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Cidade Inteligente

O Projeto Mobi-E Cascais

Discente: Ricardo Mendes

Docente: Prof.ª Sofia Morgado


Índice
Introdução ..................................................................................................................................... 3
Agenda 2030 ................................................................................................................................. 3
Cidades e Comunidades Sustentáveis ....................................................................................... 3
Cidades Sustentáveis ................................................................................................................. 4
Cidades Inteligentes ...................................................................................................................... 5
Definição ................................................................................................................................... 5
Caraterísticas e Fatores ............................................................................................................. 5
Projeto Mobi-E Cascais.................................................................................................................. 6
Autocarros ................................................................................................................................. 6
Bike Sharing e Parking ............................................................................................................... 6
Parques de Estacionamento Inteligentes.................................................................................. 6
Aposta na Mobilidade Elétrica .................................................................................................. 7
WIFI gratuito no Concelho ........................................................................................................ 7
Conclusão ...................................................................................................................................... 7
Bibliografia .................................................................................................................................... 8
Introdução
O presente relatório irá enquadrar o as cidades inteligentes no campo teórico da
mesma começando por fazer a sua alusão à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas,
ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, falando
ainda também brevemente no que são cidades sustentáveis. Seguidamente será feita também
uma breve definição das cidades inteligentes no âmbito do relatório. Por último irá ser exposto
o projeto Mobi-E Cascais de forma a perceber de que forma este contribui para a população do
Concelho de Cascais.

Agenda 2030

A Agenda 2030 é definida em 2015, sendo uma agenda abrangente e que denota
ambição relativamente à dimensão do desenvolvimento sustentável assim como procura
promover a paz, justiça e instituições eficazes. A Agenda em suma procura uma visão comum
para a Humanidade fazendo alcançar pela execução de 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável.

No âmbito do presente relatório deve-se destacar o Objetivo de Desenvolvimento


Sustentável de “Cidades e Comunidades Sustentáveis”

Cidades e Comunidades Sustentáveis


O principal foco do objetivo de desenvolvimento sustentável é tornar as cidades e
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. “Mais de metade da
população mundial vive nas cidades. Espera-se que em 2050, dois terços de toda a
humanidade (6.5 mil milhões de pessoas) estejam em áreas urbanas” (ONU,2015). “Tornar as
cidades sustentáveis (…) envolve investimento em transportes públicos (…).” (ONU,2015).
Assim, este Objetivo de Desenvolvimento Sustentável considera 10 linhas de ação. Para o
presente relatório deve ser destacada a de “até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de
transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a
segurança rodoviária através da expansão da rede de transportes públicos, com especial
atenção para as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade, mulheres, crianças,
pessoas com deficiência e idosos” (ONU, 2015)
Cidades Sustentáveis
Uma Cidade Sustentável é uma cidade onde reside “uma comunidade capaz de
garantir o bem-estar dos seus habitantes, sem pôr em causa a igualdade de direitos das
gerações futuras e daqueles que, não habitando a cidade, poderão sofrer pelos impactos da
exploração de recursos e deposição de desperdícios (que ultrapassam invariavelmente os
limites urbanos).” (Machado, 2010).
A pobreza, degradação da qualidade do ar, criminalidade, ruido, disparidade
económica, tráfego e congestionamento são pontos que se devem considerar quando se
procura melhorar uma cidade de forma que esta se torne sustentável. Estes pontos irão
sempre existir e dificilmente poderão ser erradicados, no entanto, deve ser feita uma gestão
cuidadosa dos mesmos. “Uma cidade sustentável não é uma cidade sem conflitos, mas sim
uma cidade que sabe geri-los”. (Conde, 2007)
Tendo em conta Newman e Kenworthy revitalizar os centros das cidades, incentivar o
desenvolvimento urbano mais denso, desencorajar o “urban sprawl” e estender o sistema de
transporte público para as periferias e subúrbios das cidades são os principais eixos para que
uma cidade dependente do automóvel possa de facto se tornar numa cidade sustentável.

Figura 1 - Modelo de cidade sustentável


Fonte: Nascimento, C. (2017) “Forma e Estrutura Urbana Sustentável. Um Ensaio para o Concelho de Cascais”
Cidades Inteligentes

Definição
“As cidades desempenham um papel fulcral nos aspetos económicos e sociais a nível
mundial, além de impactarem em larga escala o meio-ambiente” (Mori e Chirstodoulou, 2012).
De acordo com a Organização das Nações Unidas em 2008 as cidades são responsáveis por
cerca de 70% do consumo energético mundial e 70% das grandes emissões de gases com
efeito de estufa. É neste âmbito que surge o conceito de Smart Cities.
Em 2008 o mundo passa por uma crítica crise financeira. Esta crise vem despoletar a
definição e interesse no modelo de Smart Cities. Este modelo teria como como objetivo
fundamental a conceção de cidades sustentáveis e inteligentes.

Assim “o conceito de cidade inteligente refere-se à capacidade de captar e integrar


dados em tempo real, através de sensores, medidores, equipamentos e dispositivos
eletrónicos, numa plataforma computacional que permite a comunicação dessa mesma
informação entre todos os serviços da cidade” (Harrison et. Al., 2010). Esta definição pode ser
completada dizendo que “a tecnologia pode ser utilizada nas cidades em prol dos seus
cidadãos ao adaptar essas tecnologias às suas necessidades, ao invés de adaptarem as suas
vidas às exigências tecnológicas (Albino et al., 2015).
De acordo com Sousa o conceito abarca uma consensualidade reduzida mas pode ser
genericamente definido como “o uso da tecnologia para dotar as cidades de infraestruturas e
dispositivos que ajudem a gerir melhor, da forma mais eficiente e sustentável a cidade” (Sousa,
2017).
A cidade torna-se inteligente quando “os investimentos em capital (…) tradicional
(transporte) e infraestrutura de comunicação moderna (TIC) promovem ao crescimento
económico sustentável e uma qualidade de vida alta (…)”(Caragliu, Del Biro & Nijikaml, 2009).
“Uma cidade é inteligente quando essa cidade pode integrar e sincronizar a liderança
formal e a participação democrática endógena no ecossistema urbano baseado em TI.(…) As
cidades inteligentes (…) combinam inovação aberta democratizada com suporte, coordenação
e monitorização da cidade central” (Ben Letaifa, 2015).
“Uma cidade que atua de forma direta (…) na mobilidade (…)” (Giffinger et al, 2007)
As cidades inteligentes abarcam “ comunicações em tempo real, as necessidades dos
cidadãos e as informações, aumentando a viabilidade” (Ben Letaifa, 2015).

Caraterísticas e Fatores
São apresentados 31 fatores que devem ser potenciados para que uma cidade se
comece a enquadrar no conceito de Cidade Inteligente. Estes fatores enquadram-se em 6
caraterísticas da qual se deve evidenciar, pela importância que tem para presente relatório, a
carateristica“Mobilidade Inteligente (Transporte e Tecnologias, Informação e Comunicação)

No âmbito da Mobilidade Inteligente, devem ser destacados os fatores:

- Acessibilidade local
- Disponibilidade de uma Infraestrutura que recorre às Tecnologias de Informação e
Comunicação
- Transportes inovadores, seguros e sustentáveis
Projeto Mobi-E Cascais

Cascais, juntamente com a cidade do Porto, apresentou no ano de 2016 a maior


quantia de utilizadores de carros elétricos enquadrados na rede Mobi-E. A Mobi-E é a principal
iniciativa contando com a maior participação municipal. O projeto procura promover a
mobilidade pessoal elétrica através de ações que estimulem a adoção de transportes elétricos
e a implementação da infraestrutura que permita recarregá-los.

Autocarros

Os autocarros da frota Mobi-E são inovadores no âmbito da mobilidade. Estes circulam


em 41 linhas municipais que alcançam todas as zonas do concelho, contam com mais horários
e contribuíram para o aumento de 83% de quilómetros percorridos. Em 2020 as linhas
enquadradas neste projeto são gratuitas para todos os residentes do município de Cascais, os
seus trabalhadores e estudantes.
De acordo com Pierre Merlin “o transporte ideal é o transporte instantâneo, gratuito,
sem limite de capacidade, disponível a qualquer instante. Em suma, acaba com as distâncias”
(Pierre, 1994).

Bike Sharing e Parking


O Concelho de Cascais conta com 90 estações de “Bike-Sharing” posicionadas por todo
o concelho da qual qualquer cidadão independentemente se reside em Cascais ou não pode
alugar uma bicicleta durante o período de tempo de 1 dia, 1 semana, um mês ou durante 1
ano inteiro. Tanto estas como as bicicletas pessoais podem ser estacionadas nas presentes
estações através do sistema de “parking”. O serviço de Bike Sharing é grátis para todos os
alunos que frequentem as escolas públicas de Cascais e que já tenham feito 14 anos.
Nos últimos anos o interesse social e político nas redes de “Bike -Sharing” aumentou, o
que provocou a implementação de programas nas cidades metropolitanas europeias. Uma das
principais razões dessa ampliação devesse ao progresso tecnológico que beneficiou a
experiência e comunicação deste serviço. De acordo com Midgley, “cerca de dezoito países
europeus já introduziram com sucesso programas operacionais de sistemas de bike sharing,
tais como Dinamarca, Espanha, França, Alemanha, Itália e Portugal” (Midgley, 2011).

Parques de Estacionamento Inteligentes


No âmbito do projeto MOBI-E, o estacionamento tornou-se mais fácil de pagar.
Qualquer cidadão pode agora pagar o estacionamento recorrendo à Aplicação MobiCascais
evitando assim que tenha de perder tempo ou que se tenha de deslocar até um parquímetro
ou ainda que tenha de ter moedas consigo. Permite assim um pagamento digital de forma
segura. Com esta aplicação é possível ainda ver a quantidade de lugares disponíveis em tempo
real nos 9 parque fechados da Mobi-E.
Aposta na Mobilidade Elétrica
A Mobi-E implementou em Cascais postos de abastecimento elétricos, fazendo assim
com que qualquer cidadão que opte pela utilização dos veículos elétricos possa fazê-lo sem ter
o entrave de não ter um posto elétrico de abastecimento. Esta medida apoia a mobilidade
sustentável.
O Veículo Autónomo de Cascais é um projeto pioneiro em Portugal devido ao facto de
já circular no espaço público. Este faz apenas um percurso de forma experimental prestando
serviços de transporte publico de passageiros.

WIFI gratuito no Concelho


Como todos os pontos do projeto Mobi-E anteriormente necessitam de ligação à
Internet para funcionarem, é imprescindível que a falta de ligação não seja um obstáctulo de
acesso por parte do utilizador. Assim, o projeto implementou por todo o concelho pontos de
acesso à Internet gratuitos que permitem a ligação até duas horas diárias

Conclusão

Conclui-se assim que em 2015 a Organização das Nações Unidas procura delinear uma
estratégia para toda a humanidade. Desta resulta o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Cidades e comunidades sustentáveis” onde se enquadra o conceito de cidade sustentável. No
âmbito da cidade sustentável e potenciado pela crise de 2008 surge o conceito de cidade
inteligente que faz uso da tecnologia, informação e comunicação para, na ótica do utilizador
da cidade, facilitar a vida aos seus habitantes e demais utilizadores.
O projeto Mobi-E Cascais procura aplicar o conceito de cidade inteligente no concelho
de Cascaic. O projeto vem destruir algumas distâncias, não no sentido físico, mas sim
figurativo, que existiam antes da sua implementação; vem trazer postos de bicicletas ao
concelho de Cascais promovendo assim a qualidade de vida; permitiu criar o “estacionamento
inteligente” na medida em que facilitou o seu pagamento e já permite dizer em tempo real a
disponibilidade de lugares de estacionamento na sua aplicação; eliminou a barreira da
inexistência de postos de abastecimento elétricos para quem procura fazer a transição do
carro movido a combustíveis fosseis para o carro elétrico e , por ultimo, para complementar,
impedido que a falta de acesso à Internet seja uma barreira, o projeto implementou pontos de
acesso à Internet por todo o concelho.
Bibliografia

Mori, K., Christodoulou, A. (2012) “Review of Sustainability Indices and Indicators: Towards a
New City Sustainability Index (CSI)”. Environmental Impact Assessment Review 32: 94–106.

Harrison, C., Eckman, B., Hamilton, R., Hartswick, P., Kalagnanam, J., Paraszczak, J., Williams, P.
(2010)” Foundations for Smarter Cities. IBM Journal of Research and Development” 54: 4 1–16.

Albino, V., Berardi, U., Dangelico, R.M. (2015) “Smart Cities: Definitions, Dimensions,
Performance, and Initiatives. Journal of Urban Technology”.

Nascimento, C. (2017) “Forma e Estrutura Urbana Sustentável. Um ensaio para o concelho de


Cascais”. Dissertação de mestrado. Universidade de Lisboa, Lisboa
Disponível em:
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/30304/1/TM_igotul009585.pdf

Mulder, K., Ferrer, D., Van Lente, H. (2011) What is sustainable technology? Perceptions,
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Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jiec.12033

Caragliu, A., Del Bo, C., Nijkamp, P. (2009) “Smart Cities in Europe”.
Disponível em:
http://degree.ubvu.vu.nl/repec/vua/wpaper/pdf/20090048.pd

Ben Letaifa, S. (2015) “How to strategize smart cities: revealing the smart model. Journal of
Business Research” 68 p.1414-1419
disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0148296315000387

Giffinger, R., Fertner, C., Kramar, H., Kalasek, R., Pichler-Milanovic, N., Meijers, E. (2007) Smart
cities – Ranking of European médium-sized cities. Centre of Regional Science. Vienna
University of Technology.
Disponível em:
https://www.academia.edu/13915221/Smart_cities_Ranking_of_European_medium_sized_cit
ies

Merlin P. (1994) “Automobile and Public Transit - Toward a Harmonious Cohabitation”.


Northwestern University, Evanston

Site da MobiCascais. Acedido a 01/02/2022


Disponível em: https://mobi.cascais.pt/
Midgley, P. (2011). Bicycle-sharing schemes: enhancing sustainable mobility in urban areas.
Commission on Sustainable Development, United Nations Department of Economic and Social
Affairs, New York

Organização das Nações Unidas (2015) “Agenda 2030”


Disponível em:
https://sdgs.un.org/2030agenda

Machado, S. (2010) “Desenvolvimento urbano e reutilização urbana: o caso de Valongo”.


Dissertação de mestrado. Universidade do Porto, Porto.

Conde, S. (2007)” O contributo das políticas urbanas para a sustentabilidade das cidades. Os
casos das cidades de Aveiro e de Tavira”. Dissertação de mestrado. Universidade de Lisboa,
Lisboa

Newman, M. (2005) “The Compact City Fallacy. Journal of Planning Education and Research”
25 p.11-26

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