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ESTRUTURAS DE CONCRETO I

UNIDADE VII
FLEXÃO

Prof. Carlos Frederico Cardoso Fernandes


ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão

Definições

Flexão pura: é quando apenas o momento fletor atua na seção da peça.

Flexão simples: é a flexão sem esforço normal, ou seja, quando atuam na


seção o momento fletor e o esforço cortante.

Flexão composta: quando a flexão ocorre acompanhada de esforço normal.


Portanto, com ou sem o esforço cortante.
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Flexão

Definições

Solicitações normais: são aquelas cujos esforços solicitantes produzem


tensões normais (perpendiculares) às seções transversais dos elementos
estruturais.

Os esforços que provocam tensões normais são o momento fletor (M) e o


esforço normal (N).

Nas estruturas de concreto armado são três os elementos estruturais mais


importantes: as lajes, as vigas e os pilares.

As lajes e as vigas são elementos submetidos à flexão normal simples, embora


possam também, eventualmente, estarem submetidos à flexão composta.
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Flexão

Estádios

Uma forma de visualizar o comportamento à flexão de estruturas de concreto é


por meio da análise de ensaios de vigas de seção transversal retangular,
biapoiadas e carregadas com duas forças concentradas simétricas, conhecido
como Ensaios de Stuttgart.
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Flexão

Estádios

O ensaio é realizado com a aplicação gradativa da carga P, sendo aumentada


até o colapso da viga.

Para cada estágio de carregamento podem ser medidas diversas grandezas


físicas, como as deformações no concreto e na armadura, fissuração, flechas,
rotações, etc.

Às diversas fases pelas quais passa a seção de concreto, ao longo desse


carregamento, dá-se o nome de estádios.

Distinguem-se basicamente três fases distintas: estádio I, estádio II e estádio


III.
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Flexão

Estádio I
Esta fase corresponde ao início do carregamento. As tensões normais que
surgem são de baixa magnitude e dessa forma o concreto consegue resistir às
tensões de tração. Tem-se um diagrama linear de tensões, ao longo da seção
transversal da peça, sendo válida a lei de Hooke.
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Estádio I

 É no estádio I que é feito o cálculo do momento de fissuração, que separa o


estádio I do estádio II.

 Conhecido o momento de fissuração, é possível calcular a armadura mínima,


de modo que esta seja capaz de absorver, com adequada segurança, as
tensões causadas por um momento fletor de mesma magnitude.

 Portanto, o estádio I termina quando a seção fissura.


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Flexão

Estádio II
Neste nível de carregamento, o concreto não mais resiste à tração e a seção se
encontra fissurada na região de tração. A contribuição do concreto tracionado
deve ser desprezada. No entanto, a parte comprimida ainda mantém um
diagrama linear de tensões, permanecendo válida a lei de Hooke.
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Estádio II

 Basicamente, o estádio II serve para a verificação da peça em serviço.

 Como exemplos, citam-se o estado limite de abertura de fissuras e o estado


limite de deformações excessivas.

 Com a evolução do carregamento, as fissuras caminham no sentido da borda


comprimida, a linha neutra também e a tensão na armadura cresce, podendo
atingir o escoamento ou não.

 O estádio II termina com o inicio da plastificação do concreto comprimido.


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Flexão

Estádio III
No estádio III, a zona comprimida encontra-se plastificada e o concreto dessa
região está na iminência da ruptura. Admite-se que o diagrama de tensões seja
da forma parabólico-retangular, também conhecido como diagrama parábola-
retângulo.
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Estádio III

No estádio III, a ruptura da seção ocorre por esmagamento do concreto com ou


sem escoamento da armadura longitudinal.

Seções normalmente armadas: quando a ruptura se dá com o esmagamento do


concreto, ao mesmo tempo em que ocorre o escoamento da armadura de aço.

Seções subarmadas: quando o esmagamento do concreto se dá após o


escoamento da armadura de aço.

Seções superarmadas: quando o esmagamento do concreto se dá sem que a


armadura de aço tenha atingido seu limite de escoamento.
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Estádio III

As seções normalmente armadas e as subarmadas podem ser analisadas como


um único caso: aço escoado e concreto esmagado.

Nesses casos, as capacidades resistentes do concreto e do aço são aproveitadas


plenamente, permitindo que a viga apresente sinais de ruptura visíveis, com
níveis acentuados de fissuração e deformações.

Nas seções superarmadas a ruptura acontece geralmente sem a presença de


níveis acentuados de fissuração e de deformações, ou seja, sem "aviso prévio".

O dimensionamento de seções superarmadas é geralmente evitado por ser


antieconômico.
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Estádio III

Observações:

1) as seções superarmadas devem ser evitadas, uma vez que além de não
serem econômicas devido ao excesso de armaduras, apresentam o
agravante de atingirem ruptura brusca, sem o aviso que permite uma visão
do processo gradual de fissuração;

2) quando, por imposição do projeto, tenha sido limitada a altura da seção de


modo a conduzir o dimensionamento para uma seção superarmada, é
preferível, se for possível, aumentar a largura da seção na zona
comprimida, ou então, se a seção estiver fixada, recorrer a uma seção
normalmente armada ou subarmada, com armadura de compressão
auxiliando o concreto na zona comprimida.
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Estádio III
A Norma Brasileira permite, para efeito de cálculo, que se trabalhe com um
diagrama retangular equivalente. A resultante de compressão e o braço em
relação à linha neutra devem ser aproximadamente os mesmos para os dois
diagramas.
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Estádio III

O diagrama parábola-retângulo é formado por um trecho retangular, para


deformação de compressão variando de 0,2% até 0,35%, com tensão de
compressão igual a 0,85fcd, e um trecho no qual a tensão varia segundo uma
parábola do segundo grau.

O diagrama retangular também é permitido pela NBR 6118. A altura do


diagrama é igual a 0,8x. A tensão é 0,85fcd no caso da largura da seção, medida
paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir desta para a borda
comprimida, e 0,80fcd no caso contrário (para concretos de classes até C50).

A igualdade entre as duas áreas, retangular e retangular-parabólico, significa se


ter, para uma mesma seção, o mesmo valor da resultante das tensões de
compressão.
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Tipos de ruptura

Em uma viga de concreto armado, as tensões principais de tração são


absorvidas pelo concreto até o início do processo de formação de fissuras,
quando a resistência à tração do concreto é ultrapassada.

Após o início da fissuração, ocorre uma redistribuição de tensões entre o


concreto e a armadura, que varia conforme o processo de fissuração aumenta,
até atingir a ruptura, podendo ocasionar os mecanismos de ruptura mostrados a
seguir.
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Flexão

Tipos de ruptura

1. Ruptura por flexão;


2. ruptura por cortante;
3. ruptura por flexão e cortante;
4. ruptura por compressão da alma (esmagamento da biela comprimida);
5. ruptura por ancoragem deficiente da armadura longitudinal.
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Flexão

Tipos de ruptura

1. Ruptura por flexão: é caracterizada pelo esmagamento do concreto na região


central e pode ocorrer antes (seções superarmadas) ou após (seções
normalmente armadas e subarmadas) ao escoamento da armadura.

2. Ruptura por cortante: produzida pelas fissuras inclinadas resultantes das


tensões principais de tração e por deficiência na armadura transversal para
absorver essas tensões. A zona comprimida do concreto resiste a uma parcela
da força cortante e, à medida que essa força aumenta, a fissura inclinada
progride e atinge a borda superior, ocasionando a ruptura da viga.

3. Ruptura por flexão e cortante: quando a armadura transversal é ligeiramente


insuficiente, as fissuras inclinadas penetram na zona comprimida do concreto
pela flexão e cortante. Nesse caso, a ruptura ocorre por esmagamento do
concreto, apesar da seção estar submetida a momento fletor inferior àquele
atuante na região central.
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Flexão

Tipos de ruptura

4. Ruptura por compressão da alma (esmagamento da biela comprimida):


ocorre nas vigas com seções do tipo T ou duplo T de alma delgada
(largura bw reduzida), quando as tensões principais de compressão, na
região do apoio, superam a resistência à compressão do concreto,
provocando a ruptura da alma por compressão excessiva.

5. Ruptura por ancoragem deficiente da armadura longitudinal: provocada


por insuficiência de ancoragem da armadura longitudinal tracionada na
região do apoio. Nesse tipo de ruptura, a viga atinge o colapso
bruscamente, devido a um deslizamento da armadura longitudinal, que
usualmente se propaga e provoca também uma ruptura ao longo da altura
da viga.
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Domínios de deformação na ruína

São situações em que pelo menos um dos materiais − o aço ou o concreto −


atinge o seu limite de deformação:

a) alongamento último do aço (εcu = 1,0%);

b) encurtamento último do concreto (εcu = 0,35% na flexão e εcu = 0,2% na


compressão simples).

O primeiro caso é denominado ruína por deformação plástica excessiva do


aço, e o segundo, ruína por ruptura do concreto.
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Domínios de deformação na ruína – hipóteses básicas

Na análise dos esforços resistentes de uma seção de viga ou pilar, devem ser
consideradas as seguintes hipóteses básicas:

a) as seções transversais se mantêm planas após a deformação (Hipótese de


Bernoulli);

b) a deformação das barras passivas aderentes ou o acréscimo de deformação


das barras ativas aderentes em tração ou compressão deve ser a(o)
mesma(o) do concreto em seu entorno;

c) as tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, devem ser


desprezadas no ELU;
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Domínios de deformação na ruína – hipóteses básicas

d) a distribuição de tensões no concreto é feita de acordo com o diagrama


parábola-retângulo, definido em 8.2.10.1, com tensão de pico igual a 0,85
fcd, com fcd definido em 12.3.3. Esse diagrama pode ser substituído pelo
retângulo de profundidade y = λx , onde o valor do parâmetro λ pode ser
tomado igual a:

𝜆 = 0,8, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50 𝑀𝑃𝑎; 𝑜𝑢

𝑓𝑐𝑘 − 50
𝜆 = 0,8 − , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑐𝑘 > 50 𝑀𝑃𝑎.
400
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Domínios de deformação na ruína – hipóteses básicas

A tensão constante atuante até a profundidade y pode ser tomada igual a:

- αc fcd , no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não


diminuir a partir desta para a borda comprimida;

- 0,9 αc fcd , no caso contrário.

Sendo αc definido como:

- para concretos de classes até C50, αc = 0,85

𝑓𝑐𝑘 −50
- Para concretos de classes de C50 até C90, 𝛼𝑐 = 0,85 1,0 −
200
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Domínios de deformação na ruína – hipóteses básicas

As diferenças de resultados obtidos com esses dois diagramas são pequenas e


aceitáveis, sem necessidade de coeficiente de correção adicional.

e) a tensão nas armaduras deve ser obtida a partir do diagrama tensão-


deformação, com valores de cálculo definidos em 8.3.6, conforme a
figura:
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Domínios de deformação na ruína – hipóteses básicas

f) o estado limite último é caracterizado quando a distribuição das


deformações na seção transversal pertencer a um dos domínios definidos
na figura a seguir:
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Domínios de deformação na ruína

Ruptura convencional por deformação plástica excessiva:

- reta a: tração uniforme;

- domínio 1: tração não uniforme, sem compressão;

- domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do


concreto (εc < 3,5‰ e com o máximo alongamento permitido);
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Domínios de deformação na ruína

Ruptura convencional por encurtamento-limite do concreto:

- domínio 3: flexão simples (seção subarmada) ou composta com ruptura à


compressão do concreto e com escoamento do aço (εs ≥ εyd);

- domínio 4: flexão simples (seção superarmada) ou composta com ruptura à


compressão do concreto e aço tracionado sem escoamento (εs < εyd);

- domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas;

- domínio 5: compressão não uniforme, sem tração;

- reta b: compressão uniforme.


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Flexão

Domínios de deformação na ruína

Os tipos de ruína serão estudados isoladamente e a seção indicada na figura a


seguir será tomada como referência para a análise dos casos.
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Ruína por Deformação Plástica Excessiva

Para que o aço atinja seu alongamento máximo, é necessário que a seção seja
solicitada por tensões de tração capazes de produzir na armadura As uma
deformação específica de 1% (εs = 1%). Essas tensões podem ser provocadas
por esforços tais como:

 Tração (uniforme ou não-uniforme)

 Flexão (simples ou composta)


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Flexão

Ruína por Deformação Plástica Excessiva


Considere-se a figura a seguir, em que a linha tracejada à esquerda corresponde ao
alongamento máximo de 1% − limite do aço −, e a linha tracejada à direita, ao
encurtamento máximo do concreto na flexão: 0,35%. A linha cheia corresponde à
deformação nula, ou seja, separa as deformações de alongamento e as de
encurtamento.

A posição da linha neutra é indicada pela distância x até a borda superior da seção,
sendo esta distância considerada positiva quando a linha neutra estiver abaixo da
borda superior, e negativa no caso contrário.
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Ruína por Deformação Plástica Excessiva – reta a


A linha correspondente ao alongamento constante e igual a 1% é denominada
reta a. Ela pode ser decorrente de tração simples, se as áreas de armadura As e
A’s forem iguais, ou de uma tração excêntrica em que a diferença entre As e A’s
seja tal que garanta o alongamento uniforme da seção.

Como para a reta a não há pontos de deformação nula, considera-se que x


tenda para − ∞.
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Ruína por Deformação Plástica Excessiva – domínio 1


Para diagramas de deformação em que ainda se tenha tração em toda a seção,
mas não-uniforme, com εs = 1% na armadura As e deformações na borda
superior variando entre 1% e zero, tem-se os diagramas de deformação num
intervalo denominado domínio 1.

Neste caso a posição x da linha neutra varia entre − ∞ e zero. O domínio 1


corresponde a tração excêntrica.
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Flexão

Ruína por Deformação Plástica Excessiva – domínio 2


O domínio 2 corresponde a alongamento εs = 1% e compressão na borda
superior, com εc variando entre zero e 0,35%. Neste caso a linha neutra já se
encontra dentro da seção, correspondendo a flexão simples ou a flexão
composta, com força normal de tração ou de compressão.

O domínio 2 é o último caso em que a ruína ocorre com deformação plástica


excessiva da armadura.
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Flexão

Ruína por encurtamento-limite do concreto

 Serão considerados os casos em que a ruína ocorre por ruptura do concreto


comprimido.

 Como já foi visto, denomina-se flexão a qualquer estado de solicitações


normais em que se tenha a linha neutra dentro da seção.

 Na flexão, a ruptura ocorre com deformação específica de 0,35% na borda


comprimida.
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Flexão

Ruína por encurtamento-limite do concreto – domínio 3


No domínio 3, a deformação εcu = 0,35% na borda comprimida e εs varia entre
1% e εyd, ou seja, o concreto encontra-se na ruptura e o aço tracionado em
escoamento. Nessas condições, a seção é denominada subarmada. Tanto o
concreto como o aço trabalham com suas resistências de cálculo. Portanto, há
o aproveitamento máximo dos dois materiais. A ruína ocorre com aviso, pois a
peça apresenta deslocamentos visíveis e intensa fissuração.
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Ruína por encurtamento-limite do concreto – domínio 4


No domínio 4, permanece a deformação εcu = 0,35% na borda comprimida e εs
varia entre εyd e zero, ou seja, o concreto encontra-se na ruptura, mas o aço
tracionado não atinge o escoamento.

Neste caso, a seção é denominada superarmada. A ruína ocorre sem aviso,


pois os deslocamentos são pequenos e há pouca fissuração.
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Ruína por encurtamento-limite do concreto – domínio 4a


No domínio 4a, as duas armaduras são comprimidas. A ruína ainda ocorre com
εcu = 0,35% na borda comprimida. A deformação na armadura As é muito
pequena, e portanto essa armadura é muito mal aproveitada. A linha neutra
encontra-se entre d e h. Esta situação só é possível na flexo-compressão.
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Ruína por encurtamento-limite do concreto – domínio 5


No domínio 5 tem-se a seção inteiramente comprimida (x > h), com εc
constante e igual a 0,2% na linha distante 3/7 h da borda mais comprimida.
Nesta borda, εcu varia de 0,35% a 0,2%.

O domínio 5 só é possível na compressão excêntrica.


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Flexão

Ruína por encurtamento-limite do concreto – reta b


Na reta b tem-se deformação uniforme de compressão, com encurtamento do
concreto igual a 0,2% .

Neste caso, x tende para + ∞.


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Flexão

Diagrama único da NBR 6118


Para todos os domínios de deformação, com exceção das retas a e b, a posição
da linha neutra pode ser determinada por relações de triângulos.
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Flexão

Diagrama único da NBR 6118

 Verifica-se, na figura, que da reta a para os domínios 1 e 2, o diagrama de


deformações gira em torno do ponto A, o qual corresponde à ruína por
deformação plástica excessiva da armadura As.

 Nos domínios 3, 4 e 4a, o diagrama de deformações gira em torno do ponto


B, relativo à ruptura do concreto com εcu = 0,35% na borda comprimida.

 Finalmente, verifica-se que do domínio 5 para a reta b, o diagrama gira em


torno do ponto C, correspondente à deformação de 0,2% e distante 3/7 h da
borda mais comprimida.
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Flexão – dimensionamento à flexão

Domínios possíveis
Na flexão, como a tração é resistida pela armadura, a posição da linha neutra
deve estar entre zero e d (domínios 2, 3 e 4), já que para x < 0 (domínio 1) a
seção está toda tracionada, e para x > d (domínios 4a e 5) a seção útil está toda
comprimida.
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Flexão – dimensionamento à flexão

Domínio 2
No domínio 2, a ruína se dá por deformação plástica excessiva do aço, com a
deformação máxima de 10‰; portanto, σsd = fyd. A deformação no concreto
varia de 0 até 3,5‰. A profundidade da linha neutra varia de 0 até 0,259d (0<
βx < 0,259).
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Flexão – dimensionamento à flexão

Domínio 3
No domínio 3, a ruína se dá por ruptura do concreto com deformação máxima
εc = 3,5‰ e, na armadura tracionada, a deformação varia de εyd até 10‰, ou
seja, o aço está em escoamento, com tensão σs = fyd . A posição da linha neutra
varia de 0,259d até x34 (0,259 < βx < βx34).
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Flexão – dimensionamento à flexão

Domínio 4
Assim como no domínio 3, o concreto encontra-se na ruptura, com εc = 3,5‰.
Porém, o aço apresenta deformação abaixo de εyd e, portanto, ele está mal
aproveitado.
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Flexão – dimensionamento à flexão

Domínio 4
O dimensionamento nesse domínio é uma solução antieconômica, além de
perigosa, pois a ruína se dá por ruptura do concreto e sem escoamento do aço.

É uma ruptura brusca, ou seja, ocorre sem aviso.

Quando as peças de concreto são dimensionadas nesse domínio, diz-se que


elas são superarmadas, devendo ser evitadas.

Pode-se usar uma das alternativas a seguir para evitar o dimensionamento no


domínio 4:
 Aumentar a altura h, porque normalmente b é fixo, dependendo da espessura
da parede em que a viga é embutida;
 Fixar x como xlim34, ou seja, βx = βx34, e adotar armadura dupla;
 Outra solução é aumentar a resistência do concreto (fck).
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções retangulares

Equações de equilíbrio
Para o dimensionamento de peças na flexão simples com armadura dupla,
considera-se que as barras que constituem a armadura estão agrupadas,
concentradas no centro de gravidade dessas barras.
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio
As equações de equilíbrio de forças e de momentos são respectivamente:
Rc + R’s – Rs = 0
Md = γf Mk = Rc (d - y/2) + R’s (d - d’)

As resultantes no concreto (Rc) e nas armaduras (Rs e R’s) são dadas por:
Rc = b y σcd = b 0,8x 0,85fcd = 0,68 b d βx fcd
Rs = As σs
R’s = A’s σ’s

Para diagrama retangular de tensões no concreto, tem-se que:


y = 0,8x → d – y/2 = d (1 - 0,8x/2d) = d (1 - 0,4βx)
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio
Com esses valores, resultam as seguintes equações para armadura dupla:

0,68 b d βx fcd + A’s σ’s - As σ s = 0 (1)

Md = 0,68 b d² βx fcd (1 - 0,4βx) + A’s σ’s (d – d’) (2)

Para armadura simples, A’s = 0. As equações (1) e (2) resultam:

0,68 b d βx fcd - As σs = 0 (1’)

Md = 0,68 b d² βx fcd (1 - 0,4 βx) (2’)


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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio
Desta forma, a equação (2’) nos fornece o valor da posição de linha neutra ‘x’:
Md 2,5  M d
0,4  x 2  d  x   0  x 2  2,5  d  x  0
0,68  b  f cd 0,68  b  f cd

 Md 
x  1,25  d 1  1  
 0, 425  b  d 2
 f cd 

Determinado o valor da tensão na armadura, podemos calcular a quantidade de


aço que devemos colocar na peça de concreto armado:

𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
𝜎𝑠 𝑑−0,4𝑥
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla

Uma das maneiras de se evitar o dimensionamento no domínio 4 sem alterar a


seção transversal da peça é a utilização de armadura dupla, ou armadura de
compressão.

Neste caso, além da armadura de tração, é colocada uma armadura na zona


comprimida.

Esta armadura de compressão introduz uma parcela adicional na resultante de


compressão, permitindo, assim, aumentar a resistência da seção.
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla

A figura a seguir mostra o equilíbrio da seção transversal com este tipo de


armadura.
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla

Equilíbrio de forças:
Rs  Rc  Rs
As   s  0,68  f cd  b  x  As   s
Equilíbrio de momentos:

M d  Rc (d  0,4  x)  Rs (d  d )

M d  0,68  b  x  f cd (d  0,4  x)  As   s (d  d )

Portanto, tem-se duas equações e três incógnitas: x, As e A’s.


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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla


Normalmente, adota-se um valor para x, menor ou igual a x34 (na maioria das
vezes igual). Para determinar os valores de As e A’s , faz-se a decomposição do
momento em duas parcelas: a primeira resistida pelo binário formado pelo
concreto comprimido e uma parcela de armadura tracionada; e a segunda,
absorvida pelo binário formado pela armadura comprimida e uma outra parcela
da armadura tracionada.
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla


Adotado o valor de x, determina-se a primeira parcela do momento (M1) e a
primeira parcela da armadura tracionada (As1):
M 1  0,68  b  x  f cd (d  0,4  x)

M1
M 1  Rs1 (d  0,4  x)  Rs1 
(d  0,4  x)

Rs1 , geralmente:  s1  f yd  As1  Rs1


As1  f yd
 s1
Conhecida a primeira parcela do momento, pode-se determinar a segunda
parcela (M2):

M 2  M d  M1
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla

Com a segunda parcela do momento, calcula-se a segunda parcela da armadura


tracionada:

M2
M 2  Rs 2 (d  d )  Rs 2 
(d  d )

Rs 2 Rs 2
As 2  , geralmente:  s 2  f yd  As 2 
 s2 f yd
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla

Para o cálculo da armadura comprimida, deve-se determinar a tensão na


armadura comprimida (σ’s). Por isso, tem-se que obter o valor da deformação
da armadura comprimida por meio da deformação do concreto.

No domínio 3: εc = 0,0035

0,010
No domínio 2: 𝜀𝑐 = 𝑥
(𝑑−𝑥)

A deformação na armadura comprimida vale:

𝜀𝑐 𝑥 − 𝑑 ′
𝜀′𝑠 =
𝑥
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla

Do diagrama tensão-deformação do aço obtemos σ’s:

σ’s = ε’s E, com E = 210.000 MPa.

Finalmente, tem-se:
𝑅′𝑠
𝐴′𝑠 =
𝜎′𝑠

As = As1 + As2

As1 = parcela da armadura tracionada As que equilibra o momento fletor resistente


proporcionado pela área de concreto comprimido com altura x;
As2 = parcela da armadura tracionada As que equilibra o momento fletor resistente
proporcionado pela armadura comprimida A's.
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Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla


A tensão σ’s na armadura comprimida depende do tipo de aço e da posição dessa
armadura dentro da seção transversal, expressa pela relação d’/d, e da posição x
assumida para a linha neutra.

O valor de x deve ser adotado conforme os critérios da NBR 6118/14, havendo as


seguintes possibilidades:

a) x = x3lim (0,77d para o aço CA-25, 0,63d para CA-50 e 0,59d para CA-60) nas
seções que não sejam de apoio da viga nem de ligação com outros elementos
estruturais;

b) x = 0,5d para concretos até C35 nas seções de apoio da viga ou de ligação com
outros elementos estruturais (melhorar ductilidade nesses casos);

c) x = 0,4d para concretos de classes acima do C35 nas seções de apoio da viga ou
de ligação com outros elementos estruturais (melhorar ductilidade nesses casos).
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla

Os valores para a tensão na armadura comprimida (σ’s) estão mostrados nas


Tabela A-5, Tabela A-7 e Tabela A-9, em função da relação d’/d, da posição
assumida para a linha neutra e do tipo de aço.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla


ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Equações de equilíbrio: armadura dupla


ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Dimensionamento à flexão: tabelas

O emprego de tabelas facilita muito o cálculo de flexão simples em seção


retangular.

Para facilitar o cálculo feito manualmente, pode-se desenvolver tabelas com


coeficientes que reduzirão o tempo gasto no dimensionamento.

Esses coeficientes serão vistos a seguir.

Podem ser desenvolvidas tabelas para dimensionamento à flexão com


armadura simples e com armadura dupla.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Dimensionamento à flexão: tabelas para armadura simples

Coeficiente kc:
𝑏𝑑 2
𝑘𝑐 =
𝑀𝑑

Da equação (2’), tem-se:

𝑏𝑑 2 1
𝑘𝑐 = =
𝑀𝑑 0,68𝛽𝑥 𝑓𝑐𝑑 1 − 0,4𝛽𝑥

Onde:
𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Dimensionamento à flexão: tabelas para armadura simples

Coeficiente ks:
𝐴𝑠 𝑑
𝑘𝑠 =
𝑀𝑑
Da equação (1’) obtém-se que:

0,68 b d βx fcd = As σs

Substituindo na equação (2’), tem-se:

Md = As σs d (1 – 0,4βx)
Logo:
𝐴𝑠 𝑑 1
𝑘𝑠 = =
𝑀𝑑 𝜎𝑠 1 − 0,4𝛽𝑥
Nos domínios 2 e 3, σs = fyd.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Dimensionamento à flexão: tabelas para armadura dupla

Coeficiente ks2:

𝑅𝑠2 1 𝑀2
𝐴𝑠2 = =
𝜎𝑠2 𝑓𝑦𝑑 (𝑑 − 𝑑 ′ )

1
Fazendo-se 𝑘𝑠2 = , tem-se:
𝑓𝑦𝑑

𝑀2
𝐴𝑠2 = 𝑘𝑠2
(𝑑 − 𝑑 ′ )
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão - seções retangulares

Dimensionamento à flexão: tabelas para armadura dupla

Coeficiente k’s:

1 𝑀2
𝐴′𝑠 =
𝜎′𝑠 (𝑑 − 𝑑 ′ )

1
Fazendo-se 𝑘′𝑠 = , tem-se:
𝜎′𝑠

𝑀2
𝐴′𝑠 = 𝑘′𝑠
(𝑑 − 𝑑 ′ )

Obs.: os coeficientes kc, ks, ks2 e k’s podem ser obtidos em tabelas.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Introdução

Teoricamente, as vigas podem ter a seção transversal com qualquer forma


geométrica, porém, além das vigas de seção retangular, as mais comuns são
aquelas com forma de I e T.

Nas estruturas do tipo pré-moldadas as vigas I, T e duplo T são bastante


comuns.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Introdução

A seção T é assim chamada porque a seção da viga tem a forma geométrica de


um T, composta pela nervura e pela mesa, sendo que a mesa pode estar parcial
ou totalmente comprimida.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Introdução

A seção T pode ser formada também nas lajes do tipo pré-fabricadas e


nervuradas, nas seções de pontes rodoviárias, etc.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Introdução

A seção T é bastante comum nas estruturas moldadas no local quando as lajes


do pavimento são do tipo maciça, onde a seção T é imperceptível visualmente,
mas surge do trabalho conjunto entre as vigas retangulares e as lajes vizinhas
nela apoiadas.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Introdução

As tensões normais de compressão, provenientes da flexão, alcançam também as


vizinhanças das lajes apoiadas nas vigas.

A contribuição das lajes, porém, só pode ser considerada quando as lajes estão
comprimidas pelas tensões normais da flexão. Se comprimida, a laje atua
aumentando significativamente a área de concreto comprimido (A’c) da viga
retangular.

É muito importante observar que a laje deve estar obrigatoriamente no lado da


viga, inferior ou superior, submetido às tensões normais de compressão.

Se a laje estiver no lado tracionado a sua contribuição à flexão não existirá, dado
que não se considera o concreto para resistir às tensões de tração. Neste caso
considera-se apenas a resistência proporcionada pela seção retangular da viga.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Introdução
Levando em conta essas premissas, a figura a seguir mostra as situações de
cálculo (seção T ou retangular) de uma viga contínua, associada a lajes
adjacentes, em função da posição da laje (inferior ou superior da viga) e do
sinal do momento fletor.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Introdução
A forma da seção deve ser analisada nas regiões ou posições onde ocorrem os
momentos fletores máximos, para os quais serão feitos os cálculos de
dimensionamento das vigas. Cada seção com momento máximo deve ser
analisada individualmente, isto é, momento fletor por momento fletor.
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante

Define-se como largura colaborante a faixa da laje adjacente à viga que


colabora para resistir às tensões normais de compressão.

A largura colaborante não é constante ao longo do vão e depende de vários


fatores: viga simples ou contínua, tipo de carga, vão, tipo de apoios, da relação
hf/h, existência de vigas transversais, etc.

Portanto, no cálculo de viga como seção T, deve-se definir qual a largura


colaborante da laje que efetivamente está contribuindo para absorver os
esforços de compressão.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante
As tensões de compressão σx na viga e nas lajes variam de intensidade,
diminuindo conforme se afastam da alma da viga. De modo idealizado, as
tensões são tomadas constantes na largura colaborante bf.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante
Segundo a NBR 6118/14 (item 14.6.2.2):

“Quando a estrutura for modelada sem a consideração automática da ação


conjunta de lajes e vigas, esse efeito pode ser considerado mediante a adoção
de uma largura colaborante da laje associada à viga, compondo uma seção
T”.

“A consideração da seção T pode ser feita para estabelecer as distribuições


de esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos da estrutura, de
uma forma mais realista”.

“A largura colaborante bf deve ser dada pela largura da viga bw acrescida de


no máximo 10 % da distância a entre pontos de momento fletor nulo, para
cada lado da viga em que houver laje colaborante”.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante

A distância “a” pode ser estimada em função do comprimento L do tramo


considerado, como se apresenta a seguir:

viga simplesmente apoiada a = 1,00 L

tramo com momento em uma só extremidade a = 0,75 L

tramo com momentos nas duas extremidades a = 0,60 L

tramo em balanço a = 2,00 L


ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante

Valores de a em função dos vínculos da viga nos apoios:


ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante

Além disso, deverão ser respeitados os limites b1 e b3 conforme a figura a


seguir.

bw é a largura real da nervura;

ba é a largura da nervura fictícia obtida aumentando-se a largura real para cada


lado de valor igual ao do menor cateto do triângulo da mísula correspondente;

b2 é a distância entre as faces das nervuras fictícias sucessivas;

b3 é a largura colaborante de lajes em balanço.


ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante: observações

1) Nos casos mais comuns da prática, que é a inexistência de mísulas, como


indicado na viga à direita da figura, as larguras b1 e b3 são contadas a
partir da largura bw ou da face da viga;

2) no cálculo de b1, geralmente o valor 0,1a é menor que a metade da


distância b2, pois a distância entre as vigas adjacentes normalmente não é
pequena. Nas lajes nervuradas, geralmente a distância b1 será dada pelo
fator 0,5b2;

3) o valor b2 representa a distância entre a face da viga que se está


considerando a seção T e a face da viga mais próxima, na direção
perpendicular à viga;
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Largura colaborante: observações

4) Quando a laje apresentar aberturas ou interrupções na região da mesa


colaborante, a variação da largura efetiva (bef) da mesa deve respeitar o
máximo bf e limitações impostas pelas aberturas conforme mostra a figura.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

A planta de fôrma abaixo serve como exemplo para os cálculos da largura


colaborante das vigas seção T ou L. A contribuição das lajes, medidas pelas
larguras b1 e b3, devem ser analisadas viga por viga, e vão por vão.
ESTRUTURAS DE CONCRETO I
Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira)

Para verificar se a seção da viga se comporta como seção T, é preciso analisar


a profundidade da altura y do diagrama retangular, em relação à altura hf do
flange (espessura da laje).

No estudo das seções T com a utilização do diagrama retangular simplificado


com altura y = 0,8x observa-se a existência de dois casos, em função da
posição da linha neutra na seção transversal.

Caso y seja menor ou igual a hf, a seção deverá ser calculada como retangular
de largura bf; em caso contrário, ou seja, se o valor de y for superior a hf, a
seção deverá ser calculada como seção T verdadeira.
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira)

Caso 1: 0,8 x ≤ hf
Quando a altura 0,8x do diagrama retangular simplificado é menor ou igual à
altura da mesa, a seção comprimida de concreto A’c é retangular, bf 0,8x, de
modo que o dimensionamento pode ser feito como se a seção fosse retangular,
com largura bf ao invés de bw, e aplicando-se as mesmas equações já
desenvolvidas para a “seção retangular com armadura simples”.
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira)

Caso 1: 0,8 x ≤ hf
A seção a ser considerada será bf h. Assim pode ser feito porque o concreto da
região tracionada não é considerado no dimensionamento, isto é, para a flexão
não importa a sua inexistência em parte da área tracionada. A maioria das
seções T da prática resulta 0,8x ≤ hf .
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Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira)

Caso 2: 0,8 x > hf


Quando 0,8x resulta maior que a altura da mesa hf, a área da seção comprimida
de concreto A’c não é retangular, mas sim composta por retângulos.
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira)

Caso 2: 0,8 x > hf

A fim de simplificar a dedução das equações para a seção T com 0,8x > hf , a
seção será subdividida em duas seções equivalentes.

Na seção da figura anterior, o concreto comprimido da mesa é equilibrado por


uma parcela As0 da armadura longitudinal tracionada As. O concreto
comprimido da nervura é equilibrado pela segunda parcela ΔAs da armadura
total As .

Portanto, no final, ter-se-á: As = As0 + ΔAs


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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira)

Caso 2: 0,8 x > hf


Seção retangular com largura b = bf - bw com diagrama de compressão no
concreto em toda a altura hf.
Rcf  0,85  (b f  bw )  h f  f cd

Rs 0 M0
Rs 0  Rcf  As 0  
s  hf 
Geralmente, σs = fyd.
 s  d  
 2 

hf
M 0  Rcf (d  )
2
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Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira)

Caso 2: 0,8 x > hf


A seção retangular com largura b = bw deverá resistir à diferença entre o
momento de cálculo Md e o momento absorvido pela seção anterior, M0.
M  M d  M 0

 M 
x  1,25  d 1  1  
 0, 425  bw  d 2
 f cd 

M
As 
 s (d  0,4  x)
Com σs = fyd
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira): tabelas


Para a seção T pode-se utilizar também as tabelas elaboradas para a seção
retangular.

Calcula-se βxf = hf / (0,8d)

Supondo seção retangular de largura bf, calcula-se kc.

𝑏𝑓 𝑑 2
𝑘𝑐 =
𝑀𝑑

Entrando-se na Tabela 1.1 (PINHEIRO, 1993), tira-se βx.

Se βx ≤ βxf → cálculo como seção retangular com largura bf

Se βx > βxf → cálculo como seção T verdadeira.


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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira): tabelas

Cálculo como seção retangular

1) Procede-se o cálculo normal de uma seção retangular de largura igual a bf ;

2) utiliza-se a tabela com o βx calculado para verificação do comportamento,


pois se partiu da hipótese que a seção era retangular;

3) com este valor de βx, tira-se o valor de ks e calcula-se a área de aço por
meio da equação:
𝑘𝑠 𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
𝑑
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira): tabelas

Cálculo como seção T verdadeira - flange


Calcula-se normalmente o momento resistente M0 de uma seção de concreto de
largura bf - bw, altura h e βx = βxf;

Com βxf, obtém-se kcf e ksf;


(𝑏𝑓 − 𝑏𝑤 )𝑑 2
𝑀0 =
𝑘𝑐𝑓
Com esse valor de M0, calcula-se a área de aço correspondente.

𝑀0
𝐴𝑠0 = 𝑘𝑠𝑓
𝑑
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Flexão – dimensionamento à flexão – seções T

Verificação do Comportamento (Retangular ou T Verdadeira): tabelas

Cálculo como seção T verdadeira – nervura


Com a seção de concreto da nervura (bw x h) e com o momento que ainda falta
para combater o momento solicitante, ΔM = Md – M0, calcula-se como uma
seção retangular comum, podendo ser esta com armadura simples ou dupla.
𝑏𝑤 𝑑 2
𝑘𝑐 =
∆𝑀
Com kc, obtém-se ks e, finalmente, ΔAs
∆𝑀
∆𝐴𝑠 = 𝑘𝑠
𝑑
A área de aço total será a soma das armaduras calculadas separadamente para
cada seção:
As = As0 + ΔAs

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