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Os três poderes e suas principais finalidades no


ordenamento jurídico brasileiro
Os três poderes e suas principais finalidades no ordenamento jurídico
brasileiro

Roberta Tainá S. Amaral

Publicado em 07/2018. Elaborado em 06/2018.

Principais aspectos sobre a finalidade e as funções dos três


poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.

RESUMO: O presente estudo tem por finalidade analisar os três poderes do


sistema jurídico brasileiro, que são: o Legislativo, Executivo e o Judiciário. Estes
poderes são independentes e harmônicos. O poder Legislativo é um sistema
bicameral, exercido pelo Congresso Nacional e suas Casas: a Câmara de Deputados e
o Senado Federal. O poder Executivo, independente e harmônico como os demais,
possui, como forma de Governo, o presidencialismo. A chefia nesse sistema é una e o
Presidente da República é quem a exerce, sendo auxiliado pelos Ministros de Estado,
dotado de atribuições e responsabilidades. O Poder Judiciário é responsável pela
jurisdição, tendo como garantias da magistratura: a vitaliciedade; a inamovibilidade;
e a irredutibilidade de subsídio. A pesquisa teve o seu embasamento teórico em
fontes bibliográficas.

Palavras- chave: poder legislativo; poder executivo; poder judiciário.

SUMÁRIO: Introdução; 1.0 Poder Legislativo; 1.1 Estrutura do Poder Legislativo e


Composição das casas legislativas; 1.1.1 Comissões Parlamentares de Inquérito;
1.1.1.1 Imunidades e Incompatibilidades dos Congressistas; 2.0 Poder Executivo; 2.1

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Funções e estrutura do Poder Executivo; 2.2 Eleição e Posse do Presidente da


República; 2.2.1 Impedimento e vacância de exercício do cargo de Presidente da
República; 2.2.1.1 Atribuições do Presidente da República; 2.2.1.1.1 Imunidades e
responsabilidade do Presidente da República; 3.0 Poder Judiciário; 3.1 Função e
estrutura do Poder Judiciário; 3.1.1 Garantias da Magistratura; Considerações
Finais, Referências.

INTRODUÇÃO

Os Estados contemporâneos não mais se assemelham com a separação de Poderes


proposta por Montesquieu, no século XVIII. Antigamente, cada poder exercia uma
única função, a típica. Essa teoria tinha como base eliminar a concentração de
poderes do monarca.

A Tripartição dos Poderes está elencada no art. 2º, da Constituição Federal de 1988
(CF/88), sendo os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, independentes e
harmônicos, interferindo uns nos outros para assegurar as garantias constitucionais
e estabelecer o equilíbrio entre eles, evitando abusos.

O artigo visará a dispor sobre as funções exercidas pelos poderes, as típicas e


atípicas. As típicas são as tradicionais e as atípicas são as secundárias, essas
competências são expressamente conferidas pela Carta Magna, não sendo uma
ofensa ao princípio constitucional da separação dos poderes.

Abordará sobre as estruturas e a composição de cada Poder, bem como as suas


peculiaridades. No poder Legislativo, será demonstrado a composição das Casas
Legislativas, o conceito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), as imunidades
e as incompatibilidades que permeiam este poder.

No Executivo, terá como enfoque o presidencialismo como sistema de governo, as


suas funções e estruturas, a eleição e posse do Presidente da República, os
impedimentos e a vacância do seu cargo, elencando também as suas atribuições e
imunidades.

No Judiciário, será descrita uma breve análise sobre a sua função e composição,
abordando também as garantias dos magistrados. Para a elaboração da pesquisa
foram utilizadas fontes bibliográficas.

PODER LEGISLATIVO

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1.1 ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO E COMPOSIÇÃO DAS CASAS


LEGISLATIVAS

A principal função do Poder Legislativo é elaborar normas jurídicas, ou seja, legislar


e fiscalizar. Estas funções não são hierarquizadas, possuindo o mesmo grau de
importância, sendo denominadas de funções típicas. As atípicas são as de
administrar e julgar: a primeira ocorre quando for definir a sua organização interna
e a segunda, quando, por exemplo, for julgar o Presidente da República por crime de
responsabilidade.

A Constituição Federal de 1988 adotou, em âmbito federal, o sistema bicameral,


sendo exercido pelo Congresso Nacional. Segundo (MASSON, 2016, p.601):

A forma de estado federativa foi fator decisivo para determinar a


estrutura do Poder Legislativo no plano federal, haja vista termos adotado
um bicameralismo federativo, no qual uma Casa (a Câmara dos
Deputados) representa o povo, enquanto a outra (o Senado Federal) compõe-
se de representantes das ordens jurídicas parciais, ou seja, dos Estados-
membros e do Distrito Federal. (grifos do autor)

O sistema bicameral se divide em duas casas, a Câmara dos Deputados e o Senado


Federal, e o seu exercício está resguardado pelas disposições contidas no art. 53 e
seguintes da Carta Magna, com um rol de prerrogativas e imunidades, bem como
com a presença de algumas incompatibilidades.

A Câmara dos Deputados é composta de representantes do povo, os quais são eleitos


pelo sistema proporcional em cada Estado, Território e no Distrito Federal. O art.
45, § 1°, da Constituição Federal (BRASIL, 1988, online), dispõe:

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,


eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no
Distrito Federal.

§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e


pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar,
proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação
tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.

Alguns autores discordam do critério da proporcionalidade, alegando a


desproporção de representatividade que é ocasionada entre os Estados-membros
mais populosos e os menos populosos (NASSON, 2016).

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O mandato dos Deputados Federais é de quatro anos, podendo ocorrer à reeleição.


Os requisitos para a elegibilidade são: nacionalidade brasileira; idade mínima de 21
anos, possuir a condição de eleitor e não sofrer causa de inelegibilidade.

O Senado Federal representa as ordens jurídicas parciais, sendo ele a Casa


Legislativa que afirma a forma federativa de Estado. É composta por oitenta e um
membros, em que cada Estado e Distrito Federal serão representados por três
Senadores. As cadeiras são preenchidas pelo sistema eleitoral majoritário simples.

O mandato dos Senadores possuem duração de oito anos, podendo haver renovação
parcial de 1/3 ou 2/3 da representação de cada Estado e do Distrito Federal a cada
quatro anos. Possuem como requisitos de elegibilidade: a nacionalidade brasileira;
ter a idade mínima de trinta e cinco anos; ser eleitor e não sofrer causa de
inelegibilidade.

As Assembleias Legislativas são formadas por meio de eleições para a ocupação das
vagas no Poder Legislativo da esfera estadual, o mandato dos Deputados Estaduais
será de quatro anos, e o sistema utilizado será o proporcional. Masson (2016, p. 609)
dispõe que:

O número de membros que integrará cada Assembleia Legislativa vai variar


de acordo com o número de Deputados Federais que o respectivo Estado
possua. Deve-se seguir a (mal redigida) regra do artigo 21, CF/88, segundo a
qual o número de Deputados Estaduais corresponderá o triplo da
representação que o Estado tenha na Câmara dos Deputados e, atingido o
número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Federais acima de doze.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal é composta por vinte e quatro Deputados


Distritais, o triplo da representação que o Distrito Federal ocupa na Câmara dos
Deputados. Nas Câmaras Municipais o número de vereadores será proporcional ao
número da população do município, com observância dos limites elencados no art.
29, IV, CF/88. Os vereadores possuem mandato de quatro anos.

1.1.1 Comissões Parlamentares de Inquérito

As comissões parlamentares são conduzidas pelo Poder Legislativo. São comissões


temporárias com a finalidade de investigar fato determinado de interesse público.
Essa atuação é considerada uma atuação típica do Poder Legislativo, possuindo
disposição legal no art. 58, §3º, da CF/1988 (BRASIL, 1988, online), elencando que:

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§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de


investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores.

Essas comissões são criadas através de requerimento de pelo menos um terço do


total de membros da casa e deve possuir indicação de um fato determinado a ser
investigado e um prazo certo para a sua apuração.

1.1.1.1 Imunidades e Incompatibilidades dos Congressistas

A Imunidade Parlamentar é uma prerrogativa inerente aos membros do Congresso


Nacional, para que possam atuar com independência e liberdade no exercício de
suas funções. As Imunidades são classificadas em: imunidade material e formal.

A Imunidade Material possui disposição legal no art. 53, caput, da Constituição


Federal, de 1988 (BRASIL, 1988, online), que dispõe: “Os Deputados e Senadores
são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.

Para Paulo e Alexandrino (2017, p. 464):

A imunidade material protege o congressista da incriminação civil, penal ou


disciplinar em relação aos chamados “crimes de opinião” ou “crimes da
palavra”, tais como a calúnia, a difamação e a injúria. Trata-se de
prerrogativa concedida aos congressistas para o exercício de sua atividade
legislativa com ampla liberdade de expressão, fomentando o debate de
ideias, a discussão e o voto nas questões de interesse dos seus
representantes.

Esta imunidade só protege os congressistas durante o seu mandato. Após o fim de


sua legislatura o parlamentar não pode ser responsabilizado e investigado civil ou
penalmente pelas suas opiniões, palavras e votos proferidos durante o seu mandato,
pois na época do mandato o ilícito ou a infração era inexistente.

A Imunidade Formal garante ao parlamentar a proteção contra a prisão, ou a


sustação do andamento da ação penal por crimes praticados após a diplomação. O
art. 52, §2º, da CF/88 (BRASIL, 1988, online), dispõe:

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Art.52, §2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso


Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.
Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria dos seus membros, resolva sobre a
prisão.

O parlamentar, desde a diplomação até o encerramento definitivo de seu mandato,


não pode ser preso. Só poderá ser preso nos casos de flagrante de crime inafiançável,
sendo levados à Câmara respectiva para que, através do voto da maioria dos seus
membros, seja decidida a prisão.

As incompatibilidades dos parlamentares estão elencadas no art. 54, da Constituição


Federal, as quais visam a preservar a independência e autonomia entre os poderes,
por meio de restrições.

De acordo com Masson (2016, p.676),

As incompatibilidades acarretam a impossibilidade de o parlamentar


exercer, simultaneamente com a função eletiva, certos empregos, cargos ou
funções públicas, ou praticar determinados atos. Surgem, pois, só após a
eleição e, por isso, não podem ser confundidas com as hipóteses de
inelegibilidade, que traduzem a impossibilidade de o sujeito se eleger, isto é,
explicitarem a ausência de capacidade eleitoral passiva. Em resumo: a
inelegibilidade é um impedimento anterior à eleição, enquanto a
incompatibilidade é impedimento posterior, que pressupõe a
eleição. (grifos do autor).

As incompatibilidades podem ser: de ordem funcional, dispondo sobre as funções


em que os parlamentares não podem exercer; as negociais, sendo a impossibilidade
da celebração de contratos com órgãos ou concessionárias de serviços públicos; as
políticas, em que não se pode ocupar mais de um cargo eletivo e a profissional, a
impossibilidade de ser proprietário, controladores ou diretores de uma empresa que
possua contrato ou favor com o poder público e a impossibilidade de patrocinar
causas que interessam a essas empresas.

PODER EXECUTIVO

2.1 FUNÇÕES E ESTRUTURAS DO PODER EXECUTIVO

O Poder Executivo é um dos poderes da União. Atua de forma independente e


autônoma. Sua principal função é a de administrar a coisa pública, desempenhando
a chefia de Estado, onde representa a soberania do Estado no cenário internacional.

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Orientando a vida política interna nacional com a efetivação de políticas públicas,


atuando, assim, na chefia de Governo. Ainda, atua como chefe da
Administração prestando serviços públicos úteis à população.

Mas, além dessas funções, que não compõem a natureza intrínseca do Poder
Executivo (funções típicas), ele exerce outras funções de maneira extraordinária
(funções atípicas). Funções Legislativas quando na edição de Medidas Provisórias e
Leis Delegadas. Funções Judiciárias quando julga seus agentes nas irregularidades
cometidas no exercício do cargo.

O poder executivo pode se estruturar de diversas formas, a depender de como é


exercido. Podendo ser: exercido por uma única pessoa (monocrático); por duas
pessoas com idênticos poderes (colegial); exercido por um grupo diretor em um
comitê (diretorial); ou ainda por um Chefe de Estado e um Conselho que atuam
separadamente (dual).

O Sistema de Governo identifica o modo como se relacionam os Poderes dentro de


um Estado. A forma de estruturação do Poder Executivo e sua relação com os outros
Poderes (principalmente o Poder Legislativo) que determina o Sistema de Governo.

O Sistema de Governo Presidencialista se caracteriza por uma completa


independência entre os poderes, com as funções executivas concentradas no Poder
Executivo. A chefia nesse sistema é una e o Presidente da República é a autoridade
que exerce a chefia de Estado e a chefia de Governo. Nesse sistema, o Presidente não
depende do apoio da maioria dos integrantes do Poder Legislativo para se eleger,
determinando inexistência de vinculo político entre os dois poderes. Sendo eleito
para mandatos com tempo determinados pré-fixados.

O Sistema de Governo adotado no Brasil é citado no art. 76 da CF/88 (BRASIL,


1988, online): “o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado
pelos Ministros de Estado”. O exercício do Poder Executivo fica então nas mãos de
uma só pessoa, na figura do Presidente da República.

2.2 ELEIÇÃO E POSSE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Para a realização das Eleições está determinado na Constituição Federal, no artigo


77, que esta será realizada no primeiro domingo de outubro e, havendo segundo
turno, no último domingo de outubro, do ano anterior ao término de mandato do
presidente vigente. Será eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos
(não computados os em branco e os nulos) e a sua eleição importará a do Vice-
Presidente com ele registrado.

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A Carta Magna ainda preconiza que não alcançando a maioria absoluta dos votos
far-se-á nova eleição em vinte dias com os candidatos mais votados, sendo eleito o
de maior número de votos válidos. Caso haja morte, impedimento ou desistência de
um dos candidatos, este será substituído pelos remanescentes de maior votação. Em
ambos os casos, quando houver empate de votos será considerado qualificado o mais
idoso.

São condições para elegibilidade, de acordo com o art 14, parágrafo 3º da CF: a
nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento
eleitoral; o domicílio eleitoral na circunscrição; a filiação partidária e a idade
mínima de trinta e cinco anos para presidente e vice-presidente. Sendo que a eleição
ao cargo de Presidente da República é privativa para brasileiros natos, segundo o art.
12, §3º, da CF/88.

Quanto à posse, segundo o art. 78 da CF/88 (BRASIL, 1988, online):

Art. 78- O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em


sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter,
defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do
povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o
Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver
assumido o cargo, este será declarado vago.

Caso haja motivo de força maior para o não comparecimento, não será declarado
vago após o prazo, mas sim, aguardará a superação do motivo que impediu a posse.
Não havendo tal motivo o Congresso declarará como vagos, em ato político, e
convocará novas eleições em até noventa dias. Com o comparecimento apenas do
Vice-Presidente, esse assumirá em caráter interino, caso haja justificativa vencível
do titular, e em caráter permanente, caso não haja justificativa ou que esta gere
impossibilidade de assumir o cargo.

2.2.1 Impedimento e Vacância de Exercício do Cargo de Presidente da República

O Impedimento e a vacância são impossibilidades que o Presidente possui de exercer


o cargo. No impedimento, ocorre o afastamento temporário, como exemplo, a
realização de uma viagem. A vacância ocorre pela impossibilidade de exercer a
função, como por exemplo: por morte, perda do cargo ou renúncia.

Em casos de viagens ou a impossibilidade de exercer o cargo, ocorrerá uma linha


sucessória para a sua substituição: o Vice-Presidente da República; o Presidente da
Câmara dos Deputados; o Presidente do Senado Federal; e o Ministro Presidente do
Supremo Tribunal federal. Este rol é taxativo.

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Neste rol, somente o Vice- Presidente é legitimado para a sucessão do Presidente, ou


seja, ocupar definitivamente o cargo. Os demais assumirão de maneira provisória.
Caso o cargo de Presidente e o de Vice-Presidente fiquem abertos temporariamente,
as autoridades ocuparão o cargo como substitutos eventuais, até que ocorra nova
eleição. Não se tornam Presidente.

2.2.1.1 Atribuições do Presidente da República

No Sistema de Governo Presidencialista, a chefia é una e o Presidente exerce todas


as funções de chefe de Estado. As divisões das atribuições são realizadas segundo as
funções conforme as disposições contidas no art. 84, da, Constituição Federal
(MASSON, 2016). Ao exercer a função de chefe de Estado, o Presidente da República
possui as seguintes atribuições, de acordo com o art. 84, CF/88 (BRASIL, 1988,
online):

(...)VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus


representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a


referendo do Congresso Nacional; (...)

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do


Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores;(...)

XV - nomeação de um terço dos membros do Tribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados;(...)

XVIII - convocar e presidir o (...) Conselho de Defesa Nacional;(...)

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo


Congresso Nacional ou referendado por ele,

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças


estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente.

Além dessas atribuições como Chefe de Estado, ele possui atribuições como Chefe de
Governo, com seguimento da mesma disposição legal, art. 84, CF/88 (BRASIL,
1988, online), que são:

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I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;(...)

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta


Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos


e regulamentos para sua fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;(...)

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por


ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e
solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos


órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus
oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, (...) os Governadores de


Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do
Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;(...)

XVIII - convocar e presidir Conselho da República;(...)

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de


diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstas nesta
Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias


após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
anterior;(...)

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Por último, com base no artigo mencionado segue as atribuições do Chefe da


Administração Federal (BRASIL, 1988, online), que são:

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(...)II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção

superior da administração federal;(...)

VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da


administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos
públicos, quando vagos;(...)

XVI - nomear o Advogado-Geral da União;(...)

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias


após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
anterior;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

O art. 84, da Constituição, traz as atribuições do Presidente da República, cabe


ressaltar que estas atribuições podem ser extensivas aos demais chefes do Executivo,
no que couber, sejam, para Prefeitos ou Governadores.

2.2.1.1.1 Imunidades e Responsabilidade do Presidente Da República

As Imunidades do Presidente da República são Materiais e Formais. As materiais


estão elencadas no art. 86, § 4º, da CF/88 que dispõe: “O Presidente da República,
na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao
exercício de suas funções. Essa responsabilidade só se aplica à responsabilidade
penal, não atingindo as demais.

A Imunidade Formal, prevista no art. 86, § 3º, da, CF/88, dispõe sobre a prisão que,
enquanto não sobrevier a sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente
não estará sujeito à prisão. Quanto ao processo, possui disposição legal do no art.
86, caput, do mesmo diploma legal, elencando: “Admitida a acusação contra o
Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.”

Os crimes de responsabilidade possuem disposição legal no art. 85, da Constituição


Federal, possuindo um rol exemplificativo (BRASIL, 1988, online):

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Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República


que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério


Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

De acordo com este rol de eventuais infrações político-administrativas que o


Presidente pode cometer, podem levá-lo ao impeachment pelo Senado Federal, pois
atentam contra a Constituição Federal.

PODER JUDICIÁRIO

3.1 FUNÇÕES E ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO

O Poder Judiciário, um dos poderes da União, está elencado no art. 2º, da


Constituição Federal. É independente e autônomo, possuindo como função típica a
jurisdicional, sendo responsável pela jurisdição.

As características da jurisdição segundo Masson (2016) são: a secundariedade, que é


o cumprimento dos deveres e obrigações impostas pela ordem jurídica; a
imparcialidade, que os magistrados devem atuar desprovidos de qualquer interesse
particular sobre a lide; a substitutividade, o juiz substitui a vontade dos conflitantes
pela dele; a inércia, o judiciário necessita de provocação para se manifestar; a
definitividade, solução definitiva do conflito e a unidade, a jurisdição é una.

Fazem parte da composição do Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça, o


Supremo Tribunal Federal, o Supremo Tribunal de Justiça, os Tribunais Federais e
os Juízes Federais, os Tribunais e os Juízes do Trabalho, os Tribunais e Juízes
Eleitorais, os Tribunais e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios.

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As funções atípicas deste poder são: administrar e legislar. A função administrativa


ocorre quando concedem licenças, férias ou outros benefícios aos seus membros e
servidores, previsão legal no art. 96, I, c, f, da Constituição Federal, e no âmbito
legislativo, quando edita normas regimentares como dispõe o art. 96, I, a, da CF/88.

3.1.1 Garantias da Magistratura

Os magistrados gozam de algumas garantias que visam a garantir o livre


desempenho de suas funções, que são: a vitaliciedade, a inamovibilidade, e a
irredutibilidade de subsídio. Estas garantias estão expressas no art. 95, da
Constituição Federal, de 1988 (BRASIL, 1988, online), que dispõe:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de


exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado;

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art.


93, VIII;

III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,


39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

A vitaliciedade, é conquistada após dois anos de exercício pelo juiz, que só pode
perder o cargo em virtude de sentença transitada em julgado. Na inamovibilidade,
os juízes não podem ser removidos do local em que se encontram sem o seu devido
consentimento, salvo por motivo de interesse público. E por fim, a irredutibilidade
de subsídios garante aos magistrados a necessária tranquilidade para o exercício do
cargo, uma vez que o juiz não pode ter os seus vencimentos reduzidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Tripartição dos Poderes, prevista no art. 2º, da Constituição Federal de 1988


(CF/88), dispõe como poderes da União: o Legislativo, Executivo e o Judiciário, os
quais são independentes e harmônicos, interferem uns nos outros para assegurar as
garantias constitucionais e estabelecer o equilíbrio entre eles, sem o cometimento de
abusos.

As funções exercidas por estes poderes são: as típicas e atípicas. As típicas são as
tradicionais e as atípicas são as secundárias. Ambas são expressamente conferidas
pela Carta Magna, não sendo uma ofensa ao princípio constitucional da separação

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Os três poderes: como funciona o sistema na teoria - Jus.com.br | Jus Navigandi 16/09/2020 09:47

dos poderes.

Essa divisão de poderes e as formas de suas atribuições contribuem para um maior


desenvolvimento em todas as áreas do ordenamento, seja ela no legislativo,
executivo ou judiciário. Cada forma de organização seja ela típica ou atípica são
essenciais para a manutenção do sistema, embora ocorram muitas falhas, não pelas
leis em geral, mas por aqueles que delas utilizam para proveito próprio e se
esquecem da sociedade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição, (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil, 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, 1988. Disponível no
site:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso
em 23 de junho de 2018.

MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 4. ed. Salvador:


JusPodivm, 2016.

PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional


Descomplicado. 16. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017.

Autor
Roberta Tainá S. Amaral

Graduanda do curso de Direito da Faculdade de Administração e


Negócios de Sergipe (FANESE) e auxiliar de Recursos Humanos

Informações sobre o texto

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