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DL TPAT LH uwensoane repeat 00 paRAwa UEPR SISTEMA DE BIBLIOTECAS ae I mag ee PAINEIS DE MADEIRA RECONSTITUIDA Editor - Setsuo Iwakiri Professor Titular, Dr. Tecnologia de Produtos Florestais Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal - UFPR Xe Curitiba re Abril - 2005 eo IntRopucao A floresta pode gerar grandes beneficios para o homem € a sociedade, através de seu manejo e uso racional, cuja contribuigao pode ser classificada em dois grupos. O primeiro, se tefere a fungao ecolégica e social, na forma de parques ecoldgicos para recreagao, preservagao da flora, fauna, solo e Mananciais de Agua, enfim, para o bem estar do homem. O segundo, se refere a fungao econémica, pela qual o homem obtém diversos produtos de madeira, gerando riquezas e suprindo necessidades da sociedade. A floresta pode ser utilizada de diversas formas, e para amplas finalidades, como demonstrado na tabela 1. Tabela 1 - Sub-grupos de utilizagao da floresta SUB-GRUPOS DE UTILIZACAO __PRODUTOS 1) Madeira “in natura” (*) * Toras 2) Produtos sem * Postes, moirdes e similares de industrializacao ou semi- madeira rolica industrializados 3) Serrados * Madeira serrada com ou sem beneticiamento 4) Laminados + Laminas e compensados 5) Energia + Lenha, cavacos, carvao vegetal, alcatrao, alcool, briquetes, etc 6) Produtos de particulas * Aglomerados 7) Produtos de fibras + Polpa/papel, chapas de fibras 8) Outros + Frutos, borracha, éleos, resinas e esséncias vegetais ()__ madeira “in natura” é uma alternativa de comercializagao da madeira em toras Os sub-grupos 2 a 7 sao, quantitativamente, mais representativos e os que mais influenciam na utilizagdo otimizada de uma floresta (STCP, 1990). As arvores extraidas da floresta passam por varias operagoes de processamento para redugao das dimensoes, formando diversos tipos de elementos de madeira, como demonstrado por MARRA (1992), figura 1. | ywnee vraaivn vo so¥varvno 30 3avaiss323N va omas3¥o30 ‘9 (0534 30 OYZWY vO OYSNNS INS VIONGISISSY VO OWIDS3HOIO 'SQvanIayNOS YOIVH ‘Twilg¥9 30 OXNTANI YOIWN Z *S003¥dW13 30 OU3WNN YONSIN "| (Gsormas ) svuald ga.axiad sosousls o1NaW373) soiuno $3131 Series swinguye SvUuSS fll 02078 ae vs SS: vovewss = near “aang vaaaee $ AVS venouW] 3 vVuNSSadsJ 3G OWIDSAYD30 Qworweo-S0 aw oosan—suzro 0 do redugao , a natureza do processo isticas do produto final serao com a -periddica de elementos de madeira (MARRA, 1992) De acordo com a figura 1, na medida em que as toras s' convertidas em elementos menores comprimento, largura e espessura industrial empregado e as caracteri diferenciadas da forma a seguir: Figura 1; Tabela nao. * Maior formabilidade; * Decréscimo da relagao resisténcia / peso; * Aumento da homogeneidade e isotropia; * Decréscimo de requisitos quanto a qualidade da matéria- prima; * Maior influxo de capital; e, * Menor numero de empregos. A partir dos diversos elernentos de madeira, com formas e dimens6es variadas, podemos gerar novos produtos de madeira atraves da sua reconstituicdo, utilizando métodos e priocessos adequados para cada tipo de produto e finalidade de uso. A figura 2 apresenta de forma simplificada, um esquema representativo de principais tipos de painéis de madeira. PAINEIS DE MADEIRA RECONSTITUIDA| POSTOS P ARTICULADOS ‘COMPENSADO LAMINADO MINERALS [Litas] [Actommeano] ‘COMPENSADO 1 DURA SARRAFFADO. CONVENCIONAL, FINEBOARD MD, EXCELSIOR z ann WAFERBOARD iso1.anre] Figura 2:- Esquema representativo de painéis de madeira reconstituida Os painéis de madeira podem ser definidos como produtos compostos de elementos de madeira como laminas, sarrafos, particulas e fibras, obtidos a partir da redugao da madeira solida, e reconstituidos através de ligagao adesiva, Desde 0 inicio da produgao de painéis compensados no final do século XIX, inumeros tipos de painéis de madeira foram Pe eee surgindo até o momento, sempre com a preocupagao em busca de novos produtos com melhor relagéo custo / beneficio, para aplicagdes especificas a que se destinam: Os conceitos basicos dos principais tipos de painéis de madeira sAo apresentados a seguir 1 Compensado multilaminado: Painel composto de laminas de madeira sobrepostas em numero impar de camadas, formando um Angulo de 90° entre as camadas adjacentes, ro Compensado sarrafeado (Blockboard): Painel com miolo composto de sarrafos e as faces com laminas de madeira & Painéis de laminas paralelas (Laminated veneer lumber = EVE): Paine! constituido de laminas de madeira Coladas no mesmo sentido da gra. 4 Compensado de laminas paralelas (Lamyboard): Painel com miolo formado por painéis de laminas paralelas, seccionados no sentido longitudinal, e Viradas em Angulo de 90°. As faces so constituidas de laminas de madeira. 4. _Painéis de colagem lateral (Edge glued panel - EGP): Painel composto de sarrafos colados) lateralmente e nos topos através de “finger-joints”” § THREE-PLY: Painel constituido de trés camadas cruzadas de painel de colagem lateral (EGP). 7. Painéis de madeira aglomerada: Paine produzido com particulas de madeira _encoladas normalmente com resina__uréia-formaldeido, com distribuigao aleatéria das particulas € consolidado através de prensagem a quente. 8. Waferboard: Painel de uso estrutural, produzido com particulas maiores de formatos quadrado ou ligeiramente retangular, encoladas com resina fenol-formaldeido, com distribuigao 2. 13. aleatoria das particulas e consolidado através de prensagem a quente. Painéis de particulas orientadas (Oriented strand board - OSB): Painel de uso estrutura) produzido com particulas longas de formato retangular, encoladas com resinas fenol- formaldeido e/ou isocianato, orientadas na mesma direcao, consolidado através de prensagem a quente. COM-PLY lumber: Painel constituido com miolo formado por particulas de madeira encoladas normalmente com resina_ fenol- formaldeido, com distribuigao aleatoria ou orientada e faces compostas de laminas de madeira, e consolidado através de prensagem a quente. Parallel strand lumber (PSL - Parallam): Painel produzido a partir de laminas de madeira transformada em formato de “filete”, em dimensdes médias de 1,3cm de largura e 94cm de comprimento, encoladas com resinas para compensados, orientadas na mesma diregao e consolidado através de prensagem a quente. Painéis de fibras isolantes (Insulation board): Painéis de fibras de baixa densificagao, produzidas a partir de fibras de madeira com a ligacao primaria derivada do interempastamento das fibras e de suas inerentes _ propriedades adesivas. Painéis de fibras duras (Hardboard): Painéis de fibras de alta densificagao, com espessura fina e homogénea, produzidas a partir de fibras de madeira encoladas com resina fenol-formaldeido e consolidados através de prensagem a quente. Painéis de fibras de média densidade (Medium density fiberboard — MDF): Painéis de fibras de média densificagao, produzidas a partir de fibras de madeira encoladas normalmente com resina uréia-formaldeido e consolidados através de prensagem a quente. -cimento: 15, Painéis de madeira: a partir da mistura de pa Painéis produzidos madeira com cimento © produtos quimicos aceleradc cura e consolidados através de prensagem a frio. SUMARIO CAPITULO I. ADESAO E ADESIVOS..... ‘Carlos Eduardo Camargo de Albuquerque; 3} Setsuo Iwakiri Sidon Keinert Junior CAPITULO II. LAMINAGAO DE MADEIRAS... * Sidon Keinert Junior; " Setsuo Iwakiri CAPITULO III. PAINEIS DE MADEIRA COMPENSADA..... ' Setsuo Iwakiri; 2 Sidon Keinert Junior; * Lourival Marin Mendes CAPITULO IV. PAINEIS DE MADEIRA AGLOMERADA......... 137 * Setsuo Iwakiri; * Carlos Eduardo Camargo de Albuquerque; * Lourival Marin Mendes; * Joao Vicente de Figueiredo Latorraca CAPITULO V. PAINEIS DE FIBRAS DE MADEIRA. - 183 * Lourival Marin Mendes; ; * Carlos Eduardo Camargo de Albuquerque; 1 Setsuo Iwakiri; * Joao Vicente de Figueiredo Latorraca CAPITULO VI. PAINEIS DE MADEIRA-CIMENTO... .. 229 ‘ Joao Vicente de Figueiredo Latorraca; 1 Setsuo Iwakiri 1 Professor Titular - Doutor em Tecnologia de Produtos Florestais, Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal ~ UFPR. ? Professor Titular - PhD em Tecnologia de Produtos Florestais, Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal - UFPR 3 Professor Adjunto - Doutor em Tecnologia de Produtos Florestais, Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal - UFPR * Professor Adjunto — Doutor em Tecnologia de Produtos Florestais, Departamento de Produtos Florestais - UFRRJ 5 Professor Adjunto - Doutor em Tecnologia de Produtos Florestais, Departamento de Ciéncias Florestais ~ UFLA. (Comat I Aceséo e Acesivos 1.1. IntRoDU¢AO A utilizagao de adesivos pelo homem nao é recente e tampouco comegou com a revolugao industrial, pois, remonta ha alguns milhares de anos. As primeiras substancias empregadas como adesivos foram, provavelmente, a lama e a argila, seguindo-se pelas ceras, resinas e, mais tarde, com a utilizagao de sangue, ovos, caseina, peles fervidas e ossos. A cerca de 4000 A.C., resinas e aglutinante betuminoso foram empregadas e, no periodo dos Farads, ja eram conhecidas as aplicagdes de adesivos a base de caseina e, provavelmente, de peixe, animais e amido. No antigo Egito, as laminas de madeira comecaram a ser Produzidas por volta de 3000 A.C., sendo empregadas em pecas de mobilidrio e sarcéfagos. Algumas dessas pegas possuem certas caracteristicas essenciais de um painel compensado, e acredita-se que adesivos a base de albumina eram empregados na sua manufatura. A evolugao foi lenta, e segundo TSOUMIS (1991), a primeira fabrica de adesivos de origem animal foi fundada na Holanda em 1690. Posteriormente, fabricas similares foram instaladas na Gra Bretanha em 1700, e nos Estados Unidos em 1808. —— A utilizagao deadesivos aumentou, principalmente, com o surgimento de maquinas de beneficiamento de madeira e, posteriormente, para a colagem de laminas para produgao de~ compensados.. A partir deste periodo, houve um progresso ‘gradativo com o desenvolvimento da quimica de materiais para produgao e aperfeigoamento de novos adesivos para madeira. A primeira resina sintética desenvolvida foi a fenol- formaldeido, que surgiu em 1929, seguida de uréia-formaldeido em 1931, melamina-formaldeido no final dos anos 30 e a eis de Madeira Reconstituida re ina-formaldeido em 1943 (TSOUMIS, 1991). Foi acompanhado também do surgimento de adesivos termoplasticos como acetato polivinilico e emulsdes copolimeras, solugdes base elastémero, latex, epoxi, entre outros. A colagem da madeira contribui de forma direta na conservagao de recursos florestais, tendo em vista a possibilidade de aproveitamento integral da madeira, através da utilizag&éo de pequenos elementos de madeira de forma e dimensées variadas e posterior reconstituigao em diversos tipos de produtos reconstituidos de madeira. 1.2. A MADEIRA E SEUS PRODUTOS DERIVADOS A madeira solida em fungao da sua estrutura heterogénea € natureza anisotropica apresentam algumas limitagdes quanto a sua utilizagao, as quais estao relacionadas aos seguintes fatores: e DimensGes: A largura e 0 comprimento maximo de uma pega de madeira esta em fungao do diametro e altura da arvore; e Anisotropia: As propriedades da madeira sao distintas nas diregdes tangencial, radial e longitudinal; ¢ Defeitos naturais: Os defeitos como nos, inclinagao da gra, percentagem do lenho juvenil e adulto, lenhos de reagao, entre outros, interferem no comportamento reolégico da madeira. Em decorréncia destas limitagoes de uso da madeira sdlida, surge a importancia do adesivo, que, através da reducao da madeira sdlida em pequenos elementos de forma e geometria variadas, sao reconstituidos através de ligagoes artificiais com a incorporagao de adesivo e aplicagaéo de pressao e calor, em produtos reconstituidos de madeira, cujas propriedades serao diferentes do material original. As diferentes geometrias dos elementos de madeira, aliado ao controle de outras varidveis de processo como tipo quantidade de adesivo, ciclo de prensagem, mistura/alinnhament dos elementos de madeira, constituigao em camadas, etc., 2 za Paingis de Madeira Reconstituida Proporcionam um campo virtualmente ilimitado de principios de construgao de produtos reconstituidos de madeira. A aplicagao destes principios de construgao em produtos reconstituidos de madeira pode contribuir na realizagao de trés importantes beneficios a sociedade na busca pela melhor qualidade de vida: * Aumento na oferta de produtos de madeira a partir de uma area limitada de exploragao de recursos florestais; * Melhorar as propriedades dos produtos de madeira e assim aumentar a gama de utilizacdo; ¢ Servir como produto alternativo aos materiais provenientes de recursos metalicos e poliméricos (petroquimicos) com propositos de construgao e fabricagao de bens de consumo. De acordo com BODIG & JAYNE (1982), os produtos reconstituidos de madeira podem ser classificados em 2 grupos: * Compostos laminados: Utilizam processos de colagem de laminas continuas em produtos como compensados e painéis de laminas paralelas (LVL); ¢ Compostos particulados: Utilizam pequenos elementos de madeira (particulas / fibras) e se caracterizam pela estrutura descontinua e densificagao do material, tais como painéis de | madeira aglomerada, painéis de fibras, painéis cimento- madeira, etc. 1.3. PRINCiPios BASICOS DA COLAGEM DE MADEIRAS Para melhor entendimento do processo de colagem de madeiras é importante, primeiramente, conhecer os conceitos fundamentais a seguir: Ke Adesivo: é um material com panecedes aderentes, ou seja, € uma substancia com capacidade de manter unidos outros materiais em suas superficies. y90" <90° v sem umectagao umectacao incompleta umectagao completa (coesa0 maxima) (tensao superficial maxima) Figura 2 - Angulo de contato e umectagao (MARRA, 1992) Esta competigao entre as duas forgas atuantes, conduz a diferentes niveis de umectagao do substrato pelo liquido e, em fungao da magnitude das respectivas forgas, podem resultar em trés situagdes: sem umectacao, umectacdo incompleta ou umectagao completa, dependendo do Angulo formado entre a superficie sdlida e a reta tangente ao menisco do liquido, o qual, é chamado de 4ngulo de contacto e umectagao. Madeiras de baixa densidade e alta porosidade sao melhores umectadas, no entanto, a presenga de extrativos em excesso ou extrativos apolares (terpenos, acidos graxos) e condigées da superficie da madeira a ser colada, podem produzir um efeito adverso. A secagem de laminas de madeira a altas temperaturas, acima de 160°C, pode reduzir a umectagdo em fungao da inativacdo da superficie. De acordo com MARRA (1992), na formagao da ligagao madeira — adesivo, 0 adesivo realiza-_cinco_agdes de movimento, também chamado de fungdes de mobilidade do adesivo, como descrito a seguir: f# © Fluidez: movimento correspondente ao espalhamento do adesivo sobre a superficie da madeira; % e Transferéncia: movimento correspondente a transferéncia do adesivo para a superficie oposta; Painéis de Madeira Reconstituida * Penetra¢gao: movimento do adesivo para penetrar nos poros e estruturas intersticiais da madeira; * Umedecimento: movimento do adesivo para recobrir a estrutura submicroscépica da madeira; * Solidificagao: movimentos envolvidos na mudanga do estado liquido para o sdlido, através de processos quimicos. A seqlléncia como ocorrem estes movimentos do adesivo pode ser visualizada através da Figura 3. Os movimentos do adesivo na formagao da ligagao variam em magnitude, de acordo com a sua composigao e das condigdes de colagem. A linha de cola formada pode ser classificada em: e Faminta; * ceenio «Normal; * N&o ancorada; « Pré-endurecida. Com adesivo de baixa viscosidade, muito fluido, pode ocorrer uma penetragao excessiva e desaparecimento do adesivo através da estrutura porosa da madeira, resultando numa situagao de quantidade insuficiente de adesivo na linha de cola. Atribui-se a esta situacao, de linha de cola faminta. Em situagao oposta, quando o adesivo é secado ou parcialmente curado durante a aplicagao da pressao, resulta em insuficiente mobilidade do adesivo para “fluir, transferir, penetrar e umectar’. Esta situagao € conhecida como pré-endurecida. Entre os dois extremos, de muito ou pouco movimento, se situa a movimentagdo otima para cada agao, produzindo uma ligagao adequada com a solidificagao do adesivo e, denominada de normal. A condic¢ao situada entre a “normal” e a “pré-endurecida”, onde ha suficiente mobilidade para fluidez, alguma transferéncia e penetragao, mas nao o suficiente para “umectacao”, é denominada de nao ancorada. O efeito reologico dos adesivos é um fator que merece muita atengao, pois as movimentagdes e deformagées de adesivos no processo de formagao e desempenho da ligacao a > Madeira Reconstituida depende diretamente de suas As propriedades quanto ao sivos podem ser identificados em cinco conceito s: propriedades liquidas, mecanismo, velocidade, grau e integridade da solidificagao. Os adesivos podem ser clasificados de forma intuitiva em ordem decrescente de durabilidade, baseada na resisténcia geral, sob efeitos de condigdes ambientais e de uso, como temperatura, umidade relativa, tensdes e agoes de microorganismos xil6fagos. A performance, da ligagdo é uma consequiéncia da composigao do adesivo, mediadas pela madeira em ambas as faces da linha de cola. Quanto menos madeira e menor a sua densidade, menos tensées sero exigidas da linha de cola. Painéls de Madeira Reconstituida O adesivo 6 aplicado numa das. superficies Durante o tempo de montagem, algum umedecimento e penetragao esponténeos podem ocorrer na Superficie. Pode ocorrer também algum espessamento e recobrimento. Ocorre a aproximagao da superficie e o inicio da movimentacéo do adesivo. Movimento de massa inicia com fluidez no plano da linha de cola e, Posteriormente, 0 movimento de transferéncia na superficie oposta. Com o aumento da pressao, inicia a penetragao na superficie oposta e ‘continua na superficie de aplicagdo. Simultaneamente, ocorre o processo molecular denominado de umedecimento.- A Pressio € mantida até a S icagao completa quando a ligagao e a linha de cola 6 consolidada com paralisagao de qualquer movimentacdo. Figura 3- Seqiiéncia de movimentos do adesivo na formagao da linha de cola (MARRA, 1992) eee Painéis de Madeira Reconstituida 1.4. FaTORES QUE INFLUENCIAM NA COLAGEM DE MADEIRAS . colagem adequada de madeiras esta diretamente lacioyeda a um conjunto de fatores que podem ser agrupados orra genérica em quatro grupos: , racteristicas fisico-quimicas do adesivo; ® omposigao e caracteristicas da madeira; e Procedimentos empregados na colagem; Condigdes de uso do produto colado. 1.4.1. Caracteristicas fisico-quimicas do adesivo 1.4.1.1. Viscosidade > a A viscosidade de um liquido pode ser definida como a resisténcia ao fluxo livre entre camadas de uma matéria, ou ainda, a grandeza que caracteriza a existéncia de atrito entre as moléculas de um fluido e que se manifesta através do escoamento. Portanto, a fluidez de um liquido esta relacionada com a sua viscosidade. No caso do adesivo, ela pode ser utilizada também como critério de “idade”, devido ao aumento na sua viscosidade até o ponto maximo adequado para sua utilizagao. ap ot). As diferengas> na viscosidade do adesivo resultam em diferentes interagdes com as caracteristicas de utilizagao. Adesivo com alta viscosidade resultarao em situagdes a seguir: e Maior dificuldade de espalhamento devido.@ baixa fluidez, ¢ As condigdes de umectagao serao destavoraveis; e Menor penetracao do adesivo na estrutura capilar da madeira, com a formagéo da Jinha_de-cola_mais_espessa, | ocasionando ligagao insuficiente no sistema madeira — / } adesivo e qualidade inferior da colagem; Significa maior periodo de tempo_em que o adesivo A armazenado, ou maior “idade' deste. 9 eae Na condigao de baixa viscosidade do adesivo, a situagao sera a seguinte: oe upit 00 dowe 69 rele Painéis de Madeira Reconstituida * Maior penetragao do adesivo e sua absor¢ao pela madeira e, em situagao extrema poderd resultar em linha de cola “faminta”, * Pode significar o efeito da maior temperatura ambiente A_viscosidade, segundo MARRA (1992), pode ser determinada através de varios métodos e aparelhos destacando-se os seguintes: yy» IM d4 Wye WW * Viscosimetro “Brookfield” - mede a forga necessdria para girar um disco ou bobina submerso no liquido, a velocidade constante; * Viscosimetro “Stormer’ - utiliza mesmo principio do Brookfield, exceto pelo mecanismo de rotagao que é substituida por pesos e polias; * Método “bubble-rise” ou “subida de bolha” — método restrito a liquidos de baixa viscosidade, pois consiste na medida de tempo de subida de bolha em um tubo padrao contendo o liquido; * Método de copo graduado “cup-method” ou “Ford” — emprega um copo cénico graduado e padronizado, de determinado volume, com orificio no fundo, e mede-se © tempo de passagem do, liquide, por.este, orficig, \ pe wy es sd) x 1.4.1.2. Tempo de gelatinizagao (gel time) O tempo de gelatinizag& corresponde ao periodo transcorrido desde a preparagao do adesivo para aplicagao, que inclui as adigdes de catalisador, extensores, etc., até o “ponto” de endurecimento, ou fase de gel, quando atinge a maxima elasticidade. ___/A importancia do “gel-time” esta relacionada a vida util do | adesivo ou tempo de “panela”, quando se atinge o ponto de | en viscosidade admissivel para a sua aplicacdo. Esta também relacionada a reatividade do adesivo, que por sua vez, influenciara no tempo de prensagem. _—/ A sua determinagao é realizada através de um aparelho { dotado de uma haste metdlica com disco, totalmente submerso \ no adesivo, que realiza um movimento vertical até a sua parada | em fungao do aumento na resisténcia do adesivo ao atingir a \fase de gel’. O teste deve ser realizado a temperatura xy wed, f Paindis de Madeira Reconstituida padronizada, tendo em vista que, quanto maior a temperatura maior sera a reatividade do adesivo reduzindo o tempo de gelatinizagao. ry?) ry 0 1.4.1.3. Teor de substancias solidas O teor de substancias sdlidas é definido como a quantidade de sdlidos contidos na resina. A resina é composta je componentes sdlidos e lfquidos volateis constituidos de solventes orgénicos. Com a prensagem a quente, ocorre a evaporagao dos componentes liquidos, “cura” e solidificagao da resina, formando a linha de cola que é responsavel pela ligagao nive os substratos e transferéncia de tensGes geradas no sistema madeira — linha de cola A determinagao do teor de sdlidos é realizada no laboratério de acordo com os procedimentos a seguir: esar 1,0g. de resina (P1); e Secar na estufa a temperatura de 105°C por 3 horas; e Resfriar no dessecador e pesar (P2). Determinagao do teor de sdlidos: (P2 + P1) x 100 (%) 1.4.1.4. pH * a © pH de uma solugaéo aquosa é definido como a concentragao de ions dissociados de H* e OH. A sua determinagao é feita pela leitura direta em aparelho denominado de pHmetro. ¥ Em se tratando de colagem de madeiras, é importante considerar a influéncia do pH tanto da madeira como da resina. A resina nao deve ter os limites de pH ultrapassando a faixa de 2,5 a 11, pois podem resultar em degradagao das fibras de madeira. Além disso, um pH muito baixo pode provocar uma formagao excessiva de espuma na mistura, prejudicando sensivelmente a aplicagao do adesivo. As_resinas mais utilizadas comercialmente, que sao a uréia-formaldeido e o fenol-formaldeido, curam respectivamente nos meios acidos e alcalinos. Portanto, uma madeira de acidez se torna mais dificil a colagem com a resina fenol 12 Painéis de Madeira Reconstituida formaldeido, Por outro lado, a alta acidez da madeira pode provocar uma pré-cura da resina uréia-formaldefdo durante a prensagem dos painéis. Tendo em vista estas situagdes, cada tipo de adesivo é produzido com pH especifico, e destinado a produzir uma determinada solubilidade,velocidade e grau de solidificagao. das): Composig¢ao e caracteristicas da madeira As principais propriedades da madeira que influenciam no processo de formacgao e performance da ligagao adesiva sao as seguintes. e Propriedades anatémicas; ¢ Propriedades fisicas; ¢ Propriedades quimicas; e Propriedades mecanicas. :1.4.2.1. | Propriedades anatémicas A influéncia da anatomia da madeira esta relacionada principalmente a sua estrutura, no que tange as diferencas nas dimensdes dos elementos celulares; dimensdes, disposigdes e frequéncia das cavidades celulares; que, por sua vez, estao relacionadas com a porosidade e permeabilidade da madeira. Desta forma, a relevancia da anatomia da madeira na colagem, esta relacionada aos seus efeitos no movimento do adesivo para o interior da estrutura da madeira, para possibilitar uma adequada “ancoragem’. As principais caracteristicas inerentes a anatomia da madeira que influenciam na colagem de madeiras sao apresentadas a seguir: > a) Anéis de crescimento — lenhos inicial e tardio A estrutura diferenciada dos lenhos inicial e tardio em termos de densidade e porosidade da madeira, pode causar problemas em relagao a penetracao do adesivo, resultando em linha de cola “faminta” ou “espessa”. Este problema pode ser minimizado com a variagao na formulagao do adesivo, com aumento ou redugao da viscosidade, no entanto, é€ de dificil 13 Painéis de Madeira Reconstituida em fungao da grande variabilidade resultante de praticidade, te para obtengao de elementos de diferentes planos de cor madeira. urno 1 b) Ce eriarnies fatores de variabilidade da Madeira sk as mudangas fisicas e quimicas da madeira decorrentes ‘ crescimento da arvore. Estas mudangas produzem duas Tegides distintas na arvore denominadas de cerne e alburno, afetands sensivelmente a mobilidade do adesivo. Na formagao do cerne, as células que foram do alburng sao lentamente preenchidas com materiais “estranhos”, on 6leos, graxas e compostos fendlicos, derivados de Processos metabdlicos, os quais, alteram varias caracteristicas fisicg, quimicas da madeira, entre elas a permeabilidade. A proporgao de cerne e alburno é dependente da especie, idade, sitio, solo e clima, entre outros, e varia dentro da mesma rvore.)O cerne, em relagao ao alburno, € mais densa, menos pee e apresenta maior concentragao de extrativos. Estas caracteristicas reduzem a mobilidade do adesivo e podem \ prejudicar as reagdes quimicas de cura do adesivo. & c) Idade da arvore As arvores possuem estagios mais ou menos distintos en seus “ciclos de vida”, 0 que equivale as fases da infancia, idade adulta e senilidade. O crescimento das arvores nestas fases resulta na formagao do chamado lenho juvenil e lenho adulto, O lenho juvenil se caracteriza por possuir anéis 0 crescimento largos, menor densidade, maior porosidade, ® apresenta maior facilidade de colagem em relagao a0 ho adulto com caracteristicas opostas. No entanto, a madeira 0 lenho juvenil apresenta baixa resisténcia mecanica e ata instabilidade dimensional, e podem resultar em produl qualidade inferior. d) Lenhos de reagao © lenho de reagao, que corresponde a0 compressao nas coniferas e lenho de tragao nas apresenta anormalidades em sua estrutura. Estes ti apresentam alta instabilidade dimensional, | 14 Painéis de Madoira Reconstituida dificulte a Mobilidade do na linha de cola, compro e) Gra Paecouces da madeira a serem coladas, nao sao na apresentam.s pel eitamente radiais ou tangenciais, © sim, EGatietrcis; ‘© sob Angulos de corte intermedidrios. Todavia, 0 Re ee: Ivo a diregdo teal das fibras da madeira € 0 fator mais ante, € possui forte influéncia nas propriedades fisicas € mecanicas da madeira e, por conseguinte, nas condigoes de colagem e performance dos produtos colados. O movimento da umidade, a estabilidade dimensional, a resistencia mecanica e Condi¢oes de acabamento superficial, estéo também diretamente relacionados com o Angulo de inclinagao da gra Os efeitos da diregao da gra na formagao da ligagao adesiva estao relacionados principalmente a porosidade, que ocorre em diferentes planos de corte. Em madeiras de gra cruzada, ocorre uma penetracdo excessiva do adesivo, podendo— resultar em linha de cola “faminta”. Em madeiras com gra diagonal, embora nao tenha influéncia direta quanto a formagao da ligagao adesiva, apresentam—alteracoes dimensionais difusas em fungao das adesivo, podem gerar tensdes difusas netendo a performance da ligagao. sua tens6es irregulares, comprometendo a performance do produto colado. pear ff) Porosidade A porosidade da madeira esta relacionada a estrutura da madeira e sua densidade, e influencia no fluxo de liquidos através da estrutura lenhosa. Quanto mais porosa a madeira, maior seré a penetragao do adesivo na estrutura lenhosa e podera resultar numa linha de cola “faminta”. Por outro lado, uma madeira menos porosa, fera baixa permeabilidade ao adesivo e, consequentemente, podera resultar numa ligagéo adesiva mais “espessa”, superficial e menos resistente. Portanto, é recomendavel realizar o controle da viscosidade do adesivo em fungaéo da sua porosidade, para adequagao do grau de penetragao na madeira. oe Painols de Madeira Reconstituida A 1.4.2.2. Propriedades fisicas As propriedades fisicas da madeira mais im termos de colagem de madeiras sao a densidade cPortanteg : umidade. Estas propriedades afetam de formas Conte a mobilidade do adesivo e tensoes na linha de cola, distintas 3 : a) Densidade da madeira A densidade da madeira apresenta uma relaga com a porosidade e a agao de penetracéo de ae estrutura lenhosa. Em madeiras de baixa densidage °8 na maior penetragao do adesivo e podera resultar em ine Cog “faminta”. e co, Outro efeito importante da densidade da Madeira ¢ que se refere a sua alteragao dimensional. Madeiras de No densidade apresentam malores alteragdes dimension, mudangas no contetido de umidade, gerando maiores na linha de cola. ais, Com, tensdes rb) Contetido de umidade O contetido de umidade e sua distribuigao, dentro e ene as camadas individuais da madeira a ser colada, influenciam nq formagao e performance da ligagao madeira — adesivo. A influéncia do conteudo de umidade da madeira na formagao da ligagao adesiva esta relacionada com a quantidade eo ritmo de absorgao do adesivo liquido pela madeira. Portanto, quanto menor o conteudo de umidade da madeira, maior seréa taxa de absorgao, velocidade de cura e solidificagao do adesivo. —0 pH dos extrativos presentes na madeira p reagdes quimicas de endurecimento do adesivo, eeeenoramento de resisténcia e coesao adeqi cola. 18 ee ee Painéis de Madoira Reconstitulda | O pH pode favorecer 0 pré-endurecimento do adesivo impedindo a habilidado de fluidez, umectagéo e penetracao. AAdesivo como a uréia-formaldeido que curam no meio acido, pode ser prejudicada, principalmente na colagem de painéis de a aglomerada de espécies com baixo pH, por acelerar a madeir sua cura e, conseqiientemente, provocar a pré-cura do adesivo durante a fase de densificagao. 4c) Cinzas O conteudo de cinzas na madeira encontra-se geralmente abaixo de 0,5%, e nao afeta diretamente a performance da ligagao adesiva. No entanto, podera afetar o pH ou as caracteristicas de usinabilidade da madeira, devido a presenga de minerais como a silica e seu efeito quanto ao desgaste excessivo das peas cortantes. 1.4.2.4. Propriedades mecanicas k As tensdes geradas no sistema madeira — linha de cola é de suma importancia no balango geral da resisténcia de um produto colado. Quanto maior a resisténcia da linha de cola em relagao a resisténcia da madeira, maior sera a percentagem de ruptura ou falhas na madeira na interface com a linha de cola. As tensdes desenvolvidas na linha de cola se manifestam através de tensdes de cisalhamento no plano da ligagao adesiva e no sentido perpendicular ao mesmo. As tensoes na linha de cola sao resultantes de fontes internas e externas, e ambas estdo relacionadas a resisténcia da madeira quanto a magnitude destas tensdes distribuidas na linha de cola. fia) Tensoes internas As diferencas nas estruturas da madeira, gra, densidade, modulo de resisténcia e coeficiente de retratibilidade, irao gerar | diferentes niveis de tensdes nas interfaces madeira — adesivo, em fungéo das alteragdes de temperatura e umidade do ambiente. #b) Tensdes externas sae pcalcnsces externas ‘Sao aquelas impostas através de Faces Neues ou dissipativas sobre a linha de cola. As xa resistencia da madeira podem ser visualizadas 19 Poindis de Madeira Reconstituida atrave do falhas na madeira, No entanto, a percentage, falhas na madeira muitas vezes nao 6 um fator determinanig, devido & concentragio de tons6es © fragilidade natyrn da madeira em pontos crilicos do sistema madeira ~ adesivo, la 1.4.3, Procedimentos empregados na colagem Na preparagdo da madeira para a colagem, 9 concernente a topogratia da superlicie, como ag erecta imperfeigdes superficiais, reduz 0 grau de aproximagao de a e pecas a serem coladas, prejudicando as funcées de Movimer® do adesivo. nto Os processos empregados na obtenc4o do Material gs diferentes no torno, faqueadeira e serras. As fendas su Sao geradas em laminas no momento do desenrotamenty = faqueamento, podem aumentar a penetracao e consum, adesivo, reduzindo a resisténcia da ligacdo. 10 do A sub-superficie da madeira quando danificada fungao do processo inadequado de corte ou aplicagao exces a de pressao, podem também resultar em falhas na Madeira linha de cola. na As seguintes variaveis sao de importancia fundamental y Processo de colagem de madeiras: 0 ( * Formulagéo e quantidade de adesivo a \ fungao da espécie, espessura da lamina especifica das particulas de madeira; * Os parémetros do ciclo de prensa | temperatura, pressao e tempo de influenciarao a qualidade de colagem. | NK 1.4.4. Condigées de uso | Ser aplicado en © area superticia, | gem, em relacao a Prensagem, tamben ' As condigdes ambientais dos locais de utilizacao. o Produto s&o fatores a serem considerados @, Os produtos so referenciados como de uso interno, intermediario e exter’ Portanto, € de suma importancia o emprego de adesis adequados, conforme as condigdes ambientais do local de ust do produto, principalmente em situagdes que se caracterizam 20 Painéis de Madeira Reconstituida ariagdes ciclicas de alta e baixa umidade relativa do ar e exposigao direta a agua De forma genérica, recomenda-se a utilizagao de adesivo uréia-formaldefdo para uso interno, melamina-formaldeido para uso intermediario, fenol formaldeido e resorcina formaldeido para uso externo. 1.5. CARACTERISTICAS — PROPRIEDADES DOS ADESIVOS PARA MADEIRA Os adesivos utilizados para a colagem de madeiras podem ser classificados da seguinte forma. a) * Adesivos naturais Derivados protéicos de origem animal, tais como glutina (couro, pele e osso), caseina (leite) e albumina do sangue; Derivados protéicos de origem vegetal (soja); Derivados do amido (batatas, trigo); Eter celuldsico; Borracha natural. Adesivos sintéticos termoplasticos PoliviniV/acetato; Polivinil/acrilato; Polietileno; Polistirol; Borracha sintética. Adesivos sintéticos termoendurecedores / termofixos Uréia-formaldeido; Melamina-formaldeido; Fenol-formaldeido; Resorcina-formaldeido; Tanino-formaldeido; 21

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