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NOÇÕES DE

ELEVAÇÃO
DE PETRÓLEO

Autor: Leôncio de Almeida Souza


NOÇÕES DE
ELEVAÇÃO
DE PETRÓLEO
NOÇÕES DE
ELEVAÇÃO
DE PETRÓLEO
Autor: Leôncio de Almeida Souza

Ao final desse estudo, o treinando poderá:

• Identificar as grandezas e propriedades físicas dos


fluidos em equilíbrio e entender o comportamento de
fases dos hidrocarbonetos;
• Reconhecer os aspectos dinâmicos do escoamento
monofásico e multifásico em dutos e calcular gradiente
de pressão e perda de carga nesses tipos de escoamentos;
• Reconhecer as razões da garantia de escoamento;
• Identificar as etapas do percurso dos fluidos na elevação
do petróleo e conhecer os fenômenos dinâmicos da
elevação natural;
• Distinguir os métodos de elevação artificial de petróleo.
Programa Alta Competência

Este material é o resultado do trabalho conjunto de muitos técnicos


da área de Exploração & Produção da Petrobras. Ele se estende para
além dessas páginas, uma vez que traduz, de forma estruturada, a
experiência de anos de dedicação e aprendizado no exercício das
atividades profissionais na Companhia.

É com tal experiência, refletida nas competências do seu corpo de


empregados, que a Petrobras conta para enfrentar os crescentes
desafios com os quais ela se depara no Brasil e no mundo.

Nesse contexto, o E&P criou o Programa Alta Competência, visando


prover os meios para adequar quantitativa e qualitativamente a força
de trabalho às estratégias do negócio E&P.

Realizado em diferentes fases, o Alta Competência tem como premissa


a participação ativa dos técnicos na estruturação e detalhamento das
competências necessárias para explorar e produzir energia.

O objetivo deste material é contribuir para a disseminação das


competências, de modo a facilitar a formação de novos empregados
e a reciclagem de antigos.

Trabalhar com o bem mais precioso que temos – as pessoas – é algo


que exige sabedoria e dedicação. Este material é um suporte para
esse rico processo, que se concretiza no envolvimento de todos os
que têm contribuído para tornar a Petrobras a empresa mundial de
sucesso que ela é.

Programa Alta Competência


Como utilizar esta apostila

Esta seção tem o objetivo de apresentar como esta apostila


está organizada e assim facilitar seu uso.

No início deste material é apresentado o objetivo geral, o qual


representa as metas de aprendizagem a serem atingidas.

ATERRAMENTO
DE SEGURANÇA

Autor

Ao final desse estudo, o treinando poderá:

Objetivo Geral
• Identificar procedimentos adequados ao aterramento
e à manutenção da segurança nas instalações elétricas;
• Reconhecer os riscos de acidentes relacionados ao
aterramento de segurança;
• Relacionar os principais tipos de sistemas de
aterramento de segurança e sua aplicabilidade nas
instalações elétricas.
O material está dividido em capítulos.

No início de cada capítulo são apresentados os objetivos


específicos de aprendizagem, que devem ser utilizados como
orientadores ao longo do estudo.

48

Capítulo 1

Riscos elétricos
e o aterramento
de segurança

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

Objetivo Específico
• Estabelecer a relação entre aterramento de segurança e
riscos elétricos;
• Reconhecer os tipos de riscos elétricos decorrentes do uso de
equipamentos e sistemas elétricos;
• Relacionar os principais tipos de sistemas de aterramento de
segurança e sua aplicabilidade nas instalações elétricas.

No final de cada capítulo encontram-se os exercícios, que


visam avaliar o alcance dos objetivos de aprendizagem.

Os gabaritos dos exercícios estão nas últimas páginas do


capítulo em questão.

Alta Competência Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança

mo está relacionada a 1.6. Bibliografi a Exercícios


1.4. 1.7. Gabarito
CARDOSO ALVES, Paulo Alberto e VIANA, Ronaldo Sá. Aterramento de sistemas 1) Que relação podemos estabelecer entre riscos elétricos e aterramento de segurança?
1) Que relação podemos estabelecer entre
elétricos - inspeção e medição da resistência de aterramento. UN-BC/ST/EMI –
riscos elétricos e
Elétrica, 2007. aterramento de segurança? O aterramento de segurança é uma das formas de minimizar os riscos decorrentes
do uso de equipamentos e sistemas elétricos.
_______________________________________________________________
COELHO FILHO, Roberto Ferreira. Riscos em instalações e serviços com eletricidade. 2) Apresentamos, a seguir, trechos de Normas Técnicas que abordam os cuidados
_______________________________________________________________
Curso técnico de segurança do trabalho, 2005. e critérios relacionados a riscos elétricos. Correlacione-os aos tipos de riscos,
marcando A ou B, conforme, o caso:
Norma Petrobras N-2222. 2) Apresentamos,
Projeto de aterramentoa de
seguir, trechos
segurança de Normas Técnicas que
em unidades
marítimas. Comissão de abordam os cuidados
Normas Técnicas e critérios relacionados a riscos elétricos.
- CONTEC, 2005. A) Risco de incêndio e explosão B) Risco de contato

Correlacione-os aos tipos de riscos, marcando A ou B, conforme, (B) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser projetadas e
Norma Brasileira ABNT NBR-5410. Instalações elétricas de baixa tensão. Associação
o caso: executadas de modo que seja possível prevenir, por meios seguros, os
Brasileira de Normas Técnicas, 2005.
perigos de choque elétrico e todos os outros tipos de acidentes.”
e do tipo de
A) Risco Proteção
Norma Brasileira ABNT NBR-5419. de incêndio e explosão
de estruturas B) Risco
contra descargas de contato (A) “Nas instalações elétricas de áreas classificadas (...) devem ser
es durante toda atmosféricas. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento
na maioria das ( ) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas
Norma Regulamentadora NR-10. Segurança em instalações e serviços em de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de
mantê-los sob projetadas e executadas de modo que seja possível operação.”
eletricidade. Ministério do Trabalho e Emprego, 2004. Disponível em: <http://
is, materiais ou 24 prevenir, por meios seguros,
www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_10.pdf> os perigos de choque
- Acesso em: (B) “Nas partes das instalações elétricas sob tensão, (...) durante os 25
14 mar. 2008. elétrico e todos os outros tipos de acidentes.” trabalhos de reparação, ou sempre que for julgado necessário
21 à segurança, devem ser colocadas placas de aviso, inscrições de
( ) of Lightining
NFPA 780. Standard for the Installation “Nas instalações elétricas
Protection Systems. de
áreas classificadas
National advertência, bandeirolas e demais meios de sinalização que chamem
a maior fonte Fire Protection Association, 2004. a atenção quanto ao risco.”
(...) devem ser adotados dispositivos de proteção,
sária, além das como alarme e seccionamento automático para
Manuais de Cardiologia. Disponível em: <http://www.manuaisdecardiologia.med. (A) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados
ole, a obediência br/Arritmia/Fibrilacaoatrial.htm> - Acesso em: 20 mai.sobretensões,
prevenir 2008. sobrecorrentes, falhas de
à aplicação em instalações elétricas (...) devem ser avaliados quanto à
sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.”

Para a clara compreensão dos termos técnicos, as suas


nça. isolamento, aquecimentos ou outras condições
Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/
parada-cardiorespiratoria.htm> - Acessoanormais de operação.”
em: 20 mai. 2008. 3) Marque V para verdadeiro e F para falso nas alternativas a seguir:

( ) “Nas partes das instalações


Mundo Ciência. Disponível em: <http://www.mundociencia.com.br/fi elétricas
sob tensão, (...)
sica/eletricidade/ (V) O contato direto ocorre quando a pessoa toca as partes
choque.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. normalmente energizadas da instalação elétrica.
durante os trabalhos de reparação, ou sempre que for
julgado necessário à segurança, devem ser colocadas (F) Apenas as partes energizadas de um equipamento podem oferecer
placas de aviso, inscrições de advertência, bandeirolas riscos de choques elétricos.

e demais meios de sinalização que chamem a atenção (V) Se uma pessoa tocar a parte metálica, não energizada, de um
equipamento não aterrado, poderá receber uma descarga elétrica, se
quanto ao risco.” houver falha no isolamento desse equipamento.
( ) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e (V) Em um choque elétrico, o corpo da pessoa pode atuar como um
sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas “fio terra”.
3. Problemas operacionais, riscos e
cuidados com aterramento de segurança

T
odas as Unidades de Exploração e Produção possuem um plano
de manutenção preventiva de equipamentos elétricos (motores,
geradores, painéis elétricos, transformadores e outros).

A cada intervenção nestes equipamentos e dispositivos, os


Para a clara compreensão dos termos técnicos, as suas
mantenedores avaliam a necessidade ou não da realização de inspeção
definos
nições
sistemasestão disponíveis
de aterramento envolvidosno glossário.
nestes equipamentos.Ao longo dos
textos do capítulo, esses termos podem ser facilmente
Para que o aterramento de segurança possa cumprir corretamente o
identifi cados, pois estão em destaque.
seu papel, precisa ser bem projetado e construído. Além disso, deve
ser mantido em perfeitas condições de funcionamento.

Nesse processo, o operador tem importante papel, pois, ao interagir 49


diariamente com os equipamentos elétricos, pode detectar
imediatamente alguns tipos de anormalidades, antecipando
problemas e, principalmente, diminuindo os riscos de choque elétrico
por contato indireto e de incêndio e explosão.

3.1. Problemas operacionais

Os principais problemas operacionais verificados em qualquer tipo


de aterramento são:

• Falta de continuidade; e
• Elevada resistência elétrica de contato.

É importante lembrar que Norma Petrobras N-2222 define o valor


de 1Ohm, medido com multímetro DC (ohmímetro), como o máximo
admissível para resistência de contato.

Alta Competência Capítulo 3. Problemas operaciona

3.4. Glossário 3.5. Bibliografia

Choque elétrico – conjunto de perturbações de natureza e efeitos diversos, que se CARDOSO ALVES, Paulo Alberto e VIAN
manifesta no organismo humano ou animal, quando este é percorrido por uma elétricos - inspeção e medição da re
corrente elétrica. Elétrica, 2007.

Ohm – unidade de medida padronizada pelo SI para medir a resistência elétrica. COELHO FILHO, Roberto Ferreira. Riscos
– Curso técnico de segurança do trab
Ohmímetro – instrumento que mede a resistência elétrica em Ohm.
NFPA 780. Standard for the Installation
Fire Protection Association, 2004.

Norma Petrobras N-2222. Projeto de


marítimas. Comissão de Normas Técn

Norma Brasileira ABNT NBR-5410. Instala


Brasileira de Normas Técnicas, 2005.

Norma Brasileira ABNT NBR-5419. Pr


56 atmosféricas. Associação Brasileira d

Norma Regulamentadora NR-10. Seg


eletricidade. Ministério do Trabalho
www.mte.gov.br/legislacao/normas_
em: 14 mar. 2008.
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
98
100
102

Caso sinta necessidade de saber de onde foram retirados os 104


105

insumos para o desenvolvimento do conteúdo desta apostila, 106


108

ou tenha interesse em se aprofundar em determinados temas, 110


112

basta consultar a Bibliografia ao final de cada capítulo. 114


115

Alta Competência Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança

1.6. Bibliografia 1.7. Gabarito NÍVEL DE RUÍDO DB (A)

CARDOSO ALVES, Paulo Alberto e VIANA, Ronaldo Sá. Aterramento de sistemas 1) Que relação podemos estabelecer entre riscos elétricos e aterramento de segurança?
85
elétricos - inspeção e medição da resistência de aterramento. UN-BC/ST/EMI –
Elétrica, 2007. O aterramento de segurança é uma das formas de minimizar os riscos decorrentes 86
do uso de equipamentos e sistemas elétricos.
COELHO FILHO, Roberto Ferreira. Riscos em instalações e serviços com eletricidade.
87
2) Apresentamos, a seguir, trechos de Normas Técnicas que abordam os cuidados
Curso técnico de segurança do trabalho, 2005. e critérios relacionados a riscos elétricos. Correlacione-os aos tipos de riscos,
marcando A ou B, conforme, o caso:
88
Norma Petrobras N-2222. Projeto de aterramento de segurança em unidades
marítimas. Comissão de Normas Técnicas - CONTEC, 2005. A) Risco de incêndio e explosão B) Risco de contato 89
Norma Brasileira ABNT NBR-5410. Instalações elétricas de baixa tensão. Associação
(B) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser projetadas e 90
executadas de modo que seja possível prevenir, por meios seguros, os
Brasileira de Normas Técnicas, 2005.
perigos de choque elétrico e todos os outros tipos de acidentes.” 91
Norma Brasileira ABNT NBR-5419. Proteção de estruturas contra descargas (A) “Nas instalações elétricas de áreas classificadas (...) devem ser
atmosféricas. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento 92
automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas
Norma Regulamentadora NR-10. Segurança em instalações e serviços em de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de 93
eletricidade. Ministério do Trabalho e Emprego, 2004. Disponível em: <http:// operação.”
24 www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_10.pdf> - Acesso em: (B) “Nas partes das instalações elétricas sob tensão, (...) durante os 25 94
14 mar. 2008. trabalhos de reparação, ou sempre que for julgado necessário
à segurança, devem ser colocadas placas de aviso, inscrições de 95
NFPA 780. Standard for the Installation of Lightining Protection Systems. National advertência, bandeirolas e demais meios de sinalização que chamem
96
Ao longo de todo o material, caixas de destaque estão
Fire Protection Association, 2004. a atenção quanto ao risco.”

Manuais de Cardiologia. Disponível em: <http://www.manuaisdecardiologia.med. (A) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados 98
br/Arritmia/Fibrilacaoatrial.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. à aplicação em instalações elétricas (...) devem ser avaliados quanto à
sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.” 100
presentes. Cada uma delas tem objetivos distintos.
Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/
parada-cardiorespiratoria.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. 3) Marque V para verdadeiro e F para falso nas alternativas a seguir: 102
Mundo Ciência. Disponível em: <http://www.mundociencia.com.br/fisica/eletricidade/ (V) O contato direto ocorre quando a pessoa toca as partes 104
choque.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. normalmente energizadas da instalação elétrica.

(F) Apenas as partes energizadas de um equipamento podem oferecer


105
riscos de choques elétricos.
106
(V) Se uma pessoa tocar a parte metálica, não energizada, de um

A caixa “Você Sabia” traz curiosidades a respeito do conteúdo (V)


equipamento não aterrado, poderá receber uma descarga elétrica, se
houver falha no isolamento desse equipamento.

Em um choque elétrico, o corpo da pessoa pode atuar como um


108
110

abordado Alta
deCompetência
um determinado item do capítulo. 112
“fio terra”.

(F) A queimadura é o principal efeito fisiológico associado à passagem


da corrente elétrica pelo corpo humano. 114 Capítulo 1. Riscos elét
115

Trazendo este conhecimento para a realid


observar alguns pontos que garantirão o
incêndio e explosão nos níveis definidos pela
É atribuído a Tales de Mileto (624 - 556 a.C.) a durante o projeto da instalação, como por ex
primeira observação de um fenômeno relacionado
com a eletricidade estática. Ele teria esfregado um • A escolha do tipo de aterramento fu
fragmento de âmbar com um tecido seco e obtido ao ambiente;
um comportamento inusitado – o âmbar era capaz de
atrair pequenos pedaços de palha. O âmbar é o nome • A seleção dos dispositivos de proteção
dado à resina produzida por pinheiros que protege a
árvore de agressões externas. Após sofrer um processo
• A correta manutenção do sistema elét
semelhante à fossilização, ela se torna um material
duro e resistente.

O aterramento funcional do sist

14
?
Os riscos VOCÊ
elétricosSABIA?
de uma instalação são divididos em dois grupos principais:

Uma das principais substâncias removidas em poços de


como função permitir o funcion
e eficiente dos dispositivos de pro
sensibilização dos relés de proteçã

MÁXIMA EXPOSIÇÃO
“Importante” é um lembrete
petróleo pelo pig de limpeza é adas
parafina. questões
Devido às
baixas temperaturas do oceano, a parafina se acumula
essenciais do uma circulação de corrente para a
por anormalidades no sistema elétr
DIÁRIA PERMISSÍVEL
8 horas conteúdo tratadovirno capítulo.
nas paredes da tubulação. Com o tempo, a massa pode
a bloquear o fluxo de óleo, em um processo similar
7 horas ao da arteriosclerose.
6 horas
Observe no diagrama a seguir os principais ris
5 horas
à ocorrência de incêndio e explosão:
4 horas e 30 minutos
4 horas 1.1. Riscos de incêndio e explosão
3 horas e 30 minutos
ImpOrtAnte!
3 horas Podemos definir os riscos de incêndio e explosão da seguinte forma:
2 horas e 40 minutos É muito importante que você conheça os tipos de pig
2 horas e 15 minutos de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na
Situações associadas à presença de sobretensões, sobrecorrentes,
2 horas sua Unidade. Informe-se junto a ela!
fogo no ambiente elétrico e possibilidade de ignição de atmosfera
1 hora e 45 minutos
potencialmente explosiva por descarga descontrolada de
1 hora e 15 minutos
eletricidade estática.
1 hora
45 minutos AtenÇÃO
35 minutos Os riscos de incêndio e explosão estão presentes em qualquer
30 minutos instalaçãoÉ e muito
seu descontrole se traduz
importante que principalmente
você conheça em os
danos
25 minutos pessoais, procedimentos específicosoperacional.
materiais e de continuidade para passagem de pig
20 minutos em poços na sua Unidade. Informe-se e saiba
15 minutos quais são eles.
10 minutos
8 minutos
7 minutos
reSUmInDO...

Recomendações gerais
• Antes do carregamento do pig, inspecione o
interior do lançador;
• Após a retirada de um pig, inspecione internamente
o recebedor de pigs;
• Lançadores e recebedores deverão ter suas
7 horas ao da arteriosclerose.
6 horas
5 horas
4 horas e 30 minutos
4 horas
3 horas e 30 minutos
ImpOrtAnte!
3 horas
2 horas e 40 minutos É muito importante que você conheça os tipos de pig
2 horas e 15 minutos de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na
2 horas sua Unidade. Informe-se junto a ela!
1 hora e 45 minutos
1 hora e 15 minutos
1 hora
45 minutos AtenÇÃO
35 minutos
30 minutos Já a caixa de destaque
É muito “Resumindo”
importante que você conheçaé uma os versão compacta
procedimentos específicos para passagem de pig
25 minutos
20 minutos dos principais pontos
em poços abordados no capítulo.
na sua Unidade. Informe-se e saiba
15 minutos quais são eles.
10 minutos
8 minutos
7 minutos
reSUmInDO...

Recomendações gerais

? VOCÊ SABIA?
• Antes do carregamento do pig, inspecione o
interior do lançador;
Uma das principais substâncias removidas em poços de
• Apóspelo
petróleo a retirada
pig dede um pig, inspecione
limpeza internamente
é a parafina. Devido às
MÁXIMA EXPOSIÇÃO o recebedor
baixas de pigs;
temperaturas do oceano, a parafina se acumula
DIÁRIA PERMISSÍVEL nas paredes da tubulação. Com o tempo, a massa pode
8 horas • Lançadores e recebedores deverão ter suas
vir a bloquear o fluxo de óleo, em um processo similar
7 horas ao da arteriosclerose.
6 horas
5 horas
4 horas e 30 minutos

Em “Atenção” estão destacadas as informações que não


4 horas
3 horas e 30 minutos
ImpOrtAnte!
3 horas
2 horas e 40 minutos devem ser esquecidas.
É muito importante que você conheça os tipos de pig
2 horas e 15 minutos de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na
2 horas sua Unidade. Informe-se junto a ela!
1 hora e 45 minutos
1 hora e 15 minutos
1 hora
45 minutos AtenÇÃO
35 minutos
30 minutos É muito importante que você conheça os
25 minutos procedimentos específicos para passagem de pig
20 minutos em poços na sua Unidade. Informe-se e saiba
15 minutos quais são eles.
10 minutos
tricos e o aterramento de segurança
8 minutos
7 minutos
reSUmInDO...

Recomendações gerais
dade do E&P, podemos
controle dos riscos de
Todos os recursos• Antes
didáticos presentes nesta apostila têm
do carregamento do pig, inspecione o
as normas de segurança
xemplo:
como objetivo facilitar o aprendizado de seu conteúdo.
interior do lançador;
• Após a retirada de um pig, inspecione internamente
o recebedor de pigs;
uncional mais adequado
• Lançadores e recebedores deverão ter suas

o e controle;
Aproveite este material para o seu desenvolvimento profissional!

trico.

tema elétrico tem


namento confiável
oteção, através da
15
ão, quando existe
a terra, provocada
rico.

scos elétricos associados


Sumário
Introdução 17

Capítulo 1 - Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo


Objetivos 19
1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo 21
1.1. Propriedades estáticas dos fluidos do petróleo 22
1.1.1. Massa específica (densidade absoluta) 22
1.1.2. Peso específico 24
1.1.3. Densidade relativa 25
1.1.4. Grau API (°API) 26
1.1.5. Viscosidade 27
1.1.6. Perfil de pressão e gradiente hidrostático 28
1.2. Comportamento de fases dos hidrocarbonetos 34
1.2.1. Condições-padrão 35
1.2.2. Diagrama de fases 35
1.2.3. Análise PVT 39
1.2.4. Pressão de saturação (Psat) 40
1.2.5. Razão de solubilidade (Rs) 41
1.2.6. Fator volume de formação do óleo (Bo) 41
1.2.7. Fator volume de formação do gás (Bg) 43
1.2.8. Razão gás-óleo (RGO) 44
1.2.9. Tipos de reservatórios e modelo black-oil 44
1.3. Exercícios 49
1.4. Glossário 51
1.5. Bibliografia 54
1.6. Gabarito 55
Capítulo 2 - Escoamento monofásico e multifásico em dutos
Objetivos 57
2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos 59
2.1. Escoamento monofásico 59
2.1.1. Regimes de fluxo 59
2.1.2. Número de Reynolds 60
2.1.3. Fator de atrito 61
2.1.4. Perda de carga no escoamento incompressível 63
2.1.5. Perda de carga no escoamento compressível 72
2.1.6. Pressão requerida e pressão disponível 75
2.2. Escoamento multifásico 78
2.2.1. Padrões de escoamento 78
2.2.2. Hold-up 82
2.2.3. Escorregamento 83
2.2.4. Perda de carga no escoamento multifásico 84
2.3. Garantia de escoamento 88
2.3.1. Principais problemas relacionados ao escoamento do petróleo 88
2.3.2. Previsão, prevenção e remoção de parafinas 92
2.3.3. Previsão, prevenção e remoção de hidratos 95
2.4. Exercícios 99
2.5. Glossário 101
2.6. Bibliografia 103
2.7. Gabarito 104

Capítulo 3 - Elevação natural


Objetivos 107
3. Elevação natural 109
3.1. Etapas de escoamento na elevação de petróleo 109
3.1.1. Fluxo no reservatório 110
3.1.2. Fluxo no poço 116
3.1.3. Fluxo na superfície 119
3.2. Curva de pressão disponível no reservatório (IPR) 122
3.3. Curva de pressão requerida no poço (TPR) 125
3.4. Equilíbrio poço-reservatório 127
3.5. Exercícios 128
3.6. Glossário 130
3.7. Bibliografia 134
3.8. Gabarito 135
Capítulo 4 - Elevação artificial
Objetivos 137
4. Elevação artificial 139
4.1. Gas-lift contínuo e intermitente (GLC e GLI) 139
4.1.1. Principais componentes do poço 140
4.1.2. Válvulas de gas-lift 142
4.1.3. Descarga de um poço de gas-lift 145
4.1.4. Gas-lift contínuo (GLC) 146
4.1.5. Gas-lift intermitente (GLI) 149
4.2. Bombeio centrífugo submerso (BCS) 151
4.2.1. Equipamentos de subsuperfície 153
4.2.2. Equipamentos de superfície 155
4.3. Bombeio mecânico com hastes (BM) 156
4.3.1. Equipamentos de subsuperfície 157
4.3.2. Equipamentos de superfície 159
4.4. Bombeio por cavidades progressivas (BCP) 160
4.4.1. Equipamentos de subsuperfície 161
4.4.2. Equipamentos de superfície 161
4.5. Bombeio hidráulico a jato (BHJ) 162
4.5.1. Equipamentos de subsuperfície 163
4.5.2. Equipamentos de superfície 164
4.6. Exercícios 165
4.7. Glossário 168
4.8. Bibliografia 172
4.9. Gabarito 173
Introdução

A
s empresas de petróleo, através do segmento de exploração
e produção - E&P -, destinam-se a explorar os mananciais
petrolíferos e produzir os fluidos neles contidos, de modo
seguro e econômico. A exploração dos mananciais consiste em perfurar
os poços, delimitar os campos e agregar reservas de hidrocarbonetos.
A produção dos fluidos consiste em extrair óleo e gás a partir da rocha-
reservatório, efetuar seu tratamento em plantas de processamento
primário e, finalmente, transportá-los para refino.

Nesse processo, a elevação do petróleo representa o escoamento dos


fluidos da rocha-reservatório até a superfície, que pode se efetuar
de modo natural, quando o reservatório dispõe de quantidade 17
suficiente de energia para a elevação desses fluidos, ou de modo
artificial, quando se torna necessário utilizar meios artificiais para
essa finalidade. Essa fase também se caracteriza pela avaliação das
jazidas e das propriedades dos fluidos que elas contêm, visando a
maior recuperação com o menor custo possível. Costumeiramente,
a elevação e o escoamento do petróleo pela coluna de produção
dos poços e pelos dutos de superfície envolvem preocupações como
otimização de energia, maximização da produção, desempenho de
equipamentos e eficiência de escoamento.

Esses são os principais assuntos que iremos abordar neste estudo.


Estaremos tratando das propriedades dos fluidos aplicadas à elevação
do petróleo, escoamento em dutos, garantia de escoamento, elevação
natural e elevação artificial. Conhecê-los, mesmo nos aspectos mais
gerais, permitirá ao treinando uma compreensão dos fenômenos que
neles ocorrem e um melhor desempenho operacional ao trabalhar
com estes recursos.

CORPORATIVA
CORPORATIVA
Capítulo 1
Propriedades dos
fluidos aplicadas
à elevação do
petróleo

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar as grandezas e propriedades físicas dos fluidos


em equilíbrio;
• Explicar o comportamento de fases dos hidrocarbonetos.

CORPORATIVA
Alta Competência

20

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

1. Propriedades dos fluidos aplicadas à


elevação do petróleo

G
uardando as devidas proporções, o poço de petróleo se
parece com o poço artesiano. Os dois são cavidades abertas
na terra, um para atingir o lençol de água mais próximo da
superfície, e o outro, a rocha-reservatório de petróleo, que pode
se localizar a grandes profundidades. Os dois tipos de poços são
perfurados por uma broca e depois revestidos por uma tubulação
dotada de furações na extremidade inferior, a fim de permitir, em
um caso, a entrada de água e, no outro, a entrada de petróleo para
o interior dessa tubulação.

A água do poço artesiano e o óleo do poço de petróleo são fluidos


que, acumulados numa tubulação vertical (ou coluna de tubos),
ficam sujeitos às leis da hidrostática, quando em repouso, e da 21
hidrodinâmica, quando em movimento.

Antes vamos definir o que são fluidos. Os fluidos são as substâncias


que escoam, ou seja, que possuem fluidez ou capacidade de fluir.
Líquidos e gases são fluidos por excelência. Ao contrário dos sólidos,
as moléculas dos líquidos e gases apresentam pequena força de
atração entre si e certa liberdade de movimento, por isso podem
mudar facilmente de posição ou escoar. Os fluidos não possuem forma
própria (se adaptam às formas dos recipientes que os contêm) e se
deformam continuamente quando submetidos a forças tangenciais
ou tensão de cisalhamento. Os sólidos, quando submetidos a essas
forças, podem sofrer cisalhamento, quer dizer, podem se partir.

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Sabemos que os fluidos podem estar em repouso ou em movimento.


A estática dos fluidos estuda o comportamento dos fluidos em repouso,
que é um conjunto de propriedades e grandezas físicas dos fluidos
em equilíbrio num sistema, como por exemplo, um determinado
volume de fluido líquido em repouso numa coluna de tubos de um
poço artesiano ou de um poço de petróleo. Sabemos também que
os hidrocarbonetos – óleo e gás – possuem comportamento variável,
de acordo com as condições de temperatura e pressão a que ficam
submetidos. Os volumes das fases líquida e gasosa do petróleo não
são os mesmos nas condições de reservatório e nas de superfície.
Veremos, portanto, neste capítulo, algumas grandezas e propriedades
físicas dos fluidos em equilíbrio e o comportamento de fases dos
hidrocarbonetos.

1.1. Propriedades estáticas dos fluidos do petróleo

22 Trataremos a seguir das propriedades e grandezas físicas dos


fluidos em equilíbrio num sistema, chamadas propriedades
estáticas dos fluidos.

1.1.1. Massa específica (densidade absoluta)

Massa específica (o mesmo que densidade absoluta) é a quantidade


de massa de uma substância que ocupa um determinado volume,
ou seja, é uma propriedade física, cujo valor se calcula pela relação
entre certa massa da substância e o volume ocupado por essa massa.
A massa específica é dada por:

ρ = m , onde ρ é massa específica, m é massa e V é volume.


V

Unidades: a unidade é geralmente o grama por centímetro cúbico


(g/cm3) no sistema C.G.S. ou quilograma por metro cúbico (kg/m3) no
Sistema Internacional de Unidades (S.I.)

S.I. C.G.S
kg/m3 g/cm3

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Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

A massa específica pode ser expressa também em unidades híbridas,


como kg/l, g/dm3 ou ton/m3.

Exemplo: um cubo de massa m = 300 g tem aresta a = 10 cm. Expresse


a sua massa específica em unidades do C.G.S. e S.I.

Solução: sendo o volume de um cubo de aresta a dado por V = a3,


temos que V = 103 cm3. Assim, a sua massa específica (ou densidade
absoluta) no C.G.S. será:

m 300
ρ= ρ= ρ = 0,3 g/cm3
V 103

No Sistema Internacional, teremos:

10-3 Kg
ρ = 0,3 x ρ = 300 Kg/m3
10 m
-6 3
23

Apresentamos a seguir a massa específica de algumas substâncias.

Massa específica Massa específica


Substância
(g/cm3) (Kg/m3)

Gás natural (20 ºC, 1 atm) — 0,78

Óleo (petróleo) 0,8 800

Água (4 ºC) 1,0 1000


Ferro 7,8 7800

Observação: como a massa específica (ρ) de um corpo de massa m


depende de seu volume V, as alterações de temperatura provocam
variações no seu volume, modificando a sua massa específica.
Os sólidos e líquidos podem ter sua massa específica alterada por
variações de temperatura, já que seu volume pode ser alterado ao
variar a temperatura, mas os gases podem ter sua massa específica
alterada por variações de temperatura e por variações de pressão
a que estão sujeitos. Portanto, é importante citar as condições de
pressão e temperatura quando se referir à massa específica ou
densidade de um gás.

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Da lei dos gases (equação de Clapeyron), vem que: P.V = n.R.T, onde
P é pressão, V é volume, n é o número de mols da amostra de gás,
R é constante universal dos gases (isto é, tem sempre o mesmo valor
para qualquer que seja o gás usado), e T é temperatura absoluta do
gás (em Kelvin).

A equação de Clapeyron ou Lei dos Gases Perfeitos relaciona,


portanto, quatro variáveis de um gás: pressão, volume, temperatura
absoluta e número de mols. São chamados gases perfeitos ou ideais
os gases que seguem esta e as demais leis dos gases. Muitas vezes
deve-se fazer certas correções para que se possa aplicar estas leis,
principalmente no caso de gases não ideais.

m m
Como ρ = , tem-se que V = .
V ρ

Substituindo na equação de Clapeyron (P.V = n.R.T), temos:


24

A última expressão mostra que a massa específica (ou densidade


absoluta) de um gás perfeito é diretamente proporcional à pressão
(P) e inversamente proporcional à sua temperatura absoluta (T).

1.1.2. Peso específico

Peso específico é o peso da massa de uma substância que ocupa um


determinado volume, ou seja, é uma propriedade física, cujo valor
se calcula pela relação entre o peso de certa massa da substância e o
volume ocupado por essa massa. O peso específico é dado por:

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‫=ﻻ‬ W
, onde ‫ ﻻ‬é peso específico, W é peso e V é volume.
V

Como W = m.g , onde m é massa e g é aceleração da gravidade,


m.g
então ‫= ﻻ‬ .
V
m
Como ρ = , onde ρ é massa específica, m é massa e V é volume,
V
então ‫ = ﻻ‬ρ . g , sendo ‫ﻻ‬ peso específico, ρ massa específica e
g aceleração da gravidade.

Apresentamos a seguir o peso específico de algumas substâncias.

Substância Peso específico (Kg/dm3)


Ar (0 ºC, 1 atm) 0,00129
Petróleo 0,8 25
Gasolina (15 ºC) 0,825
Graxa 0,93
Água destilada (4 ºC) 1,0
Água do mar (0 ºC) 1,026
Asfalto 1,215
Ferro comum 7,8

1.1.3. Densidade relativa

Densidade relativa é a massa específica de uma substância em


relação à massa específica de outra substância. A densidade relativa
é dada por:

ρA onde d é densidade relativa, ρA é massa específica da


d=
ρB substância A e ρB da substância B.

Por convenção, a densidade de um líquido é a massa específica do


líquido em relação à massa específica da água a 4 ºC, que possui valor
de 1 g/cm3.

Também por convenção, a densidade de um gás é a massa específica


do gás, nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), em
relação à massa específica do ar, também nas CNTP.

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Importante!
Geralmente utiliza-se a medida densidade nas
formas de densidade absoluta, que é a própria
massa específica, e de densidade relativa, que é a
razão entre a densidade absoluta de uma substância
e a densidade absoluta de outra, tomada como
referência. Normalmente a água é a substância de
referência para os líquidos, e o ar para os gases.

Observemos que a grandeza densidade relativa é adimensional e


constitui uma forma de comparar a massa específica ou densidade
absoluta de duas substâncias distintas, como por exemplo:

ρ água = 1,0 g/cm3;


26
ρ ferro = 7,5 g/cm3;

ρ óleo = 0,8 g/cm3.

A densidade do ferro em relação à água será:


7,5 g/cm3
d ferro, água = __________ d ferro, água = 7,5
1,0 g/cm3

A densidade do óleo em relação à água será:


0,8 g/cm3
d óleo, água = __________ d óleo, água = 0,8
1,0 g/cm3

1.1.4. Grau API (°API)

Grau API (°API) é outra forma de expressar a densidade do petróleo,


através de uma escala arbitrária instituída pelo API (American Petroleum
Institute - Instituto Americano de Petróleo). A relação entre a escala
API e a densidade do óleo é obtida por meio da fórmula:

141,5
º API = ___________________ - 131,5
densidade do óleo

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Observemos que a grandeza °API é adimensional, pois a densidade do


óleo que aparece no denominador da fórmula acima é a densidade
relativa do óleo, que também é adimensional.

O °API é inversamente proporcional à densidade do óleo, quer dizer,


quanto mais fino o óleo (menor densidade), maior será o °API. O
petróleo de alto °API possui maior valor comercial (por exemplo, °API
acima de 30). Por outro lado, o petróleo pesado e extra-pesado (por
exemplo, °API abaixo de 15) possui menor valor comercial, além de
maior dificuldade em ser recuperado da rocha-reservatório.

Observemos também, pela fórmula acima, que o °API de valor 10


é o °API obtido se considerarmos o valor da densidade da água no
denominador da fórmula.

1.1.5. Viscosidade
27
Viscosidade é a resistência que o fluido oferece ao seu escoamento,
que pode ser entendida como o atrito existente entre as moléculas
do fluido, resultando em uma maior ou menor capacidade em
escoar. Um fluido ideal não apresenta atrito entre suas moléculas,
podendo ser imaginadas como moléculas perfeitamente esféricas,
deslizando umas sobre as outras, sem apresentar atrito. A
viscosidade de um fluido ideal é nula. O hélio líquido apresenta-se
como um fluido ideal.

Quanto menos viscoso for o fluido, maior capacidade em escoar. A


viscosidade de um líquido diminui com o aumento da temperatura,
pois suas moléculas ficam mais afastadas umas das outras, diminuindo
o atrito entre elas. Já a viscosidade dos gases aumenta com o aumento
da temperatura, pois suas moléculas ganham energia cinética,
aumentando o atrito entre elas.

Unidades: a unidade da viscosidade (µ) no C.G.S. é g/cm.s (chamado


poise). Encontramos valores para a viscosidade na unidade poise
(C.G.S) e centipoise.

1 poise = 100 centipoise (cp)

A relação entre a viscosidade e a massa específica de um fluido é


chamada viscosidade cinemática, cuja unidade é:

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µ g/cm.s g cm3
Viscosidade cinemática = = = x = cm2/s (chamado stoke)
ρ g/cm3 cm.s g

1.1.6. Perfil de pressão e gradiente hidrostático

Para entendermos o que é um perfil de pressão e podermos


traçar um gradiente hidrostático no eixo cartesiano, vamos
primeiramente à definição da grandeza pressão e ao conceito de
pressão hidrostática.

Pressão

Consideremos uma superfície S de área A, sujeita à ação de uma força


F, perpendicular à mesma.

F
28
(S)

A pressão média (Pm) exercida pela força F sobre a superfície S é a


grandeza escalar dada por:

F
P = _____ onde Pm é a pressão média, F é a força exercida e A é a
m

A área da superfície S.

Unidades: as unidades de pressão são o Newton por metros


quadrados (N/m2) no Sistema Internacional (S.I.) e o dyna por
centímetros quadrados (d/cm2) no C.G.S.

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S.I. C.G.S.
N/m2 d/cm2
(pascal) (bária)

5
Como: 1N = 10 dyna
2 4 2
1m = 10 cm
1N
_____ 105 ______
______ d
Temos: 2 = 4
m 10 cm2

Então: 1N/m2 = 10 d/cm2

Ou ainda: 1 pascal = 10 bária

Exemplo: uma força de módulo F = 500 N é aplicada a uma superfície


retangular de (10 x 20) cm. Determine o valor da pressão média
29
exercida sobre a superfície, nas unidades do C.G.S. e S.I.

Solução:

Dados:
F = 500 N
A = 10 cm x 20 cm = 200 cm2

Assim teremos:

F 500 N
Pm = _______ = ________ Pm = 2,5 N/cm2
A 200 cm2

Expressando a resposta em unidades do S.I, obteremos:

2,5 N
Pm = ________ Pm = 2,5 x 104 N/m2 (S.I) Pm = 2,5 x 104 pascal (S.I)
10 -4 m2

Expressando a resposta em unidades do C.G.S., obteremos:

1 N/m2 = 10 d/cm2
Pm = 2,5 x 105 d/cm2 (C.G.S.) Pm = 2,5 x 105 bária (C.G.S.)

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Observação: é muito comum expressar a grandeza pressão em Kgf/


cm2. A correlação entre o Kgf/cm2 e a pressão atmosférica é: 1 atm =
1,033 kgf/cm2.

Pressão hidrostática

Quando mergulhamos na água, à medida que vamos afundando,


maior é a pressão exercida pela água sobre nós. Isso quer dizer que
quanto maior é a altura de uma coluna de fluido, maior é a pressão
exercida por ele.

Sabemos, pela equação fundamental da Dinâmica, que F = m.a, onde


F é força, m é massa e a é aceleração.

Como a força que atua é devido à gravidade, temos que F = m.g,


onde g é a aceleração da gravidade.
30
F F m.g m.g
Sendo P = ______ ______ = ______ P = ______
A A A A
m.g
Então PH = _____ , onde PH é pressão hidrostática.
A
m ρ .V .g
Sendo ρ = ____ m = ρ . V , então PH = _________
V A
ρ.A.h.g
Como V= área da base (A) x altura (h), então PH = ____________ P = ρ. g. h
H
A
Sendo ‫ = ﻻ‬ρ. g , P =‫ﻻ‬. h
H

Desse modo, podemos concluir que a pressão em um ponto devido à


coluna hidrostática é função do peso específico do fluido e da altura
da coluna de fluido, e independe da área.

Observemos uma maneira prática de demonstrar que a pressão


em um ponto devido à coluna hidrostática não depende da
área. Estando em repouso num recipiente, todo líquido possui
uma superfície livre horizontal, que é um plano perpendicular
à direção da força da gravidade. As forças que atuam sobre o
líquido são iguais em qualquer ponto do plano, visto que o plano
é sempre horizontal.

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Além de iguais em qualquer ponto da superfície livre, as forças são


iguais também em qualquer ponto de qualquer plano horizontal
abaixo da superfície livre do líquido. Observe este exemplo.
Por diferença de densidade e pela ação da gravidade, uma mistura
de óleo e água em repouso num recipiente, terá a água decantada
no fundo do recipiente e o óleo segregado sobre a água. Isso cria
uma interface entre o óleo e a água, que é um plano exatamente
horizontal. Fica assim demonstrado que as forças que atuam sobre
o líquido variam apenas na direção da força da gravidade, ou seja,
depende da força que atua sobre a superfície livre e da altura do líquido
(coluna de líquido), e independe da área do plano horizontal.

F1
F2

F1 = F2
Superfície livre
F3 = F4 31
F3 Óleo
F4

Interface óleo-água

Água

A pressão hidrostática pode ser correlacionada também com a


densidade do fluido.

Sendo P =H
‫ﻻ‬.h e ‫ﻻ‬ fluido
=d fluido . ‫ﻻ‬ água , então P = d
H fluido . ‫ﻻ‬ água . h

Para efeito didático, consideremos a água, que, ao estar acumulada


em repouso numa tubulação vertical de um poço artesiano, produzirá
um peso de coluna hidrostática, que vai exercer uma pressão no
fundo do poço.

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A pressão hidrostática exercida por uma coluna de 10 metros de


água será:

Dados:
‫ﻻ‬água = 1 Kg/dm3
h = 10 m
PH = ‫ﻻ‬. h
PH = 1 Kg/dm3 x 10 m
Transformando as unidades para cm, temos:
1 Kg
PH = _______ x 10 cm
3 2
PH = 1 Kgf/cm
103 cm3
Ou seja, 10 M.C.A (metros de coluna de água)= 1 Kgf/cm2

Exemplo 1: calcule a pressão hidrostática em Kgf/cm2 no fundo de um


poço artesiano (água) com 30 metros de profundidade.
32
Solução:

Dados:
‫ﻻ‬água
= 1Kg/dm3
h = 30 m
PH = ‫ﻻ‬.h

PH = 1Kg/dm3 x 30 m

Transformando as unidades para cm, temos:

1Kg
PH = _________ x 3 x 103 cm PH = 3Kgf/ cm2
103 cm3

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Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

Exemplo 2: calcule a pressão hidrostática em Kgf/cm2 no fundo de


um poço de petróleo (considerando óleo cru de densidade = 0,8) com
2.000 metros de profundidade.

Solução:

Dados:
d = 0,8
óleo

‫ﻻ‬ água
= 1 Kg/dm3
h = 2.000 m
PH = d fluido
. ‫ﻻ‬
água
. h
PH = 0,8 x 1Kg/dm3 x 2.000 m

PH = 1 Kg/dm3 x 1.600 m
Transformando as unidades para cm, temos:
1 Kg 2
PH = _______ x 160 x 10 cm
3
PH = 160 Kgf/cm 33
103 cm3

Perfil de pressão e gradiente hidrostático

Perfil de pressão é a representação gráfica da pressão ao longo


de uma tubulação, enquanto gradiente de pressão é a inclinação
da curva do perfil de pressão, ou seja, a relação entre a variação
da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento deste
trecho. O gradiente hidrostático considera um fluido em equilíbrio
num sistema, ou seja, em repouso.

Numa tubulação vertical, o perfil de pressão é a curva de pressão


(P) por altura (h). A altura (h) é o mesmo que profundidade (h) se
considerarmos um poço de petróleo. A cada ponto de profundidade
do poço tem-se uma pressão hidrostática, que vai aumentando
à medida que se aumenta a profundidade. A ilustração a seguir
demonstra um perfil de pressão de um poço sem fluxo (chamado,
portanto, gradiente hidrostático).

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h (m)

500
Profundidade

1.000

Gradiente hidrostático

1.500

2.000
2
40 80 120 160 P H ( k gf/cm )

Pressão

Perfil de pressão de poço sem fluxo


34
Podemos observar na ilustração que a pressão hidrostática na
profundidade de 2.000 m é 160 kgf/cm2 e a pressão manométrica
na superfície é 0 kgf/cm2. Podemos observar também que a
pressão hidrostática vai aumentando à proporção que aumenta a
profundidade: 40 kgf/cm2 a 500 m, 80 kgf/cm2 a 1.000 m, 120 kgf/cm2
a 1.500 m, até chegar a 160 kgf/cm2 a 2.000 m.

1.2. Comportamento de fases dos hidrocarbonetos

Os fluidos produzidos pelos campos de petróleo são normalmente


óleo e gás (hidrocarbonetos), acompanhados de água e impurezas.
Sujeitos a diferentes condições de temperatura e pressão
durante o escoamento da rocha-reservatório até a superfície,
os hidrocarbonetos sofrem mudanças de comportamento. Suas
características e propriedades nas condições de reservatório
diferem consideravelmente daquelas encontradas nas condições de
estocagem na superfície. O termo PVT (pressão-volume-temperatura)
é usado para descrever o conjunto de medições que devem ser feitas
para determinar as mudanças de fases e de volumes desses fluidos,
com a variação de pressão e temperatura a que ficam submetidos
em cada ponto de sua trajetória.

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Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

Para conhecer e prever o comportamento dos hidrocarbonetos nas


diferentes etapas de escoamento e sob diferentes condições de
temperatura e pressão é necessário rever algumas de suas propriedades
e características físicas.

1.2.1. Condições-padrão

Como o comportamento dos hidrocarbonetos está sujeito às condições


de pressão e temperatura, foram criadas as condições-padrão, que
são as condições de pressão e temperatura padronizadas para os
valores de medição, que podem ser entendidas como as condições
padronizadas para a medição na superfície.

Há, no Brasil, dois padrões de interesse: o padrão Petrobras e o padrão


da Norma API.

35
Pressão: 1 atm
Padrão Petrobras
Temperatura: 20 oC

Pressão: 1 atm
Padrão Internacional (API)
Temperatura: 15,56 oC

Padrões para as condições de pressão e temperatura

1.2.2. Diagrama de fases

O estado físico da mistura de hidrocarbonetos e seu comportamento


ao longo do escoamento dependem não só da composição da mistura,
mas das condições de temperatura e pressão a que estiver submetida.
A compreensão desse fenômeno é facilitada pelo diagrama de fases,
que é a curva de pressão por temperatura das substâncias fluidas.

A ilustração a seguir apresenta o diagrama do comportamento


de uma substância pura, como por exemplo a água, em função da
temperatura e da pressão (diagrama de fases).

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Ponto
crítico
Pc

Líquido
Pressão

1 2 3

Vapor

Temperatura Tc

Diagrama de fases de uma substância pura

36
No ponto 1, toda a substância está no estado líquido e, ao ceder calor,
mantendo-se a pressão constante, ocorre um aumento contínuo na
sua temperatura, até chegar ao ponto 2.

Ao chegar ao ponto 2, ocorre a liberação da primeira bolha de


vapor, que é o início da vaporização da substância, conhecido como
ponto de bolha da substância, na pressão considerada.

Mesmo cedendo calor, a temperatura permanece constante no ponto


2, devido ao chamado calor latente, até a vaporização completa
da substância. O ponto 2, é conhecido, portanto, como ponto de
ebulição ou temperatura de ebulição.

Após a total vaporização da substância, ao ceder mais calor, a


temperatura volta a aumentar (chamado vapor superaquecido), até
chegar ao ponto 3.

Seguindo o caminho inverso, com toda a substância no estado


vapor no ponto 3, mantendo-se a pressão constante e retirando-se
calor, ocorre redução na temperatura, sem contudo haver mudança
de estado físico, até atingir o ponto 2, chamado agora de ponto
de orvalho (início da condensação), onde ocorre a formação da
primeira gota de líquido.

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Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

No ponto 2, ocorre a condensação contínua da substância, sem


que haja redução da temperatura, mesmo retirando-se calor, até
a condensação completa, que é o momento em que a temperatura
começa a reduzir, até chegar ao ponto 1.

O raciocínio é o mesmo na mudança de estado físico, se a substância


for submetida a alterações de pressão, mantendo-se a temperatura
constante ou alterando-se temperaturas e pressões. Para a substância
pura, o ponto de orvalho é igual ao ponto de bolha.

Na mistura de hidrocarbonetos, cada componente é uma substância


simples e, estando só, se comporta como demonstrado na
representação anterior. A mistura desses componentes, entretanto,
apresenta comportamento diferente. A vaporização e a condensação
acontecem em intervalos de temperatura, sendo diferentes o ponto
de bolha e o ponto de orvalho.
37
A ilustração a seguir apresenta o diagrama do comportamento
de uma mistura de hidrocarbonetos, em função da temperatura
e da pressão.

Curva de pontos
de bolha

Cricondembárica

Ponto
crítico
Líquido

Curva de pontos
de orvalho

Líquido
Pressão

+ vapor
Cricondenterma

Vapor

Temperatura

Diagrama de fases de uma mistura de hidrocarbonetos

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A demonstração, nesse exemplo, varia a temperatura e a pressão.


À medida que o calor vai sendo cedido a partir do ponto 1,
onde toda a mistura está no estado líquido, a temperatura vai
aumentando (reduzindo-se também a pressão, nesse caso) até
chegar ao ponto 2 (ponto de bolha), que é a temperatura na qual
a vaporização tem início.

Neste valor de temperatura, somente os componentes mais leves


se vaporizam. É necessário que a temperatura vá aumentando até
chegar ao ponto 3 (ponto de orvalho), onde os componentes mais
pesados se vaporizam por completo. A partir deste ponto até o
ponto 4, toda a mistura está no estado gasoso.

Seguindo o caminho inverso, com a mistura no estado gasoso


no ponto 4, retirando-se calor, ocorre redução na temperatura
(aumentando-se também a pressão, nesse caso) até chegar ao ponto
38 3 (ponto de orvalho), que é a temperatura na qual a condensação tem
início. Somente no ponto 2 (ponto de bolha), ocorre a condensação
completa, estando toda a mistura no estado líquido, até chegar ao
ponto 1.

Para cada temperatura e pressão diferentes, obtém-se um ponto de


bolha e um ponto de orvalho diferentes e, unindo-se esses pontos,
obtém-se a curva dos pontos de bolha e a curva dos pontos de
orvalho.

As duas curvas se encontram no ponto crítico e dividem o diagrama


em uma região de misturas líquidas, uma região de misturas gasosas
e uma região em que uma parte da mistura está no estado líquido
e a outra parte no estado gasoso.

A linha reta tangente à curva e perpendicular ao eixo das


temperaturas chama-se cricondenterma e representa a maior
temperatura em que ainda se tem duas fases. A outra reta chama-
se cricondembárica e representa a maior pressão em que ainda se
tem duas fases.

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1.2.3. Análise PVT

A análise PVT (pressão-volume-temperatura) representa um conjunto


de medições realizadas em laboratório para determinar as mudanças
de fases e de volumes dos fluidos do petróleo, com a variação de
pressão e temperatura. Uma amostra de petróleo é levada ao
laboratório, guardando as mesmas condições de pressão do ponto
de coleta, e submetida a variações de pressão e temperatura para se
determinar, entre outros fatores, a pressão de saturação, a razão de
solubilidade e o fator de encolhimento do óleo. Estes fatores serão
tratados a seguir.

Podemos observar na ilustração a seguir uma análise PVT.

Condições padrão

P = 1 atm
T = 20 0C

P = 84 atm
T = 71 0C 39
P = 176 atm
T = 71 0C Gás
P = 246 atm
13,02 m3
T = 71 0C

Gás
1,70 m3 Gás
19,09 m3

Líquido Líquido
2,60 m3 2,66 m3 Líquido
Óleo
2,40 m3
2,00 m3

Análise PVT

Uma amostra de 2,60 m3 de hidrocarboneto, que nas condições de 246


atm e 71 ºC está inteiramente no estado líquido, é submetida à contínua
redução de pressão, para se medir o comportamento de mudanças
de fases e de volumes. Nessa condição de alta pressão, também estão
no estado líquido os componentes leves de hidrocarbonetos, que
estariam na forma de gás nas condições-padrão.

Na pressão de 176 atm, o líquido apresenta uma pequena expansão


para o volume de 2,66 m3, mas é nesse momento que ocorre a liberação
da primeira bolha de gás. Essa é a pressão de saturação (também
conhecida como ponto de bolha), na qual se inicia a liberação do gás
da fase líquida. Para pressões menores que a de saturação, há uma
contínua liberação de gás. Portanto, a pressão de saturação (Psat)
desta amostra submetida à análise PVT é 176 atm.

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Na pressão de 84 atm, o líquido apresenta um encolhimento para o


volume de 2,40 m3, e o gás que foi liberado continuamente a partir
da pressão de saturação alcança o volume de 1,70 m3.

Nas condições-padrão de 1 atm e 20 ºC, que na elevação do petróleo


representam as condições de estocagem na superfície, o gás antes
liberado se expande para o volume de 13,02 m3, sendo que mais gás
é liberado continuamente a partir da pressão de 84 atm, alcançando
o volume de 19,09 m3. O líquido (óleo) é encolhido para 2,00 m3.

A razão de solubilidade (Rs) é a relação entre o volume de gás que


está dissolvido (expresso em condições de superfície) e o volume de
óleo que será obtido da mistura. Nessa análise PVT, somando-se 13,02
m3 (gás) com 19,09 m3 (gás) e dividindo-se o resultado por 2,00 m3
(óleo), obtem-se a razão de solubilidade (Rs) de 16,055.

40 O fator de encolhimento do óleo (chamado fator volume de formação


do óleo) é a razão entre o volume que a fase líquida ocupa em uma
condição de pressão e temperatura qualquer e o volume que ela
ocupa nas condições de superfície. Nessa análise PVT, dividindo-se
o volume de 2,60 m3 de líquido a 246 atm (que pode representar as
condições de um reservatório de petróleo) por 2,00 m3 de óleo, nas
condições de superfície, obtém-se o fator volume de formação do
óleo (Bo) de 1,3.

1.2.4. Pressão de saturação (Psat)

Nas condições de reservatório sujeitos às altas pressões, alguns


constituintes do petróleo se encontram no estado líquido, ao passo
que, ao serem elevados à superfície, se apresentam no estado gasoso,
pela redução da pressão neste percurso.

A pressão na qual se inicia a liberação do gás da fase líquida chama-


se pressão de saturação (também conhecida como ponto de bolha).
Para pressões menores que a de saturação, há uma contínua liberação
de gás, até que na pressão atmosférica o óleo é dito morto.

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

1.2.5. Razão de solubilidade (Rs)

A razão de solubilidade expressa a quantidade de gás presente no


líquido a uma certa condição de pressão e temperatura. Durante a
elevação, o gás começa a ser liberado da fase líquida somente quando
a pressão, ao ser reduzida, ultrapassa a pressão de saturação. A partir
desse ponto, o volume de gás liberado vai aumentando, enquanto o
volume de gás ainda dissolvido no óleo vai diminuindo.

A razão de solubilidade é então a relação entre o volume de gás que


está dissolvido (expresso em condições de superfície) e o volume de
óleo que será obtido da mistura.

ATENÇÃO

Razão de solubilidade:
41
Volume de gás dissolvido nas
condições-padrão
Rs = ————————————————————
Volume de óleo nas condições-padrão

1.2.6. Fator volume de formação do óleo (Bo)

A fase líquida ocupa certo volume nas condições de reservatório, que


não é o mesmo quando levada à superfície.

Inicialmente, numa pressão de reservatório alta, a mistura se


apresenta toda na fase líquida. Ao ser elevada à superfície ocorre
redução de pressão, e até que se atinja a pressão de saturação, a
mistura não vaporiza nenhum componente (não libera gás), somente
sofre um pequeno aumento de volume devido à compressibilidade
do líquido.

CORPORATIVA
Alta Competência

A partir da pressão de saturação, a redução da pressão provoca a


vaporização dos componentes leves, reduzindo o volume de líquido.
Ou seja, na elevação, até atingir as condições de superfície (ou
convertido para as condições padrão), o óleo vem reduzindo o seu
volume e o gás aumentando.

O fator volume de formação do óleo é a razão entre o volume que


a fase líquida ocupa em uma condição de pressão e temperatura
qualquer e o volume que ela ocupa nas condições de superfície.
Ele expressa qual é o volume necessário da mistura numa condição
de pressão e temperatura qualquer, para se obter uma unidade de
volume de óleo nas condições de superfície.

ATENÇÃO

Fator volume de formação do óleo:


42
Volume de óleo em qualquer condição
Bo = ——————————————————
Volume de óleo nas condições-padrão

Agora, vamos conhecer o fator volume de formação do gás (Bg) e a


razão gás-óleo (RGO). Para isso, vamos observar a ilustração a seguir,
que demonstra a expansão a que é submetido o gás que se apresenta
na forma de gás livre nas condições de reservatório. Propositalmente,
colocamos acima do exemplo de análise PVT (onde inicialmente o gás
está no estado líquido nas condições de reservatório), o exemplo da
expansão do gás que já está no estado gasoso nas condições de
reservatório (gás livre).

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

Gás
168,00 m3
Gás livre
20,00 m3

Condições padrão

P = 1 atm
T = 20 0C

P = 84 atm
T = 71 0C
P = 176 atm
T = 71 0C Gás
P = 246 atm
13,02 m3
T = 71 0C

Gás
1,70 m3 Gás
19,09 m3

Líquido Líquido
2,60 m3 2,66 m3 Líquido
Óleo
2,40 m3
2,00 m3

43
1.2.7. Fator volume de formação do gás (Bg)

Nas condições de reservatório, o gás ocupa certo volume, que não é


o mesmo quando é levado à superfície. O fator volume de formação
do gás é a razão entre o volume que o gás ocupa numa condição
de pressão e temperatura qualquer e o volume que ele ocupa nas
condições padrão (1 atm e 20 oC), tendo dimensão de volume por
volume padrão. Conhecida a composição do gás, o seu fator volume
de formação pode ser obtido através da lei dos gases reais.

ATENÇÃO

Fator volume de formação do gás:

Volume de gás em qualquer condição


Bg = ——————————————————
Volume de gás nas condições-padrão

CORPORATIVA
Alta Competência

No exemplo da ilustração anterior, dividindo-se o volume de 20,00


m3 de gás livre a 246 atm (que pode representar as condições de
um reservatório de petróleo) por 168,00 m3 de gás, nas condições
de superfície, obtem-se o fator volume de formação do gás (Bg) de
0,119.

1.2.8. Razão gás-óleo (RGO)

Diferente da razão de solubilidade (Rs), que é a relação entre o volume


de gás que está dissolvido (expresso em condições de superfície) e o
volume de óleo que será obtido da mistura, a razão gás-óleo (RGO) é
a relação entre todo o volume de gás, somando-se o gás que estava
dissolvido e o gás livre (expresso em condições de superfície), e o
volume de óleo que será obtido da mistura.

A razão gás-óleo (RGO) é, portanto, a razão entre o volume total de


44 gás e o volume de óleo produzido nas condições atmosféricas, ou seja,
na superfície. Uma razão gás-óleo elevada pode indicar que a fração
de componentes mais voláteis na mistura líquida do reservatório é
elevada. É importante conhecer a RGO do fluido, pois a densidade
deste será tanto menor quanto maior for a RGO, o que ajudará no
processo de elevação do fluido pela coluna de produção.

Volume de gás total nas condições-padrão


RGO = __________________________________________
Volume de óleo nas condições-padrão

Na ilustração anterior, somando-se 13,02 m3 (gás) com 19,09 m3 (gás),


mais 168 m3 (gás livre expandido) e dividindo-se o resultado por 2,00
m3 (óleo), obtém-se a razão gás-óleo (RGO) de 100,055.

1.2.9. Tipos de reservatórios e modelo black-oil

No estudo da elevação do petróleo e nas simulações em programas


de computador, costuma-se utilizar a modelagem denominada
black-oil, pois é onde se obtém resultados bastante representativos
da realidade.

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

Para entendermos o que é o modelo black-oil, vamos antes identificar


os vários tipos de reservatórios, de acordo com o comportamento
das fases dos hidrocarbonetos.

O comportamento dos hidrocarbonetos durante a elevação (ou


produção) é determinado pela forma do seu diagrama de fases e
pela posição do seu ponto crítico nas condições de reservatório. De
acordo com o diagrama de fases e as condições iniciais de pressão
e temperatura do reservatório, podemos distinguir cinco diferentes
tipos de reservatórios:

• Reservatório de óleo tipo black-oil;

• Reservatório de óleo volátil;

• Reservatório de gás condensado retrógrado;


45
• Reservatório de gás condensado (gás úmido);

• Reservatório de gás seco.

A ilustração a seguir apresenta o diagrama do comportamento


de uma mistura de hidrocarbonetos, em função da temperatura
e da pressão, identificando os diferentes tipos de reservatórios,
onde cada barra representa o comportamento de cada tipo de
fluido no diagrama.

CORPORATIVA
Alta Competência

P Curva de pontos de bolha


Gás Seco
( bubble - point line )
Gás Retrógrado

Black - oil
Ponto
Líquido
crítico

90%
Líquido +
Pressão

líquido
Vapor
Gás Úmido
80%
líquido

Óleo Volátil

Curva de pontos de orvalho


20% líquido
( dew - point line )
Vapor
10% líquido

Temperatura T

a) Reservatório de óleo tipo black-oil


46
Este tipo de classificação abrange uma grande variedade de óleos,
caracterizados por possuírem um grau de encolhimento pequeno,
densidade menor que 45 °API, razão gás-óleo inicial (Rs) inferior a
400 m3/m3 e fator volume de formação do óleo (Bo) inferior a 2.0 m3/
m3. Não são necessariamente pretos e são também conhecidos pela
denominação de óleos comuns ou de baixo encolhimento.

Dentre os modelos que estudam o comportamento de fases de


hidrocarbonetos, o mais simples é o modelo black-oil. Esse modelo
considera que a mistura de hidrocarbonetos se constitui apenas por
dois componentes - óleo (black-oil) e gás - definindo-se óleo como sendo
a mistura de hidrocarbonetos que permanece na fase líquida quando
a mistura é levada à condição-padrão de temperatura e pressão; e
gás como sendo a mistura de hidrocarbonetos que permanece na fase
gasosa nas mesmas condições-padrão de temperatura e pressão.

A caracterização destes componentes é feita também de modo


bastante simples: óleo e gás são classificados apenas por sua densidade
e, no caso do óleo, pelo seu equivalente grau ºAPI.

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

b) Reservatório de óleo volátil

Nesta classificação estão os reservatórios com óleos que contêm alto


teor de hidrocarbonetos intermediários e leves. Uma pequena queda
de pressão implica na saída de muito gás de solução. Os óleos ditos
voláteis apresentam baixa viscosidade, coloração clara, densidade
entre 36 e 50 °API, com alto teor de gás dissolvido e alto encolhimento.
Os métodos convencionais de modelagem e simulação não são
adequados para esses óleos já que o gás produzido é bastante rico e
libera grandes volumes de condensado no separador.

c) Reservatório de gás retrógrado

O diagrama de fases representativo desse tipo de fluido tem o ponto


crítico mais deslocado para a esquerda. Inicialmente, o gás nesse
tipo de reservatório apresenta-se totalmente no estado de vapor,
no reservatório. À medida que a pressão vai sendo reduzida, líquido 47
vai se formando e sendo depositado no reservatório. A razão da
denominação de gás retrógrado é pelo motivo do gás passar para
o estado líquido, mesmo com redução de pressão. Normalmente
este líquido não é produzido, pois não escoa até a superfície. Essa
deposição da fase líquida no reservatório costuma reduzir a produção,
pois o gás torna-se menos permeável no interior do reservatório.

d) Reservatório de gás úmido

Nos reservatórios que se enquadram nesta classificação, não ocorre


a formação de líquido em condições de reservatório, mas sim em
condições de superfície, no separador de produção. Nas condições
iniciais de pressão e temperatura do reservatório, o gás encontra-se
à direita do diagrama de fases e mantém-se assim até o ponto de
coleta na superfície. O ponto de pressão e temperatura do separador,
este sim, encontra-se dentro do diagrama de fases.

CORPORATIVA
Alta Competência

e) Reservatório de gás seco

Em reservatórios de gás seco, não ocorre formação de líquido em


condições de reservatório, nem em condições de superfície, no
separador de produção. Todas as situações de pressão e temperatura
encontram-se fora do diagrama de fases. Os reservatórios de gás seco
podem ser modelados através de uma abordagem simples, com a
aplicação da equação do gás real e outras correlações.

48

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

1.3. Exercícios

1) Marque V (verdadeira) ou F (falsa) nas sentenças abaixo:

( ) Massa específica (ρ) é a quantidade de massa de uma


substância que ocupa um determinado volume, ou seja, é
uma propriedade física, cujo valor se calcula pela relação
entre certa massa da substância e o volume ocupado por
essa massa.

( ) Os sólidos e líquidos podem ter sua massa específica alterada


por variações de temperatura, já que seu volume pode ser
alterado ao variar a temperatura, mas os gases podem ter
sua massa específica alterada por variações de temperatura
e por variações de pressão a que estão sujeitos.

( ) Peso específico (‫ )ﻻ‬é o peso da massa de uma substância


que ocupa um determinado volume, ou seja, é uma 49
propriedade física, cujo valor se calcula pela relação entre
o peso de certa massa da substância e o volume ocupado
por essa massa.

( ) Por convenção, a densidade absoluta de um líquido é a


massa específica do líquido em relação à massa específica
da água a 4 ºC, que possui valor de 1 g/cm3.

( ) O °API é diretamente proporcional à densidade do óleo,


quer dizer, quanto mais denso o óleo, maior será o °API.

( ) Viscosidade é a resistência que o fluido oferece ao seu


escoamento, que pode ser entendida como o atrito existente
entre as moléculas do fluido, resultando numa maior ou
menor capacidade em escoar.

( ) No diagrama de fases, a curva de pontos de bolha repre-


senta o início da condensação da fase gasosa e a curva dos
pontos de orvalho, o início da vaporização da fase líquida.

CORPORATIVA
Alta Competência

2) Calcule a pressão hidrostática em Kgf/cm2 no fundo de um poço


de petróleo (considerando óleo cru de densidade = 0,9) com 1.500
metros de profundidade.

3) Os volumes de 10 m3 de líquido e 100 m3 de gás livre em condições


de reservatório foram medidos nas condições de superfície, dando
como resultado 8 m3 de óleo e 1.000 m3 de gás. Sabendo que a ex-
50
pansão do gás livre nas condições do reservatório resultou em 800
m3 de gás na superfície, calcule a razão de solubilidade (Rs), a razão
gás-óleo (RGO) e o fator volume de formação do óleo (Bo).

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

1.4. Glossário
Black-oil - classificação de uma grande variedade de óleos de baixo encolhimento,
utilizado em modelagem para simulações em programas de computador no estudo
da elevação do petróleo.

Cricondembárica - linha reta, tangente à curva dos pontos de bolha no diagrama


de fases de uma mistura de hidrocarbonetos, e perpendicular ao eixo das pressões,
que representa a maior pressão em que ainda se tem duas fases na mistura.

CNTP - Condições Normais de Temperatura e Pressão.

Coluna de produção - conjunto de tubos de aço, enroscados entre si, descido no


poço na fase da completação e que fica posicionado no interior do revestimento
de produção, com a finalidade de direcionar os fluidos produzidos, do fundo do
poço à superfície.

Cricondenterma - linha reta, tangente à curva dos pontos de orvalho no diagrama de


fases de uma mistura de hidrocarbonetos, e perpendicular ao eixo das temperaturas,
que representa a maior temperatura em que ainda se tem duas fases na mistura.
51
Densidade absoluta - o mesmo que massa específica.

Densidade relativa - massa específica de uma substância em relação à massa


específica de outra substância.

Diagrama de fases - curva de pressão por temperatura das substâncias fluidas, ou


seja, o diagrama do comportamento de uma substância em função da temperatura
e da pressão.

Energia cinética - energia adquirida por um corpo em movimento, chamada


também de energia de velocidade.

Fator de encolhimento do óleo - razão entre o volume que a fase líquida ocupa
numa condição de pressão e temperatura qualquer e o volume que ela ocupa
nas condições de superfície. É chamado também de fator volume de formação
do óleo.

Fator volume de formação do gás - razão entre o volume que o gás ocupa numa
condição de pressão e temperatura qualquer e o volume que ele ocupa nas
condições padrão (1 atm e 20 oC).

Fator volume de formação do óleo - razão entre o volume que a fase líquida ocupa
numa condição de pressão e temperatura qualquer e o volume que ela ocupa
nas condições de superfície. É entendido como sendo o encolhimento do óleo
e expressa qual é o volume necessário da mistura, numa condição de pressão e
temperatura qualquer, para se obter uma unidade de volume de óleo nas condições
de superfície.

CORPORATIVA
Alta Competência

Força tangencial - força que atua sobre fluidos, deformando-os por suas
propriedades viscosas.

Gradiente de pressão - inclinação da curva do perfil de pressão, ou seja, a relação


entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento deste
trecho.

Gradiente hidrostático - gradiente de pressão de um fluido em repouso, ou seja, a


relação entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento
deste trecho, considerando o fluido em repouso.

Grau API (°API) - outra forma de expressar a densidade do petróleo, através de


uma escala arbitrária instituída pelo API (American Petroleum Institute - Instituto
Americano de Petróleo).

Hidrocarboneto - composto orgânico formado por carbono e hidrogênio,


constituindo-se como o principal componente do petróleo.

Hidrodinâmica - parte da Física que estuda o comportamento dos fluidos em


movimento.

52 Hidrostática - parte da Física que estuda o comportamento dos fluidos em repouso,


que é um conjunto de propriedades e grandezas físicas dos fluidos em equilíbrio
num sistema.

Massa específica - quantidade de massa de uma substância, que ocupa um


determinado volume, ou seja, é uma propriedade física, cujo valor se calcula pela
relação entre certa massa da substância e o volume ocupado por essa massa.

Perfil de pressão - representação gráfica da pressão ao longo de uma tubulação.

Peso específico - peso da massa de uma substância que ocupa um determinado


volume, ou seja, é uma propriedade física, cujo valor se calcula pela relação entre o
peso de certa massa da substância e o volume ocupado por essa massa.

Ponto de bolha - condição de temperatura e pressão no diagrama de fases, onde


ocorre a liberação da primeira bolha de vapor, que é o início da vaporização da
substância.

Ponto de orvalho - condição de temperatura e pressão no diagrama de


fases, onde ocorre a formação da primeira gota de líquido, que é o início da
condensação da substância.

Pressão de saturação - pressão na qual se inicia a liberação do gás da fase líquida


(também conhecida como ponto de bolha).

Pressão hidrostática - pressão exercida em um determinado ponto no interior de


um fluido devido ao peso da coluna de fluido, que é função do peso específico do
fluido e da altura da coluna.

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

PVT - conjunto de medições realizadas em laboratório para determinar as


mudanças de fases e de volumes dos fluidos do petróleo, com a variação de pressão
e temperatura. PVT representa pressão-volume-temperatura.

Razão de solubilidade - expressa a quantidade de gás presente no líquido a uma


certa condição de pressão e temperatura. A razão de solubilidade é a relação entre
o volume de gás que está dissolvido (expresso em condições de superfície) e o
volume de óleo que será obtido da mistura.

Razão gás-óleo (RGO) - razão entre o volume total de gás e o volume de óleo
produzido, nas condições atmosféricas, ou seja, na superfície.

Reservatório - o mesmo que rocha-reservatório.

Rocha-reservatório - denominação dada à rocha sedimentar que contém o petróleo


acumulado nos seus poros, após ter sido gerado a partir de matéria orgânica
depositada junto com os sedimentos. O petróleo gerado pode migrar por diferentes
tipos de rocha, até ser acumulado em uma rocha que é chamada de reservatório,
envolta por outra de baixa porosidade e baixa permeabilidade, que o aprisiona,
chamada de rocha selante.

Tensão de cisalhamento - o mesmo que forças tangenciais.


53
Viscosidade - resistência que o fluido oferece ao seu escoamento, que pode ser
entendida como o atrito existente entre as moléculas do fluido, resultando numa
maior ou menor capacidade em escoar.

CORPORATIVA
Alta Competência

1.5. Bibliografia
BONICONTRO, Natanael Carli; VALADÃO, Cleuber Pozes; FILHO, Mário Lamosa.
Mecânica dos Fluidos. Apostila. Petrobras. Rio de Janeiro: 1990.

THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro:


Interciência, 2001.

54

CORPORATIVA
Capítulo 1. Propriedades dos fluidos aplicadas à elevação do petróleo

1.6. Gabarito
1) Marque V (verdadeira) ou F (falsa) nas sentenças abaixo:

( V ) Massa específica (ρ) é a quantidade de massa de uma substância que ocupa


um determinado volume, ou seja, é uma propriedade física, cujo valor se
calcula pela relação entre certa massa da substância e o volume ocupado
por essa massa.
( V ) Os sólidos e líquidos podem ter sua massa específica alterada por variações de
temperatura, já que seu volume pode ser alterado ao variar a temperatura,
mas os gases podem ter sua massa específica alterada por variações de
temperatura e por variações de pressão a que estão sujeitos.

( V ) Peso específico (‫ )ﻻ‬é o peso da massa de uma substância que ocupa um


determinado volume, ou seja, é uma propriedade física, cujo valor se calcula
pela relação entre o peso de certa massa da substância e o volume ocupado
por essa massa.

(F) Por convenção, a densidade absoluta de um líquido é a massa específica do


líquido em relação à massa específica da água a 4 ºC, que possui valor de
1 g/cm3.
55
Justificativa: Por convenção, a densidade relativa de um líquido (e não a
absoluta) é a massa específica do líquido em relação à massa específica da
água a 4 ºC, que possui valor de 1 g/cm3.
(F) O °API é diretamente proporcional à densidade do óleo, quer dizer, quanto
mais denso o óleo, maior será o °API.
Justificativa: o °API é inversamente proporcional à densidade do óleo, quer
dizer, quanto mais fino o óleo (menor densidade), maior será o °API.
( V ) Viscosidade é a resistência que o fluido oferece ao seu escoamento, que
pode ser entendida como o atrito existente entre as moléculas do fluido,
resultando numa maior ou menor capacidade em escoar.

(F) No diagrama de fases, a curva de pontos de bolha representa o início da


condensação da fase gasosa e a curva dos pontos de orvalho, o início da
vaporização da fase líquida.
Justificativa: no diagrama de fases, a curva de pontos de bolha representa
o início da vaporização e a curva de pontos de orvalho representa o início
da condensação.

CORPORATIVA
Alta Competência

2) Calcule a pressão hidrostática em Kgf/cm2 no fundo de um poço de petróleo


(considerando óleo cru de densidade = 0,9) com 1.500 metros de profundidade.

Dados:
dóleo = 0,9

‫ﻻ‬ água
= 1 Kg/dm
3

h = 1.500 m
PH = dfluido . ‫ﻻ‬
água
.h
3
PH = 0,9 x 1 Kg/dm x 1.500 m
3
PH = 1 Kg/dm x 1.350 m

Transformando as unidades para cm, temos:


1 Kg 3

PH = _______
2
x 135 x 10 cm PH = 135 Kgf/cm
3 3
10 cm

3) Os volumes de 10 m3 de líquido e 100 m3 de gás livre em condições de


reservatório foram medidos nas condições de superfície, dando como
56 resultado 8 m3 de óleo e 1.000 m3 de gás. Sabendo que a expansão do gás
livre nas condições do reservatório resultou em 800 m3 de gás na superfície,
calcule a razão de solubilidade (Rs), a razão gás-óleo (RGO) e o fator volume de
formação do óleo (Bo).

Volume de gás dissolvido nas condições-padrão 1.000 - 800


Rs = _______________________________________________ = ____________ = 25m /m
3 3

Volume de óleo nas condições-padrão 8

Volume de gás total nas condições-padrão 1.000


RGO = __________________________________________ = _______ = 125m3/m3
Volume de óleo nas condições-padrão 8

Volume de óleo em qualquer condição 10


Bo = ________________________________________ = ____ = 1,25m3/m3
Volume de óleo nas condições-padrão 8

CORPORATIVA
Capítulo 2
Escoamento
monofásico
e multifásico
em dutos

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Reconhecer os aspectos dinâmicos do escoamento


monofásico e multifásico em dutos;
• Calcular gradiente de pressão e perda de carga no
escoamento monofásico e multifásico em dutos;
• Reconhecer as razões da garantia de escoamento.

CORPORATIVA
Alta Competência

58

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

2. Escoamento monofásico e
multifásico em dutos

O
escoamento dos fluidos na elevação do petróleo se dá
através de tubulações (dutos), que são a coluna de produção
dos poços e as linhas de produção de superfície. Essas
tubulações permitem escoar os fluidos da rocha-reservatório até as
facilidades de produção, onde ficam instalados os equipamentos
destinados ao processamento primário do petróleo. Pelo fato desse
fluxo poder ocorrer em trechos verticais, inclinados ou horizontais,
alguns métodos foram desenvolvidos para determinar a queda
de pressão ao longo da tubulação, com qualquer ângulo de
inclinação. Isto significa determinar a perda de carga gerada em
qualquer segmento da tubulação, que além de servir de parâmetro
para o dimensionamento dos dutos de produção, fornece dados
importantes para o acompanhamento e otimização da elevação e 59
escoamento dos fluidos do petróleo. Outro fator importante é que
este fluxo ocorre normalmente com mais de uma fase presente:
uma fase líquida (óleo e água) e outra gasosa. Isso faz aumentar as
variáveis envolvidas no escoamento, trazendo maior complexidade
ao estudo quando o fluxo é do tipo multifásico. Tudo isso demonstra
que é necessário caracterizar os aspectos dinâmicos dos escoamentos
em dutos. Dividiremos esse capítulo em escoamento monofásico e
escoamento multifásico.

2.1. Escoamento monofásico

O escoamento monofásico considera a existência de somente uma


fase em fluxo por uma tubulação, como por exemplo o escoamento
de gás ou o escoamento de líquido (óleo e água, juntos ou separados).
No estudo do escoamento monofásico, é comum tratar dos regimes
de fluxo, número de Reynolds, fator de atrito e perda de carga ao
longo do escoamento.

2.1.1. Regimes de fluxo

Por meio das experiências de Reynolds, foram definidos três regimes


de fluxo: laminar, turbulento e de transição.

CORPORATIVA
Alta Competência

? VOCÊ SABIA?
Em 1883, Reynolds utilizou um tubo de vidro, ligado a
um reservatório de líquido e dotado de uma válvula,
pela qual fazia variar a velocidade de escoamento do
líquido pelo tubo. Outro reservatório, provido de um
tubo de reduzida seção e com a extremidade capilar,
permitia injetar uma solução de fluido colorido no
interior do líquido em escoamento. Com pequena
velocidade de escoamento, abrindo levemente a
válvula, Reynolds constatou que o filete colorido
permanecia individualizado, sem se misturar com a
massa adjacente. Tal escoamento, no qual cada filete
não trocava matéria com os filetes adjacentes, foi
denominado laminar, em virtude de o filete se deslocar
como se fosse uma lâmina independente.
60
Aumentando a velocidade do escoamento, mediante
maior abertura da válvula, o filete colorido começava
a oscilar, adquirindo formas sinuosas, até se espalhar
por toda a massa em escoamento, quando era
ultrapassado um valor crítico de velocidade. Nesse
caso, o filete colorido perdia sua individualidade
e, junto ao movimento longitudinal, havia um
intercâmbio transversal de partículas. Este escoamento
foi denominado turbulento.

Repetindo a experiência com diversos líquidos e gases, cujos filetes


eram coloridos com fumaça, ficou constatado o mesmo fenômeno,
ou seja, o escoamento laminar passava a turbulento, ocorrendo um
estágio intermediário, chamado regime de transição ou instável.

2.1.2. Número de Reynolds

Reynolds criou uma relação entre as forças inerciais e as forças viscosas


existentes em um fluxo de fluido. Em sua homenagem, essa relação
foi denominada número de Reynolds (NRe), representada por:

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

ρ.v . D
N = _________
Re

onde ρ é massa específica do fluido, v é velocidade média do fluido,


D é o diâmetro da tubulação e µ a viscosidade do fluido.

Essa relação nos fornece um número adimensional, estabelecendo o


seguinte:

NRe ≤ 2.000 → o regime de escoamento é laminar;

2.000 < NRe < 4.000 → o regime de escoamento é de transição;

NRe ≥ 4.000 → o regime de escoamento é turbulento.

61
Como calcular, então, o número de Reynolds e determinar o regime
de escoamento? As equações a seguir podem ser utilizadas para essa
finalidade, cada uma nas unidades apropriadas.

ρ.v . D
N = 10.000 _________ ρ.v . D
N = 1.488 ________
Re

μ
Re

μ
ρ em Ib/ft
3

ρ em Kg/dm
3

v em m/s v em ft/s
D em cm D em ft
μ em cp (centipoise) μ em cp (centipoise)

2.1.3. Fator de atrito

O fator de atrito (f), também chamado de fator de fricção


ou coeficiente de atrito, é um valor adimensional e depende
de grandezas relativas à tubulação, ao fluido e ao regime de
escoamento. Ele é dependente, portanto, da velocidade, da
viscosidade e da massa específica do fluido, do diâmetro da
tubulação e da rugosidade da parede interna da tubulação.

CORPORATIVA
Alta Competência

Como obter o fator de atrito?

O fator de atrito pode ser obtido de várias formas e freqüentemente


está associado ao número de Reynolds (NRe).

No escoamento em regime de transição (2.000 < NRe < 4.000) não há


como prever o valor de f, pois, neste caso, o escoamento não é bem
definido. Entretanto, nos escoamentos laminar e turbulento o seu
valor pode ser obtido por meio das equações abaixo.

a) Escoamento em regime laminar (NRe ≤ 2.000)

Para o escoamento laminar e tubo liso (rugosidade nula), utiliza-se a


seguinte equação:

62 f = 16
NRe

Exemplo: Calcule o fator de atrito (f) num escoamento em duto com


número de Reynolds de valor 1.000.

Solução:

16 16
f = ______ f = ______ f= 0,016
NRe 1.000

b) Escoamento em regime turbulento (NRe ≥ 4.000)

Para o escoamento turbulento, pode-se utilizar duas relações:

• A equação de Blasius, válida para 3.000 < NRe < 100.000

0,316 N
-0,25

f= Re

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

• A equação de Drew, válida para 3.000 < NRe < 1.000.000

0,0056 + 0,5 N
-0,32

f = __________________
Re

2.1.4. Perda de carga no escoamento incompressível

Qualquer escoamento de fluido em tubulação gera perda de carga.


A perda de carga é a medida da diferença de pressão entre dois
pontos de uma tubulação, ou seja, é a diferença de pressão entre
montante e jusante do escoamento. De uma maneira geral, as
perdas de carga são influenciadas pela densidade e viscosidade do
fluido, comprimento, diâmetro e rugosidade interna da tubulação
e presença de restrições ao longo do fluxo.

Vamos analisar separadamente um escoamento incompressível,


quando os fluidos não sofrem significativa variação de densidade 63
(ou massa específica) ao longo do processo, e um escoamento
compressível, aquele em que ocorrem significativas variações
da massa específica do fluido durante o percurso ao longo das
tubulações ou restrições.

No escoamento incompressível, a perda de carga tem duas


componentes distintas: perda de carga por fricção (friccional) e
perda de carga por ação da gravidade (gravitacional).

a) Perda de carga por fricção

A perda de carga por fricção é promovida pelo atrito entre o


fluido e a parede da tubulação. É, portanto, uma perda de energia
devido ao atrito (ou fricção) e é dependente, principalmente, da
viscosidade do fluido e da velocidade de escoamento. Quanto mais
viscoso é o fluido, mais difícil é deformá-lo ou escoá-lo e quanto
maior é a velocidade de escoamento, maior é a força de atrito com
a parede da tubulação, logo, maior é a perda de carga.

CORPORATIVA
Alta Competência

A ilustração a seguir mostra um perfil de velocidades numa tubulação


de seção circular com escoamento monofásico, onde se observa que,
próximo à parede da tubulação, a velocidade do fluido é pequena e
cresce progressivamente em direção ao centro. Pode-se entender o
fenômeno como se a parede “freasse” o fluido, causando assim uma
perda de energia devido ao atrito (ou fricção).

velocidade

b) Perda de carga pela ação da gravidade

A perda de carga pela ação da gravidade equivale à energia


necessária para mover uma porção de fluido contra a força da
64 gravidade. Esta componente depende da densidade (ou massa
específica) do fluido e é função da inclinação da tubulação.

Observe a ilustração a seguir, que representa o escoamento de um


fluido incompressível (líquido), a partir do ponto inferior da tubulação
em direção ascendente.

P2

P1

Escoamento de um fluido incompressível

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

A perda de carga pela ação da gravidade é proporcional ao seno do


ângulo θ, que é o ângulo de inclinação da tubulação. Se o ângulo θ
for 90º, significando uma tubulação vertical, a perda de carga por
gravidade seria a máxima possível. Caso ela seja horizontal, isto é,
ângulo θ = 0, esta componente seria nula.

Em escoamento ascendente, P1 é maior que P2, e a diferença entre


ambos (∆P) significa a perda de carga ocorrida no escoamento.

c) Perfil de pressão e gradiente de pressão

Sabemos que perda de carga é a diferença de pressão entre dois


pontos de uma tubulação, durante o escoamento de um fluido,
podendo ser representada por ∆P (diferencial de pressão).

E qual a diferença entre perfil de pressão e gradiente de pressão?


65
Perfil de pressão é a representação gráfica da pressão ao longo da
tubulação, enquanto gradiente de pressão é a inclinação da curva do
perfil de pressão, ou seja, a relação entre a variação da pressão para
um trecho de tubulação (perda de carga) e o comprimento desse
trecho. Assim, temos:

Gradiente de pressão = ∆P
∆L

sendo ∆P a perda de carga (ou diferencial de pressão) e ∆L o


comprimento do trecho de tubulação considerado.

Vamos agora observar o perfil de pressão numa tubulação horizontal


e outro numa tubulação vertical.

CORPORATIVA
Alta Competência

PM PA
QA= 0
PB
Pressão
QB
QA< QB < QC

PC
QC

comprimento

Perfil de pressão numa tubulação horizontal

Aqui temos o perfil de pressão em uma tubulação horizontal para


três valores distintos de vazão. A pressão na entrada da tubulação
(pressão a montante) é PM. A pressão na saída (pressão a jusante) tem
66 três valores, um para cada vazão (PA, PB e PC). A origem da diferença
de pressão (perda de carga) entre a entrada e a saída da tubulação
é o atrito do fluido com as paredes do duto. Para o caso A, em que
a vazão é nula, observa-se que a pressão na saída é igual à pressão
na entrada. Portanto, o ∆P é nulo e o gradiente de pressão também.
Para o caso B, em que há vazão ou escoamento, aparece perda de
carga na tubulação e a pressão a jusante é menor, significando que
o gradiente de pressão em módulo é maior. No caso C, finalmente,
em que a vazão é a maior de todas, a perda de carga na tubulação é
máxima e o gradiente de pressão em módulo é maior ainda.

Em resumo, o gradiente de pressão é nulo para o caso de vazão nula


e seu valor absoluto cresce à medida que a vazão aumenta.

Agora temos o perfil de pressão em uma tubulação vertical


também para três valores distintos de vazão, com escoamento
vertical ascendente.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

PJ

Q A < QB < QC

Comprimento
QA = 0

QB

QC

Pressão PA PB PC

Perfil de pressão em uma tubulação vertical

Nesse caso, consideramos apenas um valor de pressão a jusante (PJ) e,


a depender da vazão, diferentes valores para a pressão a montante
67
(como, por exemplo, no fundo de um poço de petróleo). Observa-
se que o valor do gradiente de pressão, embora aumente (em
módulo) com o aumento de vazão, ao contrário do que ocorre com
o escoamento horizontal, não é nulo para vazão zero. Isso se deve
ao fato de haver desde o início um gradiente de pressão resultante
do próprio peso do fluido (gradiente gravitacional). Para valores de
vazão diferentes de zero, nota-se que a pressão de fundo aumenta, o
que se deve à existência de uma perda de carga por fricção, além da
gravitacional já mencionada.

d) Cálculo do gradiente de pressão ao longo de uma tubulação

Sabemos que gradiente de pressão é a relação entre a variação da


pressão para um trecho de tubulação (perda de carga) e o comprimento
desse trecho, ou seja:

Gradiente de pressão = ∆P
∆L

O cálculo do gradiente de pressão (∆P/∆L) é feito separadamente para


suas duas componentes: friccional e gravitacional.

CORPORATIVA
Alta Competência

• Gradiente de pressão friccional

O gradiente de pressão por fricção em tubulações é dado por:

∆P f.ρ.v
2

(atrito) = -2 ________
∆L D

onde f é o fator de atrito (ou coeficiente de atrito), ρ é a massa


específica do fluido, v é a velocidade média do fluido e D o diâmetro
interno da tubulação.

Qual a razão do sinal negativo (−) na equação? Como o fluido escoa


sempre no sentido positivo da tubulação, gerando perda de carga
por fricção, o gradiente de pressão é negativo. Isso significa que a
pressão diminui na direção do escoamento.

68
Podemos observar na equação acima que a perda de carga por
atrito é sensivelmente influenciada pela velocidade do fluido
no interior da tubulação (relação quadrática). Quanto maior é a
velocidade do fluido, maior é a perda de energia do fluido por
fricção com as paredes do tubo. Logicamente, ela é dependente
também do fator de atrito, da massa específica do fluido e do
diâmetro interno da tubulação.

A velocidade média do fluido (v) na seção transversal da tubulação


pode ser calculada como a relação entre a vazão volumétrica (Q) e a
área da tubulação (A), ou seja:

Q
v = _____
A

• Gradiente de pressão gravitacional

O gradiente de pressão pela ação da gravidade em tubulações é


dado por:

∆P (gravidade) = - ρ . g . sen (θ)


∆L

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

onde ρ é a massa específica do fluido, g é a aceleração da


gravidade e sen(θ) o seno do ângulo de inclinação da tubulação
em relação à horizontal.

Nesse caso, a perda de carga pela ação da gravidade é dependente da


massa específica do fluido, da aceleração da gravidade e do ângulo
de inclinação da tubulação.

Aqui também o sinal na equação é negativo (−). Se considerarmos


que o sentido positivo da tubulação é o que aponta para cima, o
ângulo θ será positivo, portanto, o sen(θ) também será positivo.
Conseqüentemente, o gradiente de pressão será negativo. Isto
significa que a pressão do fluido diminui à medida que sobe na
tubulação.

A ilustração a seguir ilustra bem o que foi exposto: o sinal de ∆P em


função da inclinação da tubulação. 69

P1

<0
P2

P1
P2

θ >0

>0 P1 > P2 ΔP < 0 <0 P1 < P2 ΔP > 0

Se o sentido do fluxo for ascendente, o ângulo θ e o sen(θ) serão


positivos. Em conseqüência, o ∆P será negativo, prevalecendo o sinal
(−) da equação, demonstrando que P2 será menor que P1.

Por outro lado, se o sentido do fluxo for descendente, o ângulo θ


e o sen(θ) serão negativos. Em conseqüência, o ∆P será positivo,
pois sinal (−) com sinal (−) dará sinal (+), demonstrando que P2 será
maior que P1.

CORPORATIVA
Alta Competência

Importante!
Podemos observar, nessas equações, que o
gradiente da ação da gravidade independe da
vazão do fluido. Já o gradiente do atrito é função
quadrática da vazão. Assim, ao se dobrar a vazão,
o gradiente gravitacional permanece invariável,
mas o friccional quadruplica.

• Gradiente de pressão total em tubulações

O gradiente de pressão total em tubulações é o somatório entre o


gradiente friccional e gravitacional, e é dado por:

∆P ∆P ∆P
70 (total) = (atrito) + (gravidade)
∆L ∆L ∆L
f .ρ.v
2

∆P - ρ . g . sen(θ)
(total) = - 2 D
∆L

• Perda de carga total em tubulações

Finalmente, a perda de carga total no escoamento incompressível, é


obtida diretamente do gradiente de pressão total e do comprimento
da tubulação (L), expressa na forma abaixo.

∆P = ∆P (total) . L
∆L

Exemplo:

Calcular a perda de carga (∆P) numa tubulação de 50 cm de diâmetro


e 1.000 m de comprimento, na posição inclinada com ângulo de +
30º (ascendente), por onde escoa água numa vazão de 2.000 m3/d.
Considerar fator de atrito (f) = 0,005.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Solução:

Antes vamos levar todas as grandezas para um único sistema de


unidades. Vamos escolher o Sistema Internacional (SI), onde as
grandezas são o metro (m), o kilograma (kg) e o segundo (s).

Diâmetro da tubulação D = 50 cm = 0,5 m

Área de seção transversal da tubulação � D2 = 0,19625m2 (� = 3,14)


A = ____
4
m3
______ m 3
_______ m3 (vazão volumétrica)
Vazão Q = 2.000 = 2.000 = 0,02315 ____
d 86.400s s

0,02315m3/s
Q = ___________
Velocidade média na seção transversal v = _____ = 0,11796 m/s
A 0,19625 m2
Massa específica da água ρ = 1g/cm3 = 1.000 Kg/m3

Dados necessários:

Aceleração da gravidade (g) = 9,807 m/s


sen (30º) = 1/2
� = 3,14 71
1 bar = 105 Pa (pascal)
1 bar = 1,01325 atm
1 atm = 1,033 kgf/cm2

• A componente friccional é:

∆P f . ρ . v2 Kg Pa
(atrito) = -2 ________ = - 2 x 0,005 x 1.000 x (0,11796) = - 0,1391 ______ = - 0,1391 ____
2

∆L m s
2 2 m
D

Este resultado indica que a cada metro a pressão se reduz (valor


negativo) em 0,1391 Pa (pascal), devido ao atrito (fricção).

• A componente gravitacional é:

∆P Pa
(gravidade) = - . g . sen (θ) = -1.000 x 9,807 x sen (+30º) = - 4.903,5
∆L m

Esse resultado indica que a cada metro a pressão se reduz (valor


negativo) em 4.903,5 Pa (pascal), devido à ação da gravidade. Caso o
sentido do fluxo fosse descendente, com sinal negativo para o seno
do ângulo, o resultado seria positivo, com pressão aumentando a
cada metro.

CORPORATIVA
Alta Competência

• O gradiente de pressão total é:

∆P Pa
(total) = - 0,1391 -4.903,5 = -4.903,64
∆L m

• A perda de carga total é:

∆P Pa
(total) . L = - 4.903,64 x 1.000 m = 4.903,640 Pa
∆L m

∆P = 49,0364 bar (pois 1 bar = 105 Pa)


∆P = 49,6861 atm (pois 1 bar = 1,01325 atm)
∆P = 51,325 Kgf/cm2 (pois 1 atm = 1,033 Kgf/cm2 )

2.1.5. Perda de carga no escoamento compressível

72 O escoamento compressível é aquele em que ocorrem significativas


variações da massa específica do fluido durante o percurso ao
longo das tubulações ou restrições, como resultado da variação de
pressão ao longo do escoamento. Isso acontece mais comumente em
escoamento de gás, por ser um fluido altamente compressível.

No escoamento compressível, as variações de massa específica, de


velocidade e de viscosidade do fluido afetam as componentes da
perda de carga friccional e gravitacional. Nesse caso, o gradiente de
pressão não é mais constante ao longo da tubulação, mas pode variar
de acordo com as condições em cada ponto do escoamento. Ou seja,
no escoamento compressível há um terceiro componente de perda
de carga.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Vejamos novamente a seguinte ilustração.

P2

P1

Considerando que o fluido seja gás em escoamento ascendente,


com pressão no início da tubulação P1 maior que P2. Isso quer dizer
que o gás em P1 está mais comprimido (alta massa específica), e
sofre expansão em direção ao ponto 2, aumentando a velocidade do
fluxo. O aumento de velocidade (aceleração) implica na existência
73
de uma força que atua sobre o fluido na direção do escoamento. Esta
força atuando na área da tubulação corresponde a um gradiente de
pressão adicional, chamado gradiente de pressão por aceleração,
expressa por:

∆P ∆v
(aceleração) = -ρ . v
∆L ∆L

sendo ρ a massa específica do fluido, v a velocidade e ∆v/∆L a variação


de velocidade num trecho de tubulação considerado.

Verifica-se que quanto maior for a massa específica, maior será o


gradiente de pressão por aceleração (em módulo), ou seja, quanto
mais “pesado” for o fluido, mais difícil acelerá-lo. Outra coisa, quanto
maior a velocidade (v) ou quanto mais se deseja que esta varie ao longo
da tubulação (∆v/∆L), maior será o gradiente de pressão necessário.

Considerando agora todas as parcelas de perda de carga já vistas, o


gradiente de pressão total numa tubulação onde escoa um fluido
compressível é:

CORPORATIVA
Alta Competência

∆P ∆P ∆P (gravidade) + ∆P (aceleração)
(total) = (atrito) +
∆L ∆L ∆L ∆L

∆P f. ρ . v2 ∆v
(total) = - 2 - ρ . g . sen (θ) - ρ . v
∆L D ∆L

Podemos observar que no escoamento compressível os cálculos


não são tão simples quanto no incompressível. Isso porque a massa
específica (ρ) não é constante ao longo da tubulação, mas depende
da pressão, e é necessário conhecer o perfil de velocidade (v) ao longo
da tubulação, que também depende da pressão.

Vamos agora observar o perfil de pressão num escoamento


horizontal compressível.

74

QA = 0

Pressão

Q A < QB < QC
QB

QC

comprimento

Escoamento horizontal de fluido compreensível

Diferente do escoamento incompressível, este apresenta uma


curvatura negativa do perfil de pressão. Isso ocorre principalmente
pelo aumento da perda de carga por fricção, pois à medida que o
fluido caminha na tubulação ele se expande, e essa expansão gera
um aumento da velocidade que, por sua vez, causa um aumento da
fricção, com o conseqüente aumento da perda de carga total.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

2.1.6. Pressão requerida e pressão disponível

As curvas de pressão requerida e pressão disponível são classificadas


como curvas de sistema. Todo sistema dinâmico possui uma energia
requerida e uma energia disponível. Imaginemos um prédio de 20
metros de altura, onde se deve deslocar a água de um reservatório
localizado no solo para um reservatório de água no topo do prédio. A
energia requerida é a dificuldade a ser vencida para deslocar a água
por uma tubulação até o reservatório superior. É a energia que o
sistema requer para ser vencido. Já a energia disponível é aquela que
possuímos para realizar o trabalho, ou seja, vencer as dificuldades em
elevar a água a 20 metros de altura. Se possuirmos uma moto-bomba
de 3,0 cv de potência e outra de 1,5 cv (cavalo-vapor), a primeira
representa uma energia disponível maior que a segunda. Pode ser
que a primeira consiga vencer a energia requerida pelo sistema e a
segunda não.
75
As curvas de pressão requerida e pressão disponível apresentam a
pressão em um determinado ponto da tubulação em função da vazão
(P x Q). Ao contrário, as curvas de perfil, vistas anteriormente, mostram
a pressão em toda a extensão da tubulação para um determinado
valor de vazão (P x L).

Vamos considerar um escoamento horizontal de fluido incompressível


numa tubulação de 1.000 m de comprimento, como mostra a ilustração
a seguir.

20

v= 3 m/s
18

16
Pressão (kgf/cm²)

14
v= 2 m/s

12
v= 1 m/s
10
v= 0
8
0 200 400 600 800 1000
Comprimento (m)

Escoamento horizontal de fluido incompressível

CORPORATIVA
Alta Competência

Para que o fluido chegue ao final da tubulação (jusante) com pressão


constante de 10 Kgf/cm2, há de se entender que para cada valor de
vazão (aqui representado por valores diferentes de velocidade), é
necessário um valor de pressão no início da tubulação (montante).
Aumentando a vazão do fluido, é preciso aumentar sua pressão a
montante para poder vencer as perdas de carga que aumentam
em função do aumento de vazão. O valor da pressão a montante
da tubulação pode ser entendido como o valor necessário para
que o fluido chegue ao final com uma pressão ainda de 10 kgf/
cm2, considerando a perda de energia ao longo da tubulação. A
pressão varia ao longo da tubulação, representando um gradiente
de pressão (P x L).

Como conseqüência, a ilustração a seguir apresenta a curva de


pressão requerida (P x Q) em um escoamento horizontal de fluido
incompressível, mostrando que para cada vazão há uma pressão
requerida pelo sistema, que varia de forma diretamente proporcional
76
uma com relação à outra.

20
Pressão requerida (kgf/cm2)

18

16

14

12

10

8
0 500 1000 1500 2000 2500

Vazão (m3/d)

Curva de pressão requerida (P x Q) em um escoamento


horizontal de fluido incompressível

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Agora vamos considerar uma pressão constante de 10 Kgf/cm2 no


início (montante) e não no final (jusante) da tubulação, como mostra
a ilustração a seguir.

12
v= 0
10

v= 1 m/s
8
Pressão (kgf/cm²)

6
v= 2 m/s
4

2
v= 3 m/s
0
0 200 400 600 800 1000
Comprimento (m) 77
Pressão constante de 10 Kgf/cm no início da tubulação
2

Podemos observar que diferentes valores de vazão (aqui representado


por valores diferentes de velocidade) resultam em valores de
gradiente de pressão também diferentes. Logo, considerando que
a pressão a montante (no início) da tubulação é sempre constante
e igual a 10 kgf/cm2, resulta que a pressão a jusante (no final) da
tubulação é dependente da vazão (ou velocidade). Aumentando a
vazão do fluido, a pressão vai diminuindo ao longo da tubulação,
devido ao aumento das perdas de carga em função do aumento
de vazão. Essa relação de dependência pode ser expressa na forma
mostrada no gráfico a seguir.

CORPORATIVA
Alta Competência

12

10
Pressão disponível (kgf/cm2)

0
0 500 1000 1500 2000 2500

Vazão (m 3/d)
Relação entre pressão disponível e vazão

Essa ilustração apresenta a curva de pressão disponível (P x Q) num


escoamento horizontal de fluido incompressível, mostrando que
para cada vazão há uma pressão disponível, que varia de forma
78 inversamente proporcional uma com relação à outra.

2.2. Escoamento multifásico

O escoamento do petróleo na coluna de produção dos poços e nos


dutos de superfície ocorre normalmente com mais de uma fase
presente: uma fase líquida (óleo e água) e outra gasosa. No escoamento
multifásico, o gás e o líquido não escoam com a mesma velocidade. O
gás tem a tendência de adquirir velocidade mais alta que o líquido,
tanto no escoamento vertical (na coluna de produção) como no
horizontal (nas tubulações de superfície) e isto tem conseqüências
sobre o comportamento de pressão nas tubulações. No estudo do
escoamento multifásico, é comum tratar dos padrões de escoamento,
hold-up e escorregamento entre as fases.

2.2.1. Padrões de escoamento

No escoamento dos fluidos do petróleo, a diferença de velocidades


entre as fases líquida e gasosa e a forma como o gás e o líquido
se arranjam e se interpõem no interior da tubulação deram origem
a uma classificação denominada arranjos de fases ou padrões de
escoamento. Esses padrões são diferentes para o escoamento vertical
e o horizontal.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

a) Padrões de escoamento multifásico vertical

Os arranjos que se observam em um escoamento multifásico vertical


pela coluna de produção de um poço são funções de diversos
parâmetros de escoamento, como diferença de densidade entre
os fluidos, diferença de velocidade entre as fases e diferença de
velocidade ao longo da coluna. Normalmente ocorrem diferentes
padrões em diferentes partes de um mesmo poço.

A ilustração a seguir mostra os padrões de fluxo vertical multifásico,


que são: bolha, golfada, transição e anular-nevoeiro.

79

Bolha Golfada Transição Anular -Nevoeiro

Padrões de fluxo vertical multifásico

• Bolha - fase gasosa presente através de pequenas bolhas


dispersas no meio do líquido. Ocorre normalmente próximo ao
fundo do poço e tem pouco efeito no gradiente de pressão (a
fase líquida é a fase contínua).

• Golfada - a maior liberação de gás que está em solução,


devido à redução da pressão ao longo da coluna, formam
bolsões de gás, com diâmetros próximos ao da tubulação,
separados por golfadas de líquido. Tanto a fase líquida
quanto a fase gasosa influenciam no gradiente de pressão
(a fase líquida é a fase contínua).

CORPORATIVA
Alta Competência

• Transição - à medida que a mistura vai subindo, com menores


pressões, o volume de gás aumenta rapidamente. A velocidade
do líquido aumenta, ele começa a se dispersar na fase gasosa e a
golfada de líquido entre os bolsões de gás tende a desaparecer
(a fase gasosa influencia mais que a fase líquida no gradiente
de pressão).

• Anular-nevoeiro - a quantidade e a velocidade do gás são


muito altas e quase todo o líquido é carreado pelo gás, sob a
forma de gotículas, não influenciando no gradiente de pressão
(a fase gasosa é a fase contínua).

Importante!
O fluxo vertical multifásico torna difícil determinar
com precisão o gradiente de pressão na coluna de
80 produção. Esse gradiente normalmente é traçado,
utilizando-se correlações e curvas mestras de fluxo
vertical multifásico.

b) Padrões de escoamento multifásico horizontal

O escoamento multifásico horizontal dos fluidos do petróleo pelas


tubulações de superfície apresenta também diferentes arranjos de
fases, principalmente pela diferença de velocidade entre as fases. Tal
como na coluna de produção, também são utilizadas correlações e
curvas mestras de fluxo multifásico.

A ilustração a seguir mostra os padrões de fluxo horizontal multifásico


mais comuns, que são: segregado (que pode ser do tipo estratificado,
ondulado e anular), intermitente (tampão e golfada) e distribuído
(bolha e nevoeiro).

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Fluxo intermitente
Tampão
Fluxo segregado

Estratificado Golfada

Ondulado

Fluxo distribuído
Anular Bolha

Nevoeiro

Padrões de fluxo horizontal multifásico

• Segregado - apresenta as fases líquida e gasosa ocupando


espaços bem definidos da tubulação e divide-se em três 81
padrões: estratificado e ondulado, em que a fase líquida
ocupa a parte inferior da tubulação (com diferença apenas no
grau de ondulação da interface gás-líquido), e anular, em que
o gás passa pelo interior do líquido, havendo uma completa
separação entre ambos (gás pelo núcleo e líquido junto às
paredes da tubulação).

• Intermitente - divide-se em tampão e golfada. No tipo golfada,


ocorre formação de bolsões de gás separadas por volumes
de líquido, que são deslocados pelos bolsões de gás, num
escoamento intermitente chamado golfadas. No tipo tampão,
os bolsões de gás quase se interligam, mas se mantêm separados
por tampões de líquido.

• Distribuído - divide-se em bolha e nevoeiro. O tipo bolha


consiste num grande número de bolhas dispersas de modo mais
ou menos homogêneo no meio líquido, tendo a fase líquida
como fase contínua. O tipo nevoeiro tem a fase gasosa como
fase contínua, que, em alta velocidade, arrasta as gotículas de
líquido dispersas no meio gasoso.

CORPORATIVA
Alta Competência

2.2.2. Hold-up

Em uma seção transversal de uma tubulação com escoamento


multifásico gás-líquido, parte do espaço é ocupada por líquido e a
outra parte por gás, como mostrado na ilustração a seguir.

Área da fase
gasosa
Fase gasosa

Fase líquida Área da fase


líquida

É denominada fração de residência da fase a fração da área da seção


transversal ocupada pela fase em questão. As frações de residência
das fases gasosa e líquida são mostradas nas equações a seguir.
82
A área ocupada pelo gás
H = G
= _________________________
G
A área da tubulação

A área ocupada pelo líquido


H = L
L
= _____________________________
A área da tubulação

A fração de residência da fase líquida (HL) também é denominada


hold-up. Como é tecnicamente difícil determinar o hold-up por meio
de medições diretamente na tubulação, ele é normalmente calculado
através de correlações especialmente elaboradas para esse fim, a
partir de algumas variáveis, onde as principais são as velocidades do
líquido e do gás, e também o padrão de escoamento. Ou seja, deve-se
primeiramente conhecer o arranjo de fases de um escoamento para
depois determinar o hold-up.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

O hold-up é uma variável de grande importância, porque permite


calcular as propriedades médias do fluido. Assim, propriedades como
densidade e viscosidade da mistura são calculadas como média das
propriedades individuais de cada fase, ponderada pelo hold-up.

A massa específica de uma mistura líquido-gás deve ser também


calculada com base no hold-up, conforme a equação a seguir:

Essa equação estabelece a massa específica da mistura (ρm) como


uma média entre a massa específica do líquido (ρL) e a do gás (ρG),
ponderada pelo hold-up (H).

2.2.3. Escorregamento

83
O líquido e o gás não escoam por uma tubulação com a mesma
velocidade, inclusive o gás costuma ter velocidade maior que a do
líquido. Essa diferença de velocidades entre as fases é denominada
escorregamento. O escorregamento é função do padrão de
escoamento e do hold-up e é importante quantificá-lo para poder
determinar os perfis de pressão e temperatura ao longo da tubulação.
Sabemos que o padrão de escoamento também é função da pressão
e da temperatura em cada ponto da tubulação, estabelecendo
assim uma interdependência entre padrão de escoamento, hold-up,
escorregamento, pressão, temperatura e propriedades dos fluidos,
onde cada uma dessas quantidades é função das demais.

O escoamento multifásico é modelado por equações muito


semelhantes à do monofásico. Entretanto, o padrão de escoamento
passa a ter importância porque auxilia no cálculo da diferença de
velocidades entre as fases. Essa diferença de velocidade, por sua vez,
é necessária para calcular as frações de líquido e gás na tubulação e,
por conseguinte, determinar a massa específica, viscosidade, além de
outras características da mistura líquido-gás.

CORPORATIVA
Alta Competência

2.2.4. Perda de carga no escoamento multifásico

Os cálculos de perda de carga no escoamento multifásico são


bastante complexos. Pode-se dizer que são necessárias uma equação
para o líquido (escoamento incompressível), outra para o gás
(escoamento compressível) e uma adicional para a interação entre
ambos. Hoje, são disponíveis programas de computador capazes de
realizar rapidamente estes cálculos, utilizando correlações, mapas
de fluxo e cálculo de hold-up, entre outros.

Entretanto, devemos compreender o comportamento qualitativo


da perda de carga em escoamento multifásico, por meio do perfil e
gradiente de pressão. Vamos agora observar o perfil de pressão num
escoamento multifásico vertical e horizontal.

A ilustração a seguir mostra um perfil de pressão em escoamento


84 multifásico vertical.

Pressão

∆P
∆P
= pequeno
∆L ∆L
Profundidade

Perfil de pressão
dinâmico multifásico

∆P ∆P
= grande
∆L
∆L

Perfil de pressão em escoamento multifásico vertical

Podemos observar que a curvatura do perfil não é constante, ou


seja, o gradiente de pressão, definido como ∆P/∆L, representando a
inclinação da curva, não é constante. Se fosse um poço de petróleo,
esse perfil estaria indicando que no fundo do poço o gradiente de
pressão é maior (curva mais inclinada) do que próximo da superfície.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Ao contrário do escoamento monofásico de fluido incompressível, a


curva de perfil de pressão neste caso não é uma reta.

Qual a razão desse comportamento?

À medida que o fluido caminha na tubulação no sentido ascendente,


ocorre uma redução da pressão, o que promove liberação do gás
que está em solução no óleo, além de expansão do próprio gás livre.
Assim, ocorre também uma diminuição do hold-up e conseqüente
redução da massa específica média do fluido. Em outras palavras,
como o gás é mais leve que o líquido, o aumento do volume de gás
causa uma redução na densidade média, o que reduz ao longo da
coluna a componente gravitacional da perda de carga.

A componente de fricção (atrito) da perda de carga também sofre


variação ao longo da coluna de produção do poço. À medida que
ocorre a expansão dos fluidos, a velocidade do escoamento aumenta. 85
Assim, no fundo do poço a velocidade é menor que próximo à superfície
e, por conseguinte, a perda de carga por atrito aumenta no trajeto.
Embora a massa específica da mistura diminua, o que tende a reduzir
a perda de carga por atrito, a velocidade aumenta. Como a perda de
carga varia linearmente com a massa específica, mas quadraticamente
com a velocidade, esta variável se torna preponderante.

A terceira componente da perda de carga – a aceleração –


também aumenta à medida que o fluido sobe na tubulação,
pois o fluido aumenta de velocidade ao longo da coluna. Logo,
está sendo acelerado.

A tabela a seguir mostra o que ocorre com cada componente da perda


de carga ao longo da tubulação. Podemos observar que, conforme
mostrado anteriormente no gráfico, o gradiente de pressão total
diminui à medida que o fluido caminha, porque a componente
gravitacional geralmente é a que tem maior efeito no escoamento
vertical multifásico.

CORPORATIVA
Alta Competência

Componente da
Efeito Motivo
perda de carga
Fricção Aumenta Velocidade aumenta
Gravidade Diminui Maior volume de gás
Aceleração Aumenta Variação da velocidade aumenta
Total Diminui Gravidade é a mais importante

O gráfico a seguir mostra um perfil de pressão em escoamento


multifásico horizontal.

∆P crescente
Pressão

∆P
∆L
∆P
= pequeno
∆L
Perfil de
pressão ∆L
∆P
86 ∆P
= grande
∆L
Comprimento

Perfil de pressão em escoamento multifásico horizontal

Ao contrário do vertical, vê-se que o gradiente de pressão aumenta


à medida que o fluido caminha pela tubulação. Nessa situação,
a componente gravitacional da perda de carga é nula, existindo
apenas as componentes de fricção e aceleração. À medida que
o fluido percorre seu caminho, ocorre diminuição da pressão e,
conseqüentemente, liberação de parte do gás em solução, além da
expansão do próprio gás livre. O aumento da velocidade resultante
causa o aumento do gradiente de pressão por fricção. O mesmo se dá
com a aceleração. Dessa forma, o gradiente de pressão total é sempre
crescente na direção em que o fluido escoa. A título de comparação,
se os fluidos fossem incompressíveis (apenas óleo morto ou água, por
exemplo) a curva apresentada na ilustração seria praticamente reta,
sem a concavidade que se observa.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

O exemplo a seguir demonstra como a componente gravitacional é


geralmente a que tem maior efeito no escoamento. No escoamento
vertical, a perda de carga e o gradiente de pressão são normalmente
maiores, se comparados com os do escoamento horizontal.

Exemplo: calcular a perda de carga e o gradiente de pressão em cada


trecho de tubulação de um poço de petróleo de um campo marítimo,
conforme ilustração a seguir:

87

Solução:

Perda de carga (∆P) em cada trecho:


2
Poço: ∆P = 150 - 60 = 90 kgf/cm
2
Flowline: ∆P = 60 - 50 = 10 kgf/cm
2
Riser: ∆P = 50 - 10 = 40 kgf/cm

Gradiente de pressão ( ∆P / ∆L ) em cada trecho:

∆P 90
Poço: gradiente = = = 0,06kgf/cm2/m
∆L 1.500
∆P 10
Flowline: gradiente = = = 0,005 kgf/cm2/m
∆L 2.000
∆P 40
Riser: gradiente = = = 0,04 kgf/cm2/m
∆L 1.000

CORPORATIVA
Alta Competência

2.3. Garantia de escoamento

Um dos grandes problemas relacionados ao escoamento dos


fluidos do petróleo é a deposição de materiais nas linhas de fluxo
ou tubulações de escoamento, que diminuem ou interrompem por
completo a capacidade de escoamento desses dutos. Essas restrições
e bloqueios provêm basicamente da deposição de materiais orgânicos
e inorgânicos nos dutos ou de outros fenômenos, tais como corrosão
nas tubulações e intermitência severa na vazão de produção dos
poços. Os principais efeitos dessas ocorrências são: aumento da perda
de carga, perda de produção de óleo, perda de equipamentos e riscos
operacionais e ambientais.

No processo de elevação e escoamento do petróleo, a garantia de


escoamento compreende as atividades relacionadas à previsão,
prevenção e remoção dessas ocorrências, visando a garantir o
88 escoamento pleno e otimizado, com o máximo de produção pelo
menor custo possível.

Apresentaremos a seguir, com maior detalhamento, os principais


problemas relacionados ao escoamento do petróleo, com ênfase
na deposição de parafinas e hidratos, apresentando os processos de
previsão, prevenção e remoção desses dois tipos de depósitos.

2.3.1. Principais problemas relacionados ao escoamento do petróleo

Os principais problemas relacionados ao escoamento dos fluidos do


petróleo são as restrições ou bloqueios dos fluxos nas tubulações de
escoamento, provenientes da deposição de materiais orgânicos (tipo
parafinas, hidratos e asfaltenos), inorgânicos (tipo incrustações) e de
outros fenômenos, tais como corrosão nas tubulações e intermitência
severa na vazão de produção dos poços.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Parafinas

Parafinas são misturas de vários componentes de alto peso molecular


que precipitam do petróleo, principalmente devido ao abaixamento
da sua temperatura. As parafinas podem depositar-se nas paredes
das tubulações ou aumentar a viscosidade do petróleo, restringindo
ou mesmo bloqueando o escoamento dos fluidos do petróleo pelo
interior das tubulações.

89

Parafina

Hidratos

Hidratos são compostos cristalinos formados por água e gás natural


e assemelham-se com o gelo, podendo bloquear o escoamento dos
fluidos do petróleo pelo interior das tubulações. Para formar hidrato
é preciso que estejam presentes ao mesmo tempo: água (fria), gás
livre ou petróleo com gás dissolvido (frio), temperatura baixa (menor
que 25 °C) e pressão alta, inclusive pressão hidrostática (maior que 5
Kgf/cm²).

Hidrato

CORPORATIVA
Alta Competência

Asfaltenos

Asfaltenos são sólidos que precipitam quando um excesso de nC7


ou nC5 é adicionado ao petróleo. São compostos polinucleares,
aromáticos com alto peso molecular, contendo carbono, hidrogênio,
oxigênio, nitrogênio, enxofre e metais pesados como o vanádio e o
níquel. São sólidos de cor marrom-escuro ou preta. Ao contrário das
parafinas, não fundem. Depositam-se devido à queda de pressão (e
não de temperatura).

Incrustações

Incrustações são as deposições graduais em dutos e equipamentos de


materiais inorgânicos presentes na água, decorrentes de precipitação
de sais ou óxidos.

90 Os processos incrustantes em sistemas de produção de petróleo


costumam causar restrições de vazão em tubulações, acarretando
perda de produção, além da formação de áreas propícias à corrosão.

Essas incrustações resultam, quase sempre, da precipitação de sais


presentes na água produzida, quando é alcançado o limite de
solubilidade desses sais, acumulando-se em forma de depósitos
localizados. Os principais ânions causadores de incrustações são os
carbonatos, bicarbonatos e sulfatos, enquanto os principais cátions
com os quais combinam são o cálcio, bário e estrôncio.

Assim, as incrustações mais comuns nos sistemas de produção de


petróleo são as de carbonato de cálcio (CaCO3), sulfato de cálcio
(CaSO4), sulfato de bário (BaSO4) e sulfato de estrôncio (SrSO4).
Podem haver também depósitos produzidos pela precipitação de
ferro, gerando óxidos de ferro quando em presença de oxigênio
dissolvido, de sulfeto, com a formação ou presença de gás sulfídrico,
de sílica e silicatos e, em alguns casos, de sais de magnésio.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

A ação da pressão e principalmente da temperatura potencializa


a precipitação dos sais. A solubilidade do carbonato de cálcio e do
sulfato de cálcio diminui com o aumento da temperatura, redução
da pressão e elevação do pH, fazendo aumentar a tendência de
formação das incrustações.

Incrustação 91
Corrosão

Corrosão nas tubulações são os depósitos produzidos pela


precipitação de ferro, gerando óxidos de ferro quando em presença
de oxigênio dissolvido, que podem restringir ou mesmo bloquear o
escoamento dos fluidos do petróleo pelo interior das tubulações.

Corrosão

CORPORATIVA
Alta Competência

Intermitência severa

Intermitência severa é uma característica de produção em grandes


golfadas de determinados poços de petróleo, alternando momentos
de altas vazões e outros de baixas vazões de fluidos. A intermitência
severa requer algumas iniciativas para mitigar sua interferência na
produção e escoamento do petróleo.

2.3.2. Previsão, prevenção e remoção de parafinas

Parafinas são misturas de vários componentes de alto peso molecular


que precipitam do petróleo, principalmente devido ao abaixamento
da sua temperatura.

Efeitos das parafinas

92

Podem depositar-se nas pare-


des das tubulações.

Podem aumentar a viscosidade


do petróleo.

Podem “gelificar” o petróleo


e bloquear o escoamento em
tubulações.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Previsão de parafinas

A exploração de petróleo em campos marítimos, principalmente


os de águas profundas, enfrenta o processo de cristalização de
parafinas causada pela redução da temperatura e elevadas pressões
operacionais. A Temperatura de Início de Aparecimento de Cristais
(TIAC) representa a temperatura na qual os primeiros cristais de
parafina saem da solução, provocando mudanças no comportamento
do petróleo. Se a temperatura no escoamento permanecer acima da
TIAC não ocorrerá precipitação de cristais de parafinas.

Os métodos utilizados para a previsão de formação de parafinas


baseiam-se normalmente na determinação da TIAC e nos modelos de
simulação do processo de deposição.

Para se determinar a TIAC, ou seja, a temperatura de início de


aparecimento de cristais, são utilizados os recursos de medição de 93
viscosidade, temperatura, pressão, além de microscopia e ressonância
magnética, para medir o teor de sólidos nos fluidos. Curvas de
pressão por temperatura são traçadas para permitir a determinação
da TIAC em cada condição operacional de escoamento e prevenir
sobre as condições de precipitação de cristais de parafinas, que são,
logicamente, as condições em que as temperaturas de operação estão
abaixo da curva da TIAC.

Prevenção e remoção de parafinas

Para prevenir ou remover as parafinas já formadas utilizam-se injeção


de inibidores, passagem de pigs e operações de SGN, conforme
detalhado a seguir.

a) Injeção de inibidores

Os inibidores de formação de parafinas são produtos químicos


utilizados para reduzir a taxa de deposição de parafinas. Esses
produtos são muito dependentes da temperatura de operação e do
tipo de petróleo. Podem reduzir a taxa de deposição das parafinas, mas
raramente as eliminam. Podem também se tornar anti-econômicos,
quando as dosagens requeridas são elevadas.

CORPORATIVA
Alta Competência

b) Passagem de pigs

Os pigs (porco em inglês) são equipamentos de aço e material


sintético (borracha, poliuretano, entre outros), conhecidos
como raspadores de linha, que são introduzidos nas tubulações
e deslocados pelo próprio fluido em escoamento ou por outro
fluido injetado com essa finalidade, tendo como objetivo remover
as parafinas depositadas. A ilustração a seguir ilustra os diversos
pigs existentes.

94

c) Operações de SGN

O Sistema Gerador de Nitrogênio (SGN) consiste em misturar dois sais,


o cloreto de amônio e o nitrito de sódio, que produzem nitrogênio,
cloreto de sódio e calor. Essa mistura gera calor suficiente para
derreter a parafina dos dutos de escoamento de petróleo, devido
à grande formação de nitrogênio na reação. Cada litro de solução
concentrada de SGN é capaz de produzir 100 litros de gás nitrogênio.
A temperatura alcança 100 °C durante a formação do nitrogênio.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

2.3.3. Previsão, prevenção e remoção de hidratos

Hidrato é um sólido semelhante ao gelo no aspecto visual e em


algumas propriedades, mas que solidifica em temperaturas acima de
0 °C. Sua principal característica é manter moléculas de gás aprisionadas
entre os cristais de água. Por isso, ele funciona como combustível,
podendo manter uma chama acesa, conhecido, portanto, como gelo
que queima.

95

As ilustrações a seguir mostram um hidrato formado em gasoduto e


outro formado em linha de produção de óleo.

Hidrato em gasoduto Hidrato em linha de produção

CORPORATIVA
Alta Competência

Como se forma o hidrato?

Para formar hidrato é preciso que estejam presentes, ao mesmo


tempo:

• Água (fria);

• Gás livre ou petróleo com gás dissolvido (frio);

• Temperatura baixa (menor que 25 °C);

• Pressão alta (maior que 5 Kgf/cm²).

Previsão de hidratos

96 Os métodos utilizados para a previsão de formação de hidratos


baseiam-se normalmente no conhecimento da composição do gás e
na determinação da curva de dissociação de hidratos, chamada de
envelope de hidratos.

O gráfico a seguir, desenvolvido por Mussumeci, mostra uma curva


de dissociação de hidratos sem adição de inibidor, outra com 30% do
inibidor etanol e outra com 50% do inibidor etanol.

Curvas de equilíbrio

Inibidor: Etanol
Modelo: Mussumeci

3.000
Acima das curvas ocorre formação de hidrato.
Abaixo das curvas não ocorre formação de hidrato.
2.500
Pressão (bar)

2.000

1.500 Água com 50% de etanol

1.000

500 A
Água com 30% de etanol

0
Água sem inibidor
1 5 10 15 20 25

Temperatura (°C)

No ponto A (P = 500 bar e T = 5 ºC) haverá formação de hidrato se a água não


estiver com pelo menos 50% de etanol.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

Interpretando o gráfico acima, se a pressão e a temperatura de


operação cruzarem-se num ponto acima da curva de dissociação
do hidrato (chamada de envelope de hidratos) haverá a formação
de hidratos.

Prevenção e remoção de hidratos

Como evitar a formação do hidrato ou removê-lo após ter sido


formado?

Sabemos que o hidrato é formado quando estão presentes ao mesmo


tempo: água (fria), gás livre ou petróleo com gás dissolvido (frio),
temperatura baixa (menor que 25 °C) e pressão alta (maior que 5
Kgf/cm²). Para prevenir a formação de hidratos, basta não permitir a
coexistência dessas quatro condições, ou seja:

• Utilizar gás desidratado (gás seco) por meio de unidades de 97


desidratação de gás;

• Utilizar inibidores de formação de hidratos, como o etanol, de


forma permanente para evitar a sua formação ou criar colchões
(grandes volumes) de etanol nas tubulações para remover o
hidrato já formado;

• Usar pressões abaixo do envelope de hidratos para evitar a


sua formação ou despressurizar as tubulações para remover o
hidrato já formado;

• Remover eficientemente a água das linhas e não bombear


água para dentro das tubulações de hidrocarbonetos;

• Substituir o gás e o petróleo das linhas por um fluido inerte,


como o óleo diesel, quando isso for necessário e não optar pelo
bombeamento de água.

CORPORATIVA
Alta Competência

O Sistema Gerador de Nitrogênio (SGN) pode ser utilizado para a


remoção de hidratos. Em condições de uso preventivo, o SGN evita
que sejam criadas as condições de alta pressão e baixa temperatura,
propícias ao desenvolvimento dos hidratos de gás. Em condições
corretivas, em contato com os blocos de hidratos de gás já formados,
o SGN reduz a pressão hidrostática e aumenta a temperatura do
meio, de modo a dissolver esses blocos.

98

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

2.4. Exercícios

1) Assinale as sentenças com verdadeiro V ou falso F.

a) No escoamento horizontal monofásico:

( ) A pressão aumenta na direção do escoamento.


( ) O gradiente de pressão é constante em qualquer ponto da
tubulação.
( ) A componente de fricção da perda de carga aumenta na
direção do escoamento.
( ) A componente de aceleração é nula na direção do
escoamento.

b) No escoamento vertical multifásico ascendente:

( ) A componente de fricção aumenta na direção do


escoamento. 99
( ) A componente gravitacional aumenta na direção do
escoamento.
( ) A pressão aumenta na direção do escoamento.
( ) O gradiente de pressão total (gravidade + fricção +
aceleração) aumenta na direção do escoamento.

2) Calcule o gradiente de pressão numa tubulação de 500 m de


comprimento, por onde escoa um fluido com pressão de 70 kgf/cm2
no início e 50 kgf/cm2 no final da tubulação.

CORPORATIVA
Alta Competência

3) Qual das alternativas abaixo contém dois fatores que contribuem


para a formação de hidratos?

( ) Alta temperatura, alta pressão.

( ) Presença de água, baixa pressão.

( ) Presença de água, baixa temperatura.

( ) Alta temperatura, baixa pressão.

( ) Alta temperatura, presença de água.

4) Com relação ao uso de pigs de limpeza em linhas de coleta de óleo,


é correto afirmar:

( ) Como medida preventiva, são passados pigs nas linhas de


todos os poços, independente da temperatura de escoamento
do óleo.
( ) Pigs são normalmente usados para prevenir tampona-
100
mentos por parafina.

( ) Pigs são normalmente usados para prevenir tamponamentos


por hidratos.

( ) Para remover parafina, os pigs de espuma de baixa e média


densidade são mais eficientes do que os pigs rígidos feitos de
poliuretano.
( ) Pigs não podem ser passados em linhas com diferentes
diâmetros.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

2.5. Glossário
Coluna de produção - conjunto de tubos de aço, enroscados entre si, descido no
poço na fase da completação e que fica posicionado no interior do revestimento
de produção, com a finalidade de direcionar os fluidos produzidos, do fundo do
poço à superfície.

Escoamento compressível - quando ocorrem significativas variações da massa


específica do fluido durante o percurso ao longo das tubulações ou restrições,
como resultado da variação de pressão ao longo do escoamento.

Escoamento incompressível - quando os fluidos não sofrem significativa variação


de densidade (ou massa específica) ao longo do escoamento.

Escoamento monofásico - escoamento que ocorre com somente uma fase em fluxo
por uma tubulação, como por exemplo o escoamento de gás ou o escoamento de
líquido (óleo e água, juntos ou separados).

Escoamento multifásico - escoamento que ocorre com mais de uma fase presente:
uma fase líquida (óleo e água) e outra gasosa.
101
Escorregamento - o líquido e o gás não escoam por uma tubulação com a mesma
velocidade, inclusive o gás costuma ter velocidade maior que a do líquido. Essa
diferença de velocidades entre as fases é denominada escorregamento.

Facilidades de produção - recursos de superfície destinados à separação primária,


tratamento e transferência dos fluidos produzidos pelos poços de petróleo (estações
terrestres de produção ou plantas de processamento instaladas nas unidades
marítimas de produção), incluindo os sistemas de suporte.

Flowline - denominação do trecho horizontal da linha de produção do poço, que


fica deitado no fundo do mar. É a parte estática da linha de fluxo (não sofre esforços
marinhos importantes).

Força inercial - forca existente em um fluxo de fluido pela influência da ação da


inércia.

Força viscosa - forca existente em um fluxo de fluido pela influência da viscosidade


do fluido.

Gradiente de pressão - inclinação da curva do perfil de pressão, ou seja, a relação


entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento deste
trecho.

Hidrocarboneto - composto orgânico formado por carbono e hidrogênio,


constituindo-se como o principal componente do petróleo.

Hold-up - em uma seção transversal de uma tubulação com escoamento multifásico


gás-líquido, parte do espaço é ocupada por líquido e a outra parte por gás. A
fração da área da seção transversal ocupada pela fase líquida é chamada hold-up.

CORPORATIVA
Alta Competência

Massa específica - quantidade de massa de uma substância que ocupa um


determinado volume, ou seja, é uma propriedade física, cujo valor se calcula pela
relação entre certa massa da substância e o volume ocupado por essa massa.

Microscopia - foto microscópica da amostra de uma substância qualquer.

Perda de carga - medida da diferença de pressão entre dois pontos de uma


tubulação, ou seja, é a diferença de pressão entre montante e jusante do
escoamento.

Perfil de pressão - representação gráfica da pressão ao longo de uma tubulação.

Pig - porco, em inglês. Denominação do equipamento de aço e material


sintético (borracha, poliuretano, entre outros), conhecido como raspador de
linha, que é introduzido na tubulação com o objetivo de remover as parafinas
depositadas.

Pressão disponível - energia que o sistema possui para realizar um trabalho.

Pressão hidrostática - pressão exercida em um determinado ponto no interior de


um fluido devido ao peso da coluna de fluido, que é função do peso específico do
fluido e da altura da coluna.

102 Pressão requerida - energia que o sistema requer para ser vencido.

Processamento primário do petróleo - processamento do petróleo efetuado nas


proximidades dos campos produtores, por meio de uma planta de processamento
que tem a finalidade de separar os fluidos produzidos (óleo, gás e água) e efetuar
o tratamento desses fluidos, a fim de adequar óleo e gás aos padrões de envio
para terminais e refinarias, e a água, aos padrões de descarte no meio ambiente ou
reinjeção na rocha-reservatório.

Reservatório - o mesmo que rocha-reservatório.

Rocha-reservatório - denominação dada à rocha sedimentar que contém o petróleo


acumulado nos seus poros, após ter sido gerado a partir de matéria orgânica
depositada junto com os sedimentos. O petróleo gerado pode migrar por diferentes
tipos de rocha, até ser acumulado em uma rocha que é chamada de reservatório,
envolta por outra de baixa porosidade e baixa permeabilidade, que o aprisiona,
chamada de rocha selante.

Riser - denominação do trecho vertical da linha de produção do poço, que se estende


do ponto de toque no solo marinho (aliás, alguns metros antes deste ponto) até o
conector de superfície, na plataforma de produção. É a parte dinâmica da linha de
fluxo, sujeita à ação das resultantes ambientais (ventos, ondas e correntezas).

SGN - Sistema Gerador de Nitrogênio, que consiste em misturar dois sais, o cloreto
de amônio e o nitrito de sódio, que produzem nitrogênio, cloreto de sódio e calor
para derreter a parafina dos dutos de escoamento de petróleo, devido à grande
formação de nitrogênio na reação.

TIAC - Temperatura de Início de Aparecimento de Cristais, ou seja, representa


a temperatura na qual inicia a precipitação dos primeiros cristais de parafina
no petróleo.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

2.6. Bibliografia
OLIVEIRA, Galileu Paulo Henke Alves de. Elevação Natural de Petróleo. Apostila.
Petrobras. Rio de Janeiro: 2004.

THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro:


Interciência, 2001.

103

CORPORATIVA
Alta Competência

2.7. Gabarito
1) Assinale as sentenças com verdadeiro V ou falso F.

a) No escoamento horizontal monofásico:

(F) A pressão aumenta na direção do escoamento.


Justificativa: na verdade, a pressão diminui na direção do escoamento.
Qualquer escoamento de fluido em tubulação gera perda de carga. A
perda de carga é a medida da diferença de pressão entre dois pontos
de uma tubulação, ou seja, é a diferença de pressão entre montante e
jusante do escoamento. De uma maneira geral, as perdas de carga são
influenciadas pela densidade e viscosidade do fluido, comprimento,
diâmetro e rugosidade interna da tubulação e presença de restrições ao
longo do fluxo. No escoamento horizontal monofásico, a principal origem
da diferença de pressão (perda de carga) entre a entrada e a saída da
tubulação é o atrito do fluido com as paredes do duto. Esse atrito diminui
a pressão no sentido do escoamento.
( V ) O gradiente de pressão é constante em qualquer ponto da tubulação.
(F) A componente de fricção da perda de carga aumenta na direção do
104 escoamento.
Justificativa: na verdade, a componente de fricção da perda de carga
diminui na direção do escoamento. A perda de carga por fricção é
promovida pelo atrito entre o fluido e a parede da tubulação. É, portanto,
uma perda de energia devido ao atrito (ou fricção) e é dependente
principalmente da viscosidade do fluido e da velocidade de escoamento.
Quanto mais viscoso é o fluido, mais difícil é deformá-lo ou escoá-lo, e
quanto maior é a velocidade de escoamento, maior é a força de atrito
com a parede da tubulação, logo, maior é a perda de carga. No sentido
inverso, quanto menor é a velocidade de escoamento, menor é a força de
atrito com a parede da tubulação. Ao longo do escoamento horizontal
monofásico não ocorre variação da viscosidade do fluido, mas ocorre
redução de velocidade pela ação da perda de carga, conseqüentemente,
menor será a força de atrito com a parede da tubulação.
( V ) A componente de aceleração é nula na direção do escoamento.

CORPORATIVA
Capítulo 2. Escoamento monofásico e multifásico em dutos

b) No escoamento vertical multifásico ascendente:

( V ) A componente de fricção aumenta na direção do escoamento.


(F) A componente gravitacional aumenta na direção do escoamento.
Justificativa: na verdade, a componente gravitacional diminui na
direção do escoamento vertical multifásico ascendente. A perda de
carga pela ação da gravidade equivale à energia necessária para mover
uma porção de fluido contra a força da gravidade. Esta componente
depende da densidade (ou massa específica) do fluido e é função da
inclinação da tubulação. A perda de carga pela ação da gravidade é
proporcional ao seno do ângulo θ, que é o ângulo de inclinação da
tubulação. Se o ângulo θ for 90º, significando uma tubulação vertical,
a perda de carga por gravidade é a máxima possível. Caso ela seja
horizontal, isto é, ângulo θ = 0, esta componente é nula. No caso do
escoamento vertical multifásico ascendente, à medida que o fluido
caminha na tubulação, no sentido ascendente, ocorre uma redução
da pressão, o que promove liberação do gás que está em solução no
óleo, além de expansão do próprio gás livre. Assim, ocorre redução da
densidade (ou massa específica) média do fluido. Em outras palavras,
como o gás é mais leve que o líquido, o aumento do volume de gás
causa uma redução na densidade média, o que reduz ao longo da
coluna a componente gravitacional da perda de carga.
105
(F) A pressão aumenta na direção do escoamento.
Justificativa: na verdade, a pressão diminui na direção do escoamento.
Qualquer escoamento de fluido em tubulação gera perda de carga. A
perda de carga é a medida da diferença de pressão entre dois pontos
de uma tubulação, ou seja, é a diferença de pressão entre montante e
jusante do escoamento. De uma maneira geral, as perdas de carga são
influenciadas pela densidade e viscosidade do fluido, comprimento,
diâmetro e rugosidade interna da tubulação e presença de restrições
ao longo do fluxo. Mais ainda, no escoamento vertical multifásico
ascendente, a principal origem da diferença de pressão entre a entrada e a
saída da tubulação é a componente gravitacional da perda de carga. Essa
componente é influenciada pela densidade e altura da coluna de fluidos,
logo, a pressão exercida pelo peso da coluna de fluidos será cada vez
menor na direção do escoamento ascendente.
(F) O gradiente de pressão total (gravidade + fricção + aceleração) aumenta na
direção do escoamento.
Justificativa: entre as três componentes da perda de carga (gravidade,
fricção e aceleração) no escoamento vertical multifásico ascendente, a
que mais influencia no diferencial de pressão é a gravitacional. Como essa
componente é influenciada pela densidade e altura da coluna de fluidos, e
como a pressão exercida pelo peso da coluna de fluidos é cada vez menor
na direção do escoamento ascendente, logo, o gradiente de pressão total
(gravidade + fricção + aceleração) diminui na direção do escoamento.

CORPORATIVA
Alta Competência

2) Calcule o gradiente de pressão numa tubulação de 500 m de comprimento, por


onde escoa um fluido com pressão de 70 kgf/cm2 no início e 50 kgf/cm2 no final da
tubulação.

Dados
2 2 2
∆P = 70 kgf/cm - 50 kgf/cm = 20 kgf/cm
∆L = 500m
2 2
∆P 20kgf/cm kgf/cm
Gradiente = = _________ = 0,04 ________
m
∆L 500 m

3) Qual das alternativas abaixo contém dois fatores que contribuem para a formação
de hidratos?

( ) Alta temperatura, alta pressão.

( ) Presença de água, baixa pressão.

( X ) Presença de água, baixa temperatura.

( ) Alta temperatura, baixa pressão.

106 ( ) Alta temperatura, presença de água.

4) Com relação ao uso de pigs de limpeza em linhas de coleta de óleo é correto


afirmar:

( ) Como medida preventiva, são passados pigs nas linhas de todos os poços,
independente da temperatura de escoamento do óleo.
( X ) Pigs são normalmente usados para prevenir tamponamentos por
parafina.
( ) Pigs são normalmente usados para prevenir tamponamentos por hidratos.
( ) Para remover parafina, os pigs de espuma de baixa e média densidade são
mais eficientes do que os pigs rígidos feitos de poliuretano.
( ) Pigs não podem ser passados em linhas com diferentes diâmetros.

CORPORATIVA
Capítulo 3
Elevação
natural

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar as etapas do percurso dos fluidos na elevação


do petróleo;
• Reconhecer os fenômenos dinâmicos da elevação natural.

CORPORATIVA
Alta Competência

108

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

3. Elevação natural

P
ara trazer o petróleo do fundo do poço até a superfície
é necessário dispor de quantidade suficiente de energia.
Quando a pressão do reservatório é suficiente para elevar
o petróleo até a superfície, dizemos que o poço produz por
elevação natural ou por surgência. Nesse caso, o poço é chamado
poço surgente. Neste capítulo vamos conhecer as etapas do
escoamento dos fluidos na elevação do petróleo e os fenômenos
dinâmicos da elevação natural.

3.1. Etapas de escoamento na elevação de petróleo

O caminho percorrido pelos fluidos do petróleo desde a rocha-


reservatório até as facilidades de produção na superfície é dividido
em três etapas distintas: 109

• Fluxo no reservatório, denominada também fluxo no meio


poroso ou recuperação;

• Fluxo no poço, denominada também fluxo na coluna de


produção ou elevação;

• Fluxo na superfície, denominada também fluxo na linha de


produção ou coleta.

CORPORATIVA
Alta Competência

A ilustração a seguir apresenta as três etapas de escoamento na


elevação do petróleo.

Separador

Fluxo na superfície Gás

Líquido

Fluxo no poço

Fluxo no reservatório

110

3.1.1. Fluxo no reservatório

Essa etapa do escoamento corresponde ao fluxo dos fluidos no


interior da rocha-reservatório, através das interligações existentes
entre os poros da rocha. Por esse motivo, essa etapa é denominada
fluxo no meio poroso. A capacidade de fluxo no meio poroso, ou
seja, a vazão de fluidos no reservatório em direção ao interior
do poço depende, entre outros fatores, da permeabilidade da
rocha e do diferencial de pressão entre a pressão estática média
do reservatório (Pe) e a pressão do fundo do poço em fluxo (Pwf).
Vejamos isso com mais detalhe.

Para poder abrigar os fluidos do petróleo uma rocha-reservatório


deve conter espaços vazios no seu interior, o que é denominado
porosidade. Esses espaços vazios devem estar interconectados para
permitir o escoamento desses fluidos para o interior do poço, o que
é denominado permeabilidade.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

A ilustração a seguir mostra uma microscopia de uma rocha-


reservatório.

Grãos Poros

111
De uma maneira geral, a rocha-reservatório é composta de grãos
ligados uns aos outros por um material chamado cimento, e contém
também outro material muito fino, entre os grãos, chamado matriz.

O volume total da rocha-reservatório é a soma do volume dos


materiais sólidos (grãos, cimento e matriz) com o volume dos espaços
vazios existentes entre eles.

A porosidade é a relação entre o volume desses espaços vazios


(volume de poros) e o volume total da rocha, dividindo-se o primeiro
pelo último.

CORPORATIVA
Alta Competência

ATENÇÃO

A porosidade de uma rocha é definida pela fórmula


a seguir:

Vp
Ф = ____
Vt

Onde:

Φ = porosidade;

Vp = volume poroso;

Vt = volume total da rocha.

112 A capacidade de uma rocha em permitir o fluxo de fluidos no seu


interior é chamada de permeabilidade. Quanto mais estreitos e
tortuosos os canais porosos, maior a dificuldade dos fluidos se
moverem, caracterizando-se como uma rocha de baixa permeabilidade.
Ao contrário, poros maiores e melhor conectados oferecem menor
resistência ao fluxo dos fluidos, caracterizando-se como uma rocha
de alta permeabilidade.

? VOCÊ SABIA?
A unidade de medida da permeabilidade (k) é o darcy,
em homenagem ao engenheiro francês Henry D’Arcy
(1803-1858), que formulou a equação de deslocamento
de fluidos em meios porosos.

Por definição, um darcy é a permeabilidade de uma


rocha, na qual um gradiente de pressão de 1 atm/
cm promove a vazão de 1 cm3/s de um fluido de
viscosidade 1 centipoise, através de 1 cm2 de área
aberta ao fluxo.

Centipoise é um centésimo do poise, unidade de


medida de viscosidade igual a 1 dina-segundo/cm2.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

Na rocha-reservatório, os fluidos se deslocam dos limites do raio de


drenagem até o interior do poço. O raio de drenagem é a região ao
redor do fundo do poço, onde existe efetivamente fluxo de fluidos
para o poço em questão. Esse fluxo ocorre normalmente no sentido
radial, conforme demonstrado na ilustração a seguir.

Separador

Fluxo na superfície Gás

Líquido

Fluxo no poço
Fundo do poço

Fluxo no reservatório

Pe Pw f Pe 113

Raio de drenagem
Raio de drenagem

Como dissemos, a vazão do fluido no reservatório em direção ao


interior do poço depende, entre outros fatores, da permeabilidade
da rocha e do diferencial de pressão entre a pressão estática média
do reservatório (Pe) e a pressão do fundo do poço em fluxo (Pwf).

Como a pressão estática do reservatório (Pe) cai muito pouco ao


longo dos anos, ela pode ser considerada invariável, principalmente
nas regiões que ficam além dos limites do raio de drenagem.

CORPORATIVA
Alta Competência

Logicamente, se a pressão no fundo do poço for igual à pressão


estática do reservatório, não haverá possibilidade de escoamento
de fluidos para o poço, por estarem equalizadas as pressões.
Entretanto, se houver um diferencial de pressão entre a pressão
estática do reservatório (Pe) e a pressão no fundo do poço, a vazão
de escoamento no meio poroso será tanto maior quanto maior for
esse diferencial de pressão. A pressão no fundo do poço, quando
existe vazão ou produção de fluidos, é chamada pressão do fundo
do poço em fluxo (Pwf).

Distribuição de pressões no reservatório

Estando o poço em produção, o diferencial de pressão entre Pe e Pwf


promove um gradiente de pressão no meio poroso, entre os limites
do raio de drenagem e o interior do poço.

114 A ilustração a seguir mostra esquematicamente a distribuição de


pressões no reservatório, com o poço produzindo em condições
estabilizadas a uma vazão constante, em que as pressões vão
reduzindo do limite do raio de drenagem ao interior do poço.

Pe
Pressão

Pwf

Raio de drenagem re

O fundo do poço e o índice de produtividade (IP)

A capacidade de fluxo do poço, ou seu potencial de vazão no nível do


reservatório, é medido pelo seu índice de produtividade (IP).

O índice de produtividade (IP) é, portanto, a capacidade de fluxo do


poço, definido por:

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

Q
IP = _________
Pe - Pwf

Onde:

IP = índice de produtividade;

Q = vazão do fluido no meio poroso em direção ao fundo do poço;

Pe = pressão estática do reservatório;

Pwf = pressão do fundo do poço em fluxo.

Exemplo: qual o índice de produtividade de um poço (em m3/d/kgf/


cm2) que produz com uma vazão de 600 m3/d e pressão de fluxo no 115
fundo de 350 kgf/cm2, de um reservatório com pressão estática de
370 kgf/cm2?

Solução:

Q 600 m3/d
IP = _________ = ____________ = 30m3/d/kgf/cm2
Pe - Pwf 20 kgf/cm2

Para calcular o valor de IP, é necessário obter os valores de vazão (Q)


e de pressões (Pe e Pwf). Para isso, efetua-se um teste de produção
do poço com vazão constante na superfície (Q), medindo-se a
correspondente pressão de fluxo no fundo (Pwf) através da descida
de registradores de fundo ou pelo PDG, se este estiver instalado.

Terminado o teste, o poço é fechado e, após estabilização, mede-se


a pressão no fundo, agora estático, sem fluxo, que corresponderá à
pressão estática (média) do reservatório (Pe).

Como a variação da pressão do reservatório é muito lenta com o


tempo, pode-se afirmar que o índice de produtividade permanece
constante ao longo desse tempo.

CORPORATIVA
Alta Competência

Assim, quanto mais se reduz o valor de Pwf, com os recursos


operacionais de superfície, maior será o diferencial de pressão sobre
o meio poroso e maior será a vazão de líquido do reservatório para o
fundo do poço (Q), mantendo-se o mesmo IP.

3.1.2. Fluxo no poço

Essa etapa do escoamento corresponde ao fluxo dos fluidos na


tubulação do poço, ou seja, na coluna de produção, que vai do fundo
à cabeça do poço, seja ela submarina ou de superfície, conforme
destacado na ilustração a seguir.

Separador

Fluxo na superfície Gás

Pcab
Líquido

116

Fluxo no poço

Fluxo no reservatório

Pwf

A vazão de fluidos na coluna de produção do poço depende,


entre outros fatores, das perdas de carga ao longo da coluna e
do diferencial de pressão entre a pressão do fundo do poço em
fluxo (Pwf) e a pressão na cabeça do poço (Pcab). Havendo um
diferencial de pressão entre a pressão do fundo do poço em fluxo
(Pwf) e a pressão na cabeça do poço (Pcab), a vazão de escoamento
na coluna de produção será tanto maior quanto maior for este
diferencial de pressão.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

O sentido do fluxo nos diversos trechos da coluna de produção


depende da trajetória do poço (poço vertical, direcional ou
horizontal).

Tipos de poços quanto à trajetória

A trajetória de perfuração do poço é decidida em função da localização


do ponto do reservatório a ser atingido, de acordo com a localização
da sonda de perfuração ou da plataforma marítima de produção
que vai receber os fluidos daquele poço. Os tipos de trajetória mais
comuns definem o poço como vertical, direcional ou horizontal (ver
ilustração a seguir).

117

Horizontal

Vertical Direcional
Tipos de poços quanto à trajetória

Poço vertical

No poço vertical, a perfuração é realizada inteiramente no


sentido vertical, permitindo-se um limite máximo de 5 graus
de inclinação para evitar o afastamento do objetivo desejado
e as dificuldades causadas por uma trajetória tortuosa, como
desgaste e prisão de equipamentos.

CORPORATIVA
Alta Competência

Poço direcional

No poço direcional, a perfuração é desviada da vertical para atingir


os objetivos que não se encontram exatamente abaixo da sonda
de perfuração. Isso é feito por meio de equipamentos que forçam
o desvio da perfuração e instrumentos que registram a direção e a
inclinação do poço.

A grande maioria dos poços direcionais é perfurada utilizando-se


uma sonda de perfuração localizada na própria plataforma marítima
de produção. Isso se dá pela necessidade de perfurar vários poços a
partir de um mesmo ponto ou por outros motivos, como:

• Desviar poços que tiveram trechos perdidos por prisão de


equipamentos;

118 • Desviar poços de domos salinos ou de falhas geológicas;

• Servir de poço de alívio para controle de poço em blow-out, ou


seja, que está com a produção descontrolada pelo rompimento
dos equipamentos de segurança de superfície.

Poço horizontal

O poço horizontal é um tipo particular de poço direcional que


possui um trecho reto horizontal dentro da formação produtora
com a finalidade de aumentar a área de drenagem no reservatório.
Em conseqüência, aumenta também a produtividade do poço e a
recuperação final de hidrocarbonetos.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

Vejamos agora um quadro resumindo a tipificação dos poços quanto


à trajetória:

Tipo de poço Característica

Poço vertical Perfurado na vertical, com máximo de 5 graus de inclinação.

Apresenta desvio da perfuração vertical para superar


obstáculos geológicos, obstruções por retenção de
Poço direcional equipamentos, alcançar objetivos afastados da direção
da sonda de perfuração ou para criar poços de alívio em
situações de produção descontrolada.

Possui trecho reto horizontal que aumenta a área de


Poço horizontal
drenagem e a produtividade do reservatório.

Importante!
Em poços verticais, o sentido do fluxo é todo vertical. 119
Nos poços direcionais (desviados), acrescentam-se
trechos inclinados e nos poços horizontais acrescen-
tam-se trechos inclinados e horizontais.

3.1.3. Fluxo na superfície

Essa etapa do escoamento corresponde ao fluxo dos fluidos na


tubulação de superfície, que vai da cabeça do poço, seja ela submarina
ou de superfície, até o primeiro separador de produção, conforme
destacado na ilustração a seguir.

CORPORATIVA
Alta Competência

Separador

Fluxo na superfície Gás

Pcab Psep Líquido

Fluxo no poço

Fluxo no reservatório

120 A vazão de fluidos na tubulação de superfície depende, entre outros


fatores, das perdas de carga ao longo da tubulação e do diferencial
de pressão entre a pressão na cabeça do poço (Pcab) e a pressão de
separação no primeiro separador de produção (Psep). Havendo um
diferencial de pressão entre a pressão na cabeça do poço (Pcab) e a
pressão de separação no primeiro separador de produção (Psep), a
vazão de escoamento na tubulação de superfície será tanto maior
quanto maior for esse diferencial de pressão.

O sentido do fluxo depende do tipo de interligação do poço às


facilidades de produção (interligação convencional, direta ou
indireta).

Tipos de interligação do poço na superfície

A interligação da cabeça do poço às facilidades de produção leva


em conta:

• A localização dos campos de petróleo (marítimos ou


terrestres);

• O tipo de árvore de natal (convencional-seca ou submarina-


molhada);

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

• A locação das facilidades de produção (estações terrestres,


plataformas marítimas fixas ou flutuantes).

A ilustração a seguir mostra os três principais tipos de interligação de


poço na superfície.

Interligação indireta
Interligação direta

Manifold de produção

Interligação convencional

Poço Poço Poço


Tipos de interligação de poço na superfície 121
Interligação convencional

Nos poços com interligação convencional, a cabeça do poço é


instalada no deck da plataforma marítima de produção do tipo
jaqueta (plataforma fixa), que é a estrutura de aço cravada no fundo
do mar, sobre a qual são instaladas as facilidades de produção.
Nestes casos, a cabeça do poço é equipada com a árvore de natal
convencional (ANC) seca e a etapa de escoamento dos fluidos na
superfície compreende somente alguns metros de tubulação no
deck da plataforma fixa, devido à grande proximidade da cabeça do
poço com o primeiro separador de produção.

CORPORATIVA
Alta Competência

Interligação direta

Nos poços de interligação direta, a cabeça do poço é instalada no


fundo do mar (nos campos marítimos) ou na superfície terrestre (nos
campos terrestres) e interligada individualmente às facilidades de
produção, sem que haja nenhum ponto de convergência de vários
poços antes de chegarem às facilidades de produção. Nesses casos, a
cabeça do poço é equipada com a árvore de natal molhada (ANM) nos
campos marítimos e com a árvore de natal convencional (ANC) seca
nos campos terrestres. O escoamento dos fluidos segue basicamente
um sentido horizontal, seguindo as ondulações do solo marinho ou da
superfície terrestre. Nos campos marítimos, parte do escoamento se
dá no sentido vertical, do fundo do mar à plataforma de produção.

Interligação indireta

122 Nos poços de interligação indireta, a cabeça do poço é também


instalada no fundo do mar (nos campos marítimos) ou na superfície
terrestre (nos campos terrestres), mas interligada indiretamente
às facilidades de produção por meio de um manifold de produção,
que é o equipamento de convergência de dois ou mais poços antes
de chegarem ao primeiro separador de produção, instalado com a
finalidade de reduzir os custos com o lançamento de quilômetros
de tubulação. Nesses casos, a cabeça do poço é também equipada
com a árvore de natal molhada (ANM) nos campos marítimos e com
a árvore de natal convencional (ANC) seca nos campos terrestres.
O escoamento dos fluidos também segue basicamente um sentido
horizontal, seguindo as ondulações do solo marinho ou da superfície
terrestre, sendo que a partir do manifold de produção vários poços
podem escoar por uma única tubulação até as facilidades de produção.
Nos campos marítimos, parte do escoamento se dá no sentido vertical,
do fundo do mar à plataforma de produção.

3.2. Curva de pressão disponível no reservatório (IPR)

Vimos anteriormente que o índice de produtividade do poço (IP) é a


capacidade de fluxo do poço no meio poroso, definido por:

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

Q
IP = _________
Pe - Pwf

Onde:

IP = índice de produtividade;

Q = vazão dos fluidos no meio poroso em direção ao fundo do


poço;

Pe = pressão estática do reservatório;

Pwf = pressão do fundo do poço em fluxo.

Essa equação pode ser apresentada também da seguinte forma:

Q = IP (Pe - Pwf)
123

Considerando-se que Pe e IP são relativamente constantes, ocorre


que Q é inversamente proporcional à Pwf. Ao se reduzir a pressão
do fundo do poço em fluxo (Pwf), aumentando assim a diferencial de
pressão entre Pe e Pwf (∆P), tem-se um aumento da vazão dos fluidos
no meio poroso em direção ao fundo do poço (Q) e vice-versa.

Essa relação entre a vazão dos fluidos no meio poroso e a pressão


do fundo do poço em fluxo é traduzida por uma curva (ilustração a
seguir) denominada CPD (Curva de Pressão Disponível) ou IPR (Inflow
Performance Relationship).

Pwf
Pressão de fluxo de fundo

IPR

Q
Vazão de líquido
Curva de IPR – modelo linear

CORPORATIVA
Alta Competência

Este modelo linear de IPR (linha reta) é aplicável quando as pressões


no meio poroso estão acima da pressão de saturação do óleo. Quando
essas pressões estão abaixo da pressão de saturação, o gás sai de
solução, aumentando sua saturação, que é o percentual do gás, em
volume, com relação ao volume poroso do reservatório.

Com o aumento da saturação do gás, ocorre o aumento de sua


permeabilidade relativa, o que diminui a permeabilidade relativa ao
óleo. Essa variação da permeabilidade relativa ao óleo com a pressão
faz com que o índice de produtividade do poço também varie com
a pressão, tornando inadequada a representação do fluxo do meio
poroso pelo modelo linear de IPR.

Outros modelos foram desenvolvidos para condições não


adequadamente atendidas pelo modelo linear, como o modelo de
Vogel (1968), para reservatórios de gás em solução, com pressão igual
124 ou abaixo da pressão de saturação.

A ilustração a seguir mostra o modelo de Vogel para reservatórios


de gás em solução com pressão abaixo da pressão de saturação,
considerando somente o fluxo bifásico de óleo e gás.

Pwf
Pressão de fluxo de fundo

IPR

Vazão de líquido Q

Curva de IPR – modelo de Vogel

Observa-se, na curva, que se desejarmos aumentar a vazão do poço


no reservatório, é necessário reduzir a pressão de fluxo de fundo
(efeito inversamente proporcional). Isso significa que se chegaria à
vazão máxima do poço caso fosse possível reduzir para zero a pressão
de fluxo de fundo.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

3.3. Curva de pressão requerida no poço (TPR)

Para que os fluidos cheguem até a cabeça do poço na superfície


é necessário que a pressão de fluxo no fundo seja suficiente para
vencer: a coluna hidrostática do fluido na coluna de produção, as
perdas de carga ao longo da coluna e a pressão na cabeça do poço
necessária para escoar os fluidos até as facilidades de produção.

Como o peso da coluna hidrostática é função da densidade do


fluido e da altura da coluna de fluido, podemos deduzir que ele é
influenciado pelo percentual de água sobre o volume bruto da fase
líquida (BSW), pela razão gás-óleo (RGO) e pela razão de solubilidade
(Rs) do fluido. Quanto maior for o BSW, menor a RGO e menor o Rs,
maior será o peso da coluna de fluido, e vice-versa.

A ilustração a seguir apresenta o perfil de pressão, que é a


representação gráfica da pressão ao longo da coluna de produção, 125
mostrando o gradiente hidrostático e o gradiente dinâmico de
um poço, onde Ph é a pressão hidrostática no fundo do poço
(considerando o poço em estática, sem fluxo), Pwf é a pressão
no fundo do poço em fluxo (considerando o poço em dinâmica,
em produção) e Pcab a pressão da cabeça do poço. A ilustração
considera um fluxo monofásico de líquido, para efeito didático,
mas reproduz muito bem um poço com alto teor de água e baixa
razão gás-líquido.

Pcab

Gradiente dinâmico com Pcab > 0


Profundidade

Gradiente dinâmico com Pcab = 0

Gradiente hidrostático

Ph Pwf P
Pressão

Perdas
de carga

Perfil de pressão para fluxo


monofásico de líquido

CORPORATIVA
Alta Competência

O gradiente de pressão é a inclinação da curva do perfil de pressão,


ou seja, a relação entre a variação da pressão para um trecho
de tubulação e o comprimento desse trecho. No caso de fluidos
contidos na coluna de produção de um poço, este gradiente pode
ser hidrostático ou dinâmico.

O gradiente hidrostático considera o poço sem fluxo (estático). Esse


gradiente depende somente da densidade do fluido e da altura da
coluna ocupada por esse fluido.

O gradiente dinâmico considera o poço em fluxo (dinâmico). Esse


gradiente, além da densidade do fluido e da altura da coluna,
depende também das perdas de carga existentes ao longo da coluna
de produção.

As perdas de carga ocorrem quando existe movimentação do


126 fluido. Adicionando essas perdas à curva de gradiente hidrostático,
tem-se a curva de gradiente dinâmico, conforme representado na
ilustração anterior.

Podemos deduzir que para os fluidos chegarem até a cabeça do poço


na superfície, é necessário que a pressão no fundo do poço em fluxo
(Pwf) seja maior que o somatório da pressão hidrostática do fluido,
as perdas de carga durante o fluxo do fluido pela coluna de produção
e a pressão da cabeça do poço. Ao aumentar-se a pressão do fundo
do poço em fluxo (Pwf), aumentando assim a diferencial de pressão
entre Pwf e Pcab (∆P), tem-se um aumento da vazão dos fluidos na
coluna de produção em direção à cabeça do poço (Q) e vice-versa.

Essa relação entre a vazão dos fluidos na coluna de produção e


a pressão do fundo do poço em fluxo é traduzida por uma curva
(ilustração a seguir) denominada CPR (Curva de Pressão Requerida)
ou TPR (Tubing Performance Relationship).

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

Pwf

Pressão de fluxo de fundo


TPR

Q
Vazão de líquido

Curva de TPR

Observa-se na curva que se desejarmos aumentar a vazão do poço


na coluna de produção, é necessário aumentar a pressão de fluxo de
fundo (efeito diretamente proporcional).

3.4. Equilíbrio poço-reservatório


127

Quando o poço está em fluxo, ocorrem solicitações opostas no fundo


do poço. Deseja-se reduzir a Pwf para aumentar a vazão no meio
poroso, mas é necessário aumentar a Pwf para aumentar a vazão
na coluna de produção. A ilustração a seguir demonstra que há um
ponto de equilíbrio que satisfaz as duas solicitações. Há, no ponto de
cruzamento das duas curvas (IPR e TPR), uma vazão e uma pressão de
fluxo de fundo que representam o equilíbrio poço-reservatório.
Pressão de fluxo de fundo

Ponto de equilíbrio
IPR

Pwf TPR

Q
Vazão de líquido

Vazão e pressão de fundo para o


equilíbrio poço-reservatório

CORPORATIVA
Alta Competência

3.5. Exercícios
1) Correlacione as etapas de escoamento dos fluidos na elevação de
petróleo listadas na coluna da esquerda com as características que
lhes são correspondentes na coluna da direita:
(1) Fluxo no reservatório ( ) Compreende o fluxo do
fluido na tubulação do
poço (fluxo na coluna
de produção), que vai
do fundo do poço à
cabeça de produção,
seja ela submarina ou de
superfície.
(2) Fluxo no poço ( ) Compreende o fluxo
do fluido no interior da
rocha-reservatório (fluxo
128 no meio poroso), onde
ocorre o deslocamento
do fluido dos limites do
raio de drenagem até o
interior do poço.
(3) Fluxo na superfície ( ) Compreende o fluxo
do fluido na tubulação
de superfície (fluxo
na superfície), que vai
da cabeça do poço ao
primeiro separador de
produção.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

2) Assinale as sentenças com verdadeiro V ou falso F.

( ) O gradiente hidrostático é a curva de pressão por profundi-


dade, considerando o poço sem fluxo (estático), enquanto o
gradiente dinâmico é a curva de pressão por profundidade,
considerando o poço em fluxo (dinâmico).

( ) O gradiente dinâmico, além da densidade do fluido e da


altura da coluna, depende também das perdas de carga ao
longo da coluna de produção.

( ) A curva de pressão disponível depende da pressão hidrostá-


tica do fluido, das perdas de carga durante o fluxo do fluido
pela coluna de produção e da pressão da cabeça do poço.

( ) Deseja-se reduzir a Pwf para aumentar a vazão no meio po-


roso, mas é necessário aumentar a Pwf para aumentar a va-
zão na coluna de produção.

( ) BSW e RGO não interferem na curva de pressão requerida 129


na coluna de produção.

3) Qual a vazão de líquido possível de um poço (em m3/d), que possui


um índice de produtividade de 15 m3/d/kgf/cm2 e pressão de fluxo no
fundo de 200 kgf/cm2, de um reservatório com pressão estática de
210 kgf/cm2?

CORPORATIVA
Alta Competência

3.6. Glossário
Árvore de natal - a árvore de natal é um dos equipamentos da cabeça do poço,
constituído por um conjunto de válvulas, que permite bloquear ou direcionar o
fluxo, por meio do acionamento coordenado de suas válvulas.

Árvore de natal convencional (ANC) - equipamento instalado na cabeça do poço na


superfície, constituído por um conjunto de válvulas tipo gaveta (com acionamento
hidráulico, pneumático e manual), com a finalidade de permitir o fluxo controlado
dos fluidos do poço.

Árvore de natal molhada (ANM) - equipamento instalado na cabeça do poço no


fundo do mar, constituído por um conjunto de válvulas tipo gaveta (mas somente
com acionamento hidráulico remoto ou acionamento mecânico submarino), com a
finalidade de permitir o fluxo controlado dos fluidos do poço.

Blow-out - situação emergencial de produção descontrolada de um poço pelo


rompimento dos equipamentos de segurança de superfície. O blow-out é a
produção do poço para a atmosfera, normalmente seguido de incêndio.

130 BSW (Basic Sediments and Water) - percentual volumétrico de água e sedimentos
presentes no petróleo sobre o volume bruto da fase líquida.

Coluna de produção - conjunto de tubos de aço, enroscados entre si, descido no


poço na fase da completação e que fica posicionado no interior do revestimento
de produção, com a finalidade de direcionar os fluidos produzidos, do fundo do
poço à superfície.

Domos salinos - estruturas de sal presentes na rocha, com pouca extensão horizontal
e maiores extensões verticais (em forma de domos).

Elevação natural - denominação dada à elevação dos fluidos produzidos (óleo, água
e gás) até a cabeça do poço, por meios naturais, quando a pressão do reservatório
ainda é suficiente para elevar estes fluidos até a superfície.

Facilidades de produção - recursos de superfície destinados à separação primária,


tratamento e transferência dos fluidos produzidos pelos poços de petróleo (estações
terrestres de produção ou plantas de processamento instaladas nas unidades
marítimas de produção), incluindo os sistemas de suporte.

Gradiente de pressão - inclinação da curva do perfil de pressão, ou seja, a relação


entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento deste
desse trecho.

Gradiente dinâmico - gradiente de pressão de um fluido em movimento, ou seja, a


relação entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento
deste trecho, considerando o fluido em movimento.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

Gradiente hidrostático - gradiente de pressão de um fluido em repouso, ou seja, a


relação entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento
deste desse trecho, considerando o fluido em repouso.

Hidrocarboneto - composto orgânico formado por carbono e hidrogênio,


constituindo-se como o principal componente do petróleo.

IPR - Inflow Performance Relationship. Curva que traduz a relação entre a vazão dos
fluidos no meio poroso e a pressão do fundo do poço em fluxo.

Jaqueta - estrutura metálica de sustentação das plataformas fixas de produção,


fincadas no fundo do mar. É uma estrutura de aço cravada no fundo do mar, sobre
a qual são instaladas as facilidades de produção (ou plataforma de produção).
Nesse caso, a plataforma de produção é chamada plataforma fixa.

Manifold de produção - estrutura composta de tubulações e válvulas, com


a finalidade de receber as linhas de produção de vários poços e direcioná-los,
coletivamente, ao separador de produção. É um equipamento de convergência
de dois ou mais poços antes de chegarem ao primeiro separador de produção,
instalado com a finalidade de reduzir os custos, evitando o lançamento de
quilômetros de tubulação.

Microscopia - foto microscópica da amostra de uma substância qualquer.


131

PDG (Permanent Downhole Gauge) - sensor permanente de fundo, instalado no


fundo do poço, na cauda da coluna de produção, e cuja finalidade é fazer a leitura
instantânea da pressão e temperatura do fundo do poço.

Perfil de pressão - representação gráfica da pressão ao longo de uma tubulação.

Permeabilidade - capacidade de uma rocha em permitir o fluxo de fluidos no seu


interior. Quanto mais estreitos e tortuosos os canais porosos, maior a dificuldade dos
fluidos se moverem, enquanto que poros maiores e melhor conectados oferecem
menor resistência ao fluxo dos fluidos.

Permeabilidade relativa - quando existe apenas um fluido saturando a rocha, essa


propriedade recebe o nome de permeabilidade absoluta. Porém, como uma rocha-
reservatório contém sempre dois ou mais fluidos, tendo cada um uma capacidade
diferente de se mover no meio poroso, tem-se a permeabilidade efetiva para cada
fluido, que depende das saturações de cada um no meio poroso. A cada valor de
saturação de um fluido corresponde um valor de permeabilidade efetiva àquele
fluido. Por outro lado, dividindo-se os valores de permeabilidade efetiva ao óleo,
ao gás e à água, por um mesmo valor de permeabilidade escolhido como base
(normalmente a permeabilidade absoluta), tem-se a permeabilidade relativa.

Plataforma marítima de produção - unidade marítima de produção de petróleo,


fixa ou flutuante, que efetua a produção do petróleo, processa e transfere o óleo
e o gás produzidos.

CORPORATIVA
Alta Competência

Poço surgente - poço que produz os fluidos do petróleo por elevação natural (ou
por surgência), quando a pressão do reservatório é suficiente para trazer o petróleo
do fundo do poço até a superfície.

Porosidade - relação entre o volume dos espaços vazios de uma rocha (volume de
poros) e o volume total da rocha, dividindo-se o primeiro pelo último.

Pressão de saturação - pressão na qual se inicia a liberação do gás da fase líquida


(também conhecida como ponto de bolha). Para pressões menores que a de
saturação, há uma contínua liberação de gás, até que na pressão atmosférica o
óleo é dito morto.

Pressão hidrostática - pressão exercida em um determinado ponto no interior de


um fluido devido ao peso da coluna de fluido, que é função do peso específico do
fluido e da altura da coluna.

Pressão requerida - energia que o sistema requer para ser vencido.

Raio de drenagem - região ao redor do fundo do poço, onde existe efetivamente


fluxo de fluidos para o poço em questão.

132 Razão de solubilidade (Rs) - expressa a quantidade de gás presente no líquido a


uma certa condição de pressão e temperatura. Durante a elevação, o gás começa a
ser liberado da fase líquida somente quando a pressão, ao ser reduzida, ultrapassa
a pressão de saturação. A partir deste desse ponto, o volume de gás liberado vai
aumentando, enquanto o volume de gás ainda dissolvido no óleo vai diminuindo.

Razão gás-óleo (RGO) - razão entre o volume total de gás e o volume de óleo
produzido, nas condições atmosféricas, ou seja, na superfície. A razão gás-óleo é o
parâmetro que indica a quantidade total de gás que contém certa quantidade de
óleo. Uma razão gás-óleo elevada pode indicar que a fração de componentes mais
voláteis na mistura líquida do reservatório é elevada. É importante conhecer a RGO
do fluido, pois a densidade deste será tanto menor quanto maior for a RGO, o que
ajudará no processo de elevação do fluido pela coluna de produção.

Registradores de fundo - equipamentos de medição e registro de pressão e


temperatura dos fluidos do petróleo no fundo do poço. Esses equipamentos são
descidos pelo interior da coluna de produção por meio de operações com arame
(wire-line) e podem registrar pressões e temperaturas tanto no fundo como ao
longo da coluna de produção.

Reservatório - o mesmo que rocha-reservatório.

Rocha-reservatório - denominação dada à rocha sedimentar que contém o petróleo


acumulado nos seus poros, após ter sido gerado a partir de matéria orgânica
depositada junto com os sedimentos. O petróleo gerado pode migrar por diferentes
tipos de rocha, até ser acumulado em uma rocha que é chamada de reservatório,
envolta por outra de baixa porosidade e baixa permeabilidade, que o aprisiona,
chamada de rocha selante.

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

Saturação - além de hidrocarbonetos, os poros de uma rocha-reservatório contêm


água, não sendo possível estabelecer as quantidades de óleo e gás contidos no
reservatório como sendo o próprio volume poroso. Por isso, é necessário estabelecer
o percentual do volume poroso que é ocupado por cada fluido. Esses percentuais
são chamados de saturação. Assim sendo, a saturação de óleo é o volume de óleo
dividido pelo volume poroso (em percentual), idem para a saturação de gás e para
a saturação de água. A soma das três saturações é igual a 1.

Separador de produção - equipamento (vaso) instalado na planta de


processamento de petróleo, com a finalidade de separar os fluidos produzidos
(óleo, gás e água).

Sonda de perfuração - unidade de perfuração de poços de petróleo em campos


terrestres ou marítimos.

TPR - Tubing Performance Relationship. Curva que traduz a relação entre a vazão dos
fluidos na coluna de produção e a pressão do fundo do poço em fluxo.

133

CORPORATIVA
Alta Competência

3.7. Bibliografia
OLIVEIRA, Galileu Paulo Henke Alves de. Elevação Natural de Petróleo. Apostila.
Petrobras. Rio de Janeiro: 2004.

THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro:


Interciência, 2001.

134

CORPORATIVA
Capítulo 3. Elevação natural

3.8. Gabarito
1) Correlacione as etapas de escoamento dos fluidos na elevação de petróleo
listadas na coluna da esquerda com as características que lhes são correspondentes
na coluna da direita:

(1) Fluxo no reservatório (2) Compreende o fluxo do fluido na


tubulação do poço (fluxo na coluna de
produção), que vai do fundo do poço à
cabeça de produção, seja ela submarina
ou de superfície.
(2) Fluxo no poço (1) Compreende o fluxo do fluido no interior
da rocha-reservatório (fluxo no meio
poroso), onde ocorre o deslocamento do
fluido dos limites do raio de drenagem
até o interior do poço.
(3) Fluxo na superfície (3) Compreende o fluxo do fluido na tubulação
de superfície (fluxo na superfície), que vai
da cabeça do poço ao primeiro separador
de produção.
135

CORPORATIVA
Alta Competência

2) Assinale as sentenças com verdadeiro V ou falso F.

( V ) O gradiente hidrostático é a curva de pressão por profundidade,


considerando o poço sem fluxo (estático), enquanto o gradiente dinâmico
é a curva de pressão por profundidade, considerando o poço em fluxo
(dinâmico).

( V ) O gradiente dinâmico, além da densidade do fluido e da altura da coluna,


depende também das perdas de carga ao longo da coluna de produção.

(F) A curva de pressão disponível depende da pressão hidrostática do fluido,


das perdas de carga durante o fluxo do fluido pela coluna de produção e
da pressão da cabeça do poço.
Justificativa: a curva de pressão disponível (IPR) traduz a relação entre a
vazão dos fluidos no meio poroso (Q) e a pressão do fundo do poço em
fluxo (Pwf). Ela é influenciada pelas propriedades da rocha-reservatório e
pelo diferencial de pressão entre a pressão estática do reservatório (Pe) e
a pressão do fundo do poço em fluxo (Pwf). A curva de pressão requerida
na coluna de produção do poço (TPR), esta sim, depende da pressão
hidrostática do fluido, das perdas de carga durante o fluxo do fluido pela
coluna de produção e da pressão da cabeça do poço.
( V ) Deseja-se reduzir a Pwf para aumentar a vazão no meio poroso, mas
136 é necessário aumentar a Pwf para aumentar a vazão na coluna de
produção.

(F) BSW e RGO não interferem na curva de pressão requerida na coluna de


produção.
Justificativa: a curva de pressão requerida na coluna de produção do poço
(TPR) é influenciada pela pressão hidrostática do fluido, perdas de carga
durante o fluxo do fluido pela coluna de produção e pressão da cabeça do
poço. Como o peso da coluna hidrostática é função da densidade do fluido
e da altura da coluna de fluido, podemos deduzir que a curva de pressão
requerida na coluna de produção é influenciada pelo percentual de água
sobre o volume bruto da fase líquida (BSW), pela razão gás-óleo (RGO) e
pela razão de solubilidade (Rs) do fluido. Sendo assim, quanto maior for
o BSW, menor a RGO e menor o Rs, maior será o peso da coluna de fluido
e vice-versa.

3) Qual a vazão de líquido possível de um poço (em m3/d), que possui um índice de
produtividade de 15 m3/d/kgf/cm2 e pressão de fluxo no fundo de 200 kgf/cm2, de
um reservatório com pressão estática de 210 kgf/cm2?

Q
Solução: IP = _________ Q = IP (Pe - Pwf) = 15(210 - 200) Q= 150m3/d
Pe - Pwf

CORPORATIVA
Capítulo 4
Elevação
artificial

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Distinguir os métodos de elevação artificial de petróleo;


• Identificar os principais equipamentos de superfície e de
subsuperfície de cada método de elevação artificial
de petróleo.

CORPORATIVA
Alta Competência

138

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

4. Elevação artificial

Q
uando a pressão do reservatório é suficiente para elevar o
petróleo até a superfície, dizemos que o poço produz por
elevação natural ou por surgência. Nesse caso, o poço é
chamado poço surgente. Quando, porém, a pressão do reservatório
não é suficiente para elevar os fluidos até a superfície, é necessário
utilizar meios artificiais para essa finalidade. Esses recursos são
empregados quando a produção por surgência, durante certo tempo,
promover o declínio da pressão do reservatório, ou quando a vazão
do poço estiver abaixo de seu potencial de produção, necessitando
de um suplemento de energia.

A seguir, veremos os métodos de elevação artificial mais utilizados no


mundo, a saber:
139
• Gas-lift contínuo e intermitente (GLC e GLI);

• Bombeio centrífugo submerso (BCS);

• Bombeio mecânico com hastes (BM);

• Bombeio por cavidades progressivas (BCP);

• Bombeio hidráulico a jato (BHJ).

4.1. Gas-lift contínuo e intermitente (GLC e GLI)

Gas-lift é um termo em inglês que significa elevar os fluidos do petróleo


utilizando gás. É um método de elevação artificial que utiliza gás
natural pressurizado para elevar os fluidos contidos na coluna de
produção de um poço de petróleo até a superfície.

Existem dois tipos de gas-lift: o gas-lift contínuo e o gas-lift


intermitente.

CORPORATIVA
Alta Competência

• No gas-lift contínuo, efetua-se a injeção contínua de gás


em alta pressão na coluna de produção, com o objetivo de
gaseificar o fluido ali contido, diminuindo, assim, o gradiente
médio de pressão (pela redução da densidade do fluido), com
conseqüente redução da pressão de fluxo do fundo do poço e
aumento de vazão. O controle da injeção do gás na superfície é
feito por um regulador de fluxo (choke).

• No gas-lift intermitente, efetua-se a injeção de gás em


alta pressão na coluna de produção, em ciclos de tempo
determinados, para o deslocamento de golfadas de fluido para
a superfície. O controle da injeção do gás na superfície é feito
por um “intermitor de ciclo” e uma válvula reguladora.

Para entender esse processo, vamos antes conhecer os principais


componentes de um poço de petróleo, aqueles de maior interesse na
140 elevação dos fluidos.

4.1.1. Principais componentes do poço

Os principais componentes do poço, sob o ponto de vista da elevação


dos fluidos, são o revestimento de produção, a coluna de produção,
o packer, o espaço anular e os mandris de gas-lift.

A ilustração a seguir mostra um esquema de poço de petróleo


equipado com revestimento de produção, coluna de produção, packer
e mandris de gas-lift.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

F luidos produzidos
Gás

Coluna de
produção

Revestimento
de produção

Mandril de gas lift


Espaço anular

Packer
Canhoneio

a) Revestimento de produção
141
O revestimento de produção é um conjunto de tubos de aço,
enroscados entre si, descido na fase da perfuração, com a finalidade
de evitar o desmoronamento das paredes do poço, a contaminação
dos lençóis freáticos; sustentar os equipamentos da cabeça e
confinar os fluidos produzidos no interior do poço. Na extremidade
inferior do revestimento de produção, em frente à zona de
óleo de interesse, é realizado o canhoneio, que são perfurações
realizadas na parede de aço do revestimento, utilizando-se cargas
explosivas, com a finalidade de comunicar o interior do poço com
a formação produtora (reservatório) e permitir o fluxo dos fluidos
do reservatório para o poço.

b) Coluna de produção

A coluna de produção é um conjunto de tubos de aço enroscados


entre si, descido no poço na fase da completação e que fica
posicionado no interior do revestimento de produção com a
finalidade de direcionar os fluidos produzidos, do fundo do
poço à superfície. Ao ser descida, a coluna de produção forma o
espaço anular, que é o espaço criado entre ela e o revestimento de
produção, em forma de anel, utilizado para circulação de fluidos,
principalmente na injeção de gás do método de elevação artificial
por gas-lift.

CORPORATIVA
Alta Competência

c) Packer

O packer é um obturador, constituído de cunhas, borrachas e pinos


de cisalhamento, que promove a vedação do espaço anular entre
o revestimento e a coluna de produção, num ponto próximo da
extremidade final da coluna, para não permitir o acesso ao anular
dos fluidos da formação e possibilitar a injeção de gás pelo anular,
para o método de elevação artificial por gas-lift.

d) Mandril de gas-lift

O mandril de gas-lift é um tubo especial da coluna de produção, que


contém uma cavidade (bolsa) interna de assentamento de válvula de
gas-lift e um orifício que permite a passagem do gás do anular para
o interior da coluna, para o método de elevação artificial por gas-lift.
Uma coluna de produção é equipada com mais de um mandril de
142 gas-lift.

4.1.2. Válvulas de gas-lift

As válvulas de gas-lift são válvulas instaladas no interior dos mandris


de gas-lift, em profundidades predeterminadas ao longo da coluna
de produção, com a finalidade de direcionar e controlar o fluxo de
gás do anular para o interior da coluna. A ilustração a seguir mostra
o posicionamento de uma válvula de gas-lift no interior do mandril.

Coluna de
produção

Revestimento
de produção

Mandril de Válvula
gas-lift de gas-lift

Packer
Canhoneio

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

Como podemos observar na ilustração anterior, a válvula de gas-lift


fica alojada dentro do mandril, que é uma seção especial da coluna
de produção (um dos tubos da coluna) fabricada com uma cavidade
interna (uma espécie de bolsa interna), aberta nas extremidades
superior e inferior, dotada de orifício interligando o anular com
o interior da cavidade. Sendo “insertável”, a válvula de gas-lift é
assentada ou retirada dessa bolsa do mandril por meio de unidades de
cabo (wire-line), sem necessidade de retirada da coluna de produção.

Existem três tipos de válvulas de gas-lift (cega, de orifício e calibrada),


com três diferentes modos de atuação (de bloqueio, operadora e de
descarga, respectivamente). A ilustração a seguir mostra a diferença
entre elas.

143
Fole com
Bloqueio
nitrogênio
do orifício
do mandril
Orifício Haste,
esfera
e sede

Válvula de Válvula de
retenção retenção

Cega Orifício Calibrada

• Válvula cega: não possui partes móveis, nem orifício. Essa


válvula é utilizada para bloqueio do orifício do mandril, quando
não se deseja injetar gás na profundidade de instalação do
mandril. O projeto da coluna de produção prevê instalações
de mandris em determinadas profundidades (com válvula
cega) para utilização futura, de acordo com as mudanças nas
condições de produção previstas para o poço.

CORPORATIVA
Alta Competência

• Válvula de orifício: contém um orifício de passagem contínua


do gás do anular para o interior da coluna de produção do
poço e uma válvula de retenção, que não permite o retorno
dos fluidos produzidos da coluna para o anular. Essa válvula
é normalmente destinada ao gas-lift contínuo, como válvula
operadora, responsável pela injeção contínua de gás.

• Válvula calibrada: possui partes móveis, como haste, esfera e


fole carregado com nitrogênio, em uma pressão previamente
calibrada. Uma válvula de retenção não permite o retorno dos
fluidos produzidos da coluna de produção para o anular do
poço. A ilustração a seguir apresenta os principais componentes
da válvula de gas-lift calibrada.

Gaxetas
superiores

144
Fole com N2

Haste e
esfera

Sede

Coluna Gás
de
produção Válvula de
retenção
Gaxetas
inferiores

A válvula de gas-lift calibrada é operada pela pressão do espaço anular.


Quando a pressão do gás do anular aumenta e consegue vencer a
pressão de calibração do fole com nitrogênio, as partes móveis são
deslocadas, fazendo a haste e a esfera se afastarem da sede e o gás
passar pelo orifício para o interior da coluna de produção. No sentido
inverso, quando a pressão do anular reduz a um valor inferior à
pressão de calibração do fole, a válvula é fechada. Essa válvula é
normalmente utilizada em operações de descarga de poço e também
como válvula operadora do gas-lift intermitente.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

4.1.3. Descarga de um poço de gas-lift

Após a completação do poço ou de intervenções durante a sua vida


produtiva, é preciso retirar o fluido de amortecimento da coluna de
produção e do anular para colocar ou retornar o poço à produção.
Esse processo denomina-se “descarregar o poço”, e consiste na injeção
controlada de gás no anular (pelo choke), retornando o fluido de
amortecimento para a superfície. Observe a ilustração a seguir que
demonstra uma descarga de um poço de gas-lift.

Fluidos
Gás de produzidos
injeção

Aberta Fechada Fechada

Aberta Aberta Fechada

Aberta Aberta Aberta 145

A B C
Descarga de um poço de gas-lift

No processo de descarga de poço, todas as válvulas de gas-lift do poço


estão inicialmente abertas, devido à pressão alta de gás que está
sendo injetado e a hidrostática do fluido de amortecimento contido
no anular.

CORPORATIVA
Alta Competência

À medida que o gás é injetado no anular, o líquido vai sendo


transferido do anular para o interior da coluna, e daí para a
superfície, fazendo o nível de líquido do anular abaixar até a
primeira válvula, a superior (A). O gás começa, então, a passar por
essa válvula, gaseificando a coluna deste ponto para cima, com
conseqüente redução do gradiente hidrostático do fluido da coluna,
acima da primeira válvula. Com isso, o diferencial de pressão criado
entre o anular e a coluna faz o nível do anular continuar abaixando,
passando pelas válvulas inferiores também abertas, até o nível do
anular atingir a segunda válvula, a intermediária (B). Passando o gás
agora pelas duas válvulas superiores, aumenta a demanda de gás,
fazendo diminuir a pressão do anular, o que provoca o fechamento
da primeira válvula, a superior (B). Ao atingir a última válvula, a
inferior (C), denominada válvula operadora, todas as válvulas
acima dela estarão fechadas (calibradas cada uma com uma pressão
adequada para aquela profundidade). O poço volta a produzir,
como desejado, utilizando gas-lift contínuo, pela válvula operadora
146 (a inferior), bastando ajustar o choke na superfície.

4.1.4. Gas-lift contínuo (GLC)

O gas-lift contínuo consiste na injeção contínua de gás em alta


pressão na coluna de produção, com o objetivo de gaseificar o
fluido ali contido, diminuindo o gradiente médio de pressão com
conseqüente redução da pressão de fluxo de fundo e aumento
de vazão.

Esse método é indicado para poços com IP acima de 1,0 m3/dia/Kgf/


cm2 e pressão estática suficiente para manter uma coluna estática de
fluido em torno de 50% da profundidade do poço. É necessária uma
válvula com orifício relativamente pequeno para injeção contínua de
gás na coluna de produção.

A análise do gas-lift contínuo segue o mesmo raciocínio de descarga


de poço de gas-lift, demonstrada na ilustração anterior.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

Operando o poço com injeção contínua de gás pela válvula inferior


(operadora), pode ocorrer de, em dado momento, o gradiente
dinâmico da coluna aumentar (com o poço em fluxo), interrompendo
a passagem de gás pela válvula operadora e promovendo redução
de vazão do poço. Com a redução ou interrupção de fluxo de gás no
anular, a pressão do gás aumenta e atinge a pressão de calibração
da primeira válvula calibrada (superior), abrindo essa válvula. Ao
gaseificar e reduzir o gradiente de pressão do fluido contido na
coluna de produção acima deste ponto de injeção de gás, ou o fluido
da coluna retorna ao fluxo normal, fechando em conseqüência a
primeira válvula calibrada, ou a pressão do gás no anular continua
aumentando até alcançar a pressão de calibração da segunda válvula
(de cima para baixo), até retornar à operação normal pela válvula
operadora (inferior).

A ilustração a seguir representa um diagrama de fluxo contínuo com


os gradientes e pressões envolvidos na produção de um poço por
147
gas-lift contínuo.

Pcab

Superfície
Gradiente dinâmico sem gas-lift
Profundidade

Gradiente dinâmico com gas-lift

Ponto de injeção

Prof. válv. operadora

Prof. canhoneio
Pwh Pwf Pressão

IPR
Vazão

Gradiente dinâmico e IPR de um poço com gas-lift contínuo

CORPORATIVA
Alta Competência

Como vimos na ilustração anterior, o método de elevação por gas-


lift atua na curva de gradiente de pressão do poço, deslocando
essa curva pela mudança de ângulo. O objetivo desse processo é
alcançar a vazão ajustada do poço para uma pressão de fluxo na
cabeça, suficiente para o deslocamento do fluido até as facilidades
de produção. O gráfico da ilustração correlaciona o perfil de pressão
do poço e a curva de pressão disponível no reservatório (IPR), que
traduz a relação entre a vazão dos fluidos no meio poroso (Q) e a
pressão do fundo do poço em fluxo (Pwf). Nele, podemos observar
que na melhor vazão no meio poroso (Q), a pressão do fundo do
poço em fluxo (Pwf) não é suficiente para fornecer uma pressão na
cabeça do poço (Pcab) ideal para o deslocamento dos fluidos até as
facilidades de produção. Ao ser gaseificado pelo processo de gas-lift
contínuo, o fluido contido na coluna de produção tem sua densidade
reduzida, ocorrendo mudança do gradiente de pressão acima da
válvula operadora, podendo ser observado pela mudança no ângulo
da curva. O objetivo é alcançar uma pressão de fluxo na cabeça do
148 poço suficiente para o deslocamento desses fluidos até as facilidades
de produção.

Em qualquer sistema de produção existe a busca pela melhor


eficiência. No caso da elevação por gas-lift, existe uma vazão máxima
de líquido possível de ser obtida. Porém, isto se dá à custa de um
grande consumo de gás para gas-lift.

A ilustração a seguir mostra a curva de vazão de líquido produzido


em função da vazão de injeção de gas-lift, onde é traçada uma reta
tangente a essa curva, que é chamada tangente econômica da relação
“vazão de líquido - vazão de gas-lift.

O ponto de toque da tangente econômica com a curva determina


a produção econômica do poço, visando à melhor produção pelo
menor consumo de gás.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

Vazão de Injeção de gás


Tangente econômica

Q
Vazão de líquido
Q máx.
Q ótima

Tangente econômica de um poço com


gas-lift contínuo

4.1.5. Gas-lift intermitente (GLI)

149
O gas-lift intermitente consiste em deslocar golfadas de líquido
da coluna de produção até a superfície, em ciclos de tempo
determinados, pela injeção de gás em alta pressão na base das
golfadas. Esse método é indicado para poços com baixo IP e baixa
pressão estática. Além disso, requer elevadas vazões periódicas de
gás para imprimir velocidade ascendente à golfada, necessitando
de válvulas de gas-lift com maior orifício e abertura rápida.

O controle da injeção do gás na superfície é feito por um “intermitor


de ciclo” e uma válvula reguladora. Isso quer dizer que existe na
superfície um aparelho eletro-pneumático chamado “intermitor de
ciclo”, que funciona como um relógio, onde é ajustado o período de
tempo do ciclo de injeção de gás, como por exemplo, 3 min injetando
gás e 10 min sem injetar gás. O “intermitor de ciclo” envia um sinal
para uma válvula reguladora também na superfície, abrindo-a
no período definido para injeção de gás e fechando-a no período
definido de espera.

CORPORATIVA
Alta Competência

A válvula de gas-lift instalada no mandril de gas-lift, neste caso de gas-


lift intermitente, é uma válvula de gas-lift calibrada, que possui um
fole carregado com nitrogênio, calibrado numa pressão pré-definida.
O ciclo de intermitência (ou tempo de ciclo) é o tempo de duração
entre duas aberturas consecutivas dessa válvula (válvula operadora,
no caso de gas-lift intermitente). Esse tempo pode variar de poucos
minutos até algumas horas, dependendo das características de
profundidade e produtividade do poço.

O tempo de ciclo é dividido em três períodos: alimentação, elevação


da golfada (ou injeção) e redução de pressão.

• Alimentação: nesse período, a válvula reguladora de superfície


(comandada pelo controlador de injeção de gás na superfície ou
“intermitor de ciclo”) e a válvula operadora de fundo (calibrada)
estão fechadas. A válvula de pé, localizada na extremidade
150 inferior da coluna de produção, está aberta, permitindo a entrada
de fluidos do reservatório, que se acumulam acima da válvula
operadora (calibrada) no interior da coluna de produção.

• Elevação da golfada (ou injeção): neste período, a válvula


reguladora de superfície e a válvula operadora de fundo
(calibrada) estão abertas, fazendo o gás entrar na coluna
de produção e deslocar a golfada de líquido em direção à
superfície. Nesse momento, a válvula de pé está fechada, devido
à alta pressão do gás, que está acima da pressão exercida pelo
reservatório.

• Redução de pressão: nesse período, a válvula reguladora de


superfície (comandada pelo “intermitor de ciclo”) está fechada,
cessando a injeção de gás. Pela redução da pressão no anular,
a válvula operadora de fundo (calibrada) é fechada, e pela
redução da pressão na extremidade inferior da coluna, a válvula
de pé é aberta, permitindo a acumulação de uma nova golfada
de líquido.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

4.2. Bombeio centrífugo submerso (BCS)

Bombeio centrífugo submerso (BCS) é um método de elevação


artificial que utiliza uma bomba centrífuga de subsuperfície para
elevar os fluidos produzidos pelo reservatório até a superfície. Nesse
método, a energia elétrica é transmitida ao motor da bomba por
meio de um cabo elétrico.

Indicado inicialmente para poços com alto teor de água, baixa razão
gás-óleo e fluidos de alta viscosidade, esse método foi desenvolvido
e é utilizado hoje também em poços com características diferentes
das citadas.

A ilustração a seguir representa um diagrama de fluxo com os


gradientes e pressões envolvidos na produção de um poço por
bombeio centrífugo submerso.
151
Pcab
Superfície

Gradiente dinâmico sem BCS


Profundidade

Gradiente dinâmico com BCS

Prof. bomba

Prof. canhoneio
Pressão
Vazão

Gradiente dinâmico e IPR de um poço com BCS

CORPORATIVA
Alta Competência

Como vimos na ilustração anterior, o método de elevação por bombeio


centrífugo submerso, ao fornecer energia ao fluido na profundidade
de instalação da bomba, atua na curva de gradiente de pressão do
poço, deslocando essa curva pela mudança de posição (e não pela
mudança de ângulo, como no gas-lift). O objetivo deste processo é
alcançar a vazão ajustada do poço para uma pressão de fluxo na
cabeça suficiente para o deslocamento dos fluidos até as facilidades
de produção.

O gráfico da ilustração correlaciona o perfil de pressão do poço e a


curva de pressão disponível no reservatório (IPR), que traduz a relação
entre a vazão dos fluidos no meio poroso (Q) e a pressão do fundo do
poço em fluxo (Pwf). Nele, podemos observar que na melhor vazão
no meio poroso (Q), a pressão do fundo do poço em fluxo (Pwf) não
é suficiente para fornecer uma pressão na cabeça do poço (Pcab)
ideal para o deslocamento dos fluidos até as facilidades de produção.
A instalação da bomba centrífuga submersa, assim como qualquer
152
método de elevação artificial por meio de instalação de bomba de
fundo, fornece energia de pressão aos fluidos na profundidade de
instalação da bomba, com o objetivo de alcançar uma pressão de
fluxo na cabeça do poço suficiente para o deslocamento desses fluidos
até as facilidades de produção.

A ilustração a seguir mostra os principais equipamentos do bombeio


centrífugo submerso (de superfície e de subsuperfície).

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

BCS
Transformador
Quadros de
comandos
Cabeça de
produção

Mandril da cabeça
de produção

Coluna de produção
Cabo elétrico redondo
Mandril do packer

Bomba de subsuperfície
Revestimento Admissão da bomba (intake)
de produção com separador centrífugo de gás
Selo protetor
Cabo elétrico chato
Motor elétrico
153

Componentes do Bombeio Centrífugo Submerso

4.2.1. Equipamentos de subsuperfície

Os principais equipamentos de subsuperfície de um poço equipado


para produzir com BCS são: bomba, admissão da bomba, selo protetor,
motor elétrico e cabo elétrico.

Bomba: a bomba utilizada nesse método é do tipo centrífuga de


múltiplos estágios, contendo, cada estágio, um impulsor e um difusor.
Preso a um eixo, o impulsor gira a aprox. 3.500 rotações por minuto
e transfere energia cinética ao fluido, aumentando sua velocidade.
O difusor estacionário redireciona o fluido ao impulsor seguinte,
imediatamente acima, reduzindo sua velocidade e transformando a
energia cinética em pressão.

CORPORATIVA
Alta Competência

Admissão da bomba (intake) e separador de gás: a admissão da bomba


(intake), localizada na parte inferior da mesma, é a responsável pelo
abastecimento do primeiro estágio com os fluidos do poço. A admissão
pode ser simples (utilizada quando é pequeno o volume de gás livre
na entrada da bomba) ou dotada de separador de gás (quando há
maiores volumes de gás livre na admissão). O separador de gás pode
ser estacionário (baseado na mudança de sentido de fluxo do fluido e
aplicado para baixas vazões) ou centrífugo (baseado na ação de uma
força centrífuga para a separação do gás e aplicado para altas vazões).
Ao separar o gás livre contido nos fluidos produzidos, o separador de
gás evita o problema de cavitação e bloqueio por gás. No separador
de gás tipo estacionário, o desenho dos furos da admissão é tal
que promove a separação pela mudança brusca de fluxo. No tipo
centrífugo, o gás é separado pela força centrífuga imposta ao fluido.
O óleo é dirigido para a bomba, enquanto o gás se mantém próximo
ao eixo do separador e é canalizado para o espaço anular do poço. O
separador centrífugo utiliza parte da potência do motor e deve ser
154
levado em consideração no seu dimensionamento.

Motor elétrico: o motor elétrico utilizado neste método é do tipo


trifásico, dipolo, de indução, com velocidade constante de 3.500 rpm
e freqüência de 60 Hz, posicionado abaixo da bomba e interligado
a ela através de seu eixo. O motor elétrico consiste de uma carcaça
cilíndrica, dentro da qual são montadas uma parte estacionária
(estator) e uma parte giratória (rotor). O estator é formado por
lâminas de ferro-silício, por onde passa um conjunto de enrolamentos
longitudinais (condutores de cobre), através do qual passa a corrente
primária. O rotor é um eixo seccional de enrolamentos longitudinais,
concêntricos ao estator. O campo elétrico criado pela passagem
de corrente elétrica pelo estator faz o rotor girar. Para suportar as
condições de altas pressões e altas temperaturas por estar imerso
nos fluidos, o motor é preenchido por um óleo especial de origem
mineral de alta resistência dielétrica (condutividade quase nula) e
boa condutividade térmica, que garante o isolamento elétrico, a
lubrificação dos mancais e o resfriamento do motor.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

Selo protetor: o selo protetor é um equipamento dotado de um eixo


e duas luvas de acoplamento, instalado entre o motor e a admissão
da bomba, fazendo a interligação do eixo do motor com o eixo da
bomba. Sua função é interligar a carcaça do motor com a carcaça
da bomba (interligar a bomba ao motor), alojar o mancal axial da
bomba e suportar o esforço axial da bomba, evitar a contaminação do
óleo do motor (prevenindo a entrada de fluido produzido no motor),
permitir expansão volumétrica do óleo do motor (oferecendo espaço
para expansão do óleo do motor devido ao seu aquecimento durante
o funcionamento) e equalizar as pressões, eliminando o diferencial de
pressão sobre seu próprio selo mecânico. O selo protetor apresenta-
se com diferentes configurações e recursos de selagem, em função da
aplicação (bolsas de borracha e labirintos).

Cabo elétrico: o cabo elétrico, trifásico, com condutores de cobre


ou alumínio, transmite energia elétrica da superfície para o motor,
e é instalado no espaço anular, entre a coluna de produção e o
155
revestimento. O dimensionamento do cabo deve resultar numa queda
de tensão menor do que 10 volts para cada 100 metros de cabo.

4.2.2. Equipamentos de superfície

Os principais equipamentos de superfície de um poço equipado para


produzir com BCS são: quadro de comandos, transformador e cabeça
de produção. O suprimento de energia elétrica é feito normalmente
pela rede elétrica pública em campos terrestres e por geradores
próprios em campos marítimos.

Quadro de comandos: o quadro de comandos tem a função de


controlar e operar o conjunto de fundo. Ele possui o compartimento
de média e o de baixa tensão. No compartimento de média tensão
estão os transformadores de corrente, transformadores de controle,
fusíveis de proteção e chave seccionadora. No compartimento
de baixa tensão estão os relés, amperímetro e temporizador
(timer). No quadro de comandos estão também a chave para
ligar ou desligar o motor de fundo, o amperímetro registrador
(registrador de corrente elétrica), importante no monitoramento
do desempenho da bomba, os relés de sobrecarga e subcarga, que
desligam o motor quando a corrente é muito alta ou muito baixa,
e o temporizador, que religa o motor, depois de um certo tempo,
após o desligamento por subcarga.

CORPORATIVA
Alta Competência

Transformador: o transformador converte a tensão da rede elétrica


na tensão nominal do motor. As perdas de tensão ao longo do
cabo elétrico devem ser consideradas no dimensionamento do
transformador.

Cabeça de produção: a cabeça de produção para poço equipado com


BCS é uma cabeça de produção especial, já que é necessário passar o
cabo elétrico por ela. Em poços com baixa pressão no anular (campos
terrestres), é utilizado na cabeça de produção um flange bipartido
com borrachas e placas que apertam as borrachas em volta do cabo
e da coluna de produção, para garantir a vedação. Em poços no
mar, onde são maiores as pressões, é utilizado o mandril da cabeça
de produção, que é um mandril enroscado no tubing hanger, com
condutores elétricos no seu interior e trechos de cabos nas duas
extremidades (pig-tail). O pig-tail superior é conectado ao cabo que
vem do quadro de comandos, e o inferior conectado ao cabo que
vai para o motor. Para permitir que o cabo elétrico passe pelo packer,
156
é também instalado nele o mandril do packer, dotado de pig-tail
superior, onde é conectado o cabo que vem da cabeça de produção,
e o inferior, conectado ao cabo que vai para o motor.

4.3. Bombeio mecânico com hastes (BM)

Bombeio mecânico com hastes (BM) é um método de elevação


artificial que utiliza uma unidade de bombeio na superfície, que
transforma o movimento circular de um motor em movimento
alternativo na velocidade desejada e o transmite a uma coluna de
hastes, que vai movimentar uma bomba alternativa de fundo para
elevar os fluidos produzidos pelo reservatório até a superfície.

Este método de elevação artificial é muito utilizado em poços rasos


terrestres, de médias para baixas vazões. Tem aplicação limitada em
poços com produção de areia, pela abrasão que provoca nas partes
móveis e na camisa da bomba, em poços com alta razão gás-líquido,
pela redução que o gás provoca na eficiência volumétrica da bomba,
e em poços direcionais (desviados), pelo atrito da coluna de hastes
com a coluna de produção, resultando em desgaste e aumento de
carga sobre as hastes.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

Os principais componentes do bombeio mecânico com hastes são:


bomba de subsuperfície, coluna de hastes e unidade de bombeio na
superfície (ver ilustração a seguir).

Contrapeso
BM
Transformador
Balancim
Biela e
manivela Cabeça da UB
Motor Tripé
Quadro de
elétrico
comandos Haste polida
ANC Stuffing box

Base

Coluna de produção
Coluna de hastes

Revestimento de produção
157
Bomba de subsuperfície
Packer

Componentes do bombeio mecânico com hastes

4.3.1. Equipamentos de subsuperfície

Bomba de subsuperfície: a bomba de subsuperfície (ou bomba de


fundo) é do tipo alternativo, de simples efeito, contendo camisa,
pistão, válvula de passeio (no pistão) e válvula de pé (na camisa).
A ilustração a seguir mostra a bomba de subsuperfície do bombeio
mecânico com hastes.

CORPORATIVA
Alta Competência

Coluna de
hastes

Pistão
Camisa

Válvula de
passeio

Válvula
de pé

Bomba de subsuperfície do
bombeio mecânico com hastes

158
O movimento alternativo (ascendente e descendente) é transmitido
pela coluna de hastes à bomba. No curso ascendente, o peso do fluido
que está na coluna de produção, acima da bomba, mantém a válvula
de passeio fechada. O movimento do pistão para cima eleva o fluido
contido na coluna e cria uma baixa pressão na camisa, entre o pistão
e a válvula de pé, fazendo abrir a válvula de pé e o fluido passar do
fundo do poço para dentro da bomba. No curso descendente, o fluido
contido no interior da camisa é comprimido, fechando a válvula de
pé. Como o pistão continua a descer, as pressões acima e abaixo da
válvula de passeio se igualam e esta abre, fazendo passar o fluido para
cima do pistão. Ao retornar ao curso ascendente, a válvula de passeio
é fechada e a válvula de pé é aberta, iniciando-se um novo ciclo.

Coluna de hastes: a coluna de hastes é um conjunto de hastes


interligadas entre si (hastes de aço ou de fibra de vidro) que
transmite à bomba o movimento ascendente e descendente. Com
essa alternância de esforços, com todo o peso do fluido sobre as
hastes no curso ascendente, aliado ao ambiente abrasivo e corrosivo
de trabalho, a coluna de hastes se torna um ponto crítico.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

A seção da coluna de hastes sujeita ao maior esforço de tração é a haste


polida, a primeira haste do topo da coluna. Estão sobre esta primeira
haste o peso da coluna de hastes, o peso do fluido deslocado, a força
de aceleração nas mudanças de curso ascendente e descendente e
a força de fricção (atrito das hastes com o fluido). A haste é polida
para permitir melhor vedação na cabeça do poço, pois é a seção que
continuamente entra e sai do poço. O stuffing box é o equipamento
que faz a vedação da haste polida na cabeça do poço.

4.3.2. Equipamentos de superfície

A unidade de bombeio é a responsável por converter o movimento


rotativo do motor em movimento alternativo na coluna de hastes.
É composta de estrutura, contrapesos, caixa de redução e motor,
entre outros.

A estrutura se compõe de uma base de concreto ou de aço, um 159


tripé formado por três ou quatro perfis de aço: o balancim (que é
uma viga transversal, posicionada sobre o tripé, trabalhando num
movimento de gangorra), a biela e a manivela (posicionadas numa
das extremidades do balancim, transmitindo a ele o movimento
do motor) e a cabeça da UB, posicionada na outra extremidade do
balancim, que suporta e transmite o movimento à coluna de hastes,
por meio de dois cabos de aço (cabresto) e uma barra carreadora.

Os contrapesos são instalados na manivela ou no próprio balancim,


com a finalidade de diminuir a potência requerida do motor durante
o curso ascendente. Sem este recurso, o motor seria exigido de forma
descontínua (muito solicitado no curso ascendente, para elevar a
coluna de hastes e a coluna de fluidos, e sem ser solicitado no curso
descendente, que fica por conta da força da gravidade). Com estes
contrapesos instalados as cargas são distribuídas e o motor tem sua
vida útil prolongada. No curso descendente da coluna de hastes, o
motor fornece energia para elevar os contrapesos que, ao descerem
no curso ascendente da coluna de hastes, diminuem a potência
requerida do motor.

CORPORATIVA
Alta Competência

A caixa de redução reduz a velocidade e aumenta o torque do motor,


já que este opera em alta velocidade e baixo torque, incompatível
com o exigido na coluna de hastes. A redução de velocidade é de
aproximadamente 600 rotações por minuto do motor para 20 ciclos
por minuto na coluna de hastes.

O motor pode ser elétrico ou de combustão interna, a depender


da disponibilidade de energia elétrica. Os motores elétricos são
priorizados, devido ao menor custo, baixo ruído e maior eficiência.

4.4. Bombeio por cavidades progressivas (BCP)

Bombeio por cavidades progressivas (BCP) é um método de elevação


artificial que utiliza uma bomba de cavidades progressivas instalada
no fundo do poço para elevar os fluidos produzidos pelo reservatório
até a superfície. A bomba pode ser acionada da superfície, através
de um motor elétrico, um cabeçote de acionamento (com redutor de
160
velocidade) e uma coluna de hastes, ou acionada no fundo do poço,
por um acionador elétrico ou hidráulico acoplado à bomba.

Os principais componentes do bombeio por cavidades progressivas


são: bomba de subsuperfície, coluna de hastes e equipamentos de
superfície (ver ilustração a seguir):

Transformador
BCP

Haste polida
Quadros de
comando Cabeçote
de acionamento Motor elétrico

Árvore de natal

Coluna de produção
Coluna de hastes

Cavidades
Revestimento de produção
Estator
da bomba
Rotor da
bomba Bomba de subsuperfície

Âncora de gás

Ancorador de torque

Componentes do bombeio por cavidades progressivas

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

4.4.1. Equipamentos de subsuperfície

Bomba de subsuperfície: a bomba de subsuperfície, de deslocamento


positivo helicoidal, instalada na extremidade inferior da coluna de
produção, consta somente de um rotor helicoidal e de um estator,
ou camisa (ver detalhe expandido na ilustração anterior). O rotor, em
forma de espiral macho, é feito de aço com uma camada de cromo
para proteção contra a abrasão. O estator, em forma de espiral
fêmea, com uma espira a mais do que o rotor, é feito normalmente
de elastômero (material macio). As duas peças encaixadas formam
uma série de cavidades, ocupadas pelo fluido, que entra na sucção
da bomba. A rotação do rotor em relação ao estator provoca o
deslocamento dessas cavidades e do fluido ali contido. Existem a
bomba “insertável” e a bomba tubular. A bomba do tipo “insertável”
é acoplada a uma coluna de hastes e descida até um nipple de
assentamento no fundo do poço, instalado previamente na coluna
de produção, onde ela é assentada, sem necessidade de retirada da
161
coluna, ao trocar o conjunto de fundo. A bomba do tipo tubular já
possui o estator enroscado na coluna de tubos e o rotor é descido,
conectado à coluna de hastes.

Coluna de hastes: como o movimento circular é transmitido da


superfície até o fundo por meio de uma coluna de hastes, esta coluna
fica sujeita a uma combinação de esforços (carga axial e torque), com
valores máximos localizados na haste polida. A carga axial corresponde
ao peso da coluna de hastes, mais a carga que atua sobre o rotor,
referente ao diferencial de pressão entre o recalque e a sucção da
bomba. O torque corresponde à resistência da coluna de hastes, mais
o torque hidráulico, que é a energia necessária para deslocar o fluido
com a bomba.

4.4.2. Equipamentos de superfície

Cabeçote de acionamento: o cabeçote de acionamento (instalado


entre o motor e a coluna de hastes) tem a finalidade de transmitir
o movimento de rotação do motor para a coluna de hastes, reduzir
a velocidade do motor para a velocidade de bombeio (por meio de
um redutor de velocidade que aciona a haste na rotação desejada) e
fazer a vedação da coluna de hastes na coluna de produção, através
do stuffing box.

CORPORATIVA
Alta Competência

Motor elétrico: o motor pode ser elétrico ou de combustão interna,


a depender da disponibilidade de energia elétrica. Os motores
elétricos são priorizados, devido ao menor custo, baixo ruído e maior
eficiência. O quadro de comandos contém equipamentos de proteção
para evitar danos ao motor, cabeçote e bomba.

4.5. Bombeio hidráulico a jato (BHJ)

Bombeio hidráulico a jato (BHJ) é um método de elevação artificial


que utiliza uma bomba hidráulica instalada no fundo do poço para
elevar os fluidos produzidos pelo reservatório até a superfície. Um
fluido hidráulico (chamado fluido motriz) é enviado da superfície ao
equipamento de fundo.

Os principais componentes do bombeio hidráulico a jato são: bomba


de subsuperfície, coluna de tubos para o fluido hidráulico e unidade
162 de bombeio na superfície (ver ilustração a seguir).

BHJ
Transformador Sistema de separação e
Quadro tratamento do fluido motriz
de comandos
Bomba alternativa Válvula de 4 vias

Motor elétrico
Árvore de
Petróleo
natal

Coluna de produção

Coluna de tubos
para o fluido motriz

Bomba de subsuperfície

Válvula de pé

Componentes do bombeio hidráulico a jato

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

4.5.1. Equipamentos de subsuperfície

Bomba de subsuperfície: a bomba de subsuperfície é composta apenas


de uma câmara de mistura (que inclui um bocal e uma restrição) e um
difusor. Não possui partes móveis, nem motor. A ilustração a seguir
mostra em detalhe a bomba do bombeio hidráulico a jato.

Fluido motriz
Fluido motriz e petróleo

Difusor

Restrição
Venturi

Bocal

163

Petróleo

Detalhe da bomba do bombeio


hidráulico a jato

Bombeado da superfície, o fluido motriz desce por uma coluna


de tubos e entra com energia de pressão na bomba hidráulica de
fundo, onde se mistura com o petróleo produzido na câmara de
mistura (que se compõe de um bocal e uma restrição tipo venturi).
Ao passarem pela restrição da bomba (onde ocorre a conversão da
pressão do fluido motriz em velocidade), esses fluidos adquirem
maior velocidade e criam, neste ponto, uma região de baixa pressão,
que vai facilitar um novo abastecimento da bomba pelos fluidos da
formação produtora. Finalmente, o difusor transforma a velocidade
dos fluidos, já misturados, em pressão suficiente para o transporte
até a superfície.

CORPORATIVA
Alta Competência

4.5.2. Equipamentos de superfície

Unidade de bombeio: o equipamento de superfície é composto de


unidade de bombeio e quadro de comandos. A unidade de bombeio
contém um sistema de separação e tratamento do fluido motriz e um
conjunto de bomba alternativa e motor elétrico, para bombeamento
deste fluido, por uma coluna de tubos, até o equipamento de fundo. O
quadro de comandos contém equipamentos de comando e proteção
da unidade de bombeio.

164

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

4.6. Exercícios

1) Assinale a alternativa correta:

Um poço de petróleo perde a surgência natural para elevar os


fluidos do reservatório até o separador quando:

( ) A pressão do reservatório é muito alta para conduzir os


fluidos até a superfície.
( ) Aumenta a capacidade de injeção de água no campo.
( ) A pressão do reservatório não é suficiente para elevar os
fluidos até a superfície.
( ) O poço começa a produzir água.
( ) Instala-se um sistema de elevação artificial.

2) Assinale a alternativa correta:

O princípio de operação do gas-lift contínuo baseia-se na: 165


( ) Injeção de gás na coluna de produção para aumentar a
viscosidade do óleo.
( ) Injeção de gás na coluna de produção para diminuir a Razão
Gás Líquido.
( ) Injeção de gás no reservatório para aumentar a pressão do
reservatório.
( ) Injeção de gás na coluna de produção para reduzir a
densidade do fluido a ser elevado.

( ) Na injeção de gás na coluna de produção para aumentar a


perda de carga por atrito.

3) Quais os métodos de elevação artificial de petróleo mais utilizados?

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
_____________________________________________________________

CORPORATIVA
Alta Competência

4) Assinale as sentenças com verdadeiro V ou falso F.

( ) Os principais equipamentos do bombeio centrífugo sub-


merso (BCS) são: bomba centrífuga, motor elétrico e cabo
elétrico.
( ) O bombeio mecânico com hastes (BM) é um método de ele-
vação artificial que utiliza uma bomba centrífuga de subsu-
perfície para elevar os fluidos produzidos pelo reservatório
até a superfície.
( ) Tanto o bombeio mecânico com hastes (BM) quanto o bom-
beio por cavidades progressivas (BCP) utilizam coluna de
hastes para acionar a bomba de fundo.
( ) Tanto o bombeio mecânico com hastes (BM) quanto o
bombeio por cavidades progressivas (BCP) utilizam bomba
de deslocamento positivo para elevar os fluidos até a
superfície.
166 ( ) Bombeio hidráulico a jato (BHJ) é um método de elevação
artificial que utiliza uma coluna de tubos que envia um flui-
do para acionar uma bomba centrífuga instalada no fundo
do poço.

5) Descreva como funcionam os 3 tipos de válvulas de gas-lift.

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
___________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
________________________________________________________________

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

6) Cite 3 equipamentos de subsuperfície do bombeio centrífugo


submerso (BCS).

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
_____________________________________________________________

7) Cite 3 funções do selo protetor do bombeio centrífugo submerso


(BCS).

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
___________________________________________________________
____________________________________________________________
_____________________________________________________________
167
8) Descreva sucintamente como funciona a bomba do bombeio por
cavidades progressivas (BCP).

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
___________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
______________________________________________________________

CORPORATIVA
Alta Competência

4.7. Glossário
Bombeio centrífugo submerso (BCS) - método de elevação artificial que utiliza uma
bomba centrífuga de subsuperfície para elevar os fluidos produzidos pelo reserva-
tório até a superfície. Neste método, a energia elétrica é transmitida ao motor da
bomba por meio de um cabo elétrico.

Bombeio hidráulico a jato (BHJ) - método de elevação artificial que utiliza uma
bomba hidráulica instalada no fundo do poço para elevar os fluidos produzidos
pelo reservatório até a superfície. Um fluido hidráulico (chamado fluido motriz) é
enviado da superfície ao equipamento de fundo.

Bombeio mecânico com hastes (BM) - método de elevação artificial que utiliza uma
unidade de bombeio na superfície, que transforma o movimento circular de um
motor em movimento alternativo na velocidade desejada, e o transmite a uma co-
luna de hastes, que vai movimentar uma bomba alternativa de fundo, para elevar
os fluidos produzidos pelo reservatório até a superfície.

Bombeio por cavidades progressivas (BCP) - método de elevação artificial que uti-
liza uma bomba de cavidades progressivas instalada no fundo do poço para elevar
os fluidos produzidos pelo reservatório até a superfície.

168 Canhoneio - perfurações realizadas na parede de aço do revestimento, utilizando-


se cargas explosivas, com a finalidade de comunicar o interior do poço com a for-
mação produtora (reservatório) e permitir o fluxo dos fluidos do reservatório para
o poço.

Choke - o mesmo que regulador de fluxo.

Coluna de produção - conjunto de tubos de aço, enroscados entre si, descido no


poço na fase da completação e que fica posicionado no interior do revestimento
de produção, com a finalidade de direcionar os fluidos produzidos, do fundo do
poço à superfície.

Completação - conjunto de operações destinadas a equipar o poço e direcioná-


lo à produção, de forma segura e econômica. Consiste basicamente na instalação
dos equipamentos de superfície (cabeça de produção e BOP), condicionamento
do revestimento de produção, com broca e raspador para limpeza e gabaritagem,
realização do canhoneio, que são perfurações realizadas na parede de aço do
revestimento, para comunicar o fundo do poço com a formação produtora (através
de cargas explosivas), e a instalação da coluna de produção, com os acessórios
necessários.

Elevação natural - denominação dada à elevação dos fluidos produzidos


(óleo, água e gás) até a cabeça do poço, por meios naturais, quando a pressão
do reservatório ainda é suficiente para elevar estes fluidos até a superfície.

Energia cinética - energia adquirida por um corpo em movimento, chamada


também de energia de velocidade.

Espaço anular - espaço criado entre a coluna de produção e o revestimento de


produção do poço, em forma de anel, utilizado para circulação de fluidos,
principalmente na injeção de gás do método de elevação artificial por gas-lift.

CORPORATIVA
Capítulo 4. Elevação artificial

Facilidades de produção - recursos de superfície destinados à separação primária,


tratamento e transferência dos fluidos produzidos pelos poços de petróleo (estações
terrestres de produção ou plantas de processamento instaladas nas unidades
marítimas de produção), incluindo os sistemas de suporte.

Fluido de amortecimento - fluido bombeado para dentro do poço durante a


perfuração e a completação, com densidade adequada, com a finalidade de evitar
riscos de produção descontrolada dos fluidos do reservatório, antes da instalação dos
equipamentos de segurança. Na perfuração, esse fluido tem também a finalidade
de evitar o desmoronamento das paredes do poço e trazer para a superfície os
cascalhos de rocha cortados pela broca.

Formação produtora - o mesmo que reservatório de petróleo.

Gas-lift contínuo (GLC) - injeção contínua de gás em alta pressão na coluna de


produção, com o objetivo de gaseificar o fluido ali contido, diminuindo, assim, o
gradiente médio de pressão (pela redução da densidade do fluido), com conseqüente
redução da pressão de fluxo do fundo do poço e aumento de vazão.

Gas-lift intermitente (GLI) - injeção de gás em alta pressão na coluna de produção,


em ciclos de tempo determinados, para o deslocamento de golfadas de fluido para
a superfície.
169
Gas-lift - método de elevação artificial, que utiliza gás natural pressurizado para
elevar os fluidos contidos na coluna de produção até a superfície.

Gradiente de pressão - inclinação da curva do perfil de pressão, ou seja, a relação


entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento
deste trecho.

Gradiente dinâmico - gradiente de pressão de um fluido em movimento, ou seja, a


relação entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento
deste trecho, considerando o fluido em movimento.

Gradiente hidrostático - gradiente de pressão de um fluido em repouso, ou seja, a


relação entre a variação da pressão para um trecho de tubulação e o comprimento
deste trecho, considerando o fluido em repouso.

Insertável - tipo de equipamento que é colocado ou retirado do poço por meio de


unidades de cabo (wire-line), sem necessidade de retirada da coluna de produção.
É necessário existir o nipple de assentamento para possibilitar a instalação de um
equipamento insertável.

Intermitor de ciclo - aparelho eletro-pneumático utilizado no gas-lift intermitente,


instalado na superfície, que funciona como um relógio, onde é ajustado o período
de tempo do ciclo de injeção de gás, como por exemplo, 3 min injetando gás e
10 min sem injetar gás. O “intermitor de ciclo” envia um sinal para uma válvula
reguladora também na superfície, abrindo-a no período definido para injeção de
gás e fechando-a no período definido de espera.

IPR - Inflow Performance Relationship. Curva que traduz a relação entre a vazão dos
fluidos no meio poroso e a pressão do fundo do poço em fluxo.

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Mandril de gas-lift - tubo especial da coluna de produção, que contém uma


cavidade (bolsa) interna de assentamento de válvula de gas-lift e um orifício, que
permite a passagem do gás do anular para o interior da coluna, para o método de
elevação artificial por gas-lift.

Packer - obturador constituído de cunhas, borrachas e pinos de cisalhamento, que


promove a vedação do espaço anular entre o revestimento e a coluna de produção,
num ponto próximo da extremidade final da coluna, para não permitir o acesso ao
anular dos fluidos da formação e possibilitar a injeção de gás pelo anular, para o
método de elevação artificial por gas-lift.

Perfil de pressão - representação gráfica da pressão ao longo de uma tubulação.

Pigtail - termo empregado para designar as extremidades dos cabos elétricos,


situados nos dois lados do mandril que vem enroscado no tubing hanger da cabeça
de produção, que serve de passagem do condutor elétrico pela cabeça de produção
de poços marítimos equipados com Bombeio Centrífugo Submerso.

Poço surgente - poço que produz por surgência (o mesmo que elevação natural),
por meio da energia do reservatório, sem utilização dos recursos artificiais de
elevação.
170 Pressão disponível - energia que o sistema possui para realizar um trabalho.

Razão gás-óleo (RGO) - razão entre o volume total de gás e o volume de óleo
produzido, nas condições atmosféricas, ou seja, na superfície. A razão gás-óleo é o
parâmetro que indica a quantidade total de gás que contém certa quantidade de
óleo. Uma razão gás-óleo elevada pode indicar que a fração de componentes mais
voláteis na mistura líquida do reservatório é elevada. É importante conhecer a RGO
do fluido, pois a densidade deste será tanto menor quanto maior for a RGO, o que
ajudará no processo de elevação do fluido pela coluna de produção.

Regulador de fluxo (choke) - equipamento (válvula reguladora) que tem por


finalidade controlar a vazão do poço e manter uma produção compatível com as
características do reservatório, também chamado choke.

Reservatório - o mesmo que rocha-reservatório.

Revestimento de produção - conjunto de tubos de aço, enroscados entre si, descido


na fase da perfuração, com a finalidade de evitar o desmoronamento das paredes
do poço, evitar a contaminação dos lençóis freáticos, sustentar os equipamentos da
cabeça e confinar os fluidos produzidos no interior do poço.

Stuffing box - equipamento de superfície que tem a finalidade de fazer a vedação


do arame das unidades de wire-line ou da haste polida das unidades de bombeio
submerso para evitar vazamentos de fluidos do poço para a superfície.

Tangente econômica - reta traçada tangente à curva de vazão de líquido produzido


em função da vazão de injeção de gas-lift, com o objetivo de definir a melhor relação
“vazão de líquido - vazão de gas-lift”. O ponto de toque da tangente econômica
com a curva determina a produção econômica do poço, visando à melhor produção
pelo menor consumo de gás.

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Capítulo 4. Elevação artificial

Torque - esforço criado como resultado da ação de uma força de rotação exercida
num corpo.

Tubing hanger - também conhecido como suspensor de coluna – equipamento que


se apóia na cabeça de produção de alguns tipos de árvore de natal molhada ou
na base adaptadora de produção de outros tipos de árvore, com a finalidade de
suportar o peso da coluna de produção.

Venturi - restrição criada em pontos de passagem de fluidos com o objetivo de


aumentar a velocidade do fluido, criar regiões de baixa pressão e arrastar outros
fluidos por diferencial de pressão criado.

Wire-line - operações de descida de equipamentos no poço por meio de arame.

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4.8. Bibliografia
OLIVEIRA, Galileu Paulo Henke Alves de. Elevação Artificial por Gas-lift Contínuo.
Apostila. Petrobras. Rio de Janeiro: 2004.

OLIVEIRA, Pedro Silva. A Operação do Bombeamento Centrífugo Submerso (BCS).


Apostila. Petrobras. Rio de Janeiro: 2006.

THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro:


Interciência, 2001.

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Capítulo 4. Elevação artificial

4.9. Gabarito
1) Assinale a alternativa correta:

Um poço de petróleo perde a surgência natural para elevar os fluidos do reservatório


até o separador quando:

( ) A pressão do reservatório é muito alta para conduzir os fluidos até a


superfície.
( ) Aumenta a capacidade de injeção de água no campo.
( X ) A pressão do reservatório não é suficiente para elevar os fluidos até a
superfície.
( ) O poço começa a produzir água.
( ) Instala-se um sistema de elevação artificial.

2) Assinale a alternativa correta:

O princípio de operação do gas-lift contínuo baseia-se na:

( ) Injeção de gás na coluna de produção para aumentar a viscosidade do óleo.


( ) Injeção de gás na coluna de produção para diminuir a razão gás líquido. 173
( ) Injeção de gás no reservatório para aumentar a pressão do reservatório.
( X ) Injeção de gás na coluna de produção para reduzir a densidade do fluido a
ser elevado.
( ) Na injeção de gás na coluna de produção para aumentar a perda de carga
por atrito.

3) Quais os métodos de elevação artificial de petróleo mais utilizados?

Os métodos de elevação artificial mais utilizados no mundo são gas-lift contínuo e


intermitente (GLC e GLI), bombeio centrífugo submerso (BCS), bombeio mecânico
com hastes (BM), bombeio por cavidades progressivas (BCP) e bombeio hidráulico
a jato (BHJ).

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4) Assinale as sentenças com verdadeiro V ou falso F.

( V ) Os principais equipamentos do bombeio centrífugo submerso (BCS) são:


bomba centrífuga, motor elétrico e cabo elétrico.
(F) O bombeio mecânico com hastes (BM) é um método de elevação artificial
que utiliza uma bomba centrífuga de subsuperfície para elevar os fluidos
produzidos pelo reservatório até a superfície.
Justificativa: o bombeio mecânico com hastes (BM) é um método de
elevação artificial que utiliza uma unidade de bombeio na superfície, que
transforma o movimento circular de um motor em movimento alternativo
na velocidade desejada e o transmite a uma coluna de hastes, que vai
movimentar uma bomba alternativa de fundo, para elevar os fluidos
produzidos pelo reservatório até a superfície. O método de elevação
artificial que utiliza uma bomba centrífuga de subsuperfície é o bombeio
centrífugo submerso (BCS).
( V ) Tanto o bombeio mecânico com hastes (BM) quanto o bombeio por
cavidades progressivas (BCP) utilizam coluna de hastes para acionar a
bomba de fundo.
( V ) Tanto o bombeio mecânico com hastes (BM) quanto o bombeio por
cavidades progressivas (BCP) utilizam bomba de deslocamento positivo
para elevar os fluidos até a superfície.
174 (F) Bombeio hidráulico a jato (BHJ) é um método de elevação artificial que
utiliza uma coluna de tubos que envia um fluido para acionar uma bomba
centrífuga instalada no fundo do poço.
Justificativa: o bombeio hidráulico a jato (BHJ) é um método de elevação
artificial que utiliza uma coluna de tubos que envia um fluido para acionar
uma bomba hidráulica instalada no fundo do poço.

5) Descreva como funcionam os 3 tipos de válvulas de gas-lift.

• Válvula cega: não possui partes móveis, nem orifício. Essa válvula é utilizada para
bloqueio do orifício do mandril quando não se deseja injetar gás na profundidade
de instalação do mandril.

• Válvula de orifício: contém um orifício de passagem contínua do gás do anular


para o interior da coluna de produção do poço e uma válvula de retenção, que não
permite o retorno dos fluidos produzidos da coluna para o anular. Essa válvula é
normalmente destinada ao gas-lift contínuo, como válvula operadora, responsável
pela injeção contínua de gás.

• Válvula calibrada: possui partes móveis, como haste, esfera e fole carregado com
nitrogênio, numa pressão previamente calibrada. Uma válvula de retenção não
permite o retorno dos fluidos produzidos da coluna de produção para o anular
do poço. A válvula de gas-lift calibrada é operada pela pressão do espaço anular.
Quando a pressão do gás do anular aumenta e consegue vencer a pressão de
calibração do fole com nitrogênio, as partes móveis são deslocadas, fazendo a
haste e a esfera se afastarem da sede e o gás passar pelo orifício para o interior da
coluna de produção. No sentido inverso, quando a pressão do anular reduz a um
valor inferior à pressão de calibração do fole, a válvula é fechada. Essa válvula é
normalmente utilizada em operações de descarga de poço e também como válvula
operadora do gas-lift intermitente.

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6) Cite 3 equipamentos de subsuperfície do bombeio centrífugo submerso (BCS).

Respostas certas:

• bomba;

• admissão da bomba;

• selo protetor;

• motor elétrico;

• cabo elétrico.

7) Cite 3 funções do selo protetor do bombeio centrífugo submerso (BCS).

Respostas certas:

• interligar a carcaça do motor com a carcaça da bomba (interligar a bomba


ao motor);

• alojar o mancal axial da bomba e suportar o esforço axial da bomba;

• evitar a contaminação do óleo do motor (prevenindo a entrada de fluido


produzido no motor);

• permitir expansão volumétrica do óleo do motor (oferecendo espaço para expansão 175
do óleo do motor devido ao seu aquecimento durante o funcionamento);

• equalizar as pressões, eliminando o diferencial de pressão sobre seu próprio selo


mecânico.

8) Descreva sucintamente como funciona a bomba do bombeio por cavidades


progressivas (BCP).

A bomba de subsuperfície é uma bomba de deslocamento positivo helicoidal,


instalada na extremidade inferior da coluna de produção, e consta de um rotor
helicoidal e de um estator ou camisa. O rotor possui a forma de espiral macho e
o estator, de espiral fêmea, com uma espira a mais do que o rotor. As duas peças
encaixadas formam uma série de cavidades, ocupadas pelo fluido, que entra na
sucção da bomba. O movimento circular do rotor é transmitido da superfície até o
fundo por meio de uma coluna de hastes. A rotação do rotor em relação ao estator
provoca o deslocamento dessas cavidades e do fluido ali contido.

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