O perfil democrático dos Ministérios Públicos Estaduais
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O perfil democrático dos Ministérios Públicos Estaduais - Manoel Pereira de Alencar
"Para um grande sonho tornar-se verdadeiro, a primeira condição é ter uma grande capacidade de sonhar! A segunda é a perseverança, a fé no sonho!
(HANS SELVE, M.D)
A Socorro Marques, esposa e companheira de todas as horas. Aos meus filhos Camila, Gabriela e Matheus, aos meus netos Arthur, Lucas e Paulo e aos meus genros Elcio e Paulo.
PREFÁCIO
Registro a honra que me foi deferida para prefaciar essa obra instituída O PERFIL DEMOCRÁTICO DOS MINISTÉRIOS PÚBLICOS ESTADUAIS
, como resultado da dissertação do Mestrado na Universidade Federal do Ceará – CE, do membro do Ministério Púbico do Estado da Paraíba, professor da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Manoel Pereira de Alencar.
A relevância dessa obra se projeta para além do período em que foi produzida e transcende sua importância no seu teor que revela atualização do tema, que reflete a ação intelectiva do autor, como membro do Ministério Público, que por justificáveis razões profissionais e acadêmicas, se dedicou ao estudo e pesquisa de tão instigante assunto, que envolve a instituição MP, de forma mais específica no âmbito estadual, que galgou o degrau de ser reconhecida como um dos pilares mais sólidos da democracia e do efetivo estado de direito.
Nesse desiderato, aborda preliminarmente aspectos históricos que demarcaram a sua gênese e evolução, informada por um marco regulatório que propiciou o seu reconhecimento como uma das maiores conquistas jurídica, social e política no estado brasileiro. E essa confirmação se expressa como instituição permanente, essencial a função jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, e de interesses sociais e individuais indisponíveis, consignados na Constituição de 1988.
Nessa análise apresenta a fundamentação teórica da construção normativa do órgão do Ministério Público, partindo dos pressupostos que estabeleceram a democracia, configuradas em modalidades, direta, representativa e semidireta, que no pensamento do autor a ideal democracia denota-se no entendimento que: para uma sociedade ser democrática, no sentido mais amplo, deve haver não só a liberdade e igualdade política, mas também, liberdade e igualdade econômica, mas há uma ampliação crescente deste conceito, que insere a exigência de padrões de vida mínimos, abaixo dos quais, não se deve permitir que ninguém viva. Ademais a própria igualdade de oportunidade econômica corre paralelamente a uma preocupação com todo o contexto da vida e da motivação de todos os homens
. E assim deve ser expresso o sentido de democracia.
Depreende-se da visão epistemológica da instituição a constitucionalização das atribuições do Ministério Público, formuladas e evidenciadas na Constituição de 1988, normatizando como função necessária e indispensável ao pleno funcionamento da real democracia, conferindo prerrogativas a esse órgão do estado.
Deflui-se nessa linha de raciocínio que foi feito um recorte fundamental do trabalho para se observar a instituição no âmbito estadual, delimitada em parâmetros de uma configuração de modelo estatal federativo, e nessa questão foi dado um destaque à carreira do Promotor de Justiça no que diz respeito ao processo de escolha de Procuradores para compor o quadro organizacional de estruturação dessa carreira. E nesse aspecto o autor defende que no processo a paridade deva prevalecer , dando direitos a qualquer membro da Instituição concorrer ao cargo de Procurador, sem levar em conta da instância que esteja titularizando, possibilitando de forma coerente serem aplicados os princípios institucionais que orientam o órgão ministerial, ajudando-o a ser exemplo dos postulados da liberdade e igualdade inerentes as práticas democráticas.
Observa-se ainda no trabalho sob o foco da democracia e da participação do Ministério Público no Direito Eleitoral, sob o prima dessa vertente que se constituiu como um dos maiores desafios em termos de conquistas para uma Instituição que é delineada com um perfil que tem o condão de disseminar o espírito democrático com sua presença em toda a atuação estatal. E nesse sentido, conseguiu o seu lugar de destaque com sua participação no processo de escolha dos representantes de Estado configurado como Democrático e de Direito.
Adue-se no trabalho que o Ministério Público passou por profundas mudanças e transformações com a ampliação de suas funções na Constituição Federal de 1988, assumindo o papel fundamental de fomentar e possibilitar uma sociedade mais democrática, caracterizada com a presença e participação de cada um dos seus membros com a unicidade e indivisibilidade efetivada em sua independência funcional, norteando o trilhar de uma sociedade mais justa e humana.
Doutora Maria Marques Moreira Vieira, Professora Associada da UFCG.
AGRADECIMENTOS
Ao Centro de Ciências Jurídicas e Sociais, especialmente ao Departamento de Direito Público e Prática Jurídica, por haver me liberado das atividades docentes para preparar a dissertação do mestrado.
Ao zelo e carinho do Professor Eugênio, pela disposição de levar o projeto adiante, esforçando-se para sua efetiva realização, dando o apoio logístico necessário lá no Crato – CE.
Ao Professor José de Albuquerque Rocha, pela orientação e pelo empenho em tornar realidade o sonho do mestrando.
Aos professores Raimundo Bezerra Falcão, atual coordenador do Curso de Mestrado, e Germana de Oliveira Moraes, ex-coordenadora, pelo interesse pedagógico na conclusão do presente estudo.
A Universidade Federal da Paraíba, através da pró–Reitoria de Pós-graduação, por ter tornado possível a implementação de Mestrado interinstitucional.
A Maria do Socorro Marques, Maria Luiza Pereira de Alencar e a Maria Marques M. Vieira, pelo dedicado apoio a este mestrando.
Aos professores do Mestrado, em especial Willys, Martônio, Idevaldo e Regis Frota, e a todos aqueles que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste trabalho, como Gilkerson Bandeira, Vera.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - DEMOCRACIA
1. DEMOCRACIA DIRETA
2. DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
3. DEMOCRACIA SEMIDIRETA
CAPÍTULO II - A CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA E O MINISTÉRIO PÚBLICO
CAPÍTULO III - O MINISTÉRIO PÚBLICO E O DIREITO ELEITORAL (ALGUNS ASPECTOS E DISPOSITIVOS SELECIONADOS)
CAPÍTULO IV - O MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO
1. COMO FUNÇÃO ESSENCIAL À JUSTIÇA
2. A NATUREZA INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
3. PRINCIPIOS DE ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
4. PRINCIPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ANEXOS
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
INTRODUÇÃO
Concebida por muitos como uma das principais características do final do milênio passado e do limiar deste novo milênio, as modificações por que passam os Estados, suas instituições, os poderes constituídos do Estado, tem provocado acalorados e incontáveis debates sobre temas considerados pacificados, petrificados e definitivos há até recentíssimo lapso temporal, e com espeque em tais debates, surgiram vários novos conceitos, critérios de avaliação, legitimação e competências do Estado e dos seus poderes, e etc., provocando mudanças que produziram enormes e profundas alterações em conceitos como soberania, independência, neutralidade, autodeterminação dos povos, divisão entre os poderes, atribuições dos poderes constituídos e etc., que fizeram parte da história do mundo contemporâneo e representam o apogeu das conquistas empreendidas pela humanidade da direção ao Estado de Direito, hoje tem suas bases cada vez mais expostas a fragilidade das novas fronteiras físicas e culturais que aproximam e alinham povos, países e mercados, no mundo globalizado em que vivemos, especialmente nesta nova ordem econômica neoliberalizante
.
Evidentemente que com o advento desses novos conceitos, necessariamente são introduzidas modificações nas estruturas dos Estados, que passam por inúmeras inovações e mudanças e, neste caminho, onde nada é eterno, até a trilogia clássica de Montesquieu, me parece ter sido obrigada a se encaixar nesta nova ordem jurídica, econômica e política mundial, não existindo mais, na prática, os estáticos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
, com facetas únicas de executar, legislar e julgar, respectivamente, e sim, uma multiplicidade de atribuições nas quais, como no caso brasileiro, embora estejam asseguras a harmonia e a independência dos mesmos¹, cada um pode, de acordo com a legislação pertinente a matéria, atuar supletivamente no âmbito Interna corporis
, imiscuindo-se de outras atribuições inerentes aos demais poderes quando, a título de exemplo, normatiza atribuições, estabelece critérios para preenchimento de cargos no setor público, disciplina a concorrência pública em algumas das suas modalidades controla os gastos públicos, estabelece contencioso administrativo, e etc., acenando com um controle externo negativo, quando o judiciário declara a inconstitucionalidade de alguma lei como sói acontece
.
Com o Ministério Público Brasileiro, também não seria diferente e, acompanhando os ares de modernidade que bafejou o mundo contemporâneo e por consequência o país, passou por inúmeras, necessárias e imprescindíveis transformações, que tiveram origem na luta árdua de alguns poucos vanguardeiros que trabalharam e empreenderam os esforços e meios necessários à construção de um novo Ministério Público, que efetivamente executasse o seu mister com a galhardia e a convicção necessárias, satisfazendo os anseios e reclamos dos desafortunados e desvalidos da sorte, exercendo o seu papel de promotor de justiça, para efetivamente fazer valer os direitos de todos de forma igualitária, tal qual assegurada na Constituição Nacional onde todos são iguais perante a lei, e não como jocosamente se comenta aqui, ali e alhures, que o código penal era somente para pobres e o código civil para os ricos e poderosos. Entretanto, para se chegar ao píncaro, para se conseguir esta condição, muito chão teve que ser palmilhado e muita luta foi necessária, culminando com a promulgação da Carta Cidadã, (04/10/1988), que elevou o Órgão Parquetário à condição de instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, com a incumbência de velar por ordem jurídica, pelo regime democrático e pelos interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme insculpido no seu artigo 127.
Naturalmente com a novel constituição a instituição teve significativo avanço, entretanto, mesmo dantes, já havia alguns que acreditavam sê-la uma espécie de magistratura de pé
, denominação esta, com certeza tirada do direito comparado, especialmente do direito ibérico, português e espanhol, quando neste, a instituição é tratada com Ministério Fiscal, e naquele, os seus membros são designados de magistrados do ministério público, outros defendiam que seria um novo poder, o quarto poder, ainda persistindo para alguns o presente entendimento, tentando reviver ou restaurar uma espécie de poder moderador², numa comparação similar ao que acontece com a imprensa, tida como uma espécie de poder, afirmação que efetivamente não possui razão de ser do ponto de vista científico.
O mesmo acontece com o Ministério Público, esta afirmação de um novo poder ou a necessidade de sua transformação em tal, não encontra guarida cientifica, entretanto, como hipótese que não foi testada e comprovada, sua cientificidade não pode ser descartada.
Ademais a evolução que tem caracterizado e produzido grandes transformações dos últimos tempos no mundo da globalização, nos leva a crer que, no processo democrático é absolutamente livre a exposição de pensamento e que muitos poderão entabular as mais diversas teorias, obviamente não apenas com palavras, mas com fatos que levem a uma conclusão lógica.
Ante a gama de poderes que recebeu como atribuição, e a resposta, a ressonância do trabalho da instituição junto às camadas populares, já que desceu do pedestal e foi ao encontro do povo, minimizando a sua flagelação, não se pode de chofre descartar a possibilidade de tal assertiva.
O vernáculo abertura tem significado bem mais amplo do que a previsão etimológica, correspondendo à abertura política, a restauração dos direitos políticos que foram cassados pelos governos militares pós 64, eleições livres em todos os níveis e a própria Constituição Federal de 1988, e, com novas atribuições e os ares de modernidade que a cerca, com o advento da Lomp federal, surge no seio da instituição a nível estadual um movimento que ganha força a cada dia, permitindo uma maior democracia na corporação, cuja pedra angular é a realização de eleições diretas e livres para escolha de seu dirigente máximo, o procurador geral de justiça, cuja lista tríplice encaminhada ao governador para escolha, na maioria dos casos é composta somente por promotores de justiça com atuação na segunda instância, os procuradores de justiça, excluindo-se os que atuam