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MODERNIDADE, IDENTIDADE E

A CULTURA DE FRONTEIRA

Introdução

Sabemos hoje que as identidades culturais não são rígidas


nem, muito menos, imutáveis. São resultados sempre transitórios e
fugazes de processos de identificação. Mesmo as identidades
aparentemente mais sólidas, como a de mulher, homem, país
africano, país latino-americano ou país europeu, escondem
negociações de sentido, jogos de polissemia, choques de
temporalidades em constante processo de transformação,
responsáveis em última instância pela sucessão de configurações
hermenêuticas que de época para época dão corpo e vida a tais
identidades. Identidades são, pois, identificações em curso.
Sabemos também que as identificações, além de plurais, são
dominadas pela obsessão da diferença e pela hierarquia das
distinções. Quem pergunta pela sua identidade questiona as
referências hegemónicas mas, ao fazê-lo, coloca-se na posição de
outro e, simultaneamente, numa situação de carência e por isso de
subordinação. Os artistas europeus raramente tiveram de perguntar
pela sua identidade, mas os artistas africanos e latino-americanos, a
trabalhar na Europa vindos de países que, para a Europa, não eram
mais que fornecedores de matérias-primas, foram forçados a suscitar
a questão da identidade. A questão da identidade é assim
semifictícia e seminecessária. Para quem a formula, apresenta-se
sempre como uma ficção necessária. Se a resposta é obtida, o seu
êxito mede-se pela intensidade da consciência de que a questão fôra,
desde o início, uma necessidade fictícia. É, pois, crucial conhecer
quem pergunta pela identidade, em que condições, contra quem,
com que propósitos e com que resultados.

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particularmente
significativo. Ao
Pau-Brasil,
publicada em
1924, descoberta
do Brasil",
Andrade excluir,
devora
canibalisticament
e falsamente
Sabemos, por último, que a resposta, com se traduz
primordial do
sempre numa reinterpretação fundadora sentido da nativismo, Esta
pergunta no excesso de sentido da começo radical que voracidade
combina fulgurantemente o e o colectivo, a tradição e a inicial e de
modernidade. identificadas em criadores culturais e reflexividade, de
políticos na Índia, Marietegui no Peru, Martí em Cuba, diversidade
Verde, Fernando Pessoa em Portugal, Oswald de Oswald abissal entre a
de Andrade é, a este propósito, declarar os poemas macumba para
reunidos na colectânea como tendo sido escritos "por Oswald de
ocasião da propoe-nos um começo radical que, em vez de Andrade sabe
o tempo que o precede, seja ele o tempo ou o tempo que a e que esta
falsamente universal do eurocentrismo. iniciática funda implica
um novo e mais amplo horizonte e de diálogo donde é presentificar do
possível ver a diferença turistas e a tolerância racial. qual é possível a
Acima de tudo, única verdadeira descoberta é a apropriação O
autodescoberta o outro e conhecer a posição de poder a desenvolvimento
partir selectiva e transformadora dele (Andrade, 1990). da arte cubismo,
moderna europeia, de Gauguin ao fauvismo, ao ao ao
surrealismo, beneficiou, de modo significativo, culturas
expressionismo e
não-europeias, nomeadamente africanas; teve lugar a
partir de uma posição de poder levou à decoração, em
da apropriação
tempos recentes, dos intergrupais na Guiné-Papua com os selectiva de no
logos de entanto, tal
apropriação
O que sabemos de novo sobre os processos não totalmente
sendo muito, é, contudo, precioso para está a passar a distinta daquela
teoria social em função da quase a questão da identidade
que escudos
que tem vindo a dominá-la tudo leva a crer, continuará a
usados nas
dominá-la na
guerras cervejas
ocidentais.
A descontextualização da identidade na de identidade e
transformações
A preocupação com a identidade não é, até que a preocupação com
modernidade nasce dela e com ela. identidade é a década entrante.
subjectividade. O colapso da trouxe consigo a questão
da autoria do mundo primeira resposta. O humanismo
renascentista é mática da individualidade como modernidade
subjectividade.
obviamente, nova
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nome moderno
medieval e o
primeira afloraç
paradigma
êxito, questão da identidade que converte o défice emergente on
de resposta. Fá-lo, instaurando urn próprio e o subjectividade
alheio, o individual Fulgurações deste tipo podem primeira ocor A
ser como Lu Xun na China, Tagore Cabral na ideia de u
Guiné-Bissau e Cabo de Andrade no Brasil. O caso conceber a cc
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Curiosamente,
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contexto
entais.
pessoal social
e de identificação, •ormações por que preocupação e político que
com nos tempos e que, permitiram a
Descartes criar
uma filosofia
sem contexto
(Descartes,
1972).
1a. Podemos dizer lorne moderno da ocrática Estas
medieval (duo constituiu a lfloração paradige um duas tensões —
paradigma emergente onde se cruzam subjectividade
tensionalmente múltiplas linhas de construção da individual/subj
subjectividade moderna. Duas dessas tensões ectividade
merecem um relevo especial. A primeira ocorre colectiva;
entre a subjectividade individual e a subjectividade
subjectividade colectiva. de um mundo produzido contextual/subj
por acção humana postula a necessidade de ectividade
communitas em que tal produção ocorre. O universal —
colapso da communitas medieval cria um vazio estão na base
que vai ser conflitualmente e nunca plenamente das duas
Estado moderno, cuja subjectividade é afirmada grandes
por todas as soberania posteriores ao tratado de tradições da
Vestefália. Esta tensão mantém-se até aos nossos teoria social e
dias e tem a sua melhor formulação teórica na política da
dialéctica hegeliana da Ich-lndividualitat/lch- modernidade.
l<ollektivitat. A segunda tensão é entre uma Não cabe aqui
concepção concreta e contextual da refazer o
subjectividade e uma concepção abstracta, sem viático do seu
tempo nem espaços definidos. A primeira propostas
percurso nos
concepção está bem simbolizada na obra de últimos
Montaigne, Shakespeare, Erasmus e Rabelais. trezentos e
Montaigne é a este respeito particularmente cinquenta anos.
exemplar pelo seu combate à teorização abstracta Referirei
falsamente universal e pela sua preocupação em apenas as suas
centrar a sua escrita sobre si próprio, a única encruzilhadas
subjectividade de que tinha conhecimento principais.
concreto e íntimo. A segunda concepção, teórica, Afirmei no

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quarto capítulo que o paradigma da modernidade é
um projecto sócio-cultural muito amplo, prenhe de
contradições e de potencialidades que, na sua
matriz, aspira a um entre a regulação social e a
emancipação social. A trajectória social deste
paradigma não é linear, mas o que mais
profundamente a caracteriza é o processo histórico
da progressiva absorção ou colapso da
emancipação na regulação e, portanto, da
conversão perversa das energias emancipatórias
em energias regulatórias, o que em meu entender
se deve à crescente promiscuidade entre o projecto
da modernidade e o desenvolvimento histórico do
capitalismo particularmente evidente a partir de
meados do século XIX. Para o que aqui nos
interessa, cabe referir que o posicionamento
específico da teoria política liberal perante as duas
tensões acima referidas representa a proposta
hegemónica da resolução da questão da identidade
moderna. Na tensão entre subjectividade
individual e sujectividade colectiva, a prioridade é
dada à subjectividade individual; na tensão entre
subjectividade contextual e subjectividade
abstracta, a prioridade é dada à subjectividade
abstracta. Trata-se de hegemónicas mas não únicas
nem em todo o caso estáveis. O triunfo
da subjectividade individual propulsionado pelo princípio do mercado e da p
propriedade individual, que se afirma de Locke a Adam Smith, acarreta il
consigo, pelas antinomias próprias do princípio do mercado, a exigência h
de um supersujeito que regule e autorize a autoria social dos indivíduos. a
Esse sujeito monumental é o Estado liberal. Sendo uma emanação da g
sociedade civil, por via do contrato social, o Estado liberal tem poder de e
império sobre ela; sendo, ao contrário desta, uma criação artificial, pode m
ser artificialmente manipulado ad infinitum; sendo funcionalmente p
específico, pode multiplicar as suas funções; sendo um Estado mínimo, o
tem potencialidades para se transformar em Estado máximo. lí
Desta polarização entre indivíduo e Estado quem sai perdedor é o ti
princípio da comunidade propugnado por Rousseau, que visava, em vez da c
contraposição entre indivíduo e Estado, uma síntese complexa e dinâmica a
entre eles, um modo moderno de reconstituir a communitas medieval e
agora destranscendentalizada. A derrota de Rousseau aprofundou também r
a derrota da subjectividade contextual perante a subjectividade abstracta, el
ou seja, a derrota de Montaigne perante Descartes. Este processo histórico i
de polarização e de descontextualização da identidade conhece uma série g
de desenvolvimentos paralelos. Um deles, crucial para interpenetração da i
modernidade com o capitalismo, ocorre na Península Ibérica e são seus o
protagonistas Portugal e Espanha. s
a
Em 2 de Janeiro de 1492, poucos meses antes de Colombo iniciar a q
sua viagem, cai Granada e com ela terminam oito séculos de domínio u
mouro na península. Logo depois, milhares e milhares de livros escritos e e
preservados ao longo de séculos por insignes geógrafos, matemáticos,
astrónomos, cientistas, poetas, historiadores e filósofos mouros são
queimados no fogo da Santa Inquisição, a mesma que a partir de 31 de l
.
Março de 1492 cumpre o edito de Isabel de Castela, expulsando os judeus Pa
e confiscando-lhes os bens com que vão ser financiadas logo a seguir as ra
viagens de Colombo (Carew, 1988a: 15; 1988b: 51). É o fim do lel
a
Iluminismo mouro e judaico sem o qual, ironicamente, a Renascença não m
seria possível. Com base na linguagem abstracta e manipulável da fé e nos en
te,
não menos manipuláveis critérios de limpeza de sangue, é declarada uma M
guerra total aos grandes criadores culturais da península, os quais, no caso ar
específico dos mouros, tinham sido parte integrante de uma ordem política ti
n
em que durante séculos puderam conviver, em espírito de tolerância, B
cristãos, judeus e mouros, e de uma ordem religiosa, o Islão, que na sua er
na
fase inicial tinha recebido importantes influências das grandes civilizações ],
africanas do vale do Nilo, da Etiópia, da Núbia e do Egipto l . Este en
riquíssimo processo histórico de contextualização e de recontextualização tr
e
de identidades culturais é interrompido violentamente por um acto de ou

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tros, tem vindo a chamar a atenção para as raízes africanas e orientais da cultura ocidental, e ver
nomeadamente da Antiguidade Clássica (Bemal, 1987).
dad
impõe uma ord e das práticas, d e do diálogo. centrocentrismc eiro
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outro não é abissalmente subjectividade e vive segund tribos, hordas, com a subjec discurso juríd
descontextuali:
por
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que
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do líssimo processo ttidades culturais a e religiosa que sal
me
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enção para as raízes ica (Bemal, 1987).
das
nor
impõe uma ordem que, por se arrogar o monopólio regulador das
mas
consciências e das práticas, dispensa a intervenção transformadora dos
da
contextos, da negociação e do diálogo. Assim se instaura uma nova era de
fé e
fanatismo, de racismo, e de centrocentrismo.
do
A concomitância temporal deste acto com o início das viagens de mer
Colombo não é uma mera coincidência; estamos no prelúdio do etnocídio dos cad
povos ameríndios, assistimos ao ensaio ideológico e linguístico que o vai o.
legitimar. Aliás, este ensaio europeu da guerra ao outro não é uma Tão
especificidade dos países ibéricos. Alguém disse recentemente que a invasão -
da América do Norte começou com a invasão da Irlanda (Rai, 1993: 25), e pou
pode mesmo afirmar-se com segurança que os ingleses transferiram para a co é
Virgínia e a Nova Inglaterra os métodos e a ideologia de colonização dete
destrutiva que tinham aplicado contra a Irlanda nos séculos XVI e XVII ntor
(Rolston, 1993: 17). Significativamente, em ambos os casos, a subjectividade de
do outro é negada pelo "facto" de não corresponder a nenhuma das subj
subjectividades hegemónicas da modernidade em construção: o indivíduo e o ecti
Estado. De Juan de Sepulveda, no seu debate com Bartolomeu de Ias Casas, vid
ao isabelino Humphrey Gilbert, o carrasco da Irlanda, o outro não é um
ade estatal, pois que não conhece a ideia do Estado nem a de lei e vive os
segundo formas comunitárias, pejorativamente designadas por bandos, tribos, Po
hordas, que não se coadunam nem com a subjectividade estatal, nem com a wh
subjectividade individual. A este propósito deve salientar-se que o discurso ata
jurídico é um suporte crucial da linguagem abstracta que permite ns
descontextualizar e consequentemente negar a subjectividade do outro no
mesmo processo em que a designa e a avalia à luz de critérios pretensamente
universais. Em 1532, o jurista de Salamanca, Francisco de Vitoria,
argumentava que a conquista dos aztecas e dos incas estava justificada pelas
violações do direito natural perpetradas por eles: pelos aztecas ao praticarem
sacrifícios humanos e canibalismo; pelos incas ao aceitarem a tirania e a
deificação do Inca (Vitoria, 1991). Do mesmo modo, Grotius justificava a
guerra justa contra os animais selvagens e contra "os homens que eram como
eles", ao mesmo tempo que justificava a ocupação dos territórios do Novo
Mundo pelo facto de o direito natural abominar o vazio (Grotius, 1925).
Não devemos exagerar a coerência entre as construções ideológicas do
outro da identidade moderna europeia e as práticas concretas da colonização
das Américas e da Africa. Nem umas nem outras tiveram desenvolvimentos
lineares e nem estes foram necessariamente sincronizados, ainda que a
pretensa sincronia fosse ela própria objecto de construção ideológica
conseguida no seu melhor por via da linguagem metafórica, como quando,
por exemplo, a Companhia da Virgínia justificava em 1610 0 comércio com

declarando que "comprava deles as pérolas da terra, vendendo-lhes em troca as pérolas Com isto, a
do céu" (Carew, 1988b). No próprio espaço europeu, a descontextualização e a Estado, não sc
polarização das identidades hegemónicas, o indivíduo e o Estado, passaram por
antropofagicarr
momentos de forte contestação. Refiro, a título de exemplo, dois desses momentos, o
romantismo e o marxismo. ao paroxismo a
pelo liberalisrr
liberalismo.
As contestações romântica e marxista Mas se
— e, pelo conl
Sem grande detença, retenho da contestação romântica da identidade moderna os tão-pouco o do

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que anunci
países centrais
seguintes traços gerais. Contra uma racionalidade descontextualizada e abstracta do que pelo c
crescentemente colonizada pelo instrumentalismo científico e pelo cálculo económico, mesmo, é nec
o romantismo propõe uma busca radical de identidade que implica uma nova relação marxista à de
com a natureza e a revalorização do irracional, do inconsciente, do mítico e do popular operada pela ve
e o reencontro com o outro da modernidade, o homem natural, primitivo, espontâneo, propõe a recol
dotado de formas próprias de organização social. Contra a parelha indivíduo-Estado e o vínculo étnic
o juridicismo abstracto que a regula, o romantismo glorifica a subjectividade
marxista propõ
individual pelo que há nela de original, irregular, imprevisível, excessivo, em suma,
pelo que há nela de fuga à regulação estatal-legal. Longe de ser uma proposta Qualquer à
reaccionária, a contestação romântica é, como hoje comummente se reconhece, polarização
herdeira do reformismo iluminista que apenas critica pelo realismo estreito em que inapropriáveis
deixou fechar as suas reformas, abrindo assim espaço para a utopia social onde os logrou fazer v
projectos socialistas ocupam um lugar central pari passu com formas de religiosidade plano político,
de recorte panteísta onde a herança rousseauniana é visível (Aguiar e Silva, 1984: 531 indivíduo-Esta(
e ss.). de afirmar a s
A contestação marxista da identidade moderna tem mais pontos de contacto com potencial alterr
a contestação romântica do que durante muito tempo quis admitir, mas a direcção que por ser postos
toma é obviamente muito distinta. A recontextualização da identidade proposta pelo O víncul
marxismo contra o individualismo e o estatismo abstractos é feita através do enfoque pela repressão
nas relações sociais de produção, no papel constitutivo destas, nas ideias e nas práticas
dos indivíduos concretos e nas relações assimétricas e diferenciadas destes com o pela substituiç
Estado. Por esta via, o conflito matricial da modernidade entre regulação e nizadas pelo
emancipação passa a ser definido segundo as classes que o protagonizam: a burguesia posição de su
do lado da regulação e o operariado do lado da emancipação. Trata-se de um avanço secularização
notável que recontextualiza a subjectividade individual e desmonumentaliza o Estado. Fernando Catr
No entanto, ao deixar na obscuridade as mediações entre cada um deles e as classes, o processo de
marxismo tendeu a reproduzir, sob outra forma, a polarização liberal entre o sujeito Por seu lado,
individual e o super-sujeito, sendo que esse super-sujeito é agora a classe e não o do século sob
Estado. Com o leninismo, esta polarização agudizou-se por via da vinculação abstracta
pouco se discu
da classe ao partido e deste ao Estado.
rivais da relig
140 debate que fo

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