JUSTIÇA FEDERAL

Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO: 1004321-42.2018.4.01.3500 PROCESSO REFERÊNCIA: 1004321-42.2018.4.01.3500

CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198)
POLO ATIVO: LOURDES SOUZA DE OLIVEIRA
REPRESENTANTE(S) POLO ATIVO: TOBIAS NASCINDO AMARAL GONCALVES - GO26038-A
POLO PASSIVO:UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)
RELATOR(A):NOVELY VILANOVA DA SILVA REIS

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Gab. 23 - DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA
Processo Judicial Eletrônico

APELAÇÃO CÍVEL (198) n. 1004321-42.2018.4.01.3500

RELATÓRIO

Fls. 106-10: A sentença recorrida (06/09/2018) denegou a segurança

requerida pela impetrante Lourdes Souza de Oliveira para ser mantida no
parcelamento/REFIS instituído pela Lei 11.941/2009, bem como a quitação
dos débitos, tendo em vista que pagou integralmente todas as parcelas. O
julgado concluiu pela legitimidade da exclusão do parcelamento por falta de
consolidação prevista em ato normativo que regulamentou o
parcelamento

Fls. 125-41: A impetrante apelou alegando:

- realizou o pagamento integral do débito antes da consolidação, que veio a

ocorrer somente 04 anos após a adesão ao REFIS da Lei 11.941/2009.
Entretanto, o parcelamento da Recorrente foi rescindido, não tendo sido
aproveitado nenhum valor pago, e sido positivado sua certidão.

- não realizou a consolidação do parcelamento porque já teria pago as

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parcelas

- não houve nenhum prejuízo ao erário federal, mas sim o oposto, pois foi
recolhido todas as 30 parcelas e duas além do valor efetivamente devido.

- a única possibilidade de rescisão do parcelamento é a ausência de

pagamento de parcelas, como descrito no art. 1º, § 9º da Lei 11.941/2009;

Fls. 151-6: A União respondeu, pedindo o desprovimento do recurso.O

Ministério Público Federal não opinou (fls. 170-3).

VOTO - VENCEDOR

PODER JUDICIÁRIO
Processo Judicial Eletrônico
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Gab. 23 - DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA

APELAÇÃO CÍVEL (198) n. 1004321-42.2018.4.01.3500

VOTO

Como informado pela autoridade coatora, a impetrante foi excluída do

parcelamento por falta de consolidação até o dia 28.02.2018 conforme a
Portaria PGFN 31 de 02.02.2018:

“Art. 4º Os procedimentos descritos nos arts. 2º e 3º deverão ser realizados

exclusivamente no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) na
Internet, no endereço http://rfb.gov.br, no período de 06 de fevereiro de 2018
até as 23h59min59s (vinte e três horas, cinquenta e nove minutos e cinquenta
e nove segundos), horário de Brasília, do dia 28 de fevereiro de 2018.

Mas a impetrante incluiu no parcelamento seus débitos inscritos em dívida

ativa (R$ 11.438,71) – fls. 19-24. Consta do extrato/informações de
arrecadação (Receita Federal do Brasil), que efetuou o pagamento de 32
parcelas no período de 29.11.2013 a 24.06.2016.

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Diante disso, embora não tenha consolidado seus débitos no prazo
regulamentar (até 28.02.2018), a exclusão da impetrante afronta os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, uma vez que
cumpriu outros atos necessários ao parcelamento, bem como efetuado a
maior parte do débito.

“A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da

legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência - Lei 9.784/1999, art. 2º.

Além disso, a Lei 11.941/2009 não prevê a exclusão do contribuinte por

falta de consolidação. Em caso semelhante, este Tribunal na AC 0001263-
83.2012.4.01.4300/TO, r. Des. Federal Reynaldo Fonseca, 7ª Turma em
28/10/2013 decidiu que:

1. “Viola o art. 97, V, do CTN a exclusão do REFIS com base no art. 15, § 3º,
da Portaria Conjunta PGFN-RFB nº 6/2009 (falta de apresentação de
informações necessárias à consolidação), porque, embora prevista no art. 1º,
§ 11, da Lei 11.941/2009, a obrigação de o contribuinte "indicar
pormenorizadamente, no respectivo requerimento de parcelamento, quais
débitos deverão ser nele incluídos", a exclusão só está prevista em lei por
inadimplemento das prestações.

3. Com efeito, a jurisprudência vem se mostrando sensível a casos como o

ora apresentado, no sentido de que a exclusão da empresa do parcelamento
mostra-se ofensiva aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

DISPOSITIVO

Dou provimento à apelação para reformar a sentença e conceder a

segurança, devendo a impetrante que ser reincluída no parcelamento,
computando as parcelas pagas.

Intimar as partes, devendo a União/PFN cumprir imediatamente este

acórdão. É desnecessária a intimação do MPF.

Brasília, 02.05.2022

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NOVÉLY VILANOVA DA SILVA REIS

Juiz do TRF-1 Relator

DEMAIS VOTOS

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CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198)
POLO ATIVO: LOURDES SOUZA DE OLIVEIRA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: TOBIAS NASCINDO AMARAL GONCALVES - GO26038-A
POLO PASSIVO:UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL. EXCLUSÃO DO

REFIS POR FALTA CONSOLIDAÇÃO DE DÉBITOS. IRRAZOABILIDADE
DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.

1. Como informado pela autoridade coatora, a impetrante foi excluída do

parcelamento por falta de consolidação até o dia 28.02.2018 conforme a
Portaria PGFN 31 de 02.02.2018.

2. Mas a impetrante incluiu no parcelamento seus débitos inscritos em dívida

ativa (R$ 11.438,71). Consta do extrato/informações de arrecadação (Receita

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Número do documento: 22050911285081500000205805467
Federal do Brasil), que efetuou o pagamento de 32 parcelas no período
de 29.11.2013 a 24.06.2016.

3. Diante disso, embora não tenha consolidado seus débitos no prazo

regulamentar, a exclusão da impetrante afronta os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, uma vez que cumpriu outros atos
necessários ao parcelamento, bem como efetuou a maior parte do débito.
Precedentes da 7ª e da 8ª Turmas deste Tribunal. A Lei 11.941/2009 não
prevê a exclusão do contribuinte por falta de consolidação.

4. Apelação da impetrante provida e concedida a segurança.

ACÓRDÃO

A 8ª Turma, por unanimidade, deu provimento à apelação da impetrante e

concedeu a segurança, nos termos do voto do relator.

Brasília, 02.05.2022

NOVÉLY VILANOVA DA SILVA REIS

Juiz do TRF-1 Relator

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