão de um inato furor teutonicus.
A interpretação daí implícita da chanceler Angela Merkel como pós-figuração
feminina do imperador Guilherme II e até do Führer Adolf Hitler – vejam-se a respeito de
este último os graffitis e pinturas murais, não só na Grécia como também em Portugal –
vaticina uma futura derrota ou, no tom desafiante do discurso antigermânico: os alemães
também não conseguirão desta vez subjugar os restantes países da Europa.
Contudo, devemos frisar que o próprio Soromenho-Marques não partilha este
antigermanismo redutor. A sua reflexão sobre as metamorfoses históricas da Alemanha é
diferente e mais complexa, tal como explica num artigo de opinião publicado precisamente
um dia após a referida conferência:
Nos últimos cento e quarenta anos, a Alemanha passou por três metamorfoses
fundamentais na afirmação da sua identidade. Em duas delas, uma Alemanha
desmesurada conduziu o mundo a duas guerras mundiais. Hoje, a destruição da
Europa pode ter origem no contrário. Numa Alemanha, sem memória, que pensa
pequenino, e que recusa ser aquilo que é: um país excepcional com
1 Vd. a análise da comunicação social britânica feita por Tony Corn (2011).
2
Portanto, Soromenho-Marques quer uma Alemanha grande, com poder de liderança no seu
pensamento e na sua atuação, já que tem uma responsabilidade europeia maior2, em vez de
uma Alemanha presa a questões de política interna. Neste sentido, até o argumento de uma
‘falta de liderança’, resumido no discurso quotidiano ao simples apelo de que os alemães
resolvam a crise, alimenta tendências antigermânicas. A obrigação da Alemanha ter que
continuar a pensar ‘em grande’ para salvar a Europa é um entendimento contrário ao dos
políticos e intelectuais pró-europeus alemães, que consideram que a missão ‘redentora’ da
República Federal no seio da União Europeia serve como uma espécie de expiação dos
pecados do nacionalismo anterior. Segundo esta visão, os alemães provam assim a
capacidade de mudar o seu “habitus nacional” (Elias, 1989), abdicando, após uma nova
compreensão de si mesmos, de pretensões imperialistas – visão esta criticada por Ralf
Dahrendorf como ingénua numa entrevista com Der Spiegel, já em dezembro de 1995,
publicada em El País sob o título profético “Contra una Europa alemana”.
Esta auto-projecção de uma “hegemonia contra vontade” (Schönberger, 2012) não
chega a convencer boa parte da opinião pública nos países do Sul da Europa afogados na
crise económica, tratados pela Alemanha – segundo Soromenho-Marques (2011) – como
“vencidos de uma guerra económica não declarada”. Já no ano 2000, Karl-Heinz Bohrer
tinha criticado a miopia dos intelectuais pró-europeus (Bohrer, 2000, p. 995) e analisado a
diferença da “deutschen Europa-Idee”, nascida, por um lado, da desconfiança da própria
nação (e dos nacionalismos, em geral) – já mencionada por Dahrendorf (1995) – e, por
outro, do entusiasmo (no fundo, romântico) de atingir uma unidade. Segundo Bohrer,
ambas as fontes são alheias à realidade e carecem de um conhecimento profundo das
diversas mentalidades e condições políticas nos países europeus, tornando assim ilusória ou
até perigosa a ideia alemã sobre a Europa.3 Tal análise coincide com uma fracção da
opinião externa acerca do “império de Merkel” (Oliveira, 2011), visto como continuidade
de pretensões ‘maiores’, e não como a sua negação.
Esta discrepância de visões levou a revista Der Spiegel a editar um número temático
sob o título “Wie die Europäer auf die Deutschen blicken: The German Übermacht”,
focando nomeadamente o caso da Grécia, que não só sofreu a ocupação nazi nos últimos
anos da guerra, mas foi também obrigada a ‘emprestar’ quantias avultadas ao regime
hitleriano. Este empréstimo não foi porém até hoje devolvido pela República Federal,
considerada como estado sucessor, que volta a impor o seu poder, desta feita pela via
económica (vd. Ertel et al., 2015). Segundo Der Spiegel, fala-se no Sul da Europa de um
Quarto Império, insinuando assim a continuação de um messianismo germânico que se
prolonga para além do Drittes Reich, na perceção dos ‘outros’ (Blome et al., 2015, p. 20).
Apesar do termo ‘império’, como sistema político, não se aplicar à democracia bem
sucedida da República Federal, este não deixa de fazer um certo sentido quando designa
um poder central que governa muitos povos – neste caso, a Alemanha como “potência
ocupante” do Sul da Europa, mesmo só economicamente (idem, p. 22).
Concluindo, Der Spiegel aproxima-se da tese de Hans Kundnani (2015) do “Paradox
of German Power”, apelando a um exercício do poder económico responsável e generoso.
Como tal, a Alemanha deveria assumir a sua liderança em vez de pensar ‘em pequeno’,
posição esta que já encontrámos em Soromenho-Marques (2011). Em dezembro de 2012,
num comentário sobre a atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia, o mesmo
filósofo português alerta para o perigo de que a atual “crise sistémica europeia sem resposta
europeia” e “agravada por respostas eivadas de miopia nacional” possa despertar os
fantasmas do passado:
É sob este signo do centenário do início da Primeira Guerra Mundial, invocado por
Soromenho-Marques perante a crise surgida um século depois4, que analisaremos o
Pedir à Alemanha que resolva a crise na Europa é a mesma coisa que pedir a uma empresa
de venda de armamento para servir de mediadora num processo de negociação de paz.
Porque, quer se goste, quer não se goste, a Alemanha está a ganhar com a crise. (Carvalho,
2012)
O facto de “Schadenfreude” ser classificada como “uma palavra que só existe na língua
alemã” (ibidem) demonstra o renascer de um entendimento essencialista do ‘ser alemão’ a
nível económico. São precisamente tais tendências que servem de pano de fundo para o
artigo inicialmente referido, “Amamos odiar os alemães” (Guerreiro, 2011), em relação à
continuidade aparentemente inabalável deste sentimento coletivo ou à respetiva construção
do mesmo, preocupando-se com a sua funcionalização no âmbito da atual crise europeia.6
Para desfazermos a subjacente construção transhistórica, seria mais correto falar de
antigermanismos (no plural), tendo em conta os contextos, e até as identidades,
radicalmente diferentes (Império Guilhermino; Terceiro Reich; República Federal).
Hegemonie auszuüben?”, dizendo: “Das ist ein sehr guter Ausdruck. Natürlich ist es ein Fortschritt, mit
der Bundesbank statt mit dem wilhelminischen Generalstab zu tun zu haben.” (Dahrendorf, 1995, p. 28)
5 Fotografia de Fabrizio Bensch, Reuters.
6 “O anti-germanismo está a crescer e não é só em Portugal e na Grécia. A própria
União Europeia está hoje subjugada a Angela Merkel. Tentou evitá-lo no Tratado de Lisboa, com uma
orgânica diferente. Mas os seus três líderes são fracos: Durão Barroso tem pouco peso, Herman Van
Rompuy não existe e a baronesa Astohn é ninguém.” (Guerreiro, 2011)
5
7 com base na descrição dos teutões feita por Marco Aneu Lucano em De Bello Civili
(vd. Trzaska-Richter, 1991).
6
8 Um exemplo, no âmbito da crise atual: “What we have really witnessed is not genuine
compassion but German triumphalism in a new form” (Mc Kinstry, 2015). Este exemplo também pode
ser entendido no âmbito de uma renovação do discurso britânico sobre os “ugly Germans” que se iniciou
em 29 de agosto de 1914 com uma reportagem do Times sobre a ocupação alemã de Lovaina e que teve
posteriormente maior fortuna na reflexão autocrítica dos alemães (vd. Breitenstein, 1968; no contexto
atual: Kurbjuweit, 2012, entre outros) do que a tradição secular do furor teutonicus, na qual se baseia a
presente abordagem do antigermanismo.
9 Segundo a análise crítica de Vogel (2000), observa-se nos monumentos da ‘época dos
fundadores’ (Gründerzeit) uma transformação milenarista da tradição do Sacro Império Romano-
Germânico levada a cabo pelo protestantismo nacional-conservador prussiano, destacando-se o
Kyffhäuser-Denkmal (1890-96), com a composição em pedra de Frederico ‘Barbarossa’, o qual acorda do
seu sono milenar e se encontra sentado sob Guilherme I ‘Barbablanca’, montado a cavalo, numa escultura
em ferro.
7
antigermânico” (Delille, 2013, p. 316), novamente subscrito, entre outros, por Teófilo
Braga, dirigindo-se Às Academias e Universidades das Nações Civilisadas.10
Após o conflito militar com a colónia alemã de Naulila (18 de dezembro de 1914), a
imprensa portuguesa refere-se continuamente à “invasão teutónica”, a qual ocupa
territórios da Bélgica, Rússia e França, nações estas que tratam de “defender a própria
cultura” contra o “furor teutonicus de que tanto se orgulham” (A Capital, nº 1603, 19 de
janeiro de 1915, p. 1), criando assim uma opinião pública favorável à entrada de Portugal
na guerra. No entanto, o Integralismo Lusitano, que assume até posições abertamente
germanófilas (Alfredo Pimenta, por exemplo), bem como vozes moderadas anti-
intervencionistas, sabem que a maioria da população portuguesa não compreende o
sacrifício de ter que acudir aos campos de batalha. Com isto incrementa-se um
posicionamento antigermânico, não só por parte de muitos jornais, como também de
políticos como, por exemplo, Norton de Matos (Torgal & Silva, 1996, p. 102), o que leva a
uma maior propaganda em prol de uma participação do país na luta contra o império
germânico.
É o caso do panfleto Portugal perante a Guerra. Subsídios para uma página da história
nacional, lançado em abril de 1915 por João Chagas.11 A militância antigermânica deste
político republicano atiçou-se na altura em que o mesmo foi representante diplomático em
Paris, facto que ficou testemunhado por Aquilino Ribeiro numa perspetiva anti-
intervencionista, portanto contrária.12 Perante a sua oposição, João Chagas desafia-o,
exacerbando assim a posição pacifista de Ribeiro13, com a pergunta “Deixou-se
germanizar?”, anunciando-lhe, de seguida, em jeito triunfal, a sua campanha em prol da
entrada de Portugal na guerra14, o que leva o diarista a proferir o seguinte comentário: “Em
nome de que justa, necessária causa, se podem despachar para o matadoiro os meus
pobres, ignorantes, pacíficos labregos?” (Ribeiro, 1934, p.70). Em 1914, Aquilino Ribeiro
15 O insulto boche tem pouca probabilidade de advir do francês caboche, mas antes da
abreviação de alboche ‘alemão’, allemand com substituição de uma parte da palavra pelo chamado sufixo
parasita. A história deste termo remonta ao século XIX (a 1887, segundo o dicionário Lexis). Mais tarde,
surgiram em França outros insultos para ofender alemães: fridolin, fritz, chleuh, precisamente em 1914,
no entanto sem grande eco em Portugal.
16 Definição popularizada por Elme-Marie Caro na Revue des Deux Mondes (1870-71).
Tal como na França (Renan, Quinet, Taine), não faltam em Portugal intelectuais (Antero de Quental), que
procuram salvar a imagem da ‘boa Alemanha’ perante a campanha militar de Bismarck, a qual leva à
derrota do Império de Napoleão III na batalha de Sédan (1870) e à sucessiva proclamação do rei da
Prússia como Imperador Guilherme I, em Versalhes (1871).
9
no seu relato de viagem de 1920, publicado sob o título Alemanha Ensanguentada (1935), que
este tratado de paz levará novamente à guerra. Ao juízo negativo sobre os alemães, Ribeiro
“contrapõe as suas experiências em terras alheias”, numa “tentativa de oferecer ao público
português uma certa explicação para a tomada de poder de Hitler no ano anterior”, sem
“justificar ou desculpar o rumo que a Alemanha tomou” (Hanenberg, 2014, pp. 50-52).
Fenómenos como a benevolência testemunhada por prisoneiros em campos
alemães ou as experiências de viagem de Aquilino Ribeiro advertem-nos para o facto de a
questão expressa em ‘amamos odiar os alemães’ se cingir apenas a representações e
estratégias discursivas dos media, que se renovam em situações de crise. Desta forma,
constituem tradições imagológicas e narrativas, tal como no caso da reiterada evocação da
‘invasão espanhola’, a qual transcende o âmbito restrito do antihispanismo (vd.
Grossegesse, 1998). Indo além da diabolização do ‘outro’ e da persistência da imagem do
‘alemão’, inscrita na configuração antagónica Norte-Sul que alimenta o antigermanismo
surgido em 1914, interessa-nos analisar de que maneira a dimensão negativa do discurso da
identidade nacional se combina com o antigermanismo renascido um século depois.
Focaremos os elementos de ‘morte (coletiva) / apocalipse’ e de ‘servilismo’. Ambos são
propícios para reflexões autocríticas.
“O nosso maior inimigo não é a senhora Merkel, somos nós próprios” – assim
começa um artigo de opinião no Expresso de 12 de novembro de 2012, por ocasião da visita
da chanceler a Portugal, retomando nestas palavras expressamente22 a conhecida crítica de
Antero de Quental perante o Ultimato Britânico de 11 de janeiro de 1890. Em vez de
“declamar contra a Inglaterra”, o filósofo vê apenas a alternativa dicotómica entre uma
reforma “salvadora”, em termos políticos, morais e intelectuais, e o fim da nação. 23 O título
do artigo, “Contra Merkel, marchar, marchar” (Gaião, 2012), retoma o verso “Contra os
bretões marchar, marchar”, sem esquecer de mencionar o contributo de Alfredo Keil ao
compor o hino nacional, desfazendo assim qualquer germanofobia simplista.24 Paulo Gaião
22 “A frase podia ser de Antero de Quental, já que foi ele quem a escreveu com outro
alvo após a histeria colectiva contra o Ultimato Britânico de 11 de Janeiro de 1890 para que
abandonássemos as terras do interior entre Angola e Moçambique (o famoso Mapa Cor-de-Rosa do
ministro Barros Gomes).” (Gaião, 2012)
23 “O nosso maior inimigo não é o inglês, somos nós mesmos. (…) Declamar contra a
Inglaterra é fácil; emendarmos os defeitos gravíssimos da nossa vida nacional será mais difícil; mas só
essa reforma será honrosa, só ela salvadora. Portugal ou se reformará política, intelectual e moralmente,
ou deixará de existir.” (Quental, 1982, p. 447)
24 “Alfredo Keil, de origem alemã, e Henrique Lopes de Mendonça compuseram A
Portuguesa, futuro hino do país. Num dos versos lê-se: ‘Contra os bretões marchar, marchar’, mais tarde
substituído por ‘contra os canhões, marchar, marchar’.” (Gaião, 2012)
11
A incapacidade de se governar a si próprio significa ter que ser governado por outros. Já
em 2009, antes de se tornar Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso foi chamado
o ‘caniche’ de Angela Merkel – importando assim uma imagem já estabelecida na França
em relação a Nicolas Sarkozy. Depois, foi a vez de Sócrates herdar o simpático título de “O
mentiroso caniche da Srª. Merkel”, por ocasião da manifestação da CGTP, em março de
2011, denunciando o “Governo ao serviço do imperialismo alemão” (vd. Mendes, 2011a).
Em 2012, Passos Coelho sucedeu-lhe no mesmo papel de cão obediente26, tendo surgido
entretanto outra imagética: a da escola. Portugal aparece como o aluno exemplar (ou aluna,
focando a ministra Maria Luiz Albuquerque27) da política económica germânica,
nomeadamente do ‘professor’ Wolfgang Schäuble, designado por “Sr. Anti-Europa” na voz
do historiador e dirigente do Livre, Rui Tavares. No fim do mandato de Passos Coelho,
Nuno Saraiva – tentando centrar a sua crítica em Schäuble, em vez de diabolizar a
Alemanha ou os alemães28 – não só bate na mesma tecla da crítica ao servilismo, como
também utiliza a imagética de uma ‘morte coletiva’ quando escreve:
Que outro sentimento podemos ter que não seja de repulsa pela indignidade que significa
um governo vangloriar-se da sua obediência cega a Berlim, incapaz de reconhecer que o
‘austericídio’ deixou um rasto de 1,2 milhões de desempregados – (…). (Saraiva, 2015)
25 Cf. Mendes (2011 b), por ocasião da visita de Sócrates a Berlim, em março de 2011.
26 Vd. fotografia de Miguel Manso com a legenda: “Cartaz numa manifestação da CGTP
em Lisboa: o ressurgimento da ‘Europa alemã’ traz com ele o regresso do sentimento anti-alemão”, a
acompanhar uma recensão de Manuel Carvalho (2013) sobre o livro de Ulrich Beck (2012). Vd. infra.
27 “(…), toda contentinha e bem amestrada no papel de aluna exemplar, pelo seu chefe
alemão, Wolfgang Schäuble.” (Saraiva, 2015)
28 “Na verdade, esta gente só tem um propósito que é mostrar quem manda, que tem o
poder de vergar e pisar quem muito bem entende. Não se trata de diabolizar a Alemanha ou os alemães.
Até porque, certa e seguramente, nem todos serão capazes de ostentar um cartaz que diga ‘Ich bin
Schäuble!’.” (Saraiva, 2015)
12
31
O subtítulo da tradução portuguesa é precisamente De Maquiavel a ‘Merkievel’.
32
“Um guarda azul abre a porta e dá-me ordens em alemão” (Freire, 2014, p. 143).
33
Cf. também a presença persistente do elemento germânico nos romances de José
Saramago, analisada por Grossegesse (1998) na tradição do “ugly German” (vd. nota 8).
O presente estudo deriva da génese do artigo “Antigermanismo” destinado ao
Dicionário dos antis. Após apresentação no âmbito do Congresso Internacional Culturas em Negativo —
Mitos negros, Antis e Mudança Social (1 a 3 de outubro de 2015), passou por uma fase de profunda
transformação (revisão: Ana Paula Correia).
14
Bibliografia
ALMEIDA, Nuno Ramos de (2013). Ulrich Beck. ‘Merkievel’ e a Europa alemã à beira da
catástrofe, (jornal) i (18 de março de 2013). http://ovoodocorvo.blogspot.pt/2013/03/
ulrich-beck-merkievel-e-europa-alema.html
ALVES, Sílvia (2016). Portugália. RTP, 8 de agosto de 2016 (atualizado em 25 de agosto de 2016),
série Portugal na I Grande Guerra, https://www.rtp.pt/noticias/portugal-na-1-grande-guerra/
portugalia_es939129
BECK, Ulrich (2012). Das deutsche Europa. Neue Machtlandschaften im Zeichen der Krise, Berlin:
Suhrkamp, 2012. Tradução port.: A Europa alemã – De Maquiavel a ‘Merkievel’: Estratégias de
Poder na Crise do Euro, Lisboa, Ediçoes 70, 2012.
BLOME, Nikolaus; BÖLL, Sven; KUNTZ, Katrin; KURBJUWEIT, Dirk; MAYR, Walter; ROHR,
Mathieu von; SCHEUERMANN, Christoph; SCHULT, Christoph (2015), “Das Vierte
Reich”, Der Spiegel Nr. 13 (21 de março de 2015), 20-28.
BOHRER, Karl-Heinz (2000). Die europäische Differenz. Epitaph auf eine deutsche Utopie,
Merkur 617/618 (2000), 991-1003.
BRAGA, Teófilo et al. (1914). Protesto de Portugal contra os vandalismos alemães, Lisboa.
BREITENSTEIN, Rolf (1968). Der häßliche Deutsche? Wir im Spiegel der Zeit, München: Kurt Desch.
CARVALHO, Manuel (2013). O fantasma alemão, Público (5 de abril de 2013).
CARVALHO, Pedro Sousa (2012). “Schadenfreude”, Diário Económico (14 de fev. de 2012), p. 2.
CASTRO, Perdro Jorge (2014). Os Campos de Prisioneiros Alemães, Sábado, n.º 510 (6 a 12 de
fevereiro de 2014), 40–48.
CHÉU, Cláudia Lucas (2013). Europa, Ich Liebe Dich – Guião de uma Discoperformance. In: id.,
Violência – Fetiche do homem bom (pp. 78-84). Lisboa: Teatro Nacional D. Maria II / Bicho do
Mato.
CORN, Tony (2011). Toward a Gentler, Kinder German Reich? The Realpolitik behind the
European Financial Crisis, Small Wars Journal, 20 November 2011.
______ (2014). Pax Germanica: la République de Berlin entre Kant et le Kaiser, Le Débat, 179
(mars-avril 2014), 102-115.
DAHRENDORF, Ralf (1995). Alle Eier in einen Korb, Der Spiegel, Nr. 50 (11 de dezembro de
1995), 27-33; Contra una Europa alemana, El País (17 de dezembro de 1995), Suplemento
de domingo, 8-10.
DELILLE, Maria Manuela Gouveia (1992). A Imagem da Alemanha nos Jornais e Revistas
Literárias da Geração de Coimbra (1858/59 - 1865/66), Colóquio/Letras, nº 123/124, 26-36.
_____ (2013). Carolina Michaëlis e os anos da Grande Guerra. In DELILLE, M.M. Gouveia /
CORRÊA-CARDOSO, J.N. / GREENFIELD, J. (orgs.), Carolina Michaëlis e Joaquim de
Vasconcelos. A sua projecção nas Artes e nas Letras (pp. 311-337). Porto, Fundação Eng.
António de Almeida.
15
ELIAS, Norbert (1989). Studien über die Deutschen. Machtkämpfe und Habitusentwicklung im 19. und 20.
Jahrhundert. (ed.) Michael Schröter. Frankfurt / Main: Suhrkamp.
ERTEL, Manfred; KUNTZ, Katrin; MAYR, Walter (2015). Eine Frage des Friedens, Der Spiegel Nr.
13 (21 de março de 2015), 28-30.
FERRÃO, Nuno Sotto Mayor (2012). Do antiamericanismo ao antigermanismo – um percurso de
más lideranças internacionais (11 de fev. de 2012), http://cronicasdoprofessorferrao.
blogs.sapo.pt/38124.html
FERREIRA, Eduardo Paz (2014). Da Europa de Schumann à Não Europa de Merkel, Lisboa: Quetzal.
FISCHER, Fritz (1969). Krieg der Illusionen. Die deutsche Politik von 1911-1914, Droste: Düsseldorf.
FREIRE, Raquel (2014). azul-escuro / Ulisseia. In Do branco ao negro (pp. 133-151). Porto: Sextante.
Ed. alemã: dunkelblau. In Von Weiß bis Schwarz. Erzählungen portugiesischer Autorinnen (pp.
140-60). Leipziger Literaturverlag, 2017.
GAIÃO, Paulo (2012). Contra Merkel marchar, marchar”, Expresso, 12 de nov. de 2012.
GROSSEGESSE, Orlando (1995). Das ‘Deutsche’ und das ‘Europäische‘ im Werk von José
Saramago. In HANENBERG, Peter et al., Portugal und Deutschland auf dem Weg nach Europa,
Pfaffenweiler (pp. 221-231). Centaurus: Pfaffenweiler.
______ (1998). Der Mythos der spanischen Invasion. In BRIESEMEISTER, D. &
SCHÖNBERGER, A. (eds.). Moderne Mythen in den Literaturen Portugals, Brasiliens und des
portugiesischsprachigen Afrikas (pp. 15-40). Frankfurt/Main: TFM.
GUERREIRO, Pedro Santos (2011). Amamos odiar os alemães, Jornal de Negócios (05.06.2011), 4.
HANENBERG, Peter (2014). A Alemanha vista por Aquilino, Cadernos Aquilinianos, 22, 47-54.
HENRIQUES, Mendo Castro & LEITÃO, António Rosas (2001). La Lys 1918 - Os soldados
desconhecidos, Lisboa: Prefácio.
HIRSCHI, Caspar (2005). Wettkampf der Nationen: Konstruktionen einer deutschen Ehrgemeinschaft an der
Wende vom Mittelalter zur Neuzeit, Göttingen: Wallstein.
JUNQUEIRO, Guerra (1916). Edith Cavell. Lisboa: Imprensa Nacional.
KUNDNANI, Hans (2015). The Paradox of German Power. Oxford/New York: Oxford University
Press.
KURBJUWEIT, Dirk (2012). Wir bleiben ein Sonderfall. Das Sommermärchen ist längst verblasst -
sind die Deutschen wieder hässlich?, Der Spiegel Nr. 50 (10 de dezembro de 2012).
LOURINHO, Manuel Hermenegildo (2006). Prisioneiros Portugueses na Alemanha - 1ª Guerra Mundial
(1917-1918), col. Estudos e Documentos, Lisboa: Prefácio.
MC KINSTRY, Leo (2015). German leadership has left the whole of Europe in crisis, Express (28
de set. 2015).
MENDES, Friedrich (2011 a). Der Schoßhund, Blog Estudos Luso-Alemães, 23 de março de 2011.
http://estudoslusoalemaes.blogspot.pt/2011/03/der-schosshund.html
16
_____ (2011 b). Vom Ultimato Británico zum deutschen Ultimatum, Blog Estudos Luso-Alemães, 25
de março de 2011. http://estudoslusoalemaes.blogspot.pt/2011/03/vom-utimatum-
britanico-zum-deutschen.html
NOVAIS, Noémia da Encarnação Padilha Malva (2013). A Imprensa Portuguesa e a Guerra. 1914-
1918. Os jornais intervencionistas e anti-intervencionistas. A acção da censura e da propaganda, Diss.
Univ. Nova de Lisboa.
OLIVEIRA, Daniel (2011). O império de Merkel e os seus tristes vassalos, Expresso (4 de março de
2011).
PACHECO, João (2014). Inimigos: Os alemães Portugueses da Baixa, Visão História, 25
(setembro 2014), 57– 59.
QUENTAL, Antero de (1982). Prosas sócio-políticas. Lisboa: Imprensa Nacional.
RAMOS, Graça Andrade (2016a). Porquê e como foram apresados os navios alemães em 1916,
RTP, 16 de maio de 2016 (atualizado em 25 de maio de 2016). Série Portugal na I Grande
Guerra, https://www.rtp.pt/noticias/portugal-na-1-grande-guerra/porque-e-como-foram-
apresados-os-navios-alemaes-em-1916_es919087
_____ (2016b). Um campo de concentração de alemães em Angra, RTP, 13 de junho de 2016
(atualizado em 14 de junho de 2016). Série Portugal na I Grande Guerra, https://www.rtp.pt/
noticias/portugal-na-1-grande-guerra/um-campo-de-concentracao-de-alemaes-em-
angra_es925796
REVEL, Jean-François (2002). Obsessão Antiamericana, Lisboa: Bertrand.
RIBEIRO, Aquilino (1934). É a guerra (Diário). Lisboa: Bertrand, s/d.
SARAIVA, Nuno (2015). Da indignidade, da vergonha e da humilhação, Diário de Notícias, 22 de
fevereiro de 2015. http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/nuno-saraiva/interior/da-
indignidade-da-vergonha-e-da-humilhacao-4414040.html
SCHÖNBERGER, Christoph (2012). Hegemonie wider Willen: Zur Stellung Deutschlands in der
Europäischen Union, Merkur: Deutsche Zeitschrift für Europäisches Denken 66 (1): 1–8.
SCHUCHARDT, Hugo (1915). Die Schmähschrift der Akademie der Wissenschaften von Portugal gegen die
deutschen Gelehrten und Künstler, Graz: Leuschner & Lubensky.
SOROMENHO-MARQUES, Viriato (2011). A terceira metamorfose alemã: recusar a grandeza?,
Diário de Notícias, 6 de junho de 2011. http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/viriato-
soromenho-marques/interior/amp/a-terceira-metamorfose-alema-recusar-a-grandeza-
1871264.html
______ (2012). Crise europeia: Pode o futuro não ser ontem?, Diário de Notícias, 10 de dezembro de
2012. http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/viriato-soromenho-marques/interior/ crise-
europeia-pode-o-futuro-nao-ser-ontem-2937115.html
TEIXEIRA, Nuno Severino (1992). Fome e a Saudade, Os Prisioneiros Portugueses na Grande
Guerra, Penélope, n.º 8 (1992), 91-114.
17
TORGAL, Luís Reis & SILVA, Armando Malheiro da (1996). Norton de Matos e Alemanha na II
Guerra Mundial. In MARQUES, A.H. de Oliveira; OPITZ, Alfred; CLARA, Fernando
(orgs.). Portugal – Alemanha – África. Do Imperialismo Colonial ao Imperialismo Político (pp. 99-
138). Lisboa: Colibri.
TRZASKA-RICHTER, Christine (1991). Furor teutonicus – Das römische Germanenbild in Politik und
Propaganda von den Anfängen bis zum 2. Jahrhundert n. Chr., Trier, WTV, 1991.
VALANCE, Georges (1990). France-Allemagne. Le retour de Bismarck. Paris, Flammarion.
VILLALOBOS, Luís (2014). Os 72 navios alemães que levaram à entrada de Portugal na Grande
Guerra, Público, revista Ípsilon (4 de setembro de 2014).
VOGEL, Jakob (2000). Zwischen protestantischem Herrscherideal und Mittelaltermystik. Wilhelm
I. und die ‚Mythomotorik‘ des Deutschen Kaiserreiches. In KRUMEICH, Gerd &
LEHMANN, Hartmut (orgs.). ‚Gott mit uns‘: Nation, Religion und Gewalt im 19. und frühen 20.
Jahrhundert (pp. 213-230). Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht.