Você está na página 1de 2

1

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Instituto de Ciências Humanas e Sociais

Professor: Caio Bugiato


Discente: Alice R Bento de Oliveira
Data: 11 de Dezembro de 2022
Disciplina: TH575 - Política Externa Do Brasil II

Pergunta: Explique por que a política externa brasileira na Era Vargas é vetor do
desenvolvimento nacional.

A era Vargas (1930-1945) passa pela crise da bolsa de valores de Nova Iorque em
1929 e, também, pela segunda guerra mundial (1939-1945). Esses dois principais
acontecimentos foram fundamentais para o direcionamento da economia e da política externa
brasileira. Visto que o governo de Getúlio Vargas tinha como projeto fortalecer o interesse
nacional; o que o historiador e pesquisador Gerson Moura chama de ''autonomia na
dependência''.
A queda do sistema financeiro internacional, em 1929, abalou drasticamente o mundo
inteiro e evidentemente o Brasil também que, foi afetado em sua maior área de exportação, o
café, ficando assim com sua principal renda extremamente reduzida . O governo brasileiro,
para lidar com a crise do mercado internacional, utilizou da essência de oferta e demanda, que
por ter o café sobrando buscou reduzir a oferta do produto; queimando-o para manter os
preços do café em um patamar que ainda pudesse ser lucrativo para os produtores. Esse ato de
valorização do café foi fundamental para o desenvolvimento industrial porque os produtores
entenderam que não poderiam continuar partindo de uma forte dependência da exportação do
café e começaram um movimento interno para buscar produção de produtos industriais.
Essa mudança, segundo o economista Celso Furtado, foi um processo de
deslocamento do eixo dinâmico da economia; com a movimentação e desenvolvimento da
indústria brasileira, os produtores começaram a ter também mais recursos financeiros, sendo
uma das grandes conquistas do governo de Getúlio. A industrialização passou a ser
fundamental para a política externa brasileira pois ajudou, também, a diversificar as parcerias
em um contexto internacional em um período em que os países sofriam com poucos recursos,
2

como por exemplo a Alemanha. Durante essa parceria comercial com o Brasil, em
consequência da crise de 29, as trocas comerciais internacionais vieram por meio do
“comércio compensado'' que era uma espécie de troca de produtos entre os dois países com
crédito e equivalência de produtos.
Um dos motivos pelos quais a política externa brasileira na Era Vargas vem a ser vetor
do desenvolvimento nacional é o que o pesquisador Gerson Moura entende por “equidistância
pragmática”, que é vista entre o Brasil, os Estados Unidos e a Alemanha. Primeiro, o Brasil
fazia comércio com os EUA (seu principal parceiro comercial) e depois passou a ter com a
Alemanha também e essa parceria foi aumentando expressivamente. Esse é o pragmatismo de
aproveitar o melhor do comércio que se possa ter com esses dois países; tendo um
relacionamento comercial equiparado.
Com o começo da segunda guerra mundial, o Brasil fazendo comércio com os dois
principais países envolvidos (Estados Unidos x Alemanha) e, não podendo mais se manter
neutro e ao mesmo tempo o tentando saciar seus interesses, o governo brasileiro então, com a
crescente da indústria, consequentemente passou a precisar de materiais como aço e ferro,
passando a ser muito importante ter no Brasil uma siderúrgica que continuaria com esse
processo de industrialização. O governo Vargas aproveitou-se da postura da equidistância
pragmática com a Alemanha e os Estados Unidos e começou uma política de barganha;
visando utilizar de sua aproximação da Alemanha para conseguir concessões por parte do
governo norte americano.
No dia 11 de julho de 1940, Getúlio Vargas fez um discurso a bordo de um navio
encouraçado chamado Minas Gerais, insinuando um alinhamento com Alemanha e que uma
empresa alemã queria construir uma siderúrgica no Brasil, o que "assustou" os Estados
Unidos porque eles tinham interesse estratégico de construir bases no nordeste brasileiro para
operações durante a guerra. A partir desse momento, a empresa United Steel que,
anteriormente não havia concretizado negócio com o Brasil, foi duramente pressionada nos
Estados Unidos e no mês de setembro do mesmo ano foi assinado um contrato em que através
de recursos do EximBank, o Brasil compraria a usina construída pela United Steel. E essa
usina veio a ser a usina de Volta Redonda, que foi a primeira siderúrgica de grande porte no
Brasil.

Você também pode gostar