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Guia de Consulta Rápida em Ventilação

Mecânica Básica e Resoluções de Problemas


Comuns do Ventilador Mecânico

Autores: Mônica Rodrigues da Cruz

(Fisioterapeuta Plantonista do CTI Geral HUPE / UERJ)

Victor Emmanuel Cavalcanti Zamora

(Fisioterapeuta Rotina do CTI Geral HUPE / UERJ)

Ano: 2015

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 Definição de Ventilação Mecânica Invasiva (VMI):

Consiste em um método de suporte para o tratamento de pacientes


com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada, que se utiliza
de uma via endotraqueal.

 Definição de Ventilação Não - Invasiva (VNI):

Consiste em um método de suporte para o tratamento de pacientes


com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada, que se utiliza
de uma interface, como máscaras de diversos tipos ou bocais.

 Passo a passo para aplicação da VNI:

 Estabelecer vínculo e explicar o procedimento ao paciente;


 Coletar gasometria basal;
 Avaliar o formato do rosto e a situação clínica e escolher a interface;
 Escolher modo ventilatório : CPAP ou BIPAP (PS + PEEP). Se disponível,
preferir BIPAP;

 Posicionar a interface no rosto do paciente e iniciar a ventilação;


 Iniciar com baixas pressões e aumentar gradualmente até os níveis
indicados;
 Fixar a interface sempre explicando ao paciente cada etapa do
procedimento;
 Ajustar a FiO2 para manter SpO2 ≥ 90%;
 Ajustar nível de suporte que alcance 6 ml/kg,
 Otimizar os ajustes para conforto do paciente;
 Considerar sedação leve caso o paciente esteja agitado;
 Monitorizar os sinais vitais, conforto, SpO2 e dispneia;
 Coletar gasometria após uma hora da VNI e compará- la à basal;
 Avaliar a continuidade da técnica ou indicação de intubação.

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SISTEMA CPAP com gerador de fluxo:

SISTEMA BIPAP:

OBS 1: Nos casos de DPOC ou edema agudo de pulmão sem sinais de


gravidade, optar pela manutenção da VNI por período prolongado sob
monitorização. O critério para interrupção e troca para VM invasiva deve
levar em conta nível de consciência, colaboração do paciente, sinais de
fadiga muscular, hipercapnia piorando, além de outras disfunções
orgânicas.

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OBS 2: Nos casos de SARA, se após 2 horas de VNI não houver melhora
clínica e gasométrica e/ou o paciente não for capaz de manter-se sem a
VNI, optar pela IOT.

 Objetivos da Ventilação Mecânica Invasiva:

 Prover ventilação alveolar capaz de permitir trocas gasosas


compatíveis com as necessidades metabólicas, considerando a
condição pulmonar preexistente do paciente;

 Prevenir a deterioração da função ventilatória, através da


manutenção dos volumes e características da mecânica pulmonar;

 Reduzir o trabalho dos músculos ventilatórios;

 Reverter ou evitar a fadiga dos músculos ventilatórios;

 Diminuir o consumo de oxigênio (↓ trabalho ventilatório);

 Permitir aplicação de terapêuticas específicas.

Indicação Principal de VMI = Insuficiência Respiratória Aguda!

 Indicações para Via Aérea Artificial:

 Apnéia
 Glasgow ≤8
 Lesão de VAS que possa causar risco à ventilação
 Grande risco de broncoaspiração
 Trauma instável de face
 Convulsões mantidas
 Incapacidade de manter a patência da via aérea ou a oxigenação
 Insuficiência Respiratória

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 Cuidados a Serem Tomados Após IOT:

 Realizar ajustes iniciais da VMI (a seguir)

 Auscultar primeiro região gástrica

 Auscultar o pulmão

 Verificar expansibilidade simétrica

 Checar comissura labial

 Ajustar pressão de Cuff

 Fixar adequadamente o TOT

 Cuidado com tração do circuito

 Verificar sinais vitais


 Avaliar gasometria arterial
 Regular VMI adequadamente
 Avaliar RX pós IOT

 Tubo Oro-Traqueal / Traqueostomia:

 Verificar diâmetro

 Checar comissura labial antes, durante e após procedimentos (TOT)

(H= 22 a 24 ; M = 20 a 22)

 Avaliar posicionamento adequado (VAA deve estar centralizada)

 Cuidados com deslocamentos acidentais / auto-ExTOT

 Fixar adequadamente

 Checar / manter patência da VAA

 Promover umidificação adequada

 Ajustar pressão de Cuff (25 a 35 cmH2O ou 20 a 25 mmHg)

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 Ajustes iniciais da VMI
 Ajustar alarmes
 Ajustar modo, preferencialmente em PCV por limitar a pressão e
possuir fluxo mais fisiológico

 PCV :
 - pressão = 6 ml/Kg predito
 - Relação 1:2
 - FR = 15-20 irpm
 - PEEP = 8 cmH2O
 - FiO2 = valor que mantenha SpO2 > 90%
 - Sensibilidade => preferencialmente a fluxo
 Sensibilidade por fluxo = 3 L/min
 Sensibilidade por pressão = -1 a -2 cmH2O

 VCV:
 - VC = 6 ml/Kg predito
 - Relação I:E = 1:2
 - PEEP = 8 cmH2O
 - FR = 15-20 irpm
 - FiO2 = valor que mantenha SpO2 ≥90%
 - Sensibilidade => preferencialmente a fluxo
 Sensibilidade por fluxo = 3 L/min
 Sensibilidade por pressão = -1 a -2 cmH2O

OBS 3: Coletar gasometria arterial após 30-60 minutos para reajuste


de parâmetros se necessário

OBS 4: Caso P/F < 300, estabelecer Ventilação Protetora:

 É fundamental manter VMI protetora com VC 6ml/kg e Pico de


Pressão < 30 e Pressão de Distensão <15cmH O, se possível
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 O objetivo nesse caso não é apenas a troca gasosa mas também
evitar a LESÃO PULMONAR INDUZIDA PELA VENTILAÇÂO

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 Curare na fase inicial (48h) pode ser necessário para manter o
volume baixo caso o paciente tenha muita “fome de fluxo”
 Aumentar FR e relação I:E se necessário para reduzir PCO2
 Caso pH < 7.15, por acidose respiratória refratária, considerar TGI
(insuflação de gás traqueal)

 Regulagem-Padrão dos Alarmes:

• Pressão máxima= 40 cmH2O

• Pressão mínima= 10 cmH2O

• PEEP = alta: 15 cmH2O ; baixa: 3 cmH2O

• FR= máx.: 40 irpm ; mín.: 10 irpm

• VM = alto: 15 L/min ; baixo: 3 L/min

• Tempo de Apnéia = 20 s.

 Identificação e Correção de Problemas Comuns

 Avaliar paciente: clínica, sinais de esforço, sinais vitais, agitação


psicomotora

 Avaliação de gráficos do ventilador para detectar presença de


secreção (gráfico fluxo serrilhado) -> aspirar

 Avaliação de gráficos do ventilador para detectar presença de


vazamento (gráfico fluxo contínuo) -> localizar vazamento

 Ausculta pulmonar

 Verificar via aérea artificial: patência, Cuff, posicionamento

 Interação Paciente – Ventilador -> reajustar parâmetros/sedação

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 Ventilador mecânico: verificar adaptação ao modo ventilatório,
alarmes, circuito, bloco expiratório, manômetros de pressão (3,5-
4,5Kgf), mangueiras e filtro.

Siglas:

- VMI: ventilação mecânica invasiva

- VNI: ventilação mecânica não-invasiva

- CPAP: pressão positiva contínua nas vias aéreas

- BIPAP: pressão positiva em dois níveis nas vias aéreas

- SpO2: saturação periférica de oxigênio

- FiO2: fração inspirada de oxigênio

- IOT: intubação orotraqueal

- VAS: vias aéreas superiores

- TOT: tubo orotraqueal

- VAA: via aérea artificial

- PCV: ventilação por pressão controlada

- VCV: ventilação por volume controlado

- VC: volume corrente

- VM: volume minuto

- FR: frequência respiratória

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Bibliografia:

1) Carvalho, C.R.R.;Toufen Júnior, C.; Franca, S.A. III Consenso


Brasileiro de Ventilação Mecânica: Ventilação mecânica:
princípios, análise gráfica e modalidades ventilatórias. J Bras
Pneumol. 2007;33(Supl 2):S 54-S 70
2) Schettino et al. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica:
Ventilação Mecânica Não Invasiva com Pressão Positiva. J Bras
Pneumol. 2007;33(Supl 2):S 92-S 105
3) Machado, M.G. Bases da Fisioterapia Respiratória. Ed.: Guanabara
Koogan; RJ. Ano: 2008
4) Sarmento, G.J.V.; Vega, J.M.; Lopes, N.S.; Fisioterapia em UTI. Ed.
Atheneu; SP. Ano: 2010

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