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ARTIGO Recebido: 29/10/2018

Aceito: 19/09/2019
ORIGINAL Fonte de financiamento: Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (Funadesp)

Avaliação das queixas cervicobraquiais


e do desalinhamento estático da
escápula em usuários de computador
Assessment of arm, neck and shoulder complaints
and scapular static malposition among computer users
Aline Mendonça Turci1 , Camila Gorla1 , Michelli Belotti Bersanetti1

RESUMO | Introdução: Queixas musculoesqueléticas nas regiões dos membros superiores, do complexo do ombro e da cervical
não atribuídas a trauma agudo ou a desordens sistêmicas (complaints of arms, neck and shoulders — CANS) são caracterizadas por
sintomas como dor, dormência e parestesia e podem atingir níveis severos e debilitantes, comprometendo o desempenho de atividades
de vida diária e ocupacionais. Nos últimos anos, o uso de computador no trabalho intensificou-se, gerando considerável aumento
das ocorrências das CANS entre os usuários. Objetivo: O objetivo foi descrever os fatores de risco biomecânicos e psicossociais, o
desequilíbrio estático escapular e o impacto funcional nas atividades ocupacionais e de vida diária decorrente de sinais e sintomas
dos membros superiores em trabalhadores usuários de computador. Métodos: Foram analisados os fatores de risco ergonômicos e
psicossociais pelo Maastricht Upper Extremity Questionnaire (MUEQ-Br), o desequilíbrio postural estático da escápula por meio
do Scapular Malposition, Inferior Medial Border Prominence, Coracoid Pain and Malposition, and Dyskinesis of Scapular Movement
(SICK-Scapula) e o comprometimento funcional das atividades ocupacionais e de vida diária pelo Disabilities of the Arm, Shoulder
and Hand (DASH) de 109 trabalhadores usuários de computador do setor privado. Resultados: Foi encontrada pontuação média
significativamente maior para postura e controle de trabalho nos indivíduos sintomáticos. Posicionamento escapular não se mostrou
diferente entre as amostras com e sem dor, entretanto foi diferente para impacto funcional. Conclusões: A adoção de posturas inade-
quadas no trabalho e o mau gerenciamento das condições de controle de trabalho parecem contribuir para o desenvolvimento das
CANS em trabalhadores de escritório que utilizam computador. O desalinhamento estático da escápula não necessariamente está
presente em indivíduos com CANS; o inverso é verdadeiro. Ademais, os indivíduos com CANS apresentaram maior impacto funcional.
Palavras-chave | questionário; trabalhadores; dor musculoesquelética.

ABSTRACT | Background: Musculoskeletal complaints of the arm, neck and/or shoulder not attributed to acute trauma or any
systemic disorder (CANS) are characterized by symptoms such as pain, numbness and paresthesia which may reach severe and
disabling levels and thus significantly interfere with the performance of work and daily living activities. Computer use at work consid-
erably increased in recent years, being attended with a substantial elevation of the prevalence of CANS among individuals who use
computers at work. Objective: To investigate biomechanical and psychosocial risk factors, scapular static imbalance and functional
impact on work and daily living activities of upper limb complaints among workers who use computers. Methods: We analyzed
ergonomic and psychosocial risk factors by means of MUEQ-Br, scapular static malposition with the SICK-scapula protocol, and
functional impairment in work and daily living activities with DASH. The sample comprised 109 employees of a private institution
who use computers at work. Results: The average scores on body posture and control over tasks were significantly higher among the
symptomatic participants. Scapular malposition did not differ between the symptomatic and asymptomatic participants, but func-
tional impairment did. Conclusion: Awkward posture at work and poor control over tasks seem to contribute to the occurrence of
CANS among office workers who use computers. Scapular malposition is not systematically present among individuals with CANS,
but the opposite is true. Individuals with CANS exhibited functional impairments.
Keywords | questionnaire; workers; musculoskeletal pain.

Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade de Araraquara – Araraquara (SP), Brasil.


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DOI: 10.5327/Z1679443520190329

Rev Bras Med Trab. 2019;17(4):465-72

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Turci AM, et al.

INTRODUÇÃO and Dyskinesis of Scapular Movement (SICK)-Scapula9, que


contempla aspectos como: escápula mal posicionada, borda
Nos últimos 20 anos o número de indivíduos cuja inferomedial proeminente, dor e mau posicionamento do
ocupação profissional envolve a utilização de computador coracoide e discinesia escapular. A síndrome do mau posi-
apresentou aumento significativo1,2. Em 2000, 60% dos traba- cionamento escapular pode ocorrer em razão da insuficiência
lhadores necessitavam usar o computador como parte das e do desequilíbrio muscular, causando depressão, protração
suas funções no serviço, e 80% desses trabalhadores rela- e rotação superior da escápula9-11. Nessa síndrome, a assi-
taram uso diário da ferramenta3. Esse aumento é decorrente metria escapular é dimensionada estaticamente, refletindo
do grande desenvolvimento econômico das últimas décadas, de forma dinâmica em discinesia da escápula, que, por sua
que levou à utilização de sistemas e dispositivos de infor- vez, produz alteração na cinemática das articulações glenou-
matização pelas organizações, visando melhorar a produ- meral, acromioclavicular e escapulotorácica9-11.
tividade de seus trabalhadores1. Porém, essa tendência ao As queixas musculoesqueléticas em trabalhadores usuá-
uso do computador no trabalho não veio sem custo para o rios de computador parecem possuir etiologia multifatorial4,6.
bem-estar dos trabalhadores. Em uma revisão realizada por Entre as principais causas, é possível citar as posturas irre-
Wahlström4, a ocorrência de desordens musculoesqueléticas gulares e os maus hábitos no trabalho, o ambiente e design
foi relatada entre 10 e 62% desses indivíduos. do posto de trabalho, além dos fatores psicossociais4,12,13.
As complaints of arms, neck and shoulders (CANS) O método mais utilizado para investigar a influência das
podem ser definidas como queixas musculoesqueléticas nas variáveis de ordens física, ergonômica e psicossocial quanto
regiões dos membros superiores, do complexo do ombro aos distúrbios osteomusculares fundamenta-se em relatos de
e da cervical não atribuídas a trauma agudo ou a desor- sintomas, como questionários e entrevistas14,15. Tais técnicas são
dens sistêmicas5. São caracterizadas por sintomas como vantajosas, pois podem considerar os aspectos psicossociais com
dor, dormência e parestesia e podem atingir níveis severos base na percepção do indivíduo, além de mostrar-se economi-
e debilitantes, comprometendo de forma significativa o camente viável e de rápida aplicação, possibilitando uma abor-
desempenho das atividades de vida diária e ocupacionais6,7. dagem em ampla escala, como em estudos epidemiológicos16.
O uso mais frequente de computador no trabalho1,2 O Maastricht Upper Extremity Questionnaire (MUEQ‑Br)6
gerou considerável aumento das CANS entre os trabalha- é a única ferramenta existente na literatura para avaliação
dores usuários de computador1,7. Essa não é uma caracte- de aspectos ergonômicos e psicossociais, voltada espe-
rística exclusiva de países desenvolvidos, pois está presente cificamente para trabalhadores usuários de computador.
também nos países em desenvolvimento1,7. Além disso, essa ferramenta foi desenvolvida para caracte-
A prevalência de sintomas musculoesqueléticos em membros rizar de maneira mais detalhada as CANS6. Por sua vez, o
superiores e na coluna cervical e lombar entre trabalhadores comprometimento funcional relacionado à incapacidade
usuários de computador pode atingir valores entre 20 e 77%3, dos membros superiores pode ser avaliado pelo questionário
e as mais frequentes, quando comparadas com outras regiões Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand (DASH)17.
do corpo, são as queixas no pescoço e nos ombros4,6. Esta pesquisa teve como objetivo descrever os fatores de
Desequilíbrios cinético-funcionais na cintura escapular, risco biomecânicos e psicossociais, o desequilíbrio postural
primordialmente resultantes de desequilíbrio dinâmico estático escapular e o impacto funcional nas atividades ocupa-
intermuscular, podem manifestar-se como desalinhamento cionais e de vida diária decorrente de sinais e sintomas dos
postural estático da escápula, alterações dinâmicas do ritmo membros superiores em trabalhadores usuários de computador.
escapuloumeral e/ou comprometimento das amplitudes
de movimento articular e de comprimento muscular do
complexo do ombro, atuando como fatores que aumentam MÉTODOS
o risco de lesões musculoesqueléticas8.
A avaliação do desalinhamento postural da escápula pode AMOSTRA
ser dimensionada por meio do Scapular Malposition, Inferior No setor privado estudado, abordaram-se 146 voluntá-
Medial Border Prominence, Coracoid Pain and Malposition, rios usuários de computador. De acordo com os critérios de

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inclusão, foram entregues 135 questionários (MUEQ-Br revi- de óculos) e deficiência auditiva (não corrigida pelo uso de
sado e DASH); 127 foram devolvidos respondidos, entretanto aparelhos), indivíduos com doenças que causam compro-
seis foram excluídos em conformidade com os critérios de metimento intelectual e aqueles que relataram histórico
exclusão. Na parte final da coleta, 121 voluntários foram convi- de fratura do complexo do ombro e cotovelo, luxação ou
dados para avaliação estática da escápula — SICK-Scapula —, cirurgia no ombro e cotovelo e patologias de caráter sistê-
porém apenas 109 compareceram à avaliação (Figura 1). mico (fibromialgia, lúpus e artrite reumatoide).
Os critérios de inclusão para este projeto foram: exercer O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
a mesma função há pelo menos 12 meses e realizar ao menos da Universidade de Araraquara (Processo nº 99305/2013),
4 horas de atividade ininterrupta no computador por dia1. de acordo com as normas previstas pela Resolução do
A pesquisa foi divulgada por meio de visitas aos funcioná- Conselho Nacional de Saúde (CNS) º 466/12. Os parti-
rios em seus setores de trabalho. cipantes que aderiram à pesquisa assinaram o Termo de
Foram excluídos indivíduos com déficits cognitivos, Consentimento Livre e Esclarecido.
analfabetismo, deficiência visual (não corrigida pelo uso
AVALIAÇÃO DOS FATORES DE
RISCO ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS
Voluntários abordados Critérios de Inclusão Foi utilizado o MUEQ na versão português brasileiro,
n=146 • Usuário de computador ferramenta devidamente traduzida e validada18. MUEQ-Br
• Função há 12 meses
• Computador revisado consiste em 41 questões, subdivididas em seis
4 horas/dia domínios: posto de trabalho, postura corporal, controle de
• Ter entre 18 e trabalho, demanda de trabalho, pausas e suporte social18,
Questionários 50 anos
entregues além do domínio exclusivo sobre caracterização das CANS.
DASH + MUEQ-Br Não se enquadraram Descrição e pontuação dos domínios: posto de trabalho,
revisado n=11 com seis questões referentes aos objetivos de trabalho e ao
n=135
espaço, que pode receber até seis pontos; postura corporal,
Desistiram com seis questões sobre o posicionamento do corpo, com
n=8
pontuação de no máximo 18 pontos; controle de trabalho,
Questionários com nove questões acerca da autogestão, com no máximo
devolvidos de 27 pontos; demanda de trabalho, com sete questões rela-
DASH + MUEQ-Br Critérios de Exclusão
revisado • Fratura/luxação MMSS
tivas à pressão profissional, com o máximo de 21 pontos;
n=127 n=2 pausas, com seis questões referentes ao tempo de pausas,
• Cirurgia MMSS n=1 com no máximo 18 pontos; suporte social, com sete questões
• Patologias sistêmicas
referentes à rotina de trabalho, com no máximo 21 pontos.
n=3
Convidados para a
etapa de avaliação Total n=6 AVALIAÇÃO DO DESALINHAMENTO
estática da escápula
SICK-Scapula POSTURAL ESTÁTICO DA ESCÁPULA
n=121 A avaliação do SICK-Scapula tem como objetivo inferir,
Não compareceram por meio de evidências clínicas objetivas e subjetivas, a
n=12 severidade da disfunção da escápula (discinesia escapular)9.
Participaram da Considera sinais subjetivos, como dor em regiões específicas
etapa de avaliação do ombro (região periescapular, região proximal, lateral do
estática da escápula
SICK-Scapula braço e radicular, processo coracoide e articulação acromio-
n=109 clavicular), sinais objetivos (teste de assistência escapular/
teste de impacto do ombro/parestesia/dor no processo
Figura 1. Fluxograma da elegibilidade da amostra. Araraquara (SP), coracoide e articulação acromioclavicular) e presença de
2018 (n=146). alterações no posicionamento da escápula.

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As alterações no posicionamento da escápula foram ANÁLISE DOS DADOS


avaliadas de acordo com a mensuração de três medidas prees- Os resultados obtidos foram submetidos aos procedi-
tabelecidas pelo protocolo de Burkhart et al.9, sendo elas: a mentos estatísticos descritivos básicos, e as variáveis, descritas
ínfera, o deslocamento lateral e a abdução (protração). A coluna por meio de valores médios, desvio padrão e intervalo de
vertebral foi usada como referência, e, por meio de palpação confiança (95%). O nível de significância foi estabelecido em
de estruturas ósseas, como ângulo súpero-medial e inferior 0,05. Para os dados com características normais, foi utilizado
da escápula, as medidas foram demarcadas. A ínfera consiste o teste t de Student. Já para aqueles que não apresentaram
na diferença da altura vertical de uma escápula, em centíme- comportamento normal, usou-se o teste não paramétrico de
tros, comparada ao ângulo súpero-medial da contralateral. Mann-Whitney, também com nível de significância de 0,05.
O deslocamento lateral é a diferença em centímetros entre
a distância horizontal do ângulo súpero-medial e a coluna
vertebral (prumo), de uma escápula em comparação a outra. RESULTADOS
A abdução é a diferença angular, medida em graus com
goniômetro, entre a borda medial de uma escápula em Do total de 146 indivíduos abordados, 127 responderam
relação a outra, mantendo na coluna vertebral o braço fixo aos questionários. Assim, a taxa de resposta foi de 87%.
e na marguem medial o braço móvel. Entretanto, ao considerar os indivíduos avaliados (n=109),
A pontuação da escala varia de 0 a 20 — 0 corresponde a taxa de participação foi de 75%.
a uma escápula sem assimetria e assintomática e 20 corres- Entre os 109 indivíduos avaliados, o total de 50 trabalha-
ponde a uma escápula assimétrica e com todos os sinais dores apresentaram alguma queixa na extremidade superior.
objetivos e subjetivos do SICK-Scapula presentes. A média de idade da amostra foi de 34,28 anos (desvio padrão —
A avaliação do SICK-Scapula foi realizada por um único DP=10,93 anos), sendo 70 mulheres, com média de idade de
avaliador cego. Os pontos palpados foram: ângulos superior 33,93 anos (DP=11,58 anos), e 39 homens, com média de idade
e inferior da escápula e espinhosa entre T1 e T2. de 34,90 anos (DP=9,76 anos). Foram encontradas 31 mulheres
sintomáticas, com média de idade de 32,18 anos (DP=11,29 anos),
AVALIAÇÃO DO GRAU DE e 19 homens sintomáticos, com média de idade de 36 anos
COMPROMETIMENTO (DP=10,15 anos). As demais características dos voluntários estão
FUNCIONAL DAS ATIVIDADES descritas na Tabela 1. Entre a amostra sintomática, a prevalência
DE VIDA DIÁRIA E OCUPACIONAIS das CANS nos últimos três meses por pelo menos uma semana
O DASH17 foi utilizado com o objetivo de avaliar o foi de 64% (n=32). As trabalhadoras sintomáticas apresentaram
grau de comprometimento funcional dos voluntários em 67,7% de cronificação, enquanto os do gênero oposto tiveram sua
virtude de sintomas e disfunções musculoesqueléticas dos dor cronificada ao longo do tempo, com taxa de 57,9%.
membros superiores19. A escala contém 21 itens, com o A queixa musculoesquelética mais frequente observada
objetivo de avaliar aspectos relacionados às atividades de na amostra total (homens e mulheres) foi a dor no pescoço
vida diária, cinco itens correspondentes à caracterização dos (mais de 44% da amostra), seguida da queixa em ombros
sintomas (dor e fraqueza) e quatro questões que avaliam o (36%), punhos (12%) e braços (8%) (Tabela 2). Ao dividir a
impacto dessas limitações no trabalho no âmbito social e na amostra sintomática por gênero, observou-se que as sequên-
autoimagem, além de oito questões opcionais que avaliam cias de prevalência das piores dores na extremidade superior
o grau de dificuldade e descrevem a habilidade física rela- não foram similares ao comportamento da amostra como
cionada com o esporte e/ou com a música e a atividade um todo, e para o gênero feminino foi observada a seguinte
ocupacional. Cada item recebe uma pontuação que varia de sequência: pescoço (46%), ombros (26%), braços (19%) e
1 a 5. Os valores de cada item foram somados e convertidos punhos (9%). Entre o gênero masculino, a dor mais frequen-
numa escala variando de 0 a 100; quanto maior a pontuação, temente relatada foi no ombro (42%), seguida de dor no
maior o impacto da dor na vida do indivíduo. Vale ressaltar pescoço (31%), no punho (16%) e no braço (11%) (Tabela 2).
que o domínio referente à atividade esportiva e/ou ao lazer Ao comparar os domínios dos questionários MUEQ‑Br,
não foi utilizado no estudo. DASH e SICK-Scapula na amostra total dos indivíduos

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assintomáticos e sintomáticos, observou-se diferença esta- No SICK-Scapula foi encontrada diferença estatística na
tística (p=0,05) no MUEQ-Br na postura corporal, no dor subjetiva, dor objetiva e pontuação total (Tabela 3).
controle de trabalho e na pontuação total. No DASH, a Quando a amostra sintomática foi dividida por gênero, por
diferença ocorreu nos três domínios (sintomas e atividades outro lado, não foram observadas diferenças estatísticas entre
de vida diária, habilidade física e atividade ocupacional). os domínios do MUEQ-Br ou na pontuação total, nem entre
os domínios do DASH, porém no SICK-Scapula houve dife-
Tabela 1. Caracterização da amostra total dividida por gênero rença em todos os domínios (dor subjetiva, dor objetiva, mau
e sintoma. Araraquara (SP), 2018 (n=109)*. posicionamento escapular) e na pontuação total (Tabela 3).
Assintomáticos Sintomáticos
Todos
n=109 n=59 (54,13%) n=50 (45,87%) DISCUSSÃO
Idade 34,28 anos Idade 35,14 anos Idade 33,52 anos
(DP 10,93) (DP 10,91) (DP 10,98) Sentar-se por tempo prolongado é considerado fator de risco
TTCo: 12,12 anos TTCo: 12,46 anos TTCo: 11;43 anos
(DP 7,81) (DP 7,96) (DP 7,60)
para vários problemas relacionados à saúde20. A prevalência
TTCD: 7,68 horas TTCD: 7,77 horas TTCD: 7,61 horas das CANS foi maior nos homens (48%) do que nas mulheres
(DP 1,56) (DP 1,67) (DP 1,48) (44%), embora outros estudos que utilizaram o MUEQ tenham
Homens identificado maior predomínio das CANS em mulheres6,7,18,21.
n=39 n=20 (51,28%) n=19 (48,71%) Quando analisamos as taxas de cronicidade, observamos que,
Idade 34,90 Idade 34,74 anos Idade 36,00 anos da amostra sintomática, 64% tornaram-se crônicos e, dife-
anos (DP 9,76) (DP 9,46) (DP 10,15)
rentemente do comportamento das taxas de prevalência em
TTCo: 13,77 anos TTCo: 13,47 anos TTCo: 14,05 anos
(DP 6,60) (DP 6,87) (DP 6,50) relação aos gêneros, as mulheres demonstraram maior taxa de
TTCD: 7,91 horas TTCD: 7,84 horas TTCD: 7,97 horas dor crônica (67,74%) do que os homens (57,90%). De acordo
(DP 1,59) (DP 1,46) (DP 1,74) com a literatura, estima-se que 14% dos trabalhadores usuários
Mulheres de computador com queixas em membros superiores tenham
n=70 n=39 (55,71%) n=31 (44,28%) sua dor cronificada ao longo do tempo22.
Idade 33,93 anos Idade 36,00 anos Idade 32,18 anos Os resultados mostram que a maioria dos indivíduos com
(DP 11,58) (DP 11,75) (DP 11,29)
TTCo: 11,20 anos TTCo: 11,84 anos TTCo: 9,82 anos dor crônica relata trabalhar apesar da dor, no entanto mais da
(DP 8,31) (DP 8,57) (DP 7,92) metade declara alguma redução na eficácia do trabalho em
TTCD: 7,56 horas TTCD: 7,70 horas TTCD: 7,45 horas razão da presença da dor23. O que pode respaldar a cronici-
(DP 1,55) (DP 1,73) (DP 1,39)
dade das queixas são as variações motoras a nível articular
TTCo: tempo de trabalho com computador; TTCD: tempo de trabalho
com computador por dia; n: tamanho da amostra; DP: desvio padrão;
e de todo o corpo. Essa variabilidade é marcante quando
*todos os valores mostram a média (DP). os indivíduos estão expostos à dor, o que pode resultar em

Tabela 2. Taxa de frequência da pior queixa cervicobraquial pela aplicação do questionário Maastricht Upper Extremity Questionnaire
(MUEQ-Br), revisado considerando o total de sujeitos com queixas e a divisão da amostra por gênero. Araraquara (SP), 2018 (n=50).
Total de Taxa de Total de Taxa de Total de Taxa de
Localização das
sujeitos com frequência mulheres com frequência homens com frequência
piores queixas
Queixas total queixas (feminino) queixas (masculino)
Pescoço 22 44% 14 46% 6 31%
Ombro 18 36% 8 26% 8 42%
Punho 6 12% 3 9% 3 16%
Braço 4 8% 6 19% 2 11%
Queixa na
50 31 19
extremidade superior

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maior probabilidade de a dor se tornar crônica. Ressalta-se, et al.1 apresentaram em seu estudo prevalência maior das
ainda, que as mulheres são mais suscetíveis a esses fatores24. queixas em antebraço e mão do que em pescoço e ombro.
Na literatura as diferenças estruturais entre homens e mulheres Eltayeb et al.6 sustentam que alguns fatores de risco devem
são bastante conhecidas24. Dados antropométricos demonstram estar mais relacionados a queixas em pescoço, e outros a punho
que mulheres, em média, são mais baixas do que homens e apre- e mão. Sabe-se que pacientes com queixas em ombro, braço e
sentam maior discrepância no comprimento das pernas e quadris mão frequentemente relatam dores no pescoço1. Esse assunto
mais largos24. Além disso, há ainda as diferenças culturais entre é controverso na literatura, uma vez que relatos sobre a ativi-
homens e mulheres na percepção da dor e na tolerância à dor25. dade muscular durante o uso do computador sugerem que
A prevalência das queixas na população deste estudo, consi- ele tenha uma relação mais forte com as queixas da mão e
derando a amostra total e as amostras divididas por gênero, foi do braço do que com as queixas do pescoço e dos ombros18.
no pescoço e nos ombros. Esses resultados correspondem a Pontuação média significativamente maior no domínio
achados de outros estudos1,6,7,18,21. Por outro lado, Ranasinghe postura do MUEQ foi observada em trabalhadores sintomáticos

Tabela 3. (A) Pontuação do Maastricht Upper Extremity Questionnaire (MUEQ-Br) revisado e de seus domínios na amostra total e
comparação quanto ao gênero e sintoma. Araraquara (SP), 2018 (n=109). (B) Pontuação do Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand
(DASH) na amostra total e seus domínios e comparação quanto ao gênero e sintoma. Araraquara (SP), 2018 (n=109). (C) Pontuação
do Scapular Malposition, Inferior Medial Border Prominence, Coracoid Pain and Malposition, and Dyskinesis of Scapular Movement
(SICK)-Scapula na amostra total e seus domínios e comparação quanto ao gênero e sintoma. Araraquara (SP), 2018 (n=109).
Pontuação nos domínios Média (IC95%)
Total Total Mulheres Homens
Pontuação Total
Domínios sintomáticos assintomáticos sintomáticas sintomáticos
máxima n=109
n=50 n=59 n=31 n=19
(A)
Posto de Trabalho 6 pontos 0,91 (0,72–1,10) 1,04 (0,73–1,35) 0,78 (0,55–1,01) 1,00 (0,63–1,37) 1,11 (0,55–1,66)
Postura Corporal 18 pontos 5,98 (5,33–6,63) 7,44 (6,53–8,35)* 4,59 (3,78–5,41)* 7,58 (6,34–8,82) 7,21 (5,88–8,54)
Controle do Trabalho 27 pontos 5,02 (4,22–5,82) 5,80 (4,64–6,96)* 4,15 (3,13–5,18)* 5,97 (4,59–7,34) 5,53 (3,43–7,63)
Demanda de Trabalho 21 pontos 3,57 (2,88–4,26) 4,32 (3,13–5,51) 3,29 (2,48–4,10) 4,35 (2,75–5,96) 4,26 (2,48–6,04)
Pausas 18 pontos 4,39 (3,77–5,02) 4,30 (3,35–5,25) 4,56 (3,77–5,34) 4,61 (3,30–5,93) 3,79 (2,50–5,08)
Suporte Social 21 pontos 2,46 (1,88–3,04) 3,18 (2,10–4,26) 1,98 (1,45–2,51) 3,23 (1,76–4,69) 3,11 (1,52–4,69)
22,57 26,29 19,82 27,10 25,00
Pontuação Total 112 pontos
(20,27–24,86) (22,60–29,98)* (17,24–22,40)* (22,03–32,17) (19,78–30,22)
(B)
10,89 17,57 5,68 18,06 16,75
Sintomas e AVDs 100 pontos
(8,09–13,69) (11,54–23,59)* (3,57–7,79)* (12,39–23,74) (3,62–29,89)
Habilidade Física
(esporte e/ou tocar 100 pontos 4,83 (2,51–7,15) 7,75 (3,46–12,04)* 2,33 (0,28–4,38)* 9,07 (2,70–15,45) 5,59 (1,11–10,07)
instrumentos)
Atividade ocupacional 100 pontos 8,42 (5,63–11,21) 11,00 (6,78–15,22)* 4,98 (1,64–8,31)* 13,10 (6,98–19,23) 7,57 (2,92–12,21)
(C)
Dor subjetiva 5 pontos 1,03 (0,83–1,23) 1,42 (1,10–1,74)* 0,69 (0,47–0,92)* 1,74 (1,34–2,15)† 0,89 (0,45–1,34)†
Dor objetiva 6 pontos 1,64 (1,32–1,96) 2,16 (1,65–2,67)* 1,20 (0,84–1,57)* 2,61 (2,01–3,22)† 1,42 (0,58–2,26)†
Mau posicionamento
9 pontos 1,83 (1,60–2,07) 1,88 (1,51–2,25) 1,80 (1,49–2,11) 1,61 (1,10–2,12)† 2,32 (1,86–2,77)†
escapular
Pontuação Total 20 pontos 4,50 (4,00–5,01) 5,46 (4,67–6,25)* 3,69 (3,10–4,29)* 5,97 (5,00–6,93)† 4,63 (3,33–5,93)†
*Diferença estatística entre total sintomáticos e assintomáticos (p≤0,05); †diferença estatística entre os gêneros (p≤0,05); IC: intervalo de confiança
de 95% para a prevalência apresentada; AVD: atividade da vida diária.

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Avaliação cervicoescapular de usuários de computador

em nosso estudo, sugerindo ligação entre a adoção inade- Além disso, a alteração do posicionamento da escápula não
quada de posturas durante o trabalho no computador e as se mostrou diferente entre os trabalhadores assintomáticos
CANS. Apoiando nossas descobertas, estudos anteriores e queixosos, uma vez que o SICK-Scapula é uma conhecida
mostraram relação entre os sintomas musculoesqueléticos avaliação estática escapular e não traz dados sobre aspectos de
em trabalhadores de escritório e a inadequação postural de caráter dinâmico. Logo, supõe-se que o mau posicionamento
membros superiores durante o trabalho26. Além disso, a lite- escapular não necessariamente seja causa de dor.
ratura defende a importância de fornecer treinamento ergo- Este estudo teve como uma de suas limitações o tamanho
nômico, e não apenas a substituição da mobília, para diminuir amostral. Portanto, sugere-se que estudos adicionais com
o risco ergonômico27, uma vez que passar tempo excessivo na amostras maiores, bem como estudos semelhantes em
posição sentada está associado a vários problemas de saúde28,29. outros setores privados para abrangência dos dados, devam
Outra descoberta do presente trabalho mostra que os indi- ser conduzidos para confirmar (ou não) nossos achados.
víduos com dor apresentaram pontuação média significativa- Ademais, não foram controlados aspectos psicossociais, como
mente maior no domínio controle de trabalho do MUEQ, o catastrofização da dor, ansiedade e depressão, crenças, medo
que sugere que esses indivíduos tenham medidas piores sobre e evitação da dor e qualidade de vida. Consequentemente,
a maneira de conduzir seu trabalho quando comparadas à sua estudos futuros com amostras maiores poderão ajudar a
autoridade de decisão e ao desenvolvimento de suas habilidades. compreender a relação entre os fatores ergonômicos, postu-
Dessa forma, esses resultados indicam que a postura corporal rais e psicossociais envolvidos no desenvolvimento de CANS
e o controle sobre o trabalho podem desempenhar papel crucial em trabalhadores de escritório usuários de computador.
no desenvolvimento ou na perpetuação das disfunções muscu-
loesqueléticas relacionadas ao trabalho. Concordando com
nossos achados, Gawke et al.30 verificaram que a interdepen- CONCLUSÃO
dência de tarefas e o processamento de informações no trabalho,
aspectos acerca do controle do trabalho, bem como a percepção Os resultados sugerem que a adoção de posturas inade-
de pouco suporte social, demonstraram ser bons preditores das quadas na estação de trabalho e o mau gerenciamento das
CANS entre trabalhadores de escritório usuários de compu- condições de controle de trabalho possam estar contribuindo
tador na Holanda. Ainda, os aspectos físicos do trabalho não para o desenvolvimento de dor musculoesquelética em
mostraram associação com a presença de CANS na amostra membros superiores e cervical em trabalhadores de escri-
estudada quando as variáveis independentes aspectos psicoló- tório que utilizam computador. O desalinhamento estático
gicos e fatores sociais foram analisadas conjuntamente em um da escápula não necessariamente está presente em indivíduos
modelo de regressão logística30. Assim, os autores defendem a com CANS, mas o inverso é verdadeiro. Ademais, os indi-
tese de que parte dos efeitos sobre as CANS que são atribuídos víduos com queixas cervicobraquiais apresentaram maior
a fatores físicos/ergonômicos pode estar associada aos aspectos impacto funcional em membros superiores no que tange a
psicossociais30. Resultados similares foram observados no estudo atividades de vida diária, atividades ocupacionais e habili-
de Turci et al.18, em que a postura corporal e o controle do dades físicas. Contudo, não foram observadas diferenças
trabalho se mostraram mais comprometidos nos trabalhadores entre homens e mulheres que apresentaram dor muscu-
usuários de computador que haviam relatado alguma CANS. loesquelética nos membros superiores e pescoço.
Por outro lado, a sintomatologia pode não estar vinculada
com a atividade ocupacional nesse setor privado, embora os
dados evidenciem que o impacto funcional nas atividades AGRADECIMENTOS
de vida de diária se relaciona com a dor. Dessa forma, os
dados observados trazem à luz a necessidade de incluir na Gostaríamos de agradecer à Universidade de Araraquara, por
avaliação ergonômica aspectos externos ao âmbito ocupa- sediar a pesquisa; e à Fundação Nacional de Desenvolvimento
cional, integrando a multidimensionalidade do indivíduo. do Ensino Superior Particular (FUNADESP), o apoio finan-
No entanto, isso é especulativo, e pesquisas futuras devem ceiro. Também gostaríamos de agradecer aos funcionários da
ser conduzidas para investigar a suposição. instituição a contribuição para a pesquisa.

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Turci AM, et al.

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Portuguese, cultural adaptation and evaluation of the reliability E-mail: aline_turci@hotmail.com

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