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Direito do Trabalho

Prof. Ms. Luciana de Camargo Maltinti


E-mail: luciana.maltinti@gmail.com
Aula 5: Espécies de Empregados e
Trabalhadores
01. EMPREGADO APRENDIZ – arts. 428 e seguintes CLT (Reforma
Trabalhista)

Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por


escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a
assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos.
Inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional
metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico,
e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa
formação.
Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade de
aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as habilidades e
competências relacionadas com a profissionalização.
• Requisitos de validade do contrato do empregado aprendiz

a) anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social;


b) matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o
ensino médio;
Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento
da exigência legal, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a
frequência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental.
c) inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de
entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica.
• Aprendiz com deficiência

Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade


do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e matrícula e
frequência em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de
entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. Lei 13.146
de 2015.
• Obrigatoriedade de contratação

Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e


matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de
aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por
cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada
estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional.

Referido limite não se aplica quando o empregador for entidade sem fins
lucrativos, que tenha por objetivo a educação profissional.
• Terceirização e Aprendizagem

A contratação do aprendiz poderá ser efetivada pela empresa onde se realizará a


aprendizagem ou pelas entidades mencionadas na CLT, caso em que não gera
vínculo de emprego com a empresa tomadora dos serviços.
• Duração da Jornada de Trabalho

A jornada do aprendiz não excederá de seis horas, sendo vedadas a


prorrogação e a compensação de horário, salvo aos que concluíram o ensino
médio prorrogação para 8 horas diárias.

O limite indicado pode ser de até oito horas diárias para os aprendizes que
já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem computadas as
horas destinadas à aprendizagem teórica.
•Duração do contrato
Quanto à duração do contrato de aprendizagem, ele não poderá ser
estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz
portador de deficiência.

•Extinção do contrato

O contrato de aprendizagem se extingue no seu termo, ou seja, no prazo de


dois anos, ou quando o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos,
ressalvada a hipótese de tratar-se de pessoa com deficiência.
• Salário

Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário


mínimo hora.
• Extinção antecipada do contrato

a) falta disciplinar grave;


b) ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; ou
c) a pedido do aprendiz.

OBS: Não se aplicam os arts. 479 e 480 da CLT (rescisão antecipada do contrato por
prazo determinado – multa contratual).
02. ESTÁGIO - Lei nº 11.788, de 25/09/2008

O estagiário é o aluno matriculado e que venha freqüentando,


comprovadamente, cursos de educação superior, de educação profissional,
de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino
fundamental, que devem propiciar a complementação do ensino e da
aprendizagem.

O estágio realizado com o preenchimento dos requisitos não cria vínculo


empregatício.
O estágio se realizará, mediante termo de compromisso celebrado entre o
estudante e a parte concedente, com interveniência obrigatória da instituição
de ensino (com exceção dos estágios realizados sob a forma de ação
comunitária, que estão isentos da celebração do termo de compromisso).

O estagiário pode receber bolsa ou outra forma de contraprestação que


venha a ser acordada, sendo obrigatório o auxílio transporte.

É assegurado ao estagiário, sempre que o estagio tenha duração igual ou


superior a 1 ano, período de recesso de 30 dias, a ser gozado
preferencialmente durante suas férias escolares. Os dias de recesso não
serão concedidos de maneira proporcional, nos casos de o estágio ter
duração inferior a 1 ano.
A duração da jornada deve ser compatível com o horário escolar e não
ultrapassar:

• 4 horas diárias e 20 horas semanais, no caso de estudantes de educação


especial e dos anos finais de ensino fundamental;
• 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino
superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio
regular.

A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2


anos.
03. TRABALHO DOMÉSTICO: Lei Complementar 150, de 01.06.2015.

Art. 1º. Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta


serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de
finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial
destas, por mais de 2 (dois) dias por semana.
Parágrafo único. É vedada a contratação de menor de 18 (dezoito) anos
para desempenho de trabalho doméstico, de acordo com a Convenção
no 182, de 1999, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e com
o Decreto no 6.481, de 12 de junho de 2008.
É importante salientar a expressão “no âmbito residencial” da família ou
pessoa, uma vez que, segundo o entendimento jurisprudencial e doutrinário
dominante, não é empregado doméstico aquele que presta serviços apenas
na residência da família, mas também nas extensões desta (assim, jardim,
casa de campo, casa de praia e até mesmo no automóvel da família, como
motorista).

Desta forma, são exemplos de empregados domésticos a faxineira, a babá, a


enfermeira, o jardineiro, o motorista, o caseiro, etc.

Outro requisito importante está presente no termo “finalidade não


lucrativa”, tendo a jurisprudência entendido que esta é contaminada no caso
de, junto à residência, funcionar escritório ou outra atividade lucrativa.
• Jornada de Trabalho:

Art. 2º. A duração normal do trabalho doméstico não excederá 8 (oito)


horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, observado o disposto
nesta Lei.

Art. 3º. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja


duração não exceda 25 (vinte e cinco) horas semanais.

Férias: o período de férias será proporcional à jornada de trabalho


(art. 3º, §3º, LC150).
• Empregado acompanhar empregador em viagem:

Art. 11. Em relação ao empregado responsável por acompanhar o


empregador prestando serviços em viagem, serão consideradas apenas as
horas efetivamente trabalhadas no período, podendo ser compensadas as
horas extraordinárias em outro dia, observado o art. 2o.
§ 1o O acompanhamento do empregador pelo empregado em viagem será
condicionado à prévia existência de acordo escrito entre as partes.
§ 2o A remuneração-hora do serviço em viagem será, no mínimo, 25% (vinte
e cinco por cento) superior ao valor do salário-hora normal.
§ 3o O disposto no § 2o deste artigo poderá ser, mediante acordo, convertido
em acréscimo no banco de horas, a ser utilizado a critério do empregado.
• Jornada de trabalho noturno:

Art. 14. Considera-se noturno, para os efeitos desta Lei, o trabalho executado entre
as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.
§1o A hora de trabalho noturno terá duração de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30
(trinta) segundos.
§2o A remuneração do trabalho noturno deve ter acréscimo de, no mínimo, 20% (vinte
por cento) sobre o valor da hora diurna.
§3o Em caso de contratação, pelo empregador, de empregado exclusivamente para
desempenhar trabalho noturno, o acréscimo será calculado sobre o salário anotado na
Carteira de Trabalho e Previdência Social.
§4o Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e
noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus
parágrafos.
04. TRABALHO EM DOMICÍLIO

Sérgio Pinto Martins entende que domicílio é o lugar escolhido pelo


empregado para a prestação do serviço ao empregador que pode ser até
mesmo a casa do intermediário, ou ainda, poderia até ser realizado no interior
de um presídio.

Segundo o art. 6º da CLT, não há qualquer distinção entre o empregado


atuante na empresa ou outro local determinado pelo empregador e aquele
que trabalha em sua residência, desde que presentes os requisitos da relação
de emprego.

Assim, trabalhador a domicílio também pode ser perfeitamente enquadrado


no conceito de empregado.
Art. 6º, CLT. Não se distingue entre o trabalho realizado no
estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado
e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os
pressupostos da relação de emprego.
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando,
controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica,
aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do
trabalho alheio. (redação dada pela Lei nº 12.551, de 2011).

Art. 83, CLT. É devido o salário mínimo ao trabalhador em domicílio,


considerado este como o executado na habitação do empregado ou em
oficina de família, por conta de empregador que o remunere.
05. TELETRABALHO

A Reforma Trabalhista buscou formalizar uma prática que já vinha sendo


adotada por várias empresas e profissionais que, diante do caos instalado no
exercício prático de se deslocar da residência para o trabalho (e vice-versa), bem
como nos custos de se manter toda uma estrutura para acolher o empregado no
ambiente da empresa, optaram por se render à tecnologia e a possibilidade de
reduzir os custos e manter o contrato de trabalho com seu empregado.

O teletrabalho pode ser entendido como aquele que é realizado para o


empregador, mas fora do ambiente da empresa, podendo ser na própria
residência do empregado, em um escritório dividido por profissionais que prestam
este tipo de serviço, ou qualquer outro centro externo ao ambiente da empresa,
podendo, inclusive, ser prestado até fora do país.
Consiste basicamente na prestação de serviços à distância, mediante a
utilização da tecnologia (informática), redes de telefonia, internet, e outras
formas de telecomunicação e comunicação à distância, ou de equipamentos
específicos que possibilite a prestação de serviços sem a necessidade de o
empregado se deslocar até o ambiente da empresa.

De acordo com o art. 6º da CLT, os pressupostos da relação de emprego não


se distinguem entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador,
o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância.
De acordo com o art. 75-C da CLT, o empregador poderá realizar a alteração
entre regime presencial e de teletrabalho, desde que haja mútuo acordo entre
as partes, registrado em aditivo contratual.

Da mesma forma poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho


para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de
transição mínimo de 15 dias, com correspondente registro em aditivo
contratual.
06. TRABALHO RURAL: Lei 5.889, de 08.06.1973

Art. 2º. Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou
prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural,
sob a dependência deste e mediante salário.

A jornada de trabalho é de 44 horas semanais e 220 horas mensais e o


empregado terá direito ao descanso semanal remunerado.
• Duração da jornada de trabalho e intervalos intrajornada e
interjornada:

Art. 5º. Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a seis horas, será
obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação
observados os usos e costumes da região, não se computando este intervalo
na duração do trabalho. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período
mínimo de onze horas consecutivas para descanso.
• Trabalho noturno:

Art. 7º. Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o executado
entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte, na
lavoura, e entre as vinte horas de um dia e as quatro horas do dia seguinte,
na atividade pecuária.
Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% (vinte e cinco
por cento) sobre a remuneração normal.

Art. 8º. Ao menor de 18 anos é vedado o trabalho noturno.


• Aviso Prévio:

Art. 15. Durante o prazo do aviso prévio, se a rescisão tiver sido promovida
pelo empregador, o empregado rural terá direito a um dia por semana, sem
prejuízo do salário integral, para procurar outro trabalho.
Portanto, é importante salientar que o empregado rural é caracterizado pelos
mesmos requisitos do empregado urbano, com a ressalva de que este preste
serviços a empregador rural (caracterização é feita pela atividade do
empregador, e não pelo local de prestação de serviços). Assim, se a empresa
se destina ao primeiro tratamento da matéria prima (e.g., preparação da
laranja para feitura de suco), sem sua transformação, é rural; ao contrário, se
houver transformação, o trabalho é urbano.

OJ-SDI1-315, TST. MOTORISTA. EMPRESA. ATIVIDADE PREDOMINANTE-


MENTE RURAL. ENQUADRAMENTO COMO TRABALHADOR RURAL
É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa cuja
atividade é preponderantemente rural, considerando que, de modo geral, não enfrenta
o trânsito das estradas e cidades.
07. TRABALHO DA MULHER

Nos dias atuais não se justifica a distinção entre o trabalho noturno do


homem e da mulher, em virtude da igualdade proclamada pelos artigos
5º, caput e inciso I e 7º, inciso XXX, todos da Constituição Federal de 1988,
cuja redação segue:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição; […]
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: […]
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;”
E mais, a Lei n. 7.855/89 revogou expressamente os artigos 374, 375, 378, 379,
380 e 387 da CLT, que versavam sobre restrições para as trabalhadoras, hoje
inconcebíveis, porque discriminatórias, tais como:
• proibição de trabalhar em jornada extraordinária além de duas horas;
• autorização por atestado médico oficial em CTPS para a prorrogação de horário de
trabalho;
• proibição de trabalho noturno na indústria (com as convenientes exceções, como
por exemplo, empregada em serviços de higiene);
• proibição de trabalho no subsolo e subterrâneos e em atividades perigosas e
insalubres;
• possibilidade do marido se opor à autorização presumida da mulher casada para o
trabalho, podendo até mesmo pleitear a rescisão se o trabalho acarretar “ameaça
aos vínculos da família, perigo manifesto às condições peculiares da mulher”.
Por fim, a Reforma Trabalhista revogou o art. 384, da CLT, que regulamentava o
intervalo de 15 minutos para descanso antes do início do período de horas
extraordinárias.

Art. 384. Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de


quinze (15) minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário de trabalho.
08. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Na Lei de Cotas, as empresas com mais de 99 empregados têm obrigação de empregar


uma parcela de pessoas com deficiência. Em troca, o empregador recebe algumas
vantagens fiscais.
O percentual da cota depende do número total de empregados no estabelecimento, tais
como:
• de 100 a 200 empregados, a cota mínima determina que 2% do total de trabalhadores
sejam PCD;
• de 201 a 500 empregados, a cota mínima define que 3%
do total de trabalhadores sejam PCD;
• de 301 a 1.000 empregados, a cota mínima estabelece que 4%
do total de trabalhadores sejam PCD;
• acima de mil empregados, a cota fixa passa a ser de 5% do total de trabalhadores.
Vale dizer, no mercado de trabalho, é necessário considerar que a deficiência
esteja relacionada a algum tipo de dificuldade, de acordo com a função
exercida pelo colaborador.

Se o empregado apresentar surdez em um ouvido e exercer atividades não


correlatas à audição, por exemplo, não se pode considerá-lo para fins de
preenchimento da cota mínima.

Portanto, para que o trabalhador PCD seja amparado pela Lei de Cotas com
todos os benefícios, é preciso que exista uma deficiência medicamente
perceptível e que esteja de acordo com as definições da Organização
Internacional do Trabalho.

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