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FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
APROVADA POR:
______________________________________________________________
Prof. Marco Antonio Almeida de Souza, Ph.D (ENC-UnB)
(Orientador)
______________________________________________________________
Profª. Conceição de Maria Alves, Ph.D (ENC-UnB)
(Examinador Interno)
______________________________________________________________
Prof. Welitom Ttatom Pereira da Silva, Dr (DESA-UFMT)
(Examinador Externo)
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
PEREIRA, ANNE RELVAS
Reator biológico com membrana (MBR) aplicado ao tratamento de esgotos gerados por
unidades residenciais unifamiliares. [Distrito Federal] 2016. xvi, 113p., 210x297
mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, 2016).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PEREIRA, A. R. (2016). Reator biológico com membrana (MBR) aplicado ao tratamento
de esgotos gerados por unidades residenciais unifamiliares. Dissertação de Mestrado em
Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, Publicação PTARH.DM - 190/2016,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF,
164p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Anne Relvas Pereira.
TÍTULO: Reator biológico com membrana (MBR) aplicado ao tratamento de esgotos
gerados por unidades residenciais unifamiliares.
GRAU: Mestre ANO: 2016
____________________________
Anne Relvas Pereira
Campus Universitário Darcy Ribeiro Universidade de Brasília – UnB, SG-12 - Térreo
CEP: 70.910-900, Brasília – DF, Brasil
iii
Dedico este trabalho a toda minha
família, principalmente aos meus pais,
Álvaro Pereira e Maria José S. Relvas
Pereira, maiores exemplos de vida,
pelo amor e dedicação. Minha
profunda admiração. Por trilhar os
caminhos ensinados por vocês,
cheguei até aqui.
iv
“Todos podemos colaborar, como
instrumentos de Deus, no cuidado da criação,
cada um a partir da sua cultura, experiência,
iniciativas e capacidades”
(Papa Francisco, Laudato si, 2015:14)
v
AGRADECIMENTOS
Em todo percurso desta jornada sempre nos deparamos com pessoas que nos fortificam
com auxílio, incentivo e amizade. Não poderia deixar de expressar minha gratidão.
Aos meus pais, Álvaro Pereira e Maria José, simplesmente por tudo. Pelo apoio e pela
certeza de que este dia chegaria, seus ensinamentos e valores transmitidos são a minha maior
força.
Aos meus irmãos Antonieta, Aline, Álvaro, Alexandro e Adilson por completarem minha
vida e por dedicarem apoio, confiança e amizade mesmo longe.
À família que me acolheu em minha chegada à Brasília com toda atenção, carinho e
cuidado, Conceição, Airton, Arthur, Gabriel e Gilson.
Ao meu orientador, Professor Marco Antonio Almeida de Souza, pela acolhida, orientação
no trabalho, paciência, apoio e incentivo. Seus ensinamentos foram fundamentais e serão
guardados com muita estima. Por ser uma pessoa admirável e se mostrar um excelente
profissional e por auxiliar nas decisões.
Aos professores Yovanka, Oscar, Lenora, Ricardo, Ariuska, Conceição, Dirceu e Sérgio
Koide pelos ensinamentos no decorrer desta caminhada. Aos funcionários Adelias, Érica e
Daniela.
Aos amigos que sempre estavam por perto dando forças e que levarei para a vida, Adriane
Dias, Andreia de Almeida, Thallyta Manuela, Nielde Prado, Daniel Valencia, Gilliard
Nunes, Patrícia Bonolo, Renei Rocha, Norma Mendes e Marília Almeida. Obrigada por
todos os momentos compartilhados e por estarem presente nos momentos mais difíceis.
vi
Aos amigos que mesmo com a distância sempre me apoiaram e tiveram presentes, Laura
Júlia, Tallyne Peres, Joseney Malta, Klenna Lívia, Heloíse Medeiros e Marcelo Dayron.
Á todos que contribuíram no delinear desse caminho com sua amizade e companheirismo,
em especial aos meus amigos do Emaús, pelas orações e incentivos, Manu, Priscila,
Amanda, Samantha, Luma, Malu, Eduardo, Dani, Pedro, Vânia, Marcelo e Vavá.
A todos que ajudaram, de qualquer forma, mas não foram citados aqui. Muito Obrigada!
vii
RESUMO
A escolha da tecnologia apropriada para o tratamento de esgoto doméstico tem sido uma
preocupação crescente devido ao interesse em proporcionar um efluente de melhor
qualidade, tanto para manutenção da qualidade ambiental como para produzir água para
reúso. O objetivo desta pesquisa foi o de avaliar a aplicabilidade do processo de Reator
Biológico com Membrana (MBR) a sistemas provenientes de unidades residenciais
unifamiliares de esgotos no Brasil e as condições em que esse processo seria recomendado.
Por isso, propôs-se um sistema MBR adaptado às condições existentes nos sistemas de
esgotos sanitários provenientes de unidades residenciais unifamiliares. Em seguida, para
avaliar o sistema MBR proposto, foi desenvolvida uma metodologia simplificada de
avaliação tecnológica de processos de tratamento de esgotos unifamiliares com uma
abordagem de análise de decisão multiobjetivo e multicritério, por meio da utilização dos
métodos ELECTRE III e TOPSIS. Essa metodologia foi utilizada para realizar a avaliação
tecnológica dos seguintes processos e operações unitárias: (A1) Tanque séptico; (A2)
Tanque séptico seguido de filtro anaeróbio; (A3) Tanque séptico seguido de Wetlands;
(A4) UASB seguido por biofiltro aerado submerso; (A5) Reator UASB acompanhado por
lodo ativado convencional; e (A6) Tanque séptico acompanhado por reator biológico com
membrana. Esses processos foram avaliados em três cenários brasileiros: (1) Nível do
lençol freático baixo e com alta permeabilidade e com risco epidemiológico e ambiental
pequeno; (2) Nível do lençol freático alto e/ou com capacidade de infiltração baixa com
risco epidemiológico e ambiental grande; e (3) Realização de reúso direto não potável da
água em área urbana e rural. Foram estabelecidos dez critérios, subdividindo-os em quatro
dimensões da Tecnologia: técnica, econômica, ambiental e social. Uma das conclusões do
emprego da metodologia de análise tecnológica foi que, embora a tecnologia MBR ainda
seja muito cara devido a sua complexidade e por ainda estar em fase de desenvolvimento
no Brasil, ela se mostrou adequada para ser instalada em locais que sofrem com a escassez
hídrica e necessitam de utilizar o efluente tratado de esgoto sanitário. Evidenciou-se que os
altos custos de implantação e manutenção da tecnologia MBR influenciaram na análise
tecnológica realizada. Porém, quando se tratou da possibilidade de se realizar o reúso de
água, a análise demonstrou que somente o sistema MBR tem condições de atender aos
critérios exigidos pelas normas e legislação vigentes.
viii
ABSTRACT
The choice of appropriate technology for the treatment of sewage has been a growing
concern due to the interest in providing a better quality effluent, both for environmental
quality maintenance as to produce water for reuse. The objective of this research was to
evaluate the applicability of the membrane biological reactor (MBR) process for treating
sewage from single-family households in Brazil and the conditions under which this
process would be recommended. Therefore, an MBR system adapted to these conditions
prevailing in sewage systems from single-family households was proposed. Then, to
evaluate the MBR system proposed, a simplified method for technology assessment of
decentralized sewage treatment processes was developed, having a multiobjective and
multi-criteria decision analysis approach by using ELECTRE III and TOPSIS methods.
This methodology was used to evaluate the following technological processes and unit
operations: (A1) septic tank; (A2) septic tank followed by anaerobic filter; (A3) septic tank
followed by Wetlands; (A4) UASB reactor followed by submerged aerated biofilter; (A5)
UASB reactor accompanied by conventional activated sludge; and (A6) septic tank
accompanied by membrane bioreactor MBR. These processes were evaluated in three
Brazilian scenarios: (1) Low water table level and soil with high permeability and small
epidemiological and environmental risk; (2) The level of the water table high and/or low
soil infiltration capacity with great epidemiological and environmental risk; and (3) non-
potable direct water reuse in urban and rural areas. Ten criteria were established,
subdividing them into four technological dimensions: technical, economic, environmental
and social. One of the conclusions of the use of technology analysis methodology was that
although the MBR technology is still very expensive, due to its complexity, and to be still
under development in Brazil, it was adequate to be installed in places that suffer from
water scarcity and that need to use effluent from sewage treatment. It was evident that the
high implementation and maintenance costs of the MBR technology influenced the
technological analysis. However, when considering the possibility of performing water
reuse, the analysis showed that the MBR is the only alternative able to meet the criteria
required by actual standards and law.
ix
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
2 - OBJETIVOS ........................................................................................................................ 4
2.1 - GERAL ......................................................................................................................... 4
2.2 - ESPECÍFICOS ............................................................................................................ 4
3 - FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................. 5
3.1 - SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO ...................................................... 5
3.1.1 - Sistema descentralizado de tratamento de esgoto .......................................... 7
3.1.2 - Tecnologias de tratamento de esgoto no Brasil............................................. 10
3.1.3 - Reúso de água e legislação vigente ................................................................. 11
3.2 - REATOR BIOLÓGICO COM MEMBRANA (MBR) .......................................... 14
3.2.1 - Exemplos de aplicação de MBR ..................................................................... 21
3.2.2 - Configurações das aplicações de sistemas MBR descentralizados ............. 24
3.3 - MÉTODOS MULTIOBJETIVO E MULTICRITÉRIO DE APOIO À
DECISÃO ........................................................................................................................... 29
3.3.1 - Emprego dos métodos multiobjetivo e multicritério .................................... 30
3.3.2 - Aplicação e desenvolvimento do TOPSIS ..................................................... 33
3.3.3 - Aplicação e desenvolvimento do ELECTRE-III........................................... 34
3.4 - AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA ............................................................................. 37
4 - METODOLOGIA ............................................................................................................. 41
4.1 - FASE 1 – CONCEPÇÃO DO SISTEMA MBR PARA RESIDÊNCIAS
UNIFAMILIARES............................................................................................................. 41
4.2 - FASE 2 – ANÁLISE TECNOLÓGICA DO SISTEMA MBR
DESENVOLVIDO ............................................................................................................. 42
4.2.1 - Levantamento de informações ....................................................................... 45
4.2.2 - Definição dos objetivos, critérios e pesos ....................................................... 45
4.2.3 - Criação de cenários ......................................................................................... 48
4.2.4 - Definição do método de avaliação de alternativas segundo cada critério .. 48
4.2.5 - Análise tecnológica e postulação da pay-off matrix para “n” cenário ........ 49
4.2.6 - Aplicação do método multiobjetivo e avaliação da solução ......................... 49
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 51
5.1 - FASE 1 - CONCEPÇÃO DO SISTEMA MBR PARA RESIDÊNCIAS
UNIFAMILIARES............................................................................................................. 51
x
5.1.1 - Análise dos sistemas existentes ....................................................................... 51
5.1.2 - Análise para seleção do tipo de membrana a ser utilizada em função da
necessidade local potencial ......................................................................................... 55
5.1.3 - Análise do sistema de pré-tratamento ao MBR ............................................ 58
5.1.4 - Análise para seleção do tipo de reator de membrana a ser utilizado ......... 62
5.1.5 - Proposta do fluxograma do sistema MBR e arranjo físico do sistema ....... 64
5.1.6 - Seleção dos parâmetros e equações de dimensionamento de todo o
sistema .......................................................................................................................... 65
5.1.7 - Dimensionamento e configuração do sistema proposto ............................... 66
5.2 - FASE 2 - ANÁLISE TECNOLÓGICA DE SISTEMAS DE TRATAMENTO
DE ÁGUA RESIDUÁRIA UNIFAMILIAR .................................................................... 68
5.2.1 - Levantamento de informações e base de dados ............................................ 68
5.2.2 - Definição dos Critérios e Pesos ....................................................................... 70
5.2.2.1 - Consumo de energia ....................................................................................... 73
5.2.2.2 - Área exigida ................................................................................................... 73
5.2.2.3 - Quantidade de resíduo (lodo) produzido ........................................................ 74
5.2.2.4 - Confiabilidade ................................................................................................ 75
5.2.2.5 - Complexidade operacional ............................................................................. 76
5.2.2.6 - Custo de capital ou de implantação ................................................................ 77
5.2.2.7 - Custo de operação e manutenção (O&M) ...................................................... 77
5.2.2.8 - Impacto Ambiental ......................................................................................... 79
5.2.2.9 - Conformidade com a Política e Legislação Ambiental .................................. 80
5.2.2.10 - Aceitação da comunidade/família ................................................................ 81
5.2.3 - Avaliação das Alternativas e da Metodologia ............................................... 82
5.2.3.1 - Avaliação dos resultados no Cenário 1 .......................................................... 84
5.2.3.2 - Avaliação dos resultados no Cenário 2 .......................................................... 84
5.2.3.3 - Avaliação dos resultados no Cenário 3 .......................................................... 85
5.2.3.4 - Análise de sensibilidade ................................................................................. 86
6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 93
APÊNDICE A - DIMENSIONAMENTO .......................................................................... 100
APÊNDICE B – LEVANTAMENTO DE CRITÉRIOS ................................................... 110
xi
LISTA DE FIGURAS
xii
LISTA DE TABELAS
xiii
Tabela 5.18 - Valores adotados para quantificar o critério conformidade com a política e
legislação ambiental ................................................................................................. 81
Tabela 5.19 - Planilha pontuada para o critério Aceitação da comunidade/chefe da família
................................................................................................................................. 81
Tabela 5.20 - Planilha pontuada para o critério Aceitação da comunidade/família ............ 82
Tabela 5.21 – Matriz de avaliação das alternativas de acordo com cada critério................ 82
Tabela 5.22 – Limiares de preferência e de indirença adotados para a simulação do método
ELECTRE III. .......................................................................................................... 83
Tabela 5.23 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS para o
Cenário 1 .................................................................................................................. 84
Tabela 5.24 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS para o
Cenário 2 .................................................................................................................. 85
Tabela 5.25 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS para o
Cenário 3 .................................................................................................................. 86
Tabela 5.26 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com
aplicação de pesos iguais para cada critério ............................................................ 87
Tabela 5.27 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com
aplicação de pesos iguais para as dimensões ........................................................... 87
Tabela 5.28 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com
aplicação de pesos dobrados para os critérios técnicos ........................................... 88
Tabela 5.29 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com
aplicação de pesos dobrados para os critérios econômicos ..................................... 88
Tabela 5.30 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com
aplicação de pesos dobrados para os critérios ambientais ....................................... 88
Tabela 5.31 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com
aplicação de pesos dobrados para os critérios sociais.............................................. 89
Tabela A.1 - Dimensionamento do sistema de membrana. ............................................... 107
Tabela A.2 - Dimensionamento do sistema biológico aeróbio .......................................... 108
Tabela A.3 - Dimensionamento do sistema biológico anóxico ......................................... 109
Tabela A.4 - Dimensionamento do sistema de aeração. .................................................... 109
Tabela B.1 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura.................................. 110
Tabela B.1 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura (continuação)........... 111
Tabela B.1 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura (continuação)........... 112
Tabela B.1 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura (continuação)........... 113
xiv
LISTA DE SIGLAS
xv
1 - INTRODUÇÃO
No Brasil, o índice médio de atendimento urbano com rede coletora de esgotos informados
pelo SNIS (2014) aponta valores acima de 70% apenas no Distrito Federal e nos estados de
São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Na faixa de 40% a 70%, aparecem outros seis estados:
Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Paraíba. Entre 20% e
40%, situam-se nove estados: Roraima, Rio Grande do Sul, Ceará, Alagoas, Rio Grande do
Norte, Mato Grosso, Pernambuco, Sergipe e Tocantins. Enquanto que na penúltima faixa,
de 10% a 20% dos municipios com rede de coleta de esgoto, encontram-se quatro estados:
Santa Catarina, Acre, Maranhão e Piauí. Por fim, na menor faixa, inferior a 10%, há quatro
estados: Amazonas, Pará, Rondônia e Amapá. Em relação ao tratamento de esgoto, apenas
40,8% do esgoto gerado no Brasil apresentam algum tipo de tratamento.
1
tecnologias para os sistemas de tratamento de esgotos que propiciem efluentes de melhor
qualidade.
Uma forma eficaz para proporcionar o tratamento de esgoto doméstico pode ser realizada
pelo emprego de sistemas unifamiliares ou descentralizados, também chamados de
sistemas individuais, que são aplicados ao próprio local onde foi gerado o efluente,
podendo servir a unidades habitacionais individuais ou a um grupo de residências sem
causar perturbação e impacto ao ambiente. Esses sistemas tornam-se mais atraentes em
locais onde há precariedade nos sistemas de esgotamento sanitário ou que ficam isolados
dos centros urbanos.
2
Apesar dessa tecnologia ter sido objeto de várias pesquisas no exterior, ainda é pouco
difundida no Brasil. Entretanto, a maior dificuldade para sua larga utilização aqui era o seu
custo, considerado muito alto, realidade que está se modificando rapidamente. Além disso,
não foram encontradas aplicações e pesquisas feitas que abordem a possibilidade de sua
utilização para o tratamento de esgotos em residências unifamiliares.
3
2 - OBJETIVOS
2.1 - GERAL
2.2 - ESPECÍFICOS
4
3 - FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta seção são revistos termos conceituais referentes à temática desta pesquisa.
Primeiramente, foram levantadas as principais características baseadas em estudos de
diversos autores para aplicação do reator biológico com membranas (MBR) ao tratamento
de esgoto doméstico. Em seguida, discutiu-se a aplicação dos métodos multiobjetivo e
multicritério utilizados na tomada de decisão para escolhas de tecnologias de tratamento de
esgotos sanitários provenientes de unidades residenciais unifamiliares.
Muitas operações podem ser utilizadas no tratamento de esgoto antes dele ser descartado
no corpo receptor. O tratamento de esgoto pode ser realizado por meio de processos
físicos, químicos e biológicos. Entretanto, em um sistema completo de tratamento, esses
processos se intercalam de forma individual ou combinada.
Cada estação de tratamento de água residuária, requer a seleção de pelo menos um tipo de
reator para tratamento químico ou biológico. O tipo de fluxo e o padrão de mistura no
reator define o modelo hidráulico do mesmo. O padrão de mistura depende da geometria
do reator, do tamanho e da quantidade de energia produzida por unidade de volume. O
fluxo no reator pode ter duas condições: fluxo intermitente (em batelada) com entrada e/ou
saída descontínuas, e fluxo contínuo, com entrada e saída contínua. Os principais tipos de
reatores utilizados para o tratamento de águas residuárias são: 1) batelada; 2) fluxo em
pistão; 3) mistura completa; 4) fluxo disperso; 5) mistura completa em série; 6) reatores
com enchimento (Metcalf e Eddy, 1991).
5
Os métodos de tratamento em que predomina a aplicação da força física são conhecidos
como operações unitárias. Já os métodos de tratamento em que a remoção de
contaminantes é provocada por reações químicas ou biológicas são conhecidos como
processos unitários (Metcalf e Eddy, 2003). A operação agrupada desses processos
proporciona vários tipos de tratamentos, que se classificam em preliminar, primário,
secundário (com ou sem remoção de nutrientes) e terciário ou avançado. A Tabela 3.1
resume os objetivos de tratamento e os processos típicos de cada etapa com alguns
exemplos de tecnologias que podem ser adotadas.
6
A escolha do processo de tratamento de esgoto mais adequado depende das características
da água residuária em questão e dos objetivos que devem ser alcançados por intermédio
desse tratamento.
Um sistema descentralizado de tratamento de esgoto pode ser definido como aquele que
atende pequenas comunidades, incluindo-se unidades de tratamento individuais ou
pequenos grupos de edifícios ligados a um sistema de tratamento com variedades de
tratamento (EPA, 2002; Libralato et al., 2012).
7
Mesmo com esses desafios, observa-se um enorme crescimento para adaptação e
desenvolvimento de novas tecnologias para o tratamento descentralizado. A
descentralização está sendo cada vez mais reconhecida como um modelo potencialmente
adequado para contribuir para a redução da população mundial sem acesso ao
abastecimento de água e ao saneamento adequado, bem como aumentar a eficiência de
tratamento de esgotos, possibilitando o reúso de água (Libralato et al., 2012). Os sistemas
descentralizados são alternativas reconhecidas como potencialmente viáveis, de baixo
custo em longo prazo, ao serem aplicadas estratégias para o tratamento de águas
residuárias, se forem planejadas, projetadas, instaladas, operadas e mantidas de forma
adequada.
A utilização da água residuária tratada pode ser realizada de forma indireta e direta. A
forma indireta ocorre ao reintroduzir o efluente nos corpos de águas superficiais ou
subterrâneas, com o propósito de serem utilizadas ao captar agua à jusante do lançamento
de maneira controlada. Já o reúso de água direto pode ser feito de diversas formas, por
meio de irrigação no jardim, recarga de água subterrânea, reciclagem na própria casa para
fins de usos não potáveis, como uso na descarga no banheiro e lavagem de calçadas
(Metcalf e Eddy, 2007).
Algumas regiões do Brasil sofrem por problemas de escassez de água, como exemplo o
semiárido nordestino e os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Uma das formas de
enfrentar a escassez de água é adotando um programa de reúso de água. Atualmente, as
tecnologias que permitem realizar reúso de água estão ficando cada vez mais acessíveis e
eficientes. Porém, ainda há a necessidade de uma legislação mais coerente com a realidade
e as tecnologias disponíveis que possa contribuir para diminuir a escassez e utilizar essas
águas usadas para fins menos nobres e exigentes, tais como irrigação de jardins, lavagem
de carros e descarga de bacias sanitárias.
8
Figura 3.1 - Definição de sistemas descentralizados de coleta, tratamento e reutilização de
esgoto
(Metcalf e Eddy, 2007)
9
espaço, e o controle do sistema pode ser realizado remotamente por telemetria e
automação.
Este tópico reúne alguns principais sistemas de tratamento de esgoto utilizados no Brasil.
Levantados por meio de pesquisa ao mercado (fabricantes), companhias de saneamento,
dados da literatura e do IBGE (2010).
10
organismos patogênicos, que acarretam problemas para a disposição final dos efluentes
tratados em corpos d’água.
As alternativas mais promissoras que têm apresentado destaque como processos de pós-
tratamento de sistemas anaeróbios, com o objetivo de melhorar a remoção de nutrientes e
patógenos são as seguintes: reatores biológicos em batelada sequencial; sistemas híbridos;
biodiscos; reatores de leito granular expandido; reatores de leito fixo dotados de materiais
de suporte alternativos; biorreatores com membranas; processos de oxidação avançado; e
flotação em dois estágios (Chernicharo, 2007).
11
de padrões e normas técnicas, o que é um problema, pois não há legislação específica que
trate de normas ou diretrizes com padrões de tratamento a serem seguidos.
A Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei Nº 9433/97, estabelece entre
seus objetivos “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água,
em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.
Basicamente, existem apenas dois regulamentos brasileiros que tratam de reúso de água.
Um é estabelecido pela Resolução nº 54/2005 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH), que descreve quatro modalidades para prática de reúso direto não potável para
fins agrícolas, ambientais, industriais e aquicultura. Outro é a Norma NBR 13969/1997,
que não é específica para reúso de água, tem um item dedicado ao tema, inclusive com a
definição de classes de água de reúso e indicação de padrões de qualidade, que descreve as
unidades de pós-tratamento e sugere alternativas de disposição final de efluentes líquidos
de tanques séptico, como segue:
• Classe 1: Lavagem de carros e outros usos;
• Classe 2: Lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e
canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes;
• Classe 3: Reúso nas descargas dos vasos sanitários;
• Classe 4: Reúso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros cultivos
através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual.
12
Devido ao interesse pelo tema, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou
em 2007 a norma NBR 15527 referente aos requisitos para o “Aproveitamento de água da
chuva em coberturas nas áreas urbanas para fins não potáveis”, mas nenhuma, pelo menos
por enquanto, especificamente para o reúso de água.
Tabela 3.3 - Parâmetros característicos para a qualidade da água de reúso irrestrito para fim não
potável
ANA (2005) ANA (2005) ANA (2005) NBR
Parâmetro
¹Classe 1 ²Classe 2 ³Classe 3 13969/1997
SST - Sólidos suspensos totais (mg/L) ≤ 5,0 ≤ 30 < 20 –
SDT - Sólidos dissolvidos totais
≤ 500,0 – – ≤ 200,0
(mg/L)
Turbidez (NTU) ≤ 2,0 – < 5,0 < 5,0
DBO5 (mg/L) ≤ 10,0 ≤ 30 < 20 –
Óleos e graxas (mg/L) ≤ 1,0 ≤ 1,0 – –
Não
Coliformes fecais (NMP/100 ml) ≤ 1000 ≤ 200,0 < 500
detectáveis
Cloro resigual (mg/L) – – 1 0,5 – 1,5
Nitrato (mg/L) < 10,0 – – –
Nitrogênio amoniacal (mg/L) ≤ 20,0 – 5 - 30 –
Nitrito (mg/L) ≤ 1,0 – – –
Fósforo total (mg/L) ≤ 0,1 – – –
pH 6,0 – 9,0 6,0 – 9,0 6,0 – 9,0 6,0 – 8,0
¹Classe 1: reúso de água em descarga de bacias sanitárias, lavagem de pisos e fins ornamentais, lavagem de
roupas e de veículos; ²Classe 2: reúso associado às fases de construção da edificação - lavagem de agregados
e preparação de concreto; ³Classe 3: irrigação de áreas verdes e rega de jardins.
13
Nota-se que esses padrões estabelecidos para o reúso de água no Brasil surgem a partir de
consultas às diretrizes internacionais e nacionais que são bem rigorosas, provenientes de
países que estão mais avançados nessa temática, como a Organização Mundial da Saúde
(OMS ou WHO), Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) ou normas europeias.
Um exemplo de aplicação de MBR para fim de reúso foi relatado por Côté et al. (2004),
que realizaram um estudo no Canadá comparando o sistema de lodos ativados sequenciado
de tratamento terciário com filtros de carvão ativado e o sistema MBR para reúso do
efluente de indústrias para fins de irrigação e reúso potável indireto. O estudo mostrou que
além de se obter com o MBR um efluente dentro de padrões mais rigorosos para reúso, o
MBR tem um custo 50% menor se comparado ao sistema de lodos ativados seguido de
filtração por carvão ativado.
Já o estudo realizado por Alaboud e Magram (2008) na Arábia Saudita, teve como objetivo
apresentar o MBR para o reúso de efluentes industriais e municipais, visto que o país
possui clima desértico. A pesquisa mostrou a eficiência do MBR no tratamento tanto de
efluentes municipais quanto industriais com tempos de detenção hidráulico (TDH)
diferentes, e comparou com o sistema de lodos ativados seguido de filtração com carvão
ativado. A qualidade do permeado obtido pelo MBR foi satisfatória, com alta remoção de
orgânicos, nutrientes e coliformes totais e termotolerantes, independentemente do TDH
empregado, com custo total de 20% menor do que o sistema de lodos ativados seguido de
filtração.
Nas últimas décadas, a tecnologia de membranas tem se difundido no mercado, pela sua
alta eficiência no tratamento de água e de efluentes, bem como por possibilitar o
aproveitamento da água residuária tratada. A aplicação dessa tecnologia tem se difundido
14
por diversas áreas de interesse, como na química, biotecnologia, farmácia, biomedicina,
indústrias alimentícias e bebidas, tratamento de água, tratamento de esgoto e tratamento de
despejos industriais.
No reator biológico com módulo externo (Figura 3.2a), o conteúdo do reator é bombeado
para os módulos, geralmente, tubulares, e o processo opera em fluxo cruzado, ou seja, a
solução ou suspensão escoa paralelamente à superfície da membrana, enquanto o permeado
é transportado transversalmente à mesma.
15
as seguintes desvantagens quando se compara com um tanque integrado: (1) tamanho
maior, (2) custos de capital mais elevados, (3) custos de energia mais elevados devido à
necessidade de recirculação de licor misto e a necessidade de mais aeração no tanque de
aeração (Yoon, 2015).
Figura 3.2 - Principais configurações dos Biorreatores com membranas. (a) Sistema MBR com
membrana externa – MBR-e. (b) Sistema MBR com membrana submersa – MBR-s.
(Subtil et al., 2013).
16
do mesmo reator, conseguindo-se assim uma separação completa da biomassa da água
tratada ou permeada.
Figura 3.3 - Configurações dos MBR submersos: (a) Tanque com membrana integrado; (b) tanque
tipo 1 com membrana separada; (c) tanque tipo 2 com membrana separada.
(Yoon, 2015)
17
anaeróbios não sejam tão difundidos. Ainda mais que os custos de investimento são mais
elevados em sistemas de membrana em condições anaeróbias e, de alguma forma, seu
funcionamento apresenta maior complexidade. Além disso, os MBR anaeróbios são
significativamente influenciados por inúmeros fatores, como o tipo e variabilidade de
águas residuárias brutas, o tipo de contaminantes orgânicos no afluente, o seu pH, etc.
No entanto, Skouteris (2012b) mostra que os MBR anaeróbios podem tratar de forma
muito eficiente as águas residuárias. Além disso, eles podem produzir biogás de boa
qualidade, o que pode ser ainda utilizado dentro das próprias plantas MBR para a produção
de energia renovável. No entanto, a adoção e comercialização dessa tecnologia ainda são
insipientes, a maioria dos sistemas operados está em escala de bancada experimental, e a
sua aplicação em planta piloto é limitada, concluindo-se que os MBR anaeróbios em escala
industrial ainda não foram testados.
As membranas dos MBR estão inseridas em meios que contêm sólidos em suspensão como
flocos biológicos, células microbianas, debris celulares, colóides, macromoléculas e uma
gama variada de substâncias orgânicas solúveis (Dezotti et al., 2011). Na Tabela 3.4
comparam-se as caracteristicas do licor misto presente no reator biológico do sistemas com
membranas com as do lodos ativados convencionais.
18
Tabela 3.4 - Comparação do reator de membrana aeróbio com sistema de lodo ativado
convencional, no tratamento de efluente doméstico
(Schneider e Tsutiya, 2001).
Reator
Lodo ativado
Parâmetro com
convencional
membrana
Biomassa (g/L) 15 - 25 1,5 – 4,0
Kg DQO/m³d 2,6 – 5,0 < 1,0
Kg DBO/m³d 1,5 – 2,5 < 0,5
Kg NH3/m³d 0,2 – 0,4 < 0,07
A/M (kg DQO/Kg SSLM d) < 0,1 0,2 – 0,6
Tempo de residência da biomassa (d) 30 - 45 5 – 15
Produção de lodo (Kg lodo seco/Kg de DQO):
- A/M (0,5 a 1,0) 0,46 0,6
- A/M (0,1 a 0,2) 0 –
Diâmetro médio dos flocos (µm) 3,5 20
Tempo de residência hidráulica (h) 2 3–8
SSLM-sólidos suspensos no licor misto.
Benitez et al. (2002) ressaltaram as vantagens que os processos MBR possuem em relação
ao sistema convencional de lodos ativados, que estão relacionadas ao seu alto desempenho,
baixa produção de lodo e reator biológico com menor tamanho. E as desvantagens do
MBR são os altos custos de energia, custo de instalação de aeração, a lavagem e a
substituição das membranas. Assim, indicaram que o processo MBR é particularmente
adequado para tratamento de águas residuárias de baixa vazão e alto poder de poluição.
19
Por meio de um levantamento dos aspectos fundamentais do MBR, Judd (2008) mostra a
relação mútua e de complementariedade entre os processos e os parâmetros. Com isso,
Judd (2008) conclui que os MBR oferecem maior facilidade de controle do que o processo
de lodo ativado convencional, devido ao desacoplamento da TRS (tempo de retenção de
sólidos) e do TRH (tempo de retenção hidráulico). Estes dois parâmetros são geralmente
definidos pela biocinética de sistema, isto é, a velocidade à qual os micro-organismos
ativos decompõem os componentes do esgoto no SSLM. Grandes valores de TRS são
geralmente desejáveis do ponto de vista biocinético, porque isso produz mais micro-
organismos de crescimento lento, assim como a geração de menos lodo. O funcionamento
com TRS maior se torna possível pela retenção completa dos sólidos em suspensão pela
membrana. O TRH pode, então, ser definido de acordo com a microbiologia e biocinética
do sistema.
Yoon et al. (2004) buscavam determinar a condição operacional mais econômica para um
MBR, com o propósito de minimizar os custos operacionais e os custos de tratamento.
Com isto, constaram que a condição operacional mais econômica foi utilizando um TRH
de 16 h e SSLM de 11.000 mg/L, quando aeração para a biodegradação era de 13,3 m3
ar/min para um volume de 1000 m3 por dia. Para os intervalos razoáveis de TRH e SSLM,
o custo de tratamento de lodo supera o custo de aeração para a biodegradação. Portanto, a
manutenção de uma condição de baixa produção de lodo é mais importante para a redução
de custos de operação de um MBR.
Além disso, Chapman et al. (2001) ressaltam que, enquanto os custos de tecnologias
convencionais estão subindo lentamente com os custos do trabalho e as pressões
inflacionárias, os custos para todos os equipamentos de membrana (tanto para filtração
direta e MBR) vem caindo de forma constante durante os últimos 10 anos. Na Tabela 3.5
apresentam-se possiveis medidas para reduzir o custo para implantação do MBR.
20
O MBR com módulo externo tem um consumo de energia de 2 a 10 kWh/m3 de permeado
produzido, dependendo do diâmetro interno dos canais utilizados (considerando módulos
tubulares). Já o MBR com módulos submersos tem um consumo de energia de cerca de 0,2
a 0,4 kWh/m3 de permeado produzido (Côté et al., 1998).
Neste item são abordados alguns trabalhos da literatura científica referente ao tratamento
de água residuária utilizando o sistema MBR e que são relevantes para esta pesquisa.
21
A primeira instalação de MBR foi desenvolvida pela empresa Dorr Oliver em 1966 (Yang
et al., 2006). Foi constatada na literatura uma tendência de se utilizar o MBR com
membranas submersas e em sistemas aeróbios, sendo raras as pesquisas em sistemas
anaeróbios. No entanto, Judd (2008) destaca que configurações alternativas de baixo
consumo têm conduzido à exploração de acoplamento de biorreatores com outros
processos de separação por membrana, bem como a um renovado interesse nas tecnologias
MBR anaeróbias.
De acordo com Judd (2011), nos países que defendem o sistema MBR como a melhor
tecnologia disponível, são feitos contratos rigorosos de qualidade da água com os
fornecedores e, em caso de violação de qualidade da água do produto, são impostas
medidas financeiras punitivas. Além disso, Judd (2011) ressalta que diversos países (como
Reino Unido, EUA, Austrália, Canadá, Finlândia, França, Holanda, Suíça, Japão e
Dinamarca) têm incentivos oferecidos em várias formas para promover tecnologias
inovadoras eficientes de tratamento da água e redução no demanda de água doce. Esses
incentivos em países desenvolvidos fazem com que as tecnologias avançadas se tornem
mais acessíveis.
Um levantamento feito em 2006 mostrou que existiam 258 instalações de MBR em escala
real na América do Norte e cerca de 2200 no mundo todo (Yang et al., 2006). Atualmente,
o processo MBR se difundiu mais ainda, principalmente na China, onde se encontra em
funcionamento a planta de tratamento de esgotos em MBR de Beijing, considerada a maior
do mundo. Várias empresas internacionais comercializam o sistema de tratamento por
MBR, como a Kubota, a Zenon-GE, a Siemens, a Mitsubishi-Rayon, a Toray-Koch, a
Puron e a Huber Technology.
22
MBR com membranas de ultrafiltração com configuração de fibra oca (Rosseto et al,
2014).
Santo
H2Life – – –
André (SP)
Atualmente, a EPAR Capivari tem capacidade de tratar 360 L/s de vazão média, podendo
atender a uma população de aproximadamente 180 mil pessoas. Na sua configuração final,
a EPAR terá capacidade para tratar a vazão média afluente de 725 L/s, e deverá atender às
necessidades da área até o ano 2025, para uma população estimada em 351.766 habitantes.
Essa estação vem produzindo efluente com valores de DQO consistentemente abaixo de 28
mg/L, concentrações de NH3 inferiores a 1 mg/L, turbidez menor que 0,33 NTU e sem
odor desagradável, com o excelente índice de remoção de DBO de 99,8% (Rosseto et al.,
2014).
23
3.2.2 - Configurações das aplicações de sistemas MBR descentralizados
Neste tópico serão vistas as concepções e arranjos físicos de alguns sistemas em pequena
escala descentralizados que foram implantados e que são importantes de serem relatados e
destacados com o propósito de utilizar as suas melhores características.
24
a cinco vezes mais elevada (SSLM de 23,7 g/L) do que nos sistemas MBR convencionais
com capacidade de produzir efluente para reúso direto e indireto.
Verrecht et al. (2010), para otimizarem o consumo de energia de um biorreator com
membrana em pequena escala, utilizaram um modelo dinâmico para simulação da planta
(Modelo ASM2d), e, por meio de traçadores, determinaram o comportamento hidráulico da
planta. O modelo forneceu uma previsão precisa da remoção de nutrientes e concentrações
dos SSLM usando valores padrão para todos os parâmetros biocinético e estequiométrico.
A modelagem realista da planta foi obtida ao longo de um período de amostragem de
quatro meses com a variação do tempo de retenção de sólidos (TRS), vazão de recicurlação
e concentração de oxigênio dissolvido. Os novos valores de parâmetros operacionais
estabelecidos pelo modelo foram aplicados à planta, resultando numa redução do consumo
de energia em 23%, sem comprometer a qualidade do efluente.
Skouteris et al. (2012a) trabalharam com um MBR piloto aeróbio submerso operado com
esgoto doméstico com pré-tratamento para remoção de óleo/gordura e de areia/grão,
seguido de peneiramento fino e posteriormente um tanque de tratamento biológico e um
tanque de filtração por membrana. O lodo era regulado manualmente duas vezes por
semana. Dessa forma, o TRS e o TRH foram controlados.
Santasmasas et al. (2013), na Espanha, utilizaram a água cinza para reduzir o consumo de
água potável em edifícios após passar a água cinza pelo tratamento com um protótipo
MBR. Foi necessária a desinfecção de água cinza para garantir a conformidade com os
padrões microbianos para reúso de água, para evitar o risco para a saúde e efeitos estéticos
e ambientais negativos. Os níveis de compostos orgânicos foram grandemente reduzidos
pelo tratamento MBR, e, consequentemente, a etapa de desinfecção requereu menos
quantidade de cloro, o que representou baixos potenciais de formação na desinfecção com
25
cloro de subprodutos carcinogênicos, de problemas de saúde e de impacto aos
ecossistemas.
Tai et al. (2014) investigaram cinco anos de operação de uma planta de MBR
descentralizado em um condomínio próximo ao Rio São Lourenço nos EUA (Whitehouse
Terrace) com capacidade de 33 m³/d. Nessa planta, o esgoto é encaminhado por gravidade
para os tanques sépticos existentes e, em seguida, para uma bacia de equalização. Na
sequência, o esgoto é bombeado para o sistema MBR, onde sofre filtração.
26
Tabela 3.7 - Resumo dos estudos sobre MBR descentralizados em pequena escala.
Santasmasas
Parâmetros da planta Abegglen (2008) Sartor (2008) Batillani (2010) Verrecht (2010) Skouteris (2012a) Abbas (2012) Tai (2014)
(2013)
Dubendorf, America do Norte
Local do estudo Vietnã-Ásia Italia-Bologna Reino Unido Sfax, Tunisia Bagdá-Iraque –
Suíça. EUA
Disco rotativo com
membrana do tipo
Placa plana UF . Fibra oca - Fibra oca. UF de .. Placa plana.UF . Placa plana Placa plana de Placa plana UF
Tipo de membrana cerâmica de UF .
de 0.04 µm MF 0.1 µm. 0.04 µm 0.04 µm. UF - 0.08 µm. UF. (0.05 µm).
0.06 µm. Diametro
400 mm, altura 5 m.
Vazão – 500 L/h 10-200 m³/h 25 m³/d – 0,5 m³/h 33 m³/d 1155 L/d
Câmara de 1. Tanque 1. Tanque septico; 1.
1° Tanque 1.Tanque de
hidrolise seguido 1. Tanque séptico; anóxico; 2. Tanque de Peneiramento;
septico, 2° Somente peneira alimentação; 2.
pelo tanque 2. Zona anóxica e 2. Tanque aeração e 2. Oxidação
Estrutura do sistema tanque anoxico antes do MBR Tanque biologico
aeróbio com 3. Zona aeróbia aerado; dosagem; biologica; 3.
e 3° tanque Biobooster aerado; 3. Tanque
membrana com com membrana 3. Tanque com 3.Tanque com Filtração; 4.
aeróbio com membrana
recirculação membrana membrana Cloração
Malha da peneira 100 - 200 µm /0,1 - 0.75 mm 1.5 mm antes do
6 mm 0.2 mm 3 mm Fino 1 mm
(mm) 0,2 mm rotativa MBR
Área da membrana
4 m² 60 m² 5.85 m² 139 m² 7 m² – – 7 m²
(m²)
–
PTM – – – 0.06 bar <150 mbar –
Fluxo ( LMH) – – 34.9 10.78 12.81 16.7 – 35.4 11 19.2
Filtração:relaxação
– – – 10 : 0.5 min 9 : 1 min 10:01 min – –
(min)
SSLM 23.71 kg/m³ SSLM 6 - 12 g/L.
SSLM e relação A/M – – ou g/L e A/M=0.36 7832 mg/L SSLM = 9.21 g/L 10 - 12 mg/L A/M=0.10KgDBO –
gDQO/gSSLM /m³d
2d TRH anox. 4 h
TRH – 2h e 02 min – 1,01 d 29 h 19.5 h
e MBR 8 h
TRS /Ɵc (d) 50-200 20.9 35 15 - 30 20 – –
DBO5(%) – – – – 98% 97% 99% 95%
DQO (%) 95% 95% – – 89.70% – – 90%
Nitrogenio total (%) 90% 80% – – – 74% N.amonical 99% –
Fosforo total (%) 70% – – – – – 93% –
27
Tabela 3.7 - Resumo dos estudos sobre MBR descentralizados em pequena escala (continuação)
Santasmasas
Parâmetros da planta Abegglen (2008) Sartor (2008) Batillani (2010) Verrecht (2010) Skouteris (2012a) Abbas (2012) Tai (2014)
(2013)
SS (%) – – – – 100% – 95% 98%
pH – – 6.8 – – – 7.4 –
Turbidez ( NTU ou %) < 5 (NTU) <5 (NTU) – – 99% < 0.2 NTU – 98% (1.2 NTU)
Ausente exceto
E. Coli e
– – E. Coli 99.9 % – Bactéria aeróbica – – Ausente
microbiológicos (%)
mesofilica
Água recuperada
de 25m³/d para A remoção de P e
Modo de
usar em descarga A natureza da água por precipitação.
operação variava
Recirculação da de banheiro e tratada livre de Dosagem cloreto
e era desligado DBO5 (6,2
biomassa do irrigação. patógenos férrico. Requisito
das 22:00 até as O oxigénio mg/L) não
tanque aerado Consumo de confirmou a sua operacional de
5:30 h. dissolvido no atendeu ao
para o tanque energia de 3.11 aptidão para visita a estação é
O excesso de reator anóxico regulamento
anóxico. kWh/m³ com o irrigação irrestrita. de 1 vez na
lodo era é <0,5 mg/L, Espanhol
Concluíram que Remoção maior modelo otimizado O aeradores semana.
armazenado em enquanto o RD1620/2007
Principais é possível que 80% de alcançaria 2.99 consumiam 60% O alto teor de
um bag num oxigénio para uso urbano
recomendações e construir um metais Cd, Cr, As, kWh/m³. da energia. A SSLM, e um TRS
intervalo de 1-2 dissolvido na irrestrita no
conclusões MBR com Cu, Pb. Remoção de N bolha fina para a maior foi
semanas. O MBR é na Texas (5 mg/L).
métodos simples diminuiu com a limpeza do módulo facilmente
problema de mau faixa de 7,0- Somente para
sob condições diminuição do não é eficiente. O atingível,
odor no porão foi 8,0 mg/l. uso em
locais de países TRS. Com o lodo era retirado assegurando um
resolvido com a represamentoe
em aumento da Q de manualmente 2 processo de
reciclagem do paisagem (10
desenvolvimento recirculação vezes semana para nitrificação
lodo e modo de mg/L).
. melhorou a controlar o TRS e completa, mesmo
aeração
remoção de NT e a o TRH a uma temperatura
intermitente
deterioração da baixa de 8 ° C.
remoção PT.
Water Systems by Ecologix Water Systems by
Czech company, Grundfos
Weise technologies Weise
Sem Eidos Ltd Biobooster ZW500c aGE Sem
Fabricante e site MicroClear (USA) MicroClear
especificação http://www.zena- www.grundfos.co Zenon, Canadá especificação
http://www.microc http://www.eco http://www.microc
membranes.cz/ m/biobooster
lear.de/en logix.com/ lear.de/en
Catalogo disponível Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não
28
3.3 - MÉTODOS MULTIOBJETIVO E MULTICRITÉRIO DE APOIO À DECISÃO
De acordo com Gomes et al. (2004) há duas vertentes que marcam o desenvolvimento de
pesquisas na escolha dos métodos de apoio a decisão multicritério, denominadas de Escola
Americana (cujos principais métodos são o AHP e o MAULT e a Escola Francesa (cujos
principais métodos são o ELECTRE e o PROMÉTHÉE). A Escola Francesa também é
chamada por alguns autores como Escola Europeia .
Devido a complexidade dos problemas ambientais, Souza (2014) afirma que esses
problemas podem ser mais bem analisados se considerados sob a ótica de múltiplos
objetivos e múltiplos critérios. Uma forma importante de entender e aplicar esses métodos
é entender como são classificados.
Souza (2014) sugere a classificação dos métodos em diferentes aspectos, permitindo que
um método se enquadre em mais de uma classe simultaneamente:
(1) Quanto às variáveis de decisão:
- Métodos contínuos;
- Métodos discretos.
(2) Quanto ao modo de atuar frente ao agente decisor:
- Articulação prévia de preferências;
- Articulação progressiva de preferências.
(3) Quanto à maneira de enfrentar o problema (tipo de função objetivo):
- Determinísticos;
29
- Estocásticos;
- Conjuntos Difusos (Fuzzy Analysis).
(4) Quanto ao tipo de aplicação:
- Métodos de classificação (hierarquização);
- Métodos de alocação (qualificação de alternativas).
(5) Quanto ao modo de solução:
- Teoria da Utilidade;
- Deslocamento Ideal;
- Compensações (trade-offs);
- Funções de Valor;
- Relações de Dominância.
(6) Quanto ao número de agentes de decisão:
- Com um único Agente Decisor;
- Com multigestores (Decisão em Grupo).
Esta seção aborda alguns aspectos básicos relacionados à utilização e aplicação dos
métodos multiobjetivo e multicritério como ferramenta para resolver problemas
relacionados ao saneamento.
30
Para uma seleção preliminar de sistemas de tratamento de esgotos, von Sperling (1995)
organizou critérios e dados baseados em comparações qualitativas entre alternativas,
comparações diagramáticas, e balanço de vantagens e desvantagens de diversos sistemas.
Neder et al. (2002) avaliaram a seleção da alternativa mais apropriada para a remoção de
algas do efluente de lagoa de estabilização, considerando cinco diferentes processos de
tratamentos naturais testados, para selecionar o processo que fosse mais satisfatório para
tal aplicação.
Brites (2008) para selecionar sistemas de reúso de água em irrigação paisagística com
dados obtidos em um estudo piloto utilizou abordagem multicritério aplicada aos métodos
Compromise Programming, PROMETHEE 2 e o TOPSIS.
31
Em função do conjunto de informações consideradas relevantes para esta pesquisa
construiu-se uma base de dados e, estão apresentadas na Tabela 3.8 as principais
referências que foram utilizadas como base de informações para a elaboração da Fase 2.
Tabela 3.8 - Levantamento de dados com maior relevância para executar a Fase 2.
Métodos
Autor Aplicação
utilizados
PA; CP com
Propõe um modelo para a tomada de decisão na escolha da
Souza (1992) adaptação;
tecnologia apropriada para o tratamento de água residuária
Electre I.
Souza et al. Análise das alternativas de pós-tratamento de efluentes de PA; CP;
(2001) reatores anaeróbios Electre III
Um modelo de seleção tecnológica de alternativas para o PA; CP;
Carneiro (2001)
tratamento de água residuária municipal Electre III
Formulação de modelo de avaliação de desempenho global
Brostel (2002) ELECTRE TRI
de duas estações de tratamento de esgoto
Verificou a sustentabilidade sistemas remotos de água e PROMETHEE
Werner (2009)
esgoto na Austrália e ELECTRE
Nogueira et al. Avaliação econômica e ambiental de sistemas de tratamento Análise de
(2009) de água residuária pequena e descentralizada ciclo de vida
Metodologia para avaliação de desempenho de sistemas de ELECTRE TRI
Mendonça (2009)
drenagem urbana e TOPSIS
Estratégias de desempenho e gestão de alternativas para o
Oakley et al.
controle de nitrogênio em estação de tratamento de água -
(2010)
residuária
Avaliação de alternativas estratégicas para a reciclagem de CP, ELECTRE
Ganoulis (2011)
água residuária na área do mediterrâneo III e IV
Ferramentas de análise de custo-benefício com Análise de
Molinos-Senante externalidades ambiental a grande quantidade de ciclo de vida;
et al. (2012) conhecimento de tecnologias de tratamento contida no Análise de
sistema de suporte a decisão foi aplicado em diferentes custo-beneficio
Metodologia de análise tecnológica de alternativas para o CP, TOPSIS,
Vanzetto (2012) desaguamento de lodos produzidos em estações de ELECTRE III e
tratamento de esgoto AHP
Avaliou a seleção da tecnologia de membrana para sistema
Sadr et al. (2013) -
de tratamento centralizados
Tjandraatmadja Seleção de um sistema de tratamento de águas residuárias
PROMETHEE
et al. (2013) para sist remotos com falha no tanque séptico
Estudo em 62 estações de tratamento de esgoto
Guo et al. (2014) -
descentralizadas instalada em áreas rurais na China
Ouyang et al. Seleção de alternativa de tratamento natural de água Lógica FUZZY
(2015) residuária e AHP
Utilização de aplicação de membranas em diversos Logica FUZZY
Sadr et al. (2015)
tipos/fases de tratamento e TOPSIS
Como objetivo é a utilização da água residuária da indústria
Aydiner et al.
de laticionio o que prevalece a alternativa que apresenta um AHP
(2016)
melhor retorno financeiro.
PA: Ponderação aditiva; CP: Programação de compromisso.
32
3.3.2 - Aplicação e desenvolvimento do TOPSIS
Dada uma matriz e a definição de valores máximos e mínimos dentre as alternativas com
critério crescente j (fj*; fj-) e a definição dos máximos e mínimos valores dentre as
alternativas com critério decrescente i (fi*; fi-), pode-se realizar o cálculo dos vetores com
os melhores e piores valores, ou seja, os valores de PIS (f*) e NIS (f-), utilizando as
distâncias entre as alternativas. De posse dos valores encontrados para PIS (f*) e NIS (f-),
pode-se obter as funções de distância, onde wj, com j =1, 2, ..., J é o valor da importância
relativa (peso) da alternativa para cada objetivo, com p =1, 2, ..., ∞, pelas Equações (3.1) e
(3.2). Sendo p considerado a métrica do sistema (Souza, 2014).
1⁄
𝑝
∗ 𝑝 ∗ 𝑝
𝑝 𝑓𝑗 − 𝑓𝑗 (𝑥) 𝑓𝑖 (𝑥) − 𝑓𝑖
𝑑𝑝𝑃𝐼𝑆 = {∑ 𝑤𝑗 [ ∗ ] + ∑ 𝑤𝑖𝑝 [ − ∗ ] }
𝑓𝑗 − 𝑓𝑗− 𝑓𝑖 − 𝑓𝑖
𝑗∈𝐽 𝑖∈𝐼
(3.1)
1⁄
𝑝
𝑝 𝑓𝑗
(𝑥) − 𝑓𝑗− 𝑝 −
𝑝 𝑓𝑖 − 𝑓𝑖 (𝑥)
𝑝
𝑑𝑝𝑁𝐼𝑆 = {∑ 𝑤𝑗 [ ∗ ] + ∑ 𝑤𝑖 [ − ] }
𝑓𝑗 − 𝑓𝑗− 𝑓𝑖 − 𝑓𝑖∗
𝑗∈𝐽 𝑖∈𝐼
(3.2)
33
Encontrados os valores de dPIS NIS
p e dp para cada alternativa (somatório das alternativas
com critério crescente e decrescente), pode-se calcular o coeficiente de similaridade (Ck*)
para cada alternativa em relação à f*, definido pela Equação (3.3).
𝑑𝑝𝑁𝐼𝑆
𝐶𝑘∗ =
𝑑𝑝𝑃𝐼𝑆 + 𝑑𝑝𝑁𝐼𝑆
(3.3)
Deve-se notar que não existem verdadeiros valores para os limiares, os valores escolhidos
para atribuir aos limiares são os que melhor se adaptam para expressar o caráter imperfeito
do conhecimento (Figueira et al., 2005).
34
de zero, o critério passa a ser denominado de “pseudocriterio”, porque permite outros tipos
de relações de preferências entre ações (Roy, 1991).
O limiar de veto (v) indica o nível a partir do qual uma alternativa A é tão melhor que uma
alternativa B sob um determinado critério que, mesmo considerando os outros critérios, B
nunca poderá ser considerada globalmente melhor que A (Roy, 1991).
Define-se im(a) como o valor do critério m atribuído para a alternativa a, q (im(a)),p (im(a)),
q (im(a)) e v (im(a)) como as funções de indiferença, preferência e veto, respectivamente.
Sabendo que as alternativas são avaliadas duas a duas, há quatro situações possíveis:
indiferença, preferência fraca, preferência forte e incomparabilidade. Essas situações são
definidas conforme as inequações (3.4) para um critério decrescente.
35
Nesse método, também é criada uma matriz de discordância com os índices calculados
conforme as inequações mostradas na Equação (3.6). Os índices de discordância, que
compõem essa matriz variam entre 0 e 1 e medem, para cada critério, o grau de
desconfiança ou refutação em se afirmar que a alternativa a é tão boa quanto a alternativa
b.
(3.7)
Na qual:
wm é o peso atribuído ao critério m.
O próximo passo é definir L(a,b), que é o conjunto dos critérios em que o índice de
discordância é maior que o de concordância global, ou seja, Dm(a,b) C(a,b). Se esse
conjunto é vazio, o valor do índice de credibilidade é igual ao do índice concordância,
Cr(a,b) = C(a,b). Caso contrário, o índice de credibilidade é dado pela Equação (3.8).
36
[1 − 𝐷𝑚 (𝑎, 𝑏)]
𝐶𝑟(𝑎, 𝑏) = 𝐶(𝑎, 𝑏). ∏
[1 − 𝐶(𝑎, 𝑏)]
𝑖∈𝐿(𝑎,𝑏)
(3.8)
Enquanto os pesos dos critérios determinam a importância relativa dada a cada critério,
possuindo assim um grau mais elevado de arbítrio, os limiares guardam uma relação maior
com a natureza do critério e com a qualidade da avaliação (incertezas e imprecisões).
A ideia de uma seleção mais eficaz de tecnologia parte das seguintes constatações: (1)
existência de alternativas mais eficazes que outras; (2) possibilidade de definir critérios e
métodos para avaliar projetos e selecionar a tecnologia mais apropriada; e (3) possibilidade
de adaptar tecnologias às condições econômicas locais (Buarque, 1983).
37
tecnologia é boa para uma classe social, mas é ruim para outra; (c) existe incompetência
e/ou inabilidade do projetista. A prática da escolha tecnológica requer especialistas e
técnicos capazes de incorporar dados sócio-políticos e considerações ético-pessoais ao
processo de concepção técnica (Willoughby, 1990).
38
Souza et al. (2001) abordaram algumas pesquisas em que aplicaram a análise tecnológica
multiobjetivo ao problema de águas residuárias, entre elas: a metodologia de Wolf (1987)
para análise de processos de tratamento de águas residuárias; a metodologia de Tecle et al.
(1988) para a gestão de águas residuárias; o modelo PROSEL-I (Souza, 1992) para seleção
de tecnologias para tratamento de águas residuárias. Baseados nessas aplicações,
propuseram uma metodologia de análise tecnológica composta de cinco fases, que são:
Fase I - Instruções gerais e informação de dados; Fase II - Pré-seleção de alternativas
viáveis ao caso; Fase III - Análise “técnica”; Fase IV - Análise sócioeconômica; e Fase V -
Análise tecnológica global (multiobjetivo).
Souza e Foster (1996) fizeram uma revisão crítica das metodologias que foram
desenvolvidas para auxiliar a seleção do processo a ser implantado em uma instalação para
tratamento de águas residuárias e sugeriram alguns quesitos para o potencial usuário usar
alguns critérios para se decidir sobre qual metodologia deverá utilizar, respondendo as
seguintes questões:
(1) Conjunto de alternativas: o conjunto de alternativas contido ou gerado pelo modelo
satisfaz às exigências do caso específico?
(2) Técnica de solução: a) qual é a técnica de solução que se deseja (tabular, gráfica, ou
computacional)? b) há tempo suficiente e condições para instalar um programa de
computador? Com que frequência necessita-se deste tipo de decisão?
(3) Dados de entrada: a) os dados requeridos pela metodologia são disponíveis? b) quais
são os custos e qual é o tempo necessário para o levantamento destes dados?
(4) Fatores influentes na seleção: a) quais são os fatores de decisão mais importantes no
caso específico? b) quais são os modelos que contemplam estes fatores?
39
Na Figura 3.4 nota-se que os itens críticos para os países em desenvolvimento, como os
custos de operação e implantação, sustentabilidade e simplicidade apresentam um grau de
importância maior. No entanto, contrariamente, os países desenvolvidos prezam mais pela
eficiência e confiabilidade do sistema. Ou seja, em regiões desenvolvidas há uma
preocupação maior com a preservação dos recursos naturais e esses padrões são
estabelecidos por meio de regulamentos de controle e manutenção que são muito
criteriosos.
40
4 - METODOLOGIA
Deste modo, organizou-se as atividades planejadas nesta pesquisa em duas fases que serão
detalhadas nos próximos tópicos.
41
sistemas descentralizados, em escala global e regional, e, posteriormente, correlacionaram-
se os dados à realidade do Brasil.
Essa etapa teve como objetivo apresentar a concepção do sistema com dados numéricos,
utilizando os resultados da avaliação teórica que foram fundamentais para dá sequencia ao
trabalho para a execução da Fase 2. Assim, concluiu-se a primeira fase da metodologia,
apresentando um sistema de tratamento de esgoto sanitário adequado à realidade brasileira
com desempenho que atenda às normas e a legislação vigente.
42
fatores para a escolha de indicadores tecnológicos de desempenho, utilizando métodos
multiobjetivo de auxílio à decisão.
Na Figura 4.1 é apresentado o esboço adotado para a análise tecnológica do processo MBR
para tratamento de esgoto em sistemas descentralizados. Foi proposto um procedimento de
análise tecnológica do processo MBR baseado em uma abordagem de análise de decisão
com múltiplos objetivos e múltiplos critérios. Para facilitar o procedimento de análise,
propôs-se converter o processo decisório em uma problemática de hierarquização de
alternativas de tratamento de esgotos descentralizados, fazendo-se uma comparação com
outros processos de tratamento de esgotos comumente usados no Brasil com a mesma
finalidade.
43
para que fosse, a partir dela, possível o emprego do método multiobjetivo escolhido (ou
dos métodos escolhidos). Com isso, o processo de hierarquização proporcionado por esses
métodos gerou os resultados de avaliação tecnológica do processo MBR para os três
cenários previamente definidos, dentro do contexto de sistemas descentralizados de
tratamento de esgotos. Quando os resultados não corresponderam ao que seria
normalmente esperado, tratou-se de fazer a retroalimentação dos dados, verificando o que
poderia estar causando a discrepância.
44
4.2.1 - Levantamento de informações
Esta etapa teve como foco levantar um conjunto de informações de pesquisas científicas
nacionais e internacionais aplicadas ao tema da dissertação, auxiliar na abordagem do
problema na obtenção de dados, na escolha dos critérios, dos pesos e dos métodos que
auxiliam na tomada de decisão.
Por isso foi considerado como o objetivo geral da metodologia de análise (interesse global)
o de verificar a possibilidade de implantação de um sistema descentralizado de tratamento
de esgoto doméstico com o processo MBR, com o propósito de se criar uma alternativa-
solução compatível com alguns cenários brasileiros.
45
A partir dessa definição do objetivo geral, e mediante consulta a trabalhos similares, foram
definidos os seguintes objetivos específicos da análise tecnológica:
(1) Avaliar e comparar alternativas de tratamento de água residuária utilizadas no Brasil
com o processo MBR em se adequar às realidades locais diferentes existentes no País; e
(2) Escolher um sistema de tratamento de água residuária seguro e confiável que se ajuste
aos aspectos financeiros, ambientais, técnicos e institucionais propiciando benefícios para
os usuários locais.
Partindo desse interesse e das informações disponíveis, constatou-se que os critérios eram
agrupados em dimensões de avaliação obtidas a partir dos objetivos selecionados. No total
foram levantadas nove dimensões e cento e dez critérios. Ao verificar a variedade de
critérios e dimensões, escolheram-se os que eram usados com maior frequência e os que
eram mais relevantes para avaliação de sistemas de tratamento de água residuária
doméstica descentralizado.
Deve-se ressaltar que um procedimento que produziria um critério mais consistente para as
avaliações seria a composição de uma equipe de especialistas que pudessem avaliar tanto a
pertinência das premissas, quanto a pontuação dada às mesmas. Entretanto, tal
procedimento tornou-se inviável de ser realizado.
46
for maximizar, quanto mais próximo de cem, melhor. Se a preferência for minimizar,
quanto mais próximo de zero, melhor. O valor numérico de cada pergunta foi atribuído
pontuação igual, para que o processo de pontuação não influenciasse nos graus de
importância das perguntas, já que não houve consulta a um painel de especialistas.
A padronização linear no intervalo de 0 a 100 foi feita pela seguinte Equação (4.1). Para
auxiliar o preenchimento desses dois tipos de planilhas, foram construídas tabelas de apoio
com dados numéricos obtidos na literatura e por analogia.
𝑋 − 𝑀𝑖𝑛
𝑓(𝑥) = ( ) . 100
𝑀𝑎𝑥 − 𝑀𝑖𝑛
(4.1)
A determinação dos pesos dos critérios (0 a 1), neste trabalho, foi executada
cuidadosamente, levando-se em conta, ainda, o estudo de trabalhos prévios sobre
metodologias de processo de seleção de tratamento de águas residuárias.
A seguir, descrevem-se os critérios utilizados e o procedimento adotado para as suas
respectivas avaliações. Devido à quantidade de alternativas a serem avaliadas e a escassez
de dados na literatura, muitas vezes foi necessário o preenchimento das tabelas de apoio
por meio de analogia entre dados presentes nas próprias tabelas que mais se aproximasse
de alternativas semelhantes.
A geração das alternativas deram-se partir dos sistemas mais empregados no país, com
base em dados do IBGE (2010) apresentados na Tabela 3.2, e do Programa de Pesquisa em
Saneamento Básico (PROSAB), por considerar que estes possuem tecnologia já
consolidada no Brasil, mais fácil acesso e com mais informações publicadas. Foram
escolhidas cinco alternativas, com o propósito de criar um conjunto de alternativas
tecnologicamente apropriadas para o caso de sistemas de tratamento de efluente doméstico
47
unifamiliar. Além dessas tecnologias adicionou-se o sistema MBR que é objetivo principal
desta pesquisa. Os sistemas de lagoas são bem difundidos no Brasil, porém, não se aplica a
sistemas descentralizados por ocupar uma grande área.
Deste modo, optou-se por trabalhar com o método de análise multicritério ELETRE-III e
TOPSIS, por ser considerado de fácil aplicação e apontar como um método de fácil
48
entendimento que pode ser aplicado em várias áreas. Esses métodos já foram aplicados na
área de saneamento por Souza et al., (2001), Werner (2009), Mendonça (2009), Ganoulis
(2011), Vanzetto (2012) e Sadr et al., (2015).
Além disso, optou-se também pela utilização desses métodos, no caso do TOPSIS pela
facilidade em programar e executar o método em Excel, e, no caso do ELECTRE-III, pela
acessibilidade ao seu programa computacional para utilização.
Para o método TOPSIS foi desenvolvido um programa para planilhas em Excel, e para o
método ELECTRE III utilizou-se o software disponível em MCDA ULaval
(http://cersvr1.fsa.ulaval.ca/mcda/?q=en/node/11). A essência e a forma de funcionamento
desses dois métodos foram apresentadas anteriormente na revisão bibliográfica.
A pay-off matrix é a maneira ou o modelo lógico, matemático, real ou racional que foi
usado para mensurar ou estimar o desempenho de cada alternativa segundo cada critério.
49
deste trabalho. Para cada cenário, obteviveram-se os resultados referentes a hierarquização
das alternativas. Ou seja, uma lista pela ordem de preferências das alternativas.
Para essa confirmação, fez-se a análise de sensibilidade, o que permitiu verificar quais
seriam as alterações no resultado final caso os desempenhos das alternativas variassem, ou
os pesos das dimensões tecnológicas fossem reanalisados.
50
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
A evolução do processo MBR desde os anos 90 até hoje, foi abordado por Crawford, Judd
e Zsirai (IWA, 2014), com uma visão dos sistemas divididos em quatro estágios. O
primeiro estágio da tecnologia utilizava um longo tempo de retenção de sólidos (TRS ou
Ɵc) e alta concentração do SSLM (sólidos em suspensão no licor misto). No segundo
estágio, adaptou-se a remoção de nutrientes (N e P) ao sistema MBR, adicionando uma
zona anóxica antes do reator biológico, com recirculação do concentrado no tanque
biológico aerado. Já no terceiro estágio, a planta MBR ganhou destaque ao destinar esforço
para aumentar a capacidade de fluxos na membrana e para minimizar o TRS e o SSLM
com o intuito de otimizar o custo total do MBR. E finalmente veio a quarta geração dos
sistemas MBR, que foi impulsionada por duas forças, pelo aumento da escala e tamanho do
sistema MBR, e pelo aumento do número de fabricantes de membranas, criando
concorrência no mercado. Nota-se que ainda existem muitos desafios, principalmente em
relação ao melhor desempenho do sistema MBR em relação à diversos parâmetros, como o
TRS, e concentração do SSLM, volume do reator e a gestão do lodo produzido, para
conceberem sistemas mais eficientes e com menor custo.
O uso de biorreatores com membrana tem crescido exponencialmente ao longo das últimas
duas décadas seguintes após a introdução de membranas submersas ao reator biológico,
que se deu na década de 90. A tecnologia evoluiu rapidamente com ganhos significativos
no desempenho e confiabilidade, e redução de custos (Cote et al., 2012).
51
Para aplicações de MBRs em pequenas comunidades (Sartor et al., 2008; Battilani et al.,
2010; Verrecht et al., 2010; Abbas et al., 2012; Gil et al., 2012; Skouteris et al., 2012a;
Santasmasas et al., 2013; Tai et al. , 2014) ou em residências unifamiliares (Abegglen et
al., 2008), existem grandes desafios, devido a grandes variações das vazões e,
proporcionalmente, valores grandes para os fatores de carga de pico. Além disso, nesses
casos, são necessários sistemas pequenos e compactos, que são energeticamente menos
eficientes.
Atualmente, os aspectos de maior interesse relacionados aos sistemas MBR são a redução
do consumo de energia e a obstrução do fluxo na membrana. Em uma visão geral, os
principais contribuintes para o consumo de energia são a transferência de lodo, produção
de permeado e a aeração, sendo que esta última é responsável por cerca de 50% do
consumo total de energia (Neoh et al., 2016), chegando mesmo até 60% (Skouteris et al.,
2012a). Para Krzeminski et al. (2012), o consumo específico de energia é dependente da
concepção do sistema e do arranjo físico, do volume de efluente tratado, do tipo de
membrana, e da estratégia operacional.
52
unidades instaladas nos anos anteriores. Assim, os custos globais por unidade de água
tratada eram, em 2010, 10% a menos do que há 15 anos.
Sartor et al. (2008) mostraram que é possível construir um MBR com métodos simples
utilizando a mão de obra local de países em desenvolvimento, como no caso aplicado ao
Vietnã. Isso ajuda a favorecer a implemenação dessa tecnologia descentralizada em locais
onde não há tratamento de esgoto municipal, bem como o reúso de água para atender à
demanda atual e futura.
Battilani et al. (2010) utilizaram um sistema compacto, pré montado e com facilidade de
instalação, chamado de Biobooster, com capacidade de operar com uma concentração de
lodo de quatro a cinco vezes mais elevada do que um sistema MBR convencional. Este
MBR cumpria as normas de qualidade da água de irrigação exigidas pelas diretrizes
internacionais permitindo a reutilização da água direta e indiretamente.
Santasmasas et al. (2013) estudaram a viabilidade de utilizar água cinza após tratamento
realizado com um MBR que atende a uma pequena comunidade com 40 pessoas, por meio
da instalação de um protótipo. Eles notaram que o protótipo pode produzir 1155 L/dia com
um consumo de energia de 2,9 kWh/m³, o que representa 1,8 €/m³. Porém, ao comparar
53
esses resultados com uma unidade com capacidade três vezes maior, o consumo de energia
é reduzido para 2,0 kWh/m³. Ele concluiu que gastos menores de energia estão
relacionados com a aeração e com as diferentes configurações geométricas que ajudam a
melhorar o desempenho de sistemas maiores.
Judd (2015) revisou o status quo da tecnologia MBR aplicada ao tratamento de águas
residuárias municipal e industrial, e relatou que, apesar do grande interesse nesta
tecnologia e da sua penetração no mercado aumentar significativamente, ainda há uma
falta de compreensão das restrições do processo-chave, como o entupimento da membrana
e a produção do conhecimento acerca dos processos de limpeza da membrana.
Com a escassez hídrica na Ilha de Creta na Grécia, Maton et al. (2010) compararam os
custos e benefícios de estratégias alternativas para o tratamento de águas residuárias para
uso na irrigação de vegetais utilizando um biorreator com membrana. Os valores foram
estimados e comparados em dois cenários, o primeiro correspondente a implementação das
opções convencionais de tratamento de água residuária e o segundo usando um MBR. Esse
trabalho de pesquisa teve o intuito de orientar os analistas na Grécia e outros países áridos
que desejam avaliar a viabilidade financeira de métodos alternativos de tratamento de
águas residuais para uso na agricultura. O reúso da água tratada por esta tecnologia
mostraram que os agricultores pagariam menos para tal água do que para água doce
convencional. Além disso, o uso de nível de água recuperada na agricultura poderia gerar
benefícios sociais líquidos, motivando, assim, aos tomadores de decisão á subsidiar
agricultores dispostos a investir em projetos de água de reúso.
Há diversos trabalhos que buscam soluções para otimizar os sistemas MBR, entre os quais
se destaca o de Verrecht et al., (2010), que utilizaram o modelo dinâmico ASM2d para
54
otimizar o consumo de energia de um biorreator com membrana em pequena escala para o
tratamento de águas residuárias domésticas de alta resistência para reciclagem de água. Por
meio de variação de alguns parâmetros foi possível reduzir o consumo de energia em 23%.
Assim, percebe-se que é fundamental o uso da ferramenta de modelagem para a otimização
de parâmetros, principalmente, para os sistemas com pequenas vazões tornarem-se mais
baratos.
Skouteris et al. (2012a) operaram uma estação piloto com MBR aeróbio submerso, com
objetivo principal de avaliar o potencial dos MBR para o tratamento descentralizado de
esgotos no Norte da África com análise de desempenho da membrana e avaliação
comparativa de energia. Inicialmente, foi avaliado o potencial para produzir água tratada
adequada para utilização em irrigação de culturas sem restrições. Demonstraram o
potencial para a utilização da água adequada para irrigação irrestrita e, consequentemente,
que isso pode ter um impacto significativo em termos de segurança hídrica e alimentar para
a região.
Embora o sistema MBR produza um efluente de ótima qualidade, ainda têm-se alguns
desafios com a utilização do permeado, em consequência da sua aparência estética, como a
cor amarela-castanha típica desta água, o que pode levar à sua rejeição por parte dos
consumidores para determinados fins de utilização do efluente produzido (Arévalo et al.,
2012).
55
Ao fazer um levantamento caracterizando as aplicações dos sistemas MBR conforme a
porosidade da membrana, observa-se uma vasta tendência para o uso de membranas de
ultrafiltração - UF (Costanzi et al., 2005; Abegglen et al., 2008; Verrecht et al., 2010;
Skouteris et al., 2012a; Abbas et al., 2012; Belli et al., 2012; Santasmas et al., 2013; Subtil
et al., 2013; Tai et al., 2014) e uma redução do uso de microfiltração - MF (Sartor et al.,
2008; Giacobbo et al., 2011; Gil et al., 2012). Isso pode ser em decorrência das membranas
de UF reterem uma gama maior de micropartículas, como por exemplo vírus, e o custo de
fabricação dos tipos de membrana terem se igualado. Também existem instalações que
utilizam membranas do tipo cerâmica (Battilani et al., 2010), mas estas ainda são raras,
devido o seu alto custo.
De acordo com Krzeminski et al. (2012), o consumo de energia específica para aeração
da membrana do tipo placa plana é de 33-37% maior do que num sistema de fibras ocas.
56
Isso ocorre devido à exigência de ar para a limpeza. No entanto, as aplicações do tipo placa
plana são normalmente operadas em concentrações de SSLM mais elevadas e conhecidas
pelas vantagens operacionais em termos de entupimento e de limpeza, facilidade de
instalação, operação e manutenção em comparação com a configuração de fibra oca
(Pearce, 2008; Santasmasas et al., 2013).
Embora cada configuração de membrana tenha as suas vantagens, Tai et al. (2014)
afirmam que a configuração do tipo FS são bem adequadas para aplicações compactas e
descentralizadas, permitem as concentrações mais elevadas do SSLM para um espaço
menor, e dada a natureza dessas aplicações remotas, quaisquer melhorias em requisitos
operacionais são valiosos para os usuários finais. Embora os módulos de placa plana
proporcionem um desempenho robusto, os mesmos não são adequados para retrolavagem
em alta pressão e são muitas vezes mais caros do que as membranas de fibras ocas, devido
aos elevados custos de produção do módulo por área de membrana (Yoon, 2015). O
desempenho real dos módulos de placa plana e a capacidade de retrolavagem ainda não
estão bem conhecidos.
As aplicações de reúso de água em grande escala são muito restritas, comparado com um
sistema menor de reciclagem de água com aplicação no próprio local de tratamento. Isto
acontece porque o custo de aplicação de reúso de água, em larga escala, permanece alto e
muitas vezes economicamente inviável devido à necessidade de readaptar e investir nos
sistemas existentes de distribuição de água (Hai e Yamamoto, 2011).
57
acumulem em zonas mortas, consequentemente evitando a redução da área da superfície da
membrana, a obstrução do sistema de saída e a redução da eficiência energética.
Esses novos modelos que estão sendo desenvolvidos simplificam o modo de operação, e
muitas vezes eliminam a necessidade de pré-tratamento como a clarificação, além disso
minimizam o tempo de inatividade e reduzem o uso de produtos químicos. Esses
benefícios se somam a um menor custo total decorrente (Phillips, 2015).
Em virtude desse levantamento, constatou-se que para o presente caso, o tipo de membrana
ideal a ser utilizado para aplicação em um MBR descentralizado ou unifamiliar são as
membranas do tipo placa plana de ultrafiltração, por serem os mais recomendados a
sistemas com baixas vazões e por apresentarem maior segurança na qualidade do efluente.
Para sistemas descentralizados que têm grande variação de carga, é importante que se
tenha um pré-tratamento antes do reator biológico com membrana, como a crivagem para a
retenção do material grosseiro e um tanque para equalizar o efluente.
Para as plantas pequenas, é necessário um sistema com peneiramento, sendo que aberturas
de menos de 1 até 3 mm estão se tornando mais comuns em instalações MBR (Metcalf e
Eddy, 2007), que seja de preferência automático (WEF, 2012). Abegglen et al. (2008)
utilizaram uma peneira de 6 mm que não foi eficiente, pois cabelos e algumas particulas
58
solidas suspensas atrapalharam o fluxo na membrana. Algumas aplicações têm utilizado
malhas menores que 1 mm, entre 0,1 e 0,75 mm, que funcionaram com bom desempenho
(Sartor et al., 2008; Battilani et al., 2010; Abbas, 2012).
Um reator com agitação antes do reator com membrana pode servir como um amortecedor,
gerando uma variação menor de carga. Abegglen et al. (2008) ao fazerem a recirculação
do lodo e aeração de modo intermitente, resolveram o problema de mau odor de um
sistema MBR em uma residência, o que também auxiliou na produção de um lodo mais
estabilizado.
Outro fator que deve ser considerado para um bom desempenho do MBR é o modo com
que é dada a partida do sistema. A opção de dar partida com e sem inóculo em um MBR
59
submerso foi estudada por Di Bella et al. (2010). Ambas as condições iniciais de operação
foram capazes de garantir uma excelente eficiência de remoção orgânica. Contudo, os
diferentes mecanismos de deposição da torta sobre a membrana influenciaram
negativamente a eficiência de filtração durante a fase sem inóculo, ocasionando uma
incrustação intensa e irreversível nos primeiros dias, devido aos componentes dissolvidos e
coloidais responsáveis pela resistência do bloqueio dos poros. Este efeito não foi
observado na fase com inóculo, onde a deposição da torta atuou como um pré-filtro.
Pode-se concluir disso que as águas residuárias devem ser evitadas em qualquer
circunstância para inocular um reator biológico acoplado a uma membrana, devido ao seu
elevado potencial de incrustação irreversível. O lodo ativado de uma estação de tratamento
é preferível para a inoculação, uma vez que a biomassa seja aclimatada para efluentes
domésticos (Gil et al., 2012).
De acordo com Gil et al. (2012), para uma situação ideal na partida do MBR, o fluxo
inicial deve ser “baixo”, e a vazão ser aumentada gradualmente até seu fluxo nominal
durante a fase de partida, quando o lodo apresentar flocos bem formados e estiver bem
aclimatado. Portanto, o fluxo deve ser reduzido para uma região suficientemente longe do
fluxo crítico, mas não demasiadamente baixa para evitar a afluência em massa de
partículas finas na membrana.
Yoon (2015) afirma que a lavagem com ar é realizada em membranas submersas para
mitigar o entupimento da membrana. A combinação efetiva de baixo fluxo e aeração
contínua mostrou-se eficaz para minimizar a incrustação biológica e, consequentemente, a
retrolavagem não foi necessária (Trinh, et al., 2016). No entanto, Yoon (2015) afirma que
60
a aeração contínua pode ser substituída por aeração intermitente, cujo consumo de energia
reduz-se em cerca de 30% para as membranas de fibras ocas.
Quanto ao funcionamento do MBR aplicado a uma residência, após um longo período sem
alimentação, ou seja, quando os moradores estão ausentes durante as férias, Trinh et al.
(2016) e Abegglen et al. (2008) notaram que, ao retomar o funcionamento do sistema, a
eficiência na remoção de DQO é alcançada rapidamente, mostrando que o sistema se
recupera ligeiramente as condições iniciais de operação e que responde bem à choque de
cargas.
Diversos parâmetros são importantes para monitorar a eficiência de um sistema MBR. Por
exemplo, um turbidímetro automático é importante de ser instalado na linha de saída de
permeado para controlar as condições físicas da membrana (Tai et al., 2014; Trinh, et al.,
2016). Além da turbidez, a DQO também é um bom parâmetro para indicar os danos
causados a membrana. No entanto, a DQO ainda não é uma técnica analítica medida on
line (Trinh et al., 2016).
61
um pré-tratamento, como, por exemplo, a instalação de um tanque séptico antes do reator
biológico com membranas.
.
5.1.4 - Análise para seleção do tipo de reator de membrana a ser utilizado
A evolução dos sistemas MBR tem demonstrado que alguns módulos de membrana
desenvolveram-se vantagens significativas, tais como densidade de empacotamento,
exigência de energia de aeração, capacidade de tratamento por módulos, robustez na
membrana, e processos de limpeza automáticos em comparação a outros sistemas (Buer e
Cumin, 2010).
Cada um dos formatos dos MBR, com base nas configurações submersas ou externa,
apresenta suas próprias vantagens e desvantagens para diferentes tipos de aplicação e
tamanhos de planta.
O fato dos sistemas com módulos submersos demandarem menos energia decorre da
pressão transmembrana requerida. Em sistema com módulo externo ou corrente lateral,
geralmente a PTM é muito mais elevada do que o utilizado para a configuração submersa
(Judd, 2015).
O custo de energia para circular o líquido a ser filtrado de um MBR com módulo externo é
alto, porque apenas 1% a 5% da alimentação bombeada para o sistema de membrana é
recuperado como permeado em condições típicas e, assim, de 20 a 100 vezes mais água de
alimentação deve ser pressurizada e ou circulada que a quantidade de permeado obtido. O
consumo de energia específico para a filtração é maior do que 4 kWh/m³ de permeado.
Apesar dos elevados custos de capital e de energia, o MBR externo pode ser competitivo
62
para pequenos sistemas, talvez com capacidade menor que 100 m³/d, devido à operação e
manutenção relativamente fácil (Yoon, 2015).
Krzeminski et al. (2012), ao realizarem uma visão geral de sistemas MBR em grande
escala, mostraram que o consumo de energia relacionado aos módulos de membrana está
na faixa de 0,5-0,7 kWh/m³. Além disso, a aeração é um grande consumidor de energia,
muitas vezes superior a 50% do total de consumo de energia, com um mínimo de 35%
sendo utilizada apenas para aeração na membrana.
Uma das vantagens relatadas por Judd (2008) é que as concentrações dos sólidos em
suspensão no licor misto (SSLM) são mais elevadas no reator, o que reduz o tamanho do
reator exigido e promove o desenvolvimento de bactérias nitrificantes específicas,
melhorando assim a remoção da amônia.
Dos mais de 55 produtos de membranas MBR comerciais considerados por Judd (2015),
quase 50% são baseados em materiais de difluoreto de polivinilideno (PVDF), oferecido
em todas as três configurações de membrana (placa plana, fibra oca, e multitubular). Os
63
materiais do tipo Polietersulfona (PES) e membranas de poliolefínica (polietileno, PE e
polipropileno, PP) também foram encontrados disponíveis em configurações de placa
plana e fibra oca, respectivamente. A maioria dos produtos tem um tamanho de poro entre
0,03 e 0,4 µm.
Baseado nas informações levantadas, por meio de outras experiências que obtiveram
sucesso, constatou-se que o tanque com membrana que melhor se aplica ao sistema
proposto é do tipo submerso, onde o mesmo deve ser separado do reator biológico para
facilitar a limpeza e a manutenção do sistema.
Em pequenas comunidades, as casas normalmente são colocadas distantes umas das outras,
a densidade populacional é baixa e, portanto, o uso de um sistema local para uma
residência individual ou para um conjunto de residências pode ser uma opção rentável. A
tecnologia MBR fornece um tratamento robusto, com efluente de alta qualidade, ocupa
pouco espaço, tem capacidade de expansão, e pode ser empregada para melhorar as
estações de tratamento convencionais existentes. Baseado no levantamento bibliográfico,
principalmente no estudo feito por Sadr et al. (2015), que compararam diversos arranjos e
combinações utilizando membranas, foi constatado que a melhor aplicação para um
cenário de reúso de água não potável em uma comunidade em desenvolvimento que sofre
com a escassez hídrica é um sistema composto por um tratamento primário seguido de um
MBR (anóxico + aeróbio + UF) + desinfecção. Com isso, propõe-se o fluxograma do
sistema MBR que está representado na Figura 5.1.
64
O sistema sugerido foi baseado em Abegglen (2008), pois este foi o sistema que melhor
atendeu as características requeridas por esta pesquisa, sendo o único que aplicou o MBR
em uma residência, e, por operar de modo intermitente, deve reduzir ao máximo o
consumo de energia. O sistema proposto contempla um tanque séptico, seguido por um
tanque anóxico, tanque biológico aerado e tanque submerso com membrana. O módulo de
membrana será o de placa plana e ficará em um tanque separado, por apresentar vantagens
adicionais de manutenção, além de atuar como um tanque de aeração de segundo estágio.
Assim, o sistema se comporta como um reator de fluxo em pistão até certo ponto, e há
probabilidades de diminuir as concentrações dos contaminantes não tratados (Yoon, 2015).
O dimensionamento realizado como parte desta pesquisa segue os passos estabelecidos por
Judd (2011) para um MBR submerso com modelo em estado estacionário. Nesse método, o
dimensionamento é baseado em uma combinação de dados empíricos ou heurísticos e
biocinéticos ou estequiométricos, com base na bioquímica do processo biológico aeróbio
de tratamento de esgoto. Com informação adequada à inter-relação entre os parâmetros de
aeração, de qualidade da água de alimentação, de fluxos, e biocinéticos para o componente
biológico, o projeto pode ser dividido em três partes distintas, a do processo de membrana,
a do processo biológico e a do sistema de aeração. A permeabilidade e a limpeza para o
componente de permeação da membrana dependem das especificações do fabricante.
O sistema MBR será precedido por um tanque séptico, o cálculo do volume do tanque
séptico foi baseado na NBR 7229/1993, chegando-se ao volume de aproximadamente 2 m³.
As características do efluente após tratamento primário consideradas para o
65
dimensionamento foram os de DQO, DBO5, NTK, SST e SSV, com os valores de 481
mg/L, 229 mg/L, 40 mg/L, 151 mg/L, 107 mg/L, respectivamente. Os valores biocinéticos
típicos do sistema de lodos ativados podem ser usados para o MBR, mesmo não sendo os
valores apropriados, o seu uso não apresenta erro significativo (Judd, 2011). Esses valores
são: coeficiente de saturação (Ks = 20); coeficiente de decaimento endógeno heterotrófico
(ke = 0,12); taxa máxima de crescimento específico heterotróficos (µm = 6); coeficiente de
produção heterotrófico (Y = 0,4); meio coeficiente de saturação para a nitrificação (Kn =
0,74); coeficiente de decaimento endógeno nitrificação (ke,n = 0,08); taxa de nitrificação
máxima de crescimento específico (µm,n = 0,75); e coeficiente de produção de nitrificação
(Yn = 0,12) (Judd, 2011).
Para dimensionar o sistema MBR é necessário considerar três etapas: (1) dimensionamento
da membrana; (2) dimensionamento do sistema biológico, e (3) dimensionamento do
sistema de aeração. Os detalhes do dimensionamento estão apresentados no Apêndice B.
Baseado nos passos descritos foi realizado o dimensionamento do sistema MBR que estão
detalhados no Apêndice A. Com os resultados obtidos foi possível chegar a configuração
do sistema MBR apresentado na Figura 5.2. Os níveis e a cota do desenho dependerá da
topografia do terreno e como se deseja implantar com o uso ou não de bombeamento.
66
Figura 5.2 - Configuração do sistema MBR dimensionado e proposto para ser aplicado ao tratamento de esgoto doméstico unifamiliar.
(1) Tanque séptico: volume de 2 m³. Profundidade 1,5 m. Largura : 1 m; Comprimento 1,5 m.
(2) Tanque anóxico: volume de 0,25 m³. Profundidade 1,0 m. Largura : 0,5 m; Comprimento 0,5 m
(4) Tanque biológico aerado: volume de 0,30 m³. Profundidade 1,0 m. Largura : 0,5 m; Comprimento 0,6 m
(6) Tanque com membrana submersa: as dimensões do tanque dependerá da caracteristica do módulo fornecida pelo fabricante.
67
5.2 - FASE 2 - ANÁLISE TECNOLÓGICA DE SISTEMAS DE TRATAMENTO DE
ÁGUA RESIDUÁRIA UNIFAMILIAR
68
Tabela 5.1 - Base de dados com as principais referências levantadas para a fase 2.
Souza Carneiro Sadr Tjandraatmadja Sadr Ouyang Aydiner
Autor/ Souza Brostel Werner Ganoulis Frequência
et al. et al. et al. et al. et al. et al et al.
Dimensão (1992) (2002) (2009) (2011) de uso (%)
(2001) (2001) (2013) (2013) (2015) (2015) (2016)
Econômica x x x x x x x x x x x 100,0
Técnica x x x x x x x x x x 90,9
Ambiental x x x x x x x x x x 90,9
Social x x x x x x x x 72,7
Institucional x 9,1
Administrativa x 9,1
Sócio-econômica x 9,1
Cultural x x 18,2
Ecológico x 9,1
Total de dimensões 5 3 5 5 5 4 3 4 4 4 3
N.º de critérios 44 18 10 18 13 8 5 26 10 14 11
N.º de alternativas 106 10 6 --- 5 14 8 9 10 5 5
69
Esse levantamento de informações foi fundamental para a avaliação tecnológica proposta
no Capítulo 4. Os autores apontam um ponto de convergência com diferentes dimensões,
destacando-se e sendo escolhidas para esta pesquisa, as dimensões técnica, econômica,
social e ambiental, as quais constituíram o conjunto que instrumentou o processo de análise
tecnológica realizado.
Como o foco deste trabalho são sistemas de tratamento de esgoto descentralizados, outro
critério importante de ser considerado seria a resistência a choques de cargas. No entanto,
esse critério foi descartado, já que todas as alternativas de tratamento tem um tanque
séptico que auxilia no pré-tratamento e serve para equalizar a carga de efluente, e esse
mesmo critério foi avaliado indiretamente dentro do critério de confiabilidade.
Com o propósito de facilitar a compreensão e obter uma boa simulação, nesta pesquisa,
portanto, estabeleceram-se dez critérios, subdividindo-os em dimensões de avaliação
técnica, econômica, ambiental e social, com os mecanismos de avaliação que estão
apresentados na Tabela 5.2.
As estratégias dos pesos atribuídos para cada critério estão apresentadas nas Tabela 5.3 e
Tabela 5.4. Com o intuito de não convergir na escolha de uma alternativa, critério e/ou
dimensão, primeiramente considerou-se pesos iguais para todos os critérios (1/10).
Posteriormente, estabeleceram-se os pesos de acordo com as dimensões, considerando que
os pesos dos critérios da dimensão priorizada seriam o dobro das dimensões não
70
priorizadas. E por último priorizaram-se os objetivos de acordo com a necessidade dos
cenários e os pesos atribuídos foram definidos pela pesquisadora.
Tabela 5.2 - Dimensões e critérios de avaliação escolhidos para a análise tecnológica de processo
MBR para tratamento descentralizado de esgotos.
Mecanismo de Preferência
Dimensão Critério
avaliação
Planilha Decrescente
C1. Consumo de energia
padronizada
Planilha Decrescente
C2. Área exigida
padronizada
Técnica Planilha Decrescente
C3. Quantidade de resíduo (lodo) produzido
padronizada
C4. Confiabilidade Planilha pontuada Crescente
C5. Complexidade operacional Planilha pontuada Decrescente
Planilha Decrescente
C6. Custo de capital ou de implantação)
Econômica padronizada
C7. Custo de O&M Planilha pontuada Decrescente
C8. Impacto Ambiental Planilha pontuada Decrescente
Ambiental C9. Conformidade com a Política e Legislação Planilha pontuada Crescente
Ambiental
C10. Aceitação da comunidade/chefe da Planilha pontuada Crescente
Social
família
Para o Cenário 1, de acordo com a realidade local, considerou-se que o efluente poderia ser
infiltrado no terreno, e, por isso, os critérios escolhidos que apresentam maior relevância
71
nesta situação estão relacionados ao funcionamento técnico do sistema de tratamento,
especificamente, confiabilidade e complexidade. Adotou-se peso dobrado a esses critérios
em relação aos demais critérios.
Com o intuito de representar diversas realidades brasileiras que sofrem com a escassez
hídrica e de fazer o reúso da água, propôs-se o cenário 3. Neste cenário, os parâmetros que
têm maior influência estão relacionados à capacidade de produzir um efluente de ótima
qualidade. Consequentemente, este cenário exige uma alternativa mais complexa e deve-se
considerar o comportamento da família/comunidade quanto à aceitabilidade do processo.
Portanto, enfatizaram-se os critérios confiabilidade, impacto ambiental, conformidade e
aceitação da comunidade, com o dobro do peso dos demais critérios e, para o critério
conformidade com a legislação, com o peso três vezes maior que os demais.
72
Na formulação dos cenários não foram consideradas as condições do local quanto aos
fatores econômicos, de demanda por área e de consumo de energia, pois estes devem ser
avaliados de forma mais criteriosa de quando usar ou não uma alternativa.
Este critério fornece uma indicação comparativa do tamanho da área que ocupa uma
tecnologia de tratamento. Utilizou-se, para medir este critério, a variável área demandada
por metro cúbico de esgoto tratado, que é um parâmetro médio fornecido pela literatura
para cada processo ou operação unitária. Os valores de área demandada por m³ de esgoto
tratado foram adotados por meio de padronização de valores disponíveis na literatura,
73
sendo que a pontuação mais alta é atribuída à tecnologia que exige uma menor área e uma
pontuação baixa é atribuída à tecnologia que exige uma maior área (Tabela 5.6).
Tabela 5.7 - Valores adotados para quantificar o critério quantidade de resíduo (lodo) produzido.
Quantidade de resíduo (lodo) produzido
Produção de lodo Valor
Alternativa
(g/hab d) Referência padronizado
A1. TS
30 40
A2. TS + FAn
39 100
von Sperling* (2005)
A3. TS + Wet Alem Sobrinho e
30 40
A4. UASB + BAS Jordão* (2001)
30 Abegglen (2008) 40
A5. UASB + LAC 27 20
A6. TS + MBR 24 0
*considerou-se o valor máximo de produção de lodo.
74
5.2.2.4 - Confiabilidade
75
5.2.2.5 - Complexidade operacional
A dificuldade de se operar e manter um processo de tratamento pode ser medida por seu
“nível de complexidade”. Como este critério indica o nível de habilidade necessária para
operação e manutenção da tecnologia de tratamento, para as tecnologias menos complexas
são atribuídas pontuações mais elevadas e vice-versa. A mensuração do valor deste critério
em cada alternativa foi obtida por planilha pontuada representada na Tabela 5.10. Na
Tabela 5.11 apresentam-se as respostas e as referências utilizadas para responder a planilha
pontuada referente ao critério complexidade operacional.
76
5.2.2.6 - Custo de capital ou de implantação
Este critério leva em conta os custos associados com o funcionamento da cada processo de
tratamento durante a sua vida útil, importando em materiais para troca e substituição de
77
equipamentos, consumo de energia e de produtos químicos. Para as tecnologias associadas
a altos custos de O&M são atribuídas pontuações altas, enquanto para aquelas associadas
com menores custos de O&M são atribuídas pontuações mais baixas. Os valores foram
adotados por meio de planilha pontuada que está apresentada na Tabela 5.13.
78
5.2.2.8 - Impacto Ambiental
79
5.2.2.9 - Conformidade com a Política e Legislação Ambiental
Tabela 5.17 - Planilha pontuada para o critério conformidade com a política e legislação ambiental
Conformidade com a Política e Legislação Ambiental
Item
Atende aos padrões de lançamentos em corpo receptor (Classe II) Pontuação
(CONAMA Resolução 430/2011) – Aplicados aos cenários 1 e 2
0 - Não atende
1. DBO5 (120 mg/L ou 60%)
33,3 - Atende
0 - Não atende
2. Nitrogênio amoniacal (20 mg/L)
33,3 - Atende
0 - Não atende
3. SST (remoção > 20%)
33,3 - Atende
Atende aos padrões de reúso da ANA (2005) - Classe 3: irrigação de
Pontuação
áreas verdes e rega dos jardins - Aplicado aos cenário 3
0 - Não atende
1. SST - Sólidos suspensos totais (≤ 20,0 mg/L)
25 - Atende
0 - Não atende
2. Turbidez (≤ 5,0 NTU)
25 - Atende
0 - Não atende
3. DBO5 (≤ 20,0 mg/L)
25 - Atende
0 - Não atende
4. Nitrogênio amoniacal (5-30 mg/L)
25 - Atende
80
Tabela 5.18 - Valores adotados para quantificar o critério conformidade com a política e legislação
ambiental
A2. TS + A3. TS + A4. UASB + A5. UASB + A6. TS +
Parâmetros A1. TS
FAn Wet BAS LAC MBR
Nitrogênio amoniacal
> 20 > 15 10 5-10 5-15 3.2
(mg/L)
SST - Sólidos
< 100 < 20 <20 14 < 30 2.6
suspensos totais
Pontuação
Cenários 1 e 2 66,8 100 100 100 100 100
Cenário 3 - - - 75 50 100
*Valor não encontrado e por analogia considerando o baixo teor de SST adotou-se menor que 20.
Referências: Andrade Neto et al (2000); Chernicharo et al, (2001); EPA (2002); Gonçalves et al (1998); von
Sperling, (2005); Ávila (2005); Sartor (2008); Abegglen (2008); Almeida el al (2010); Bof et al., (2001)
Skouteris et al., (2012a); Abbas et al. (2012); Luna et al (2013).
81
Tabela 5.20 - Planilha pontuada para o critério Aceitação da comunidade/família
Aceitação da comunidade/família
Envolve a Pode ser
Aceitabilidade
Alternativa comunidade na adaptado ou Pontuação
do sistema
O&M expandido
A1. TS Sim Sim Sim 100
A2. TS + FAn Sim Sim Sim 100
A3. TS + Wet Sim Sim Sim 100
A4. UASB + BAS Sim Parcialmente Parcial 66,7
A5. UASB + LAC Sim Não Parcial 50
A6. TS + MBR Sim Não Não 33,3
Tabela 5.21 – Matriz de avaliação das alternativas de acordo com cada critério
Pay-off Matrix
Alternativas
Dimensão Critério
A1 A2 A3 A4 A5 A6
C1 0 0 0 50 75 100
C2 0 3 100 14 26 3
Técnica C3 40 100 40 40 20 0
C4 100 87,5 87,5 50 50 37,5
C5 0 0 25,05 41,75 50 100
C6 0 13 26 59 92 100
Econômica
C7 0 0 25,05 50 75,15 100
C8 41,75 25,05 16,7 41,75 50,1 66,8
Ambiental
C91 66,6 100 100 100 100 100
C92 - - - 75 50 100
Social C10 100 100 100 66,7 50 33,3
¹Simulação para o Cenário 1 e 2; ²Simulação para o Cenário 3 (Reúso de água); A1. TS; A2. TS+FAn; A3.
TS+Wet; A4. UASB+BAS; A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
82
Nos próximos tópicos estão apresentados os resultados das alternativas para análise
multicritério e multiobjetivo com a aplicação dos métodos TOPSIS e ELECTRE III. As
alternativas estão posicionadas quanto à ordem de classificação no ranking. De modo que
os resultados da posição das alternativas do método ELECTRE III está apresentado na
coluna 2, e do método TOPSIS nas demais colunas juntamente com os valores encontrados
para os coeficientes de similaridade com p=1, p=2 e p=∞.
Os valores dos limiares para o método ELECTRE III de indiferença (q), preferência (p) e
veto(v) podem ser constantes ou variar ao longo da escala. Deve-se notar que não existem
verdadeiros valores para os limiares. Portanto, os valores escolhidos para atribuir aos
limiares são os que melhor se adaptam para expressar o caráter imperfeito do
conhecimento (Figueira et al, 2005). O limite de veto não foi utilizado pois em todos os
critérios estão aplicados na mesma escala, sendo que, diferença entre as opções. Os
desempenhos dos critérios não apresentam grande discrepância, por isso, desconsiderou o
veto nesta avaliação.
Neste trabalho, escolheram-se os limiares de preferências (p) com 25% do valor médio dos
critérios definidos como valores de referências e adotou-se uma relação de p/q=2,5. Na
Tabela 5.22 apresenta os valores adotados para representar a indiferença e a preferência de
cada critério.
83
5.2.3.1 - Avaliação dos resultados no Cenário 1
Para este cenário, os resultados apresentados na Tabela 5.23, dada a não exigência ao
considerar os critérios ambientais e dar enfoque aos critérios referentes ao funcionamento
das tecnologias, indicam que a melhor alternativa a ser aplicada nesta situação seriam as
alternativas A1 - Tanque séptico e a A2 - Tanque séptico seguido de filtro anaeróbio, por
serem tecnologias relativamente simples e de fácil implantação. Já a tecnologia que pior se
adequaria ao Cenário 1 se adotada para esta situação é a A6 – Tanque séptico seguido por
MBR, devido a sua complexidade, alto custo e necessidade frequente de manutenção.
Percebe-se uma similaridade nos resultados obtidos pelo método ELECTRE III com o do
TOPSIS para p = ∞.
Tabela 5.23 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS para o Cenário 1
Cenário 1 ELECTRE-III TOPSIS
Alt. Alt. Alt.
Ranking Alt.
Ck* (p=1) Ck* (p=2) Ck* (p = ∞)
1º A1 e A2 A2 A2 A1 e A2
2º A3 A1 A3 A3
3º A4 A3 A1 A4
4º A5 A4 A4 A5
5º A6 A5 A5 A6
6º A6 A6
Ck* - coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
84
local tiver limitação de área, a solução que deverá ser adotada precisa atender o requisito
de disponibilidade de área para instalação, no caso a alternativa A2 é a melhor solução.
Enquanto que a alternativa A6 mostra-se novamente como a tecnologia menos adequada
para ser implantada nesse Cenário 2.
Tabela 5.24 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS para o Cenário 2
Cenário 2 ELECTRE-III TOPSIS
Alt. Alt. Alt.
Ranking Alt.
Ck* (p=1) Ck* (p=2) Ck* (p = ∞)
1º A1, A2 e A3 A2 A2 e A3 A2 e A3
2º A4 A3 A4 A4 e A5
3º A5 A1 A5 A1 e A6
4º A6 A4 A1
5º A5 A6
6º A6
Ck* - coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
As alternativas escolhidas para serem avaliadas nesta etapa foram as seguintes: (A4)
UASB seguido de filtro biológico aerado; (A5) UASB seguido por lodos ativados; e (A6)
Tanque séptico acompanhado do MBR. Para atender à exigência do Cenário 3, considerou-
se que todas essas alternativas teriam ao final a desinfecção do efluente tratado, como
recomendado pela NBR 13969/1997.
85
Os padrões adotados foram estabelecidos pela Agência Nacional de Águas (ANA, 2005)
para o reúso de água para irrigação de áreas verdes e rega de jardins, já apresentados
anteriormente no tópico 3.1. Os resultados para avaliação das tecnologias de tratamentos
para esse cenário estão apresentados na Tabela 5.25
Tabela 5.25 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS para o Cenário 3
Cenário 3 ELECTRE-III TOPSIS
Alt. Alt. Alt.
Ranking Alt.
Ck* (p=1) Ck* (p=2) Ck* (p = ∞)
1º A4 A4 A4 A6
2º A5 e A6 A5 A6 A4
3º A6 A5 A5
Ck*- coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
A análise de sensibilidade foi realizada por meio de variação dos pesos atribuídos a cada
critério, permitindo, assim, verificar quais seriam as alterações no resultado final caso as
suas preferências variassem.
As prioridades finais das alternativas são altamente dependentes dos pesos ligados aos
critérios principais. Assim, a análise de sensibilidade deve ser realizada para observar o
impacto de pesos variados sobre os resultados. Se a classificação não muda, os resultados
são considerados robustos, e em caso contrário, são sensíveis (Ouyang et al. 2015). Se o
ranking é altamente sensível a pequenas alterações nos pesos, uma revisão cuidadosa dos
pesos deve ser proposta. Além disso, os critérios de decisão adicionais devem ser
envolvidos como um ponto do ranking altamente sensível a uma potencial discriminação
fraca da série de critérios.
86
A ordenação das alternativas de acordo com a classificação da melhor (primeira posição)
ou pior (última posição), para adoção dos valores dos pesos iguais tanto para todos os
critérios (Tabela 5.26) como para as dimensões (Tabela 5.27), mostraram pequenas
variações. No entanto, essas variações não foram consideradas altamente sensíveis,
mostrando que a variação aconteceu conforme o esperado.
Tabela 5.26 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com aplicação de
pesos iguais para cada critério
ELECTRE III TOPSIS
Ranking
Alt. Alt. Ck* (p=1) Alt. Ck* (p=2) Alt. Ck* (p = ∞)
1º A1 e A2 A2 A2 A4
2º A3 A1 A3 A5
3º A4 A3 A1 A1, A2, A3 e A6
4º A5 A4 A4
5º A6 A5 A5
6º A6 A6
Ck*- coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
Tabela 5.27 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com aplicação de
pesos iguais para as dimensões
ELECTRE III TOPSIS
Ranking
Alt. Alt. Ck* (p=1) Alt. Ck* (p=2) Alt. Ck* (p = ∞)
1º A2 A2 A2 A2 e A3
2º A1 A3 A3 A1
3º A3 A1 A1 A4
4º A4 A4 A4 A5
5º A5 A5 A5 A6
6º A6 A6 A6
Ck*- coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
Na abordagem das quatro dimensões, os valores encontrados na Tabela 5.28, Tabela 5.29,
Tabela 5.30 e Tabela 5.31 referem-se aos valores maiores dados aos critérios técnicos,
econômicos, ambientais e sociais, respectivamente. O ranking mostrou-se sensível somente
quando houve grandes alterações dos pesos em relação aos critérios por dimensões.
87
Tabela 5.28 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com aplicação de
pesos dobrados para os critérios técnicos
ELECTRE III TOPSIS
Ranking Alt. Alt. Alt.
Alt.
Ck* (p=1) Ck* (p=2) Ck* (p = ∞)
1º A1 e A2 A1 A2 A1
2º A3 A2 A3 A4
3º A4 A3 A1 A2,A3,A5,A6
4º A5 A4 A4
5º A6 A5 A5
6º A6 A6
Ck*- coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
Tabela 5.29 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com aplicação de
pesos dobrados para os critérios econômicos
ELECTRE III TOPSIS
Ranking Alt. Alt. Alt.
Alt.
Ck* (p=1) Ck* (p=2) Ck* (p = ∞)
1º A1 e A2 A2 A2 A1 e A2
2º A3 A1 A3 A3
3º A4 A3 A1 A4
4º A5 A4 A4 A5
5º A6 A5 A5 A6
6º A6 A6
Ck*- coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
Tabela 5.30 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com aplicação de
pesos dobrados para os critérios ambientais
ELECTRE III TOPSIS
Ranking Alt. Alt. Alt.
Alt. *
Ck (p=1) *
Ck (p=2) Ck (p = ∞)
*
1º A1, A2 e A3 A2 A3 A2 e A3
2º A4 A3 A2 A4
3º A5 A1 A4 A5
4º A6 A4 A5 A6
5º A5 A6 A1
6º A6 A1
Ck - coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa.
*
88
Tabela 5.31 – Resultados da simulação nos métodos ELECTRE III e TOPSIS com aplicação de
pesos dobrados para os critérios sociais
ELECTRE III TOPSIS
Ranking Alt. Alt. Alt.
Alt.
Ck* (p=1) Ck* (p=2) Ck* (p = ∞)
1º A1 e A2 A2 A2 A1, A2 e A3
2º A3 A1 A3 A4
3º A4 A3 A1 A5
4º A5 A4 A4 A6
5º A6 A5 A5
6º A6 A6
Ck* - coeficiente de similaridade. Alt. – alternativa. A1. TS; A2. TS+FAn; A3. TS+Wet; A4. UASB+BAS;
A5. UASB+LAC; A6. TS+MBR
89
6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
90
O MBR por ser uma tecnologia considerada complexa e com altos custos de implantação e
manutenção se mostrou adequado para ser instalado apenas em locais que sofrem com a
escassez hídrica e necessitam de utilizar o efluente tratado de esgoto sanitário.
Por exemplo, uma questão importante não capturada pela metodologia proposta é o
domínio pela comunidade da tecnologia, a sua “apropriação” pelo País. Sabe-se e é notório
que o Brasil não domina a tecnologia de fabricação das membranas, o que torna a adoção
da tecnologia MBR um fator de grande dependência pela importação de membranas e
equipamentos para funcionamento dos módulos de membranas. Então, para que a
metodologia capturasse esse fator, seria necessário que a ela fosse incorporada a dimensão
da política tecnológica.
A possibilidade ou não de se realizar o reúso de água parece ser o grande divisor entre a
adoção ou não da tecnologia MBR. Se se continuar a considerar padrões tão restritivos de
qualidade da água para reúso, então, pelo valor alcançado para Sólidos Suspensos Totais e
Turbidez no efluente das alternativas de tratamento de esgoto normalmente consideradas,
somente a tecnologia MBR tem condições de atender a esses critérios de exigência.
Espera-se que o Brasil adote uma legislação para reúso de água que seja realística, e,
portanto, permita que outras alternativas de processos biológicos de tratamento de esgotos
que não a MBR possam ser levadas em consideração nos cenários com reúso de água.
Por outro lado, sugere-se que na metodologia proposta sejam inseridos outros métodos
multiobjetivo e multicritério e que seja promovida a consulta a atores e especialistas para
atribuir pesos e avaliar os critérios utilizados para a avaliação tecnológica. E, ainda, uma
sugestão para aprimoramento do processo de análise tecnológica realizado é a adoção de
outra problemática decisória, que é a de alocação, onde se teria que criar classes de
91
adequação da tecnologia (adequada, inadequada) e cada alternativa tecnológica seria
classificada em uma dessas classes. Nesse caso, bastaria trocar os métodos de análise
multiobjetivo aqui utilizados por outros que permitam o procedimento de alocação (como,
por exemplo, o próprio TOPSIS modificado, ou o ELECTRE-TRI).
Os custos para a implantação e operação do MBR, bem como a comparação com outros
processos, como Lodos Ativados, podem ser tópicos de estudo para uma análise de custo
mais aprofundada quando aplicados a sistema unifamiliar ou descentralizado.
92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Municipal wastewater treatment in Iraq. Regional conference on Wastewater
Purification & reuse, Crete, Greece.
Abegglen, C.K (2008). Membrane bioreactor technology for decentralized wastewater
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Technology Zurich, 150 p.
Abegglen, C.K.; Ospelta, M.; Siegrist, H. (2008). Biological nutrient removal in a small-
scale MBR treating household wastewater. Water Research 42. 338 – 346.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13.969 (1997). Projeto,
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dos Efluentes de Tanques Séptico. Rio de Janeiro.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15527 (2007). Água de chuva -
Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos.
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APÊNDICE A - DIMENSIONAMENTO
1. Dimensionamento da membrana
𝐴𝑚
𝑉𝑚,𝑚𝑖𝑛 =
∅𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒
(A.1)
na qual:
Am: área da membrana
φ: Densidade de empacotamento da membrana
𝜇 𝑁 𝑂𝐷
𝜇𝑛 = ( 𝐾𝑛,𝑚+𝑁 𝑒) (𝑘 ) − 𝐾𝑒,𝑛 (eq. 2)
𝑛 𝑒 𝑂 +𝑂𝐷
(A.2)
1
𝜃𝑥,𝑎𝑒𝑟 = 𝑆𝐹
𝜇𝑛
(A.3)
Na qual:
µn,m: Taxa de nitrificação máxima de crescimento específico, gSSV/(gSSV d)
100
Ne: Amônia total, nitrogênio total ou NTK no efluente, mg/L
OD: oxigênio dissolvido
Kn: Meio coeficiente de saturação para a nitrificação
Ko: Meio coeficiente de saturação para o oxigênio
Ke,n: Coeficiente de decaimento endógeno Nitrificação, gSSV/(g SSV d)
SF: fator de segurança (adotado 1.5)
𝑘𝑠 (1 + 𝐾𝑒 𝜃𝑥,𝑎𝑒𝑟 )
𝑆𝑒 =
𝜃𝑥,𝑎𝑒𝑟 (𝜇𝑚 − 𝐾𝑒 ) − 1
(A.5)
Na qual:
Ks: coeficiente de saturação, gDQO/m3
Ke: Coeficiente de decaimento endógeno heterotrófico, gSSV/(g SSV d)
S: DBO afluente, g/m3
Se: DBO efluente, g/m3
fd: Fração da biomassa que permanece como detritos celulares, geralmente 0,1-0,15
gSSV/g substrato
Q: vazão média m³/d
Y: Coeficiente de produção heterotrófico, gSSV/(gDBO)
YN: Coeficiente de produção de nitrificação, gSSV/(gDBO)
NOx: Concentração de NTK oxidável ao nitrato, g/m3
µm: Taxa máxima de crescimento específico heterotróficos, gSSV/(gSSV d)
101
Após calcular concentração de NTK oxidável ao nitrato (NOx), faz-se a iteração desse
novo valor encontrado com a Equação (A.4), para encontrar um novo valor de Mx,bio.
𝐷𝑄𝑂𝐵𝑃
𝑆𝑆𝑉𝑁𝐵 = (1 − ) 𝑆𝑆𝑉
𝐷𝑄𝑂𝑃
(A.8)
Usando valores adotados para o SSLM e o TRS aeróbio, o volume do tanque aeróbio pode
ser calculado por meio da obtenção da massa de sólidos sendo aerada. Então, utilizando o
SSLM aeróbio para converter essa massa para o volume ocupado de sólidos, obtém-se a
Equação (A.10) para determinar o volume do tanque aeróbio (Vaer).
𝑀𝑋,𝑆𝑆𝑇 𝜃𝑥,𝑎𝑒𝑟
𝑉𝑎𝑒𝑟 =
𝑋𝑎𝑒𝑟
(A.10)
Na qual:
Xaer: Concentração do SSLM na zona aeróbia, g/m3
A concentração do SSLM na zona anóxica (Xanox) pode ser encontrada por meio da
equação (A.11).
𝑟𝑖𝑛𝑡
𝑋𝑎𝑛𝑜𝑥 = 𝑋𝑎𝑒𝑟 ( )
1 + 𝑟𝑖𝑛𝑡
(A.11)
102
Na qual:
rint: taxa de recirculação interna (adimensional)
Para calcular a concentração do SSLM na zona aeróbia utiliza a Equação (A.12) a seguir.
𝑟𝑚𝑟
𝑋𝑎𝑒𝑟 = 𝑋𝑚 ( )
1 + 𝑟𝑚𝑟
(A.12)
Na qual:
rmr: Razão de recirculação da membrana (adimensional)
Xm: Nível do licor misto de sólidos em suspensão de no tanque de membrana, g/m3
A vazão de descarte do lodo (Qw) pode ser determinada em função do volume do tanque
aeróbio com o TRS aeróbio, pelo emprego da Equação (A.13) a seguir.
𝑉𝑎𝑒𝑟
𝑄𝑊 =
𝜃𝑥,𝑎𝑒𝑟
(A.13)
𝑀𝑥,𝑏𝑖𝑜
𝑁𝑂𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 𝑄 𝑟𝑖𝑛𝑡 (𝑇𝑁𝐾 − 𝑁𝑒 − 0.12 )
𝑄
(A.15)
Na qual:
SDNR: taxa de desnitrificação especifica, (gNO3-N/g SSVLM d)
A taxa de recirculação (rint) necessária para obter a concentração de nitrato desejada NOe, é
dada pela Equação (A.16).
𝑁𝑂𝑥
𝑟𝑖𝑛𝑡 = −1
𝑁𝑂𝑒
103
(A.16)
Na qual:
NOe: Concentração de nitrato efluente, g/m3
𝑄 𝜃𝑥,𝑎𝑒𝑟 𝑌 (𝑆 − 𝑆𝑒 ) 𝑟𝑖𝑛𝑡
𝑋𝑏,𝑎𝑛𝑜𝑥 = ( )( )( )
𝑉 1 + 𝐾𝑒 𝜃𝑥,𝑎𝑒𝑟 𝑟𝑖𝑛𝑡 + 1
(A.17)
A taxa de desnitrificação especifica (SDNR) baseada na taxa A/M de DQOb pode ser
encontrada empiricamente, por meio de interpolação na Figura A.1.
104
O controle do TRS em um sistema biológico aeróbio determina a taxa de degradação de
substrato, a nitrificação, e a produção de lodos em excesso e a concentração da biomassa.
O TRS é tipicamente baseado nos objetivos desejados para o tratamento. Contudo, algumas
empresas têm indicado um requisito mínimo para o valor de TRS de 8 a 10 dias (WEF,
2012).
O TRS total do processo pode ser encontrado por meio da adição do TRS anóxico e
aeróbio, e é controlado pelo descarte periódico dos sólidos (lodo) do processo, como
mostrado na Equação (A.19).
Após seguir esses passos utilizando as equações mostradas, deve-se calcular a demanda de
Oxigênio (MO) para o tratamento biológico pelo emprego da Equação (A.20).
Inicialmente, calcula-se o Fator de Correção dos sólidos suspensos (α) pela Equação
(A.21), onde x refere-se a bolhas finas ou grosseiras.
𝛼 = 𝑒 −𝜔𝑥 𝑋
(A.21)
105
Na qual:
ω: Fator para a bolha de aeração (adimensional)
X: Concentração do SSLM, g/m3
φ = 1.024(𝑇−20)
(A.22)
Na qual:
T: temperatura, °C
𝑄𝐴,𝑚 = 𝑆𝐴𝐷𝑚 𝐴𝑚
(A.23)
Na qual:
SADm: Demanda de aeração específica em relação à área da membrana, Nm³/(m² h)
Am: Área da membrana, m²
O fluxo de ar líquido para atender aos requisitos biológicos (QA,b), em Nm³/h é dado pela
Equação (A.25).
106
𝑀𝑂 − 𝑀𝑚
𝑄𝐴,𝑏 =
𝜌𝐴 (𝑆𝑂𝑇𝐸𝑓𝑖𝑛𝑎 𝑌𝑓𝑖𝑛𝑎 )𝑂𝐴,𝑚 𝛼𝛽𝜑
(A.25)
Na qual:
MO: Oxigênio total necessário, kg/d
Mm: Oxigênio transferido pela aeração da membrana, kg/d
SOTEfina: Padrão de eficiência de transferência de oxigênio, bolha de aeração fina, %/m
Yfina: Profundidade do aerador de bolha fina, m
α: Relação de transferência de massa de oxigênio no lodo com a água pura
β: Relação da transferência de massa de oxigénio dissolvido na operação com concentração
de sólidos com a água pura.
4. Resultados do dimensionamento
107
Tabela A.2 - Dimensionamento do sistema biológico aeróbio
Dimensionamento do Sistema Biológico
Zona aeróbia
Parâmetros Valores adotados /calculados
Q: vazão média (m³/d) 0.8
S: DBO afluente (g/m³) 229
SF: fator de segurança 3
µn,m: Taxa de nitrificação máx de cresc específico, gSSV/(gSSV d) 0.75
Ne: concentração de Amônia efluente, (g/m³) 0.7
OD: oxigênio dissolvido (g/m³) 2
Kn: Meio coeficiente de saturação para a nitrificação 0.74
Ko: coeficiente de saturação para o oxigênio 1
Ke,n: Coeficiente de decaimento endógeno Nitrificação, (gSSV/g SSV d) 0.08
Ks: coeficiente de saturação, (gDQO/m³) 20
Ke: Coeficiente de decaimento endógeno heterotrófico, gSSV/(g SSV d) 0.12
µm: Taxa máxima de crescimento específico heterotróficos, (d-1) 6
fd: Fração da biomassa que permanece como detritos celulares, gSSV/g substrato 0.15
Y: Coeficiente de produção heterotrófico, gSSV/(GDBO) 0.4
YN: Coeficiente de produção de nitrificação, gSSV/(GDBO) 0.12
NTK: nitrogênio afluente, g.m-³ 40
SST: Sólidos Suspensos Totais afluente (g/m³) 151
SSV: Sólidos Suspensos Volateis afluente (g/m³) 107
DQO: Demanda quimica de oxigenio (g/m³) 481
fbp: Fração de DQO lentamente biodegradável 0.5
fup: Fração de DQO particulada não biodegradável 0.25
rmr: Razão de recirculação da membrana 4
-1
µn: taxa de crescimento especifica das bactérias nitrificantes (d ) 0.16
TRS (Ɵx,aer) (dia) 18.40
Yobs: Coeficiente de produção observador (gSSV /gDBO) 0.23
Px,het: Produção de biomassa (g/dia) 41.65
Px,aut: Produção de biomassa (g/dia) 0.00
Px,bio: Produção de biomassa (KgSSV/dia) 0.04
-3
Se: DBO efluente, g.m 0.60
NOx: Concentração de NTK oxidável ao nitrato (g/m³) 33.05
PX,TSS: Determinar a produção de biomassa total (Kg SST/dia) 0.11
SSVNB: Sólidos suspensos voláteis não-biodegradáveis (g/m³) 35.67
SSTi: Solidos suspensos totais inerte (g/m³) 44.00
DQObp: Demanda química de oxigênio particulada total (g/m³) 240.50
DQOb: Demanda química de oxigênio particulada biodegradável (g/m³) 360.75
Vaer: volume do tanque aeróbio (m³) 0.26
Xaer: Concentração do SSLM na zona aeróbia (g/m³) 8000
Xm: Nível do licor misto de sólidos em suspensão e no tanque de membrana (g/m³) 10000
NOe: Concentração de nitrato efluente (g/m³) 10.00
Qw: Vazão de descarte de lodo (m³/d) 0.014
rint: taxa de recirculação interna 2.31
TRH aerobio (h) 7.78
108
Tabela A.3 - Dimensionamento do sistema biológico anóxico
Dimensionamento do Sistema Biológico
Zona anóxica
Parâmetros Valores adotados /calculados
Xanox; Concentração de SSLM na zona anóxica, (g/m³) 5579.63
Ɵx,anox: idade do lodo requerida para a nitrificação (d) 9.73
Xb,anox; Biomassa ativa na zona anóxica, (g/m³) 1127.71
Vanox: volume do tanque anóxico (m³) 0.197
A/Mb: relação alimento microorganismos 0.83
SDNR: taxa de desnitrificação especifica, (gNo3-N/g SSLMV d) 0.15
NOR: capacidade de desnitrificação (Kg/d) 0.0339
NOcarga: Carga de nitrato na zona anoxica (Kg/d) 0.0610
MO: Oxigênio requerido (kg O2/dia) 0.24
TRH anoxico (h) 5.90
Volume total do processo (m³) 0.456
Ɵx,processo- TRS do processo (dia) 28.13
Fração do volume total do tanque anoxico 0.43
TRH processo (h) 13.68
109
APÊNDICE B – LEVANTAMENTO DE CRITÉRIOS
Tabela B.1 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura
Souza Carneiro Sadr Sadr Ouyang Aydiner Metcalf Freq.
Souza Brostel Werner Ganoulis Tjandraatmadja
Nº. Critérios de avaliação et al. et al. et al. et al. et al et al. e Eddy de
(1992) (2002) (2009) (2011) et al. (2013)
(2001) (2001) (2013) (2015) (2015) (2016) (2007) uso %
1 Custo de capital (ou implantação) x x x x x x x x x 75
2 Custo de O&M (despesas contínuas) x x x x x x x x x x x 92
3 Consumo de energia x x x x x x 50
4 Impacto Ambiental x x x x x 42
Aceitação da comunidade/chefe da
5 x x x x x 42
família
6 Adaptabilidade x x x 25
7 Facilidade de construção e expansão x x x 25
8 Demanda por área x x x x x x 50
9 Nivel de complexidade x x x 25
10 Confiabilidade x x x x x x x x 67
11 Dificuldade de O&M x 8
Produção de resíduos sólidos/mínimo de
12 x x 17
resíduos/gestão de RS
13 Dificuldade de cond.de resíduos sólidos x 8
Exigência de equipamento
14 x x 17
importado/pacote completo
15 Quantidade de pessoal para O&M x x 17
16 Aplicabilidade do processo x x 17
17 Qualidade da agua residuária bruta x 8
18 Fatores climáticos/efeitos sazonais x x x x 33
19 Desempenho do processo x x 17
20 Compatibilidade com outros processos x x 17
21 Necessidade de pós-tratamento x 8
22 Sustentabilidade financeira x x 17
23 Dificuldade de implantação x 8
24 Quantidade de resíduos (lodo) produzidos x x x x x x 50
25 Manejo do lodo x x 17
26 Condições locais x 8
27 Regulamentações/legislação ambiental x x x x x 42
110
Tabela B.2 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura (continuação)
28 Necessidade da população x 8
Nivel de participação de engenheiros e
29 x 8
técnicos
30 Experiência previa com a tecnologia x 8
31 Beneficios sociais ou socioeconomicos x x x 25
32 Aspectos sócio-culturais x 8
33 Necessidade institucionais x 8
34 Nivel de gerenciamento necessario x 8
Qualidade do efluente/exigência do grau
35 x x x 25
de tratamento do efluente
36 Controle de qualidade da água recebida x x 17
37 Exigência da agencia reguladora x 8
Necessidade de gestão da bacia
38 x 8
hidrográfica
39 Alcance de projeto x 8
40 Plano de gestão de esgoto sanitário x 8
Possibilidade de regionalização do
41 x 8
tratamento de esgoto
42 Tamanho da população atendida x 8
43 Proliferação de mosquitos x 8
Risco à saúde/Conformidade com
44 x x 17
parametros de saúde
45 Produção de odores x x 17
46 Proximidade de áreas residenciais x 8
47 Tempo de detenção nominal do processo x 8
48 Disposição de residuos adequada x x 17
49 Exigencia de pessoal (mão de obra) x 8
Resistencia a choques de carga/demanda
50 x x x 25
durante horário de pico
Grau de simplicidade de implantação e
51 x x 17
ampliação
Grau de simplicidade de operação e
52 x x 17
manutenção
53 Gestão de manutenção x 8
54 Requisitos de operação x x 17
111
Tabela B.3 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura (continuação)
Seguro para operar/segurança e saúde no
55 x x 17
trabalho
56 Eficiência ambiental x 8
Sistema de monitoramento e controle
57 x x 17
operacional (remoto)
58 Eficiência do processo x 8
59 Especificidade da ETE x 8
Gestão de recursos humanos/Exigência
60 x 8
em capacitação de recursos humanos
61 Gestão de informação x 8
62 Gestão organizacional x 8
63 Viabilidade financeira x 8
64 Gestão ambiental e sustentável x 8
65 Participação social x 8
66 Efic.na remoção de matéria orgânica x 8
Efic. na remoção de nitrogênio/N no
67 x x x 25
efluente
68 Efic. na remoção de fósforo x x 17
Efic. na remoção de organismos
69 x x 17
patogênicos
70 Faixa de vazões aplicaveis x 8
71 Variação de vazões aplicaveis x 8
Constituintes inibitórios que não são
72 x 8
afetados
Dimensionamento com base na cinética
73 x 8
de reação/carga de massa
Dimensionamento com base nas taxas de
74 x 8
transferências de massa/ carga de massa
75 Requerimentos químicos x 8
Requerimento de outros recursos/
76 x x x 25
requisitos externo
Necessidade de processos
77 x 8
complementares
78 Análise de ciclo de vida x 8
79 Uso líquido da água x 8
112
Tabela B.4 – Levantamento dos critérios encontrados na literatura (continuação)
80 Volume de água residuária produzida x 8
81 Eutrofização por fósforo x 8
82 gases de efeito estufa produzido x 8
83 Oxidação fotoquímica x 8
84 Substancias cancerigenas x 8
85 Combustiveis fósseis x 8
Uso de recursos minerais e combustiveis
86 x x 17
fosseis/Consumo de recursos naturais
87 Capacidade de tratamento x 8
88 Ruído x 8
89 Interferência nas atividades domésticas x 8
90 Desempenho de recuperação de água x 8
Desempenho de recuperação do soro do
91 x 8
leite
92 Acessibilidade inicial x 8
93 Beneficio do investimento x 8
94 Retorno do investimento x 8
95 Economia de água x 8
96 Variação da qualidade da DBO x 8
97 Variação da qualidade da DQO x 8
98 Variação da qualidade dos SS x 8
99 Risco hidrológico x 8
100 Manutenção x 8
101 Disponibilidade de espaço aberto x 8
102 Custo do terreno x 8
103 Recreação x 8
104 Pescaria x 8
105 Natação x 8
106 Saúde humana x 8
107 Planta resposta x 8
108 Utilização preferencial de materiais locais x 8
109 Nível de rejeição do público x 8
110 Conf. no fornecimento de energia x 8
Quantidade total de critérios 44 18 10 18 13 8 5 26 10 14 11 24
113