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O METODO DE SEPARAGAO DE VARIAVEIS E EXPANSGES EM AUTO-FUNCGES Rafael José lorio Jr. COPYRIGHT © - 1981 = by RAFAEL JOSE IORIO, JR. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permiss%o do autor. INSTITUTO DE MATEMATICA PURA E APLICADA Rua Luiz de Camdes, 68 - 20,060 - Rio de Janeiro - RJ There is a theory which states that if ever anyone discovers exactly what the universe is for and why it is here, it will instantly disappear and be re- placed by something even more bizarre and inexplicable. There is another theory which states that this has already happened. Douglas Adams [1] wie Este livro originou-se de uma parte do curso de métodos matemati, cos da fisica, ministrado por mim na escola de verao do Departamen- to de Matematica da Universidade Nacional de Brasilia. Meu objetivo neste trabalho 6 ilusttar a riqueza e utilidade do método de separa gdo de varidveis e¢ expansées em auto-fungdes na solucdo dos proble- mas (lineares) da fisica matematica. Isto @ no entanto uma tarefa di ficil, pois o método pode ser utilizado numa grande variedade de si tuagoes cujas caracteristicas sao muito diferentes. Por esta razao, € conveniente e mesmo necessdrio estudar problemas especificos ao in vés de tentar formulagées gerais. © texto consiste de trés capitulos e um apéndice. 0 primeiro ca- pitulo é quase inteiramente formal e € uma tentativa de expor as idéias envolvidas sem complicagoes técnicas. Os dois capitulos se- guintes sao um estudo detalhado dos métodos em questo, no caso es- pecifico do problema de condugio de calor em um sélido em contato com um reservatério térmico a temperatura zero, enquanto que o apén dice é uma coletanea de definigdes e resultados de andlise funcio- nal e integracgio, necessdrios ao tratamento descrito nos capitulos II e III. Uma colegio de problemas foi inclufda no texto e deve ser en © carada como parte integrante do mesmo. Aproveito a oportunidade para agradecer a hospitalidade do Depar tamento de Matemdética da Universidade Nacional de Brasilia e especi, “ almente aos professores Djairo G. Figueiredo e David G. Costa, pela oportunidade de participar da escola de verao em 1980.. Além disso, agradeco 4s professoras Valéria lério e Marcia Scia~ lom, do Departamento de Matematica da PUC/RJ, pela leitura de par- tes do texto, por terem apontado varios erros e feito numerosas su~ gestées. Finalmente, @ preciso mencionar meu débito a paciéncia e ao excelente trabalho de datilografia de Carlos Araiijo. Rafael José Iério, Jr. Rio de Janeiro, 1/6/81 CAPITULO I. 1, 0 problema de condugdo de calor e 0 método de separacio de variaveis. 2. 0 caso n=1 3. Ocaso n>1t 4, Generalizagdes e comentérios.... CAPITULO IT. 1. Preliminares.. 2. As identidades de Green 3. 0 principio do maximo para funcées harménicas.... 4. A funcHo de Green 5. Propriedades da funcdo de Green.. 6. © problema de auto-valores....... CAPITULO IIT. 1. Introdugd0........-- eee eee beeen eeeee Pees e eee eeeneeeee 2. Propriedades dos potenciais de camada simples © dupla.. 3. A solugdo do’problema de Dirichlet classico. APENDICE. 1. Operadores limitados e operadores compactos......... se 2. Os espagos LP(X,m,u)-. bene be eeeeeees 3. A alternativa de Fredholm sees 4. 0 teorema espectral para operadores compactos auto-adjuntos. . REFERENCIAS. ps. 28 30 34 37 40 48 62 64 73 Capitulo I. 1. Qsproblema de conducdo de calor ¢ 9 método de separagdo de varia veis. . Rn Snio (4 ‘ Seja 2 IR” um dominio (i.e., aberto e conexo), limitado com fronteira 38. Estamos interessados em estudar o seguinte problema: obter u(x,t), xe ® (0 fecho de 2) e t>O0 tai que, au = at Bete Au, xe, t>0 u(x,0) = f@), xe 8 uJ = 0, t>0 3a onde £ 6 uma funcdo dada, x = (X),X),- X), a = é 0 operador laplaciano e a & uma constante. No caso n= 3 (no qual nos fixaremos durante a maior parte do curso), a fungao u(x,t) procurada 6 a temperatura no ponto x, no instante t do corpo Q, feito de material homogéneo com constante de difusividade tér- mica a2, colocado em contato com um reservatério térmico & tempe- ratura zero Oho, = 0, t > 0) © com temperatura inicial dada (ulx,0) = £6), x © BD. Aconstante a” depende aperias do material de que é feito o sélido ® ¢ por simplicidade tomaremos a= da qui por diante. A fungio u(x,t) deve ser solucio da equacio dife- rencial parcial acima (chamada a equacio do calor) e deve portanto ser diferenciavel em algum sentido (existem muitas interpretagoes possiveis do conceito de “solugdo"! Veja [18] capitulo 1). E con- veniente especificar condigdes de suavidade as quais u(x,t) deve satisfazer, isto €, especificar uma classe de fungoes onde a solu- -2- c&o u(x,t) deve ser procurada. Tendo em vista a interpretacio £i- sica do caso n= 3, €& natural tentar resolver o problema i) ue C2(ax ft > 01) n C(x {t > 0}) ii) Bea, xea, too (1.1) = iii) u(x,0) = £0) © C@) iv) u =0, to laa onde C¥(u) denota a colecdo das funcdes de classe C*, tomando valores complexos, definidas em U= 3 ou%, © abertoem R™ Note que iii) ¢ iv) chamadas respectivamente condigées inicial e de contorno no siio independentes: elas deven satisfazer a condicao de ii compati ade #(x} = 0, V xe a9. Finalmente, deve-se notar que @ equagio do calor € obtida dos axiomas da teoria de condugio de calor ¢ sua dedugo pode ser encontrada, por exemplo, em (10), (17), 0301. , 0 primeiro passo na direg&o da solucdo do problema (1.1) & notar que ip ue Cex {te > 0} 9 Cx (209) (1.2)¢ ii) 2B av, xe a, b> 0 ii) uf = 0, t>0 sdo solugGes de (1.2) € a), G2.--.,a, sao constantes (em geral complexas), entdo a superposicao u(x,t) = 3 (x,t i u; (x,t) Tea a \ “3 também solugao. Mais geraimente, se {u,(x,t)}7_, @ um conjunte de solugdes, {a,}[., uma colegao de constantes e se conseguirmos resolver os problemas de convergéncia envolvidos, entdo, a(x.t) = 2 ou; Gxt) também € solugdo de (1.2). A idéia @ procurar determinar constantes tais que a condicao inicial de (1.1) seja satisfeita, isto é, £00) = u(x,0) = Note que esta expressao indica que precisamos encontrar uma co- lecdo "suficientemente grande" de u,'s de modo que uma fungio con tinua possa ser representada por uma série da forma acima! Esta ob- servagio justifica, pelo menos parcialmente, a tentativa de obter a solugdo na forma de uma "superposicgdo infinita”. Esta idéia ficara mais clara ao considerarmos o caso n=l mais adiante. Para obter as solugées u;, utiliza-se o método de separagado de varidveis que consiste em procurar solugdes de (1.2) da forma u(x,t) = ¢(x) T(t). Isto & feito impondo que o produto $T seja so- lugao de (1.2) e resolvendo os problemas resultantes. Em primeiro lugar, como a solugio de (1.2) deve pertencer a C2(ax{t > 0) a aC(*{t 20} & razodvel procurar ¢ C2(a) a C(R) T © C2({t > 0}) n Clit > OF). Em seguida, se (x) T(t) satisfaz a condicao de contorno de (1.2) devemos ter, ¢(x)T(t) = 0, Vxe M, V t > 0. Conseqiientemente, se (x) #0 para algum xe WR, segue que T(t) =0 t>0 e portanto o(x)T(t) = 0 xeh, t > 0. Em outras palavras, é preciso exigir $(x) = 0,Yxean se quisermos obter solugées nao triviais de (1.2) da forma (x)T(t). abe Finalmente, substituindo ¢(x)T(t) na equagdo diferencial, segue que §T' = TAd, onde T' @ derivada de T(t) em relagéoa t. Dividindo esta iitima equacdo pelo produto $f obtém-se Tt 1 = = 67! ag. Como o lado direito desta igualdade depende apenas de x € 0 lado esquerdo apenas de t, ambos devem ser constantes, i.e., pict = ag =-a onde A & uma constante chamada constante de separagio. Consegiientemente, as funcdes $(x) © T(t) devem satisfazer Te C*(it > 01) a C({t > 0) (1.3) T' = - oT, too oe c2(a) » CC®) (1.4) ¢-a6 = 26, xen th 7° . Um valor de A para o qual (1.4) tem solugdes nao triviais (ie, nfo identicanente nulas) 6 chamado um auto-valor do problema (1.4), enquanto que as solugdes néo triviais correspondentes sao chamadas as auto-fungdes pertencentes ao auto-valor i. 2.0 Antes de prosseguir com a analise de (1.3) ¢ (1.4) 6 conveniente descrever alguns casos particulares que esclarecam as observacées da segdo anterior e indiquem o que deve ser esperado no caso geral. Nesta seco vamos considerar 0 caso n=l com 9 = (0,8). Neste ca- so, (1.4) toma a forma -5- © C7((0,2)) n C(C0,£1) x © (0,2) 900) = ¢) =O. A primeira coisa a notar sobre (2.1), e de fato, sobre (1.4) (ve ja o lema II-(6.4)), & que os auto-valores (se existirem) sao reais © positives. Para provar esta afirmacio, introduza o produto inter- no (2.2) (£]8) f £(x) gG)dx, f, ge C(L0,21) e observe que, utilizando a equacdo diferencial, as condigdes de contorno e integrando por partes duas vezes, obtém-se (2.3) Cele) = Co"le) = Cor]e?) = Cole") = X Cojo) onde 6 auto-funcdo do problema (2.1) pertencente ao auto-valor d. Agora, (2.3) prova a afirmagao feita acima. De fato, como (916) > 0, (por que?), segue que A = %, ou seja, os auto-valores (se existirem) devem ser reais. Mais ainda, se 4 <0 a igualdade aCe] 4) =Co' |e") € uma contradigdo, pois (4/4) © (9']6") sio nimeros reais positives, (por qué?). Finalmente, se 2 = 0, segue que (¢'|6') = 0 © portanto ¢(x) | é constante em [0,2]. Como 9(0) = (2) = 0 segue que ¢(x) = 0 xe [0,2], uma contradicdo, pois $ &, por hipétese, uma solugdo nao trivial. £ interessante notar também que se ¢, © $2, $80 auto-funcoes correspondentes @ auto-valores distintos, A, © Ay, entéo $ © $9 so ortogonais em relagao ao produto interno (2.2), i-e.. (41/42) = 0. De fato, integrando por partes duas vezes e usando (2.1), temos (2.4) 2, (4142) = Ce leg) = (11-65) = AQ, 149) Como A, # A, a nossa afirmagdo esta provada. Vamos agora considerar a existéncia de auto-fungdes de (2.1). Tendo em vista as observacées acima, basta considerar > 0, e@, neste caso, & um fato bem conhecido que a solugdo geral da equacio diferencial em (2.1) 6 da forma $(x) = A cos /X x + B sen #X x,. onde A e B sao constantes arbitraérias. Impondo as condigoes de contorno, temos o(0) =O FA 42) (2.5) 0 =Bsen VX & Portanto, para obter solugdes nao triviais (i.e., poder esco- lher B #0), & preciso que sen YA &=0 ou seja, YA & = kt, k = 1,2,3,... Em outras palavras, as tnicas solugées nao triviais de (2.1) séo as fungdes (x) = BL sen KIX onde B, & uma cons tante arbitraria diferente de zero. Note que % € auto-fungao de (2.1) pertencente ao valor 4, * k's? , Substituindo estes va- re lores na equacio diferencial para T(t), obtém-se T(t) = = ¢, exp(- SF) onde C, uma constante arbitrdria. Agora, para L obter a solugdo do problema (1.1) no caso n=l com ® = (0,2), forma-se a superposicao 2 2 (2.6) u(xye) = Eby sen EEX exp (- or vn, © impde-se a condig&o inicial (2.7) £(x) = u(x,0) = F by sen BEX , ke1 -T- Conseqiientemente, € preciso obter uma seqiiéncia {by }yey de mo- do que f(x) seja representada pela série no lado direito de (2.7). Em outras palavras, queremos expandir £ em uma série de Fourier £m senos no intervalo [0,£]. Agora, é natural perguntar: como kemx calcular os coeficientes de Fourier by? Note que as fungées sen a satisfazem as seguintes relagées de ortogonalidade. (Prove!) Be (2.8) I sen ¥ sen BEKax = f0, se ken o Bf2, sek=m . Ent&o, multiplicando (2.7) por sen "I*, integrando em [0,2] e supondo que & possivel trocar a integral com a série, obtém-se 2 (2.9) [ £(x) sen BE dx= z he by [sen MEX sen EX ax k=1 oO e portanto, usando (2.8), tem-se (2.10) by, z| F(x) sen ME ax Resumindo, espera-se que a solugdo do problema (1.1) com n=1, @ = (0,2) seja dada por (2.6) com os coeficientes b, definidos por’ (2.10). Até agora, nossas consideracées foram quase que intei- ramente formais e € preciso provar que a solugio formal dada por (2.6) e (2.10) € de fato solugdo do problema em consideracgdo. 0 primeiro passo nesta direcio & estabelecer condigdes sobre £ para que valha a representacgdo (2.7). Este € um problema nao trivial cu- ja discussdo néo cabe no presente texto. No entanto, deve-se notar que & possivel provar a existéncia de uma fungio continua cuja sé- vie de Fourier em senos diverge em pelo menos um ponto (veja [25], pagina 51). Portanto, @ preciso impor condicées mais fortes do que C171, £251, £27] ¢ 0 problema 3 deste capitulo). Infelizmente, a convergéncia pontual nao é suficiente para resolver o problema em consideracao. Para provar que (2.6) & solugdo € preci- so, em principio, trocar a derivada com o sinal de soma e os teore- mas usuais que garantem a validade desta operagio requerem a conver géncia uniforme da série das derivadas (assim como a convergéncia pontual da série a ser diferenciada em pelo menos um ponto; proble- ma d ). £ possivel provar no entanto (problema 2 }, que se £eC(co,a1), £(0) = £(2) = 0, entao a série em (2.7) (com os coeficientes (2.10)), converge uniformemente a £ em [0,81 ¢€ que neste caso (2.6) também converge uniformemente © € solucao de (1.1). Mesmo assim, este resultado nao 6 satisfatério se insistir— mos em resolver o problema supondo apenas £ © C(C0,21), £(0) = = £(2) = 0. Para contornar esta dificuldade, note que, substituindo (2.10) em (2.6) € trocando o somatério com a integral, a solugao u(x,t) pode ser reescrita na forma B (2.11) ulx,t) -f K(x,yit)f(y)dy fo (2.12) KG, y.t) = 2 sen SS sen ED exp(-k? x? 1) k=l Pe Um estudo cuidadoso de (2.11) ¢ (2.12) permite mostrar que (2.11) @ de fato a solucgdo do problema (1.1) com n=121 e Q= (0,2). De~ ve-se notar que a condicao inicial 6 satisfeita no sentido que £(x) = lim u(x,t), uniformemente em x-¢ [0,2]. Para uma demons~ tragio Gdstes resultados, veja o capitulo V de [4: ] (especialmen- te o teorema 10). 3. Ocaso n>. Se n> 1 « situagio se torna muito mais complicada, pois ha uma infinidade de "geometrias" possiveis para um dominio @ ¢ m™, £ claro que muitas propriedades das solugdes podem ser obtidas a priori, i-e., supondo sua existéncia e analisando as conseqiiéncias das condigées que constituem o problema (1.4) (uma vez que (1.4) foi resolvido, (1.3) @ trivial!). Por exemplo, um argumento and- logo ao utilizado na sec&o anterior mostra que os auto-valores de (1.4) (se existirem) devem ser reais e positivos (veja o lema II- (6.4)}. A existéncia de solugées nado triviais de (1.4) € muito mais dificil. Caso ® seja suficientemente simples, (1.4) pode também ser resolvido por separagao de varidveis. Deve-se notar que esta utilizaco do método tem objetivos diferentes da feita anteriormen- te. Antes separamos a variadvel temporal das variaveis espaciais e obtivemos um problema de auto-valores para o laplaciano munido da condicdo de contorno de Dirichlet | = 0. Agora, deseja~se uti- OT an lizar separagdo para resolver este problema de auto-valores. Por exemplo, se n= 2 © @= (0,2) * (0,£), vamos procurar solugées de (1.4) da forma ¢(x,,X,) = g(xJh(xp). Substituindo na equagdo diferencial ¢ dividindo pelo produto gh obtém-se g ! g" = - ~hl ht - =~ x & uma novaconstante de separacio. Impondo as condigdes de contorno e diferenciabilidade chega-se, entao aos problémas g ¢ C7((0,2)) » C(C0,21) GD date ngs 0, x (0,2) 2(0) = g(t) = 0 -10- hoe C7((0,8}) 9 C(C0,21) (3.2) (h" # (en) 20, x, € (0,2) h(0) = h(a) = 0 22 As Gnicas solugdes ndo triviais de (3.1) e (3.2) ocorrem para n="—4-, 2 (Q-n) > M, n= 1,2,3,... e séo anx,, max, (3.5) g(a) = A sen Go hy(x,) = B sen L onde A e 8 s&o constantes arbitrarias (ndo-nulas). Conseqiiente- 2 mente, os aiimeros A, = Sy (m’ +n”), myn = 1,2)... so auto-va- mn” lores de (1.4) © %q 4(X;.X)) = 8y(%) Bq (Xz) sdo as auto-Ffuncées correspondentes. Para obter a solucdo de (1.1), neste caso, for- ma-se a superposicdo u(xpx).t) 2 FC.) sen BE sen BUX exp(- msn?)s” 4) 1°%2° ‘m,n. z a OXP min=1 © impde-se a condigio inicial u(x,,x,,0) = £(x,,x)). Os coeficien- tes C,, sdo entHo determinados utilizando as relagdes de orto- gonalidade (2.8). Um exemplo mais complicado 6 n= 2 com Qe 10x 1%) [xt +5 < 1}. Neste caso, é conveniente introduzir co- ordenadas polares (x,,x,) = (r cos 0, ¥ son 0) © reescrever (1.4) na forma we C((0,1) x (3.4) 420 * 2m) « C(LO,1] *£9,25]) i 4, EB = - ay, 0,8)600,1x(0,20) r’ 96 y(1,e) = 0, 0 © (0,20) a1. onde y(i,9) = 6(x;,x,) © a expresso no lado esquerde da equagdo diferencial parcial é o laplaciano em coordenadas polares. Procu- ram-se, entdo, solugées da forma (r,6) = R(r) ‘0(6). As condi- gées de diferenciabilidade implicam imediatamente que devemos ter eeC{C0,2n]) © Re C4((0,1) n C(C0,21). Além disso, é claro que 0(8) deve satisfazer condigoes de contorno periddicas, i.e., o(0) = O(27) e 6'(0) = O'(2") e que para obter solugées nao triviais @ preciso impor R(1) = . Chega-se entdo aos seguintes problemas oe c(C0,2m) (3.5) ¢o" + no= 0 0(0) = @(27), 0'(0) = 0" (2m) Re 7((0,1)) » C(C0,13) (3-6) dr bd + ar? -nyR = 0 R(L) = 0 onde 1 & a nova constante de separagao obtida ao separar as varia veis da equacdo em (3.4). 0 problema, (3.5) tem solucées nfo trivi- ais apenas se n =n‘, n= 0,1,2,:.. ©, neste caso, as solucdes correspondentes tém a forma 0(0) = A cos n @ + B sen nd. Substitu- indo n =n? na equacdo em (3.6), lembrando que . deve ser real positivo e introduzindo a mudanca de varidvel p = 7A r, obtém-se a equagdo de Bessel de ordem n. Portanto, a solugdo geral da equa- gao do problema (3.6) € (3-7) R(r) 2c J,(/%4) + DY 4) 7 (3.8) J, Ce) = x [" expc-in @ + p sen 0)d0 2 a_i = J, (pung - 5 3.9). ¥,(@) = t (3.10) = E(w), M(mned onde I(+) denota a fungdo gama. E claro que a funcao Ye r) diverge quando. r tende a zero e portanto deve ser descartada {i-e., toma-se D = 0!). Impondo a condigdo de contorno de (3.6) sobre o que resta, obtém-se R(1) = C J,(¥X) = 0. Conseqtientemen- te, YX deve ser um zero positive da fungao J,. Esta fungao pos- sui uma infinidade enumerdvel oan? de tais zeros. Segue, portanto, que os niimeros 4}, sao auto-valores nn de (1.4) e as auto-fungées correspondentes tém a forma geral Ynn(F0) = (A, cosa @ +B, senn 8) Jj(a, yr)+ A solugdo de (1.1) neste caso, deve, ent&o, ter a forma nZo m21 Ymjn(F9) exp (a, | at) (3.11) u(r,e,t) = Os coeficientes AY n & BL n sfo ent&éo determinados utilizando as rélagSes de ortogonalidade das funcdes 1, sen n 6, cos n 6, n=l1,... ¢ das fumgdes J, (a, . 1). Para maiores detalhes, veja o capitulo 8 de [101 ou de £13]. Para um dominio @ < IR" qualquer, é evidente que nZo é possf- vel empregar os métodos diretos descritos acima para obter as auto~ fungdes do problema (1.4). & preciso entdo utilizar "métodos indi- retos" para provar a existéncia das solugées desejadas. Isto seré -13- feito nos préximos capftulos no caso n=3 (por simplicidade) Em linhas gerais, a idéia 6 a seguinte: caso 3% seja suficientemente bem comportada, € possivel construir uma fungéo G{x,y),(x.y)e 2x2 chamada a funcdo de Green de (-A) (com condic¢ao de contorno de Dirichlet) em 2, tal que a dmica solugio do problema ven cm) (3.12) d-av = he ch(o), limitada | = 0 an € dada pela f6rmula (3.13) v(x) = - J G(x, y)h(y) dy a Conseqiientemente, o problema (1.4) & equivalente a equacdo integral (3.14) 969 = f 6.y) oeay Q Utilizando, entSo; as propriedades de G(x,y) ¢ a teoria dos opera- dores compactos auto-adjuntos (veja capitulo II e o apéndice) po- de-se mostrar que 4) © problema (1.4) tem apenas um niimero enumerdvel de auto-valores reais e positivos A, < dy < Ag Seee, com Lim A, =m 15425434 ken kK k A colecao das auto-fungdes correspondentes pode ser ortonormalizada em relagio ao produto interno de 17(a) (veja a’segao 2 do apéndi- ce), i.e., podemos escolher a colecdo de auto-fungdes satisfazendo \ on) nr i a ii) A colegdo {4,}g., forma um conjunto ortonormal completo em i2(a), i.e., toda gungio £ L7(n) pode ser representada na for- ma (5.16) £+ F C, 4 ker Ok % onde (3.17) Cy. = (ela) = | £G) a, Cdx k k k Q so os coeficientes de Fourier de £ em relag&o ao conjunto {éJye, © 4 Série converge na topologia da norma de 1? (a). Além disso, se fC?) 6 £|_ © 0, entdo a convergéncia da séric em (3.16) € uniforme. 8 Usando estes resultados, € possivel provar que « solucéo de (1.1) & dada por 3.18) t= EB C600) Hhyt ( u(x,t) wey KPO exp(-A,.t) caso a condicio inicial £ pertenca a C’(@) e se anule em an. Para resolver o problema supondo apenas a continuidade de £ rees- creve-se a solugdo (como no caso n= 1!) na forma (3.19) u(x,t) = | KO. yt) £Q)dy 2 ~15- (5.20) KOuyst) =F 6,60 FOV op a0) A demonstracgao de que (3.19) & a soluc&o do problema pode ser feita adaptando os métodos do capitulo 8 de [16], ou pode ser encon trada em um contexto muito mais geral que oaqui abordado no capitu lo3de (20), 4, Generalizacdes @ comentarios As idéias e métodos descritos nas secSes anteriores podem ser ge neralizadas e exploradas em muitas direcées. Em primeiro lugar é possivel,e de fato necessdrio, considerar operadores diferenciais mais gerais do que o laplaciano. Por exemplo, ao estudar 2 condugdo de calor em um s6lido @ cujas caracteristicas (i.e., densidade, calor especifico, etc.) variam com a posicio, somos levados (veja £39], capitulo 1 ou (293, capitulos 9 e 20) a considerar uma e- quagao da forna 4) ro SB = F A (ss008)« a(x)u(x, t)+£ (x,t) i i onde xe, todos os coeficientes da equacio so funcdes com valo res reais e a matriz A(x) = Caij(x)] @ simétrica. Nocaso n-3,u(xt), é a temperatura no ponto x © no instante t. 0 termo a(x)u(x,t) + £(x,t) representa uma distribuicio volumétrica(i.e., em 9) de fontes de calor, enquanto as fungdes r(x) e aj (x) refletem as caractorfsticas do meio. Note que o somatério do lado direito de (4.1) pode ser escrito na forma div(A(x)Vu(x,t)).énde ¥ denota o gradiente em relagdo as varidveis espaciais e div a divergéncia em relacdo a estas mesmas varidveis. A equacio (4.1) ocorre‘em ge- -16- yal acompanhada de condigdes de contorno da forma (4.2) axe) (AG Vu(x,t))+vO0 + 8G, t)u(xt) = y(x,t) onde xc 39, v(x) denota a normal externa a 82 no ponto x e a, B, y s&o fungdes dadas. As interpretagdes fisicas da condicao (4.2) podem ser encontradas no capitulo 20 de [29] e nas referén- cias af contidas. Finalmente, € preciso adicionar a (4.1) e (4.2) a condig&o inicial (4.3) u(x,0) = f(x) , xe. © problema formado por (4.1), (4.2), (4.3) e as condigdes de com patibilidade decorrentes de (4.2) e (4.3) & chamado 0 problema de (4.1) e (4.2) sdo homogéneas (i.e., £ e y sao identicamente nu- las) ¢ as fungdes a e 8 dependem apenas de x & 3%, o método de separagio de variaveis pode ser usado como antes para obter os pro- blemas Gay oT :) # q(x) X(x) = Ar(x)X G0) (x) ACK) VX(x) v(x) + B(x) X(x) = 0 © problema (4.5) é um exemplo dos chamados problemas de Sturm- Liouville. Uma excelente exposigao elementar no caso n=1 (ao qual o nome acima & geralmente associado) pode ser encontrada no capitulo 11 de { 81. Para tratamentos mais completos e rigorosos -17- referimos 0 leitor a £7 J, C112, £321, [ 402. Note que os pro blemas (3.5) e (3.6) deste capitulo sio exemplos tfpicos dos casos regular e singular em que os problemas de Sturm-Liouville poden ser classificados. 0 caso n > 1 6 bastante mais complexo e para ele indicamos [3 Jef 6]. Qutro tipo de extensdo consiste em considerar 0 caso em que no € limitado. Nesta situagao ocorre um fenémeno novo: ao invés de uma colegdo enumerdvel de auto-valores com auto-vetores en L(2), temos em geral um continuo de auto-valores e as auto-fungdes corres pondentes nao pertencem mais em geral ao espaco L?(9) (e por essa razio sfo chamadas de auto-fungdes generalizadas. Uma formulacio rigorosa destas idéias pode ser encontrada no volume IV de [ 21]). Talvez a situacao mais simples onde este fendmeno ocorre € no caso do problema de valor inicial para a equacdo do calor a uma dimensdo espacial. Mais precisamente, deseja-se obter u(x,t) tal que we C7CR x (0,)) 9 CORX{0,°)), limitada au _ at wo (4.6) Ba en R * (0,*) u(x,0) = £(x) « CCR) . A condicgio "u limitada" (que € suficiente para garantir a unici dade; veja [183, capitulo 4, onde a unicidade € provada sob condi- gdes menos restritivas) € uma condigfo de contorno no infinito e impde a condicio de compatibilidade £ limitada. Escrevendo u(x,t = X(x)T(t) e separando as variaveis na equacfo diferencial parcial em (4.6), obtém-se as equacdes ordinarias T'=-AT e X"=- 2X, cu- jas solugées gerais sao ‘ -18- T(t) = Cy exp(-at) (4.7) exp(i¥ Xx) + C3 exp(-iv¥ x) C, s&o constantes arbitrdrias. Utilizando a condicao uu limitada, segue que deve ser real e nao negativo. Escrevendo a= 62 com &>0 (por enquanto) e formando a superposicio ix 2. (4.8) utxt) = | 2, (6) oT RE eB Pag + ° = ; 2 1 nixe je2t ooh te ef tar — | 8 0 obtém-se uma solugio formal para a equacdo diferencial om (4.6) co- mo pode ser verificado derivando formalmente sob o sinal de inte- gral (o fator an foi colocado puramente por "questdo de gos- to": ele faz com que certas fOrmulas sejam agredavelmente simétri- cas!). Antes de impor a condig&o inicial, 6 conveniente fazer uma mudanga £ + (CE) na segunda integral do lado direito de (4.8), de mode que esta equagao pode ser reescrita na forma te 1_ { cg) exp(ixe) exp(-t7t) ag om? (4.9) u(x,t) = Impondo agora a condigio inicial, segue que +0 (4.10) u(x,0) = £609 = — (&)_expCixé) dé ux oe [s x Isto significa que é importante procurar condigdes sob as quais € possivel representar a funcio f na forma (4.10). Note que (4.10) pode ser interpretada como uma expansio em auto-fungées (generali- -19- 2 zadas) do operador “> com auto-valor 5? uma vez que se $¢() = x = exp(if), entio - oy = ee ee. Esta observagio di a idéia de co mo responder 4 seguinte pergunta natural: Quem sao os coeficientes: g(é) da expansdo (4.10)? Calculando o “produto interno" de f com a auto-funcio (x) ¢ prosseguindo formalmente (i.e., como se to- das as operacdes abaixo fossem validas), temos se axe q g(n)ei™ dn) dx = $0 1 goa) dx = =| £(x) op (ax = 00 a = lint | g(a) (| cso(sste-n yes) an oo ta +e a aap 2 exp (-ix (E-n)) = = ain & | won t—n dan = be ta te aa il EY g-n = aig [ao SED a - te = Lin F | e(S+E) S2BY ay = So se 8) =e | Sen¥ ay = g(6) +0 pois J aoe dy = 1 como integral improdpria de Riemann (veja -20- [10], segio 39). Em outras palavras, os coeficientes da expansdo (4.10) devem ser dados por | £(x) exp(-i€x) ax 1 (4.11) g(&) = Substituindo (4.11) em (4.9) e¢ trocando a ordem de integrago (de maneira andloga ao utilizado na obtengao da equagao (2.11) des- te capitulo), temos 400 to (4.12) uxt) © ft | £) (| eb t oat) A integral na varidvel § pode ser calculada (problema 5) for necendo - te 2 (4.15) uGee) = Canty 1/2 | exo(- beh) so ay Agora € possivel esquecer o processo formal que nos levou a (4.13) e provar diretamente que a funcio u(x,t) ai definida é de fato solucgio do problema (4.6). 0 mesmo processo pode ser efetuado em mR, substituindo (4.10) e (4.11) por (4.14 £6) = an 2 | sco explixr Ode, ral (4.18) gf) = Qn ™2 | f(x) exp(-ix-8) dx jn onde x, £¢ R" e x+£ &o0 produto interno usual do IR". Po- dé-se mostrar entao que - . -21- ~ 2 (4.16) uGxe) = (ane) 72 | oo(- a) eo ay ao € a Gnica solugio do problema de valor inicial © C7(R"x(0,~)) 9 COR" x [0,*)), Limiteda = Au em Rx (0,0) 10) = £(x) e COR") (4.17) Bale « x Deve-se notar que a condigdo inicial é satisfeita no seguinte sen- tido: u(x,t) + f(x) quando t+0 wniformemente x pertencente a subconjuntos compactos do ir". Para uma demonstragdo rigorosa destes resultados veja (161, capitulo 8 {onde o caso n=1 € tratado. 0 caso geral é inteiramente andlogo). A fungéo g(€) definida em (4.15) € chamada a transformada de Fourier de £, e usualmente denotada por f ou Ff. A idéia en- volvida € que £ pode ser recuperada de f através da fSrmula de inversdo (4.14). Note que f certamente existe se fe LICR") e neste caso nfo é diffcil provar que f & continua, limitada e ten- de a zero quando |&| + (esta dltima propriedade & conhecida como o lema de Riemann-Lebesgue). 0 estudo de transformada de Fourier, a justificacao da férmula de inversio (que vale em varios contex- tos} e suas ramificagoes & bastante complexo (e fascinante!) e nao cabe aqui descrevé-los. A férmula de inversdo & vélida, por exem- plo, em 4£°(IR"), com uma interpretacio adequada para (4.15), pois nesse caso a integral que ali‘ocorre pode nao existir. E possivel no entanto provar que £+£ & uma bijecdo no espaco de Schwartz SCR) © que [lfllp= lll, ¥ £ exfCR"). como SR") & denso -22- em 12(m"), 6 possivel entdo estender a transformada de Fourier a 12(R") como um operador unitario (i.e., um operador linear conti- nuo sobre que preserva a norma). Tratamentos elementares da teoria podem ser encontrados em [10], [ 27]. Para exposigdes mais sofisti- cadas, veja (141, (312, por exemplo. Varias combinagdes das situagdes descritas acima sao possiveis: operadores diferenciais mais complicados que (-A), dominios ili- mitados com partes da fronteira em regides finitas do espaco (por exemplo, problemas em semi-retas) e etc. Para exemplos relativamen- te elementares, veja [10], £17], £40]. Um texto bem mais avangado @ dedicado inteirameate aos métodos acima € [61. Cabe também in- dicar ao leitor os artigos £21], 041, [36], [37], onde os métodos descritos no presente texto (devidamente sofisticados) forneceram a solugZo de problemas extremamentes importantes ¢ interessantes nos iiltimos dez anos! Problemas. 1) seja CK¢ra,bJ), k = 0,1,2,---, 4 colegio das f:La,b] + © com derivadas continuas em fa,b] até ordem k. Se k=0, escreve-se simplesmente C(fa,b J). a) Para feC(la,b), defina {[fl|,,= sup |£(x)|. Prove que f£ >|! fle xefa,b] define uma norma e que munido dela, C(fa,b]) €& um espago de Banach (veja a segio 1 do apéndice). A convergéncia de seqiiéncias nesta norma 6 chamada convergéncia uniforme. b) Suponha que cn converge uniforme a £. Ent3o b rb | f(x)dx = lim [ £, Coax - fa neve Ja -23- c) Seja {£,),, =, © Ci(Ca,bI), tal que lim £(x,) existe para al- new gum x, ¢ [a,b] e suponha que a seqiiéncia de derivadas {f* nn=a converge uniformemente a uma funcio g. Prove que £, converge uni- formemente a uma funcdo £ € C(Ca,bJ) e que f'=¢. (Sugestdo. Use b) e o teorema fundamental do calculo). 4) Enuncie e prove resultados an@logos aos de b) e c) para o ca- so de uma série de fungdes J f,. n=1 e) Seja {f,}°_, = C(La,b2) e suponha que existe uma seqiiéncia nu- n/ n=l mérica (M,),_1, tal que Weg eS My Ynie nen converge. Pro- ve que a série de funcdes = £. converge uniformemente em [a,b] n=1 ™ (este resultado € conhecido como o teste M de Weierstrass). 2) a) Seja f © C7(10,23), £(0) = £(2) = 0. Prove que a série em I-(2.7) com coeficientes dados por I-(2.10} converge uniformemente em [0,2]. 2 (SugestGo. Prove que (b,| < C k ° ¥k onde C éuma constante L positiva integrando ( £00 sen HX gx duas vezes e use ©) do e- lo xercicio anterior.) b) Use a) deste problema e os resultados do exercfcio anterior para provar que se f & como a), entao a série I-(2.6) € solucio do problema I-(1.1), com n=1 e @# (0,2). 3) 0 objetivo deste problema é dar condigdes suficientes para a convergéncia pontual da série de Fourier na forma exponencial. Por -2he Por simplicidade, vamos esquematizar a demonstrag&o para a classe 1 per g), a convergéncia neste caso & uniforme. 0 método para provar a c = (£:[-IR,v1> C| £(x+2m) = £(x), VxeR}. Como veremos no item convergéncia pontual descrito nos itens d)-£} abaixo, & devido a P.R.Chernoff e pode ser utilizado em condigdes muito mais gerais, (veja £91). a) Seja Z a colecdo dos niimeros inteiros e 4,(x) = exp(inx). i 27, se mn | 6,00) 6, Gd ax = au 0, se m#n. b) Seja £:{-w,1} > € continua e defina a transformada de Fourier de £ em relagho ao conjunto {$,}"_) como sendo a fungZo f:m+€ dada por Use o resultado de a) para provar formalmente que se £(x) = ts : * = Ec, exp(inx), entio c, = £(n) Observagao. Note que a transformada de Fourier est@ bem definida se £ L(t-1,71). 0 problema que se coloca é recuperar f a partir de sua transformada. Este & 0 problema andlogo ao descrito na segio 4 acima para a transformada de Fourier de funcdes definidas em R”. Uma boa referéncia para ele € [25] c) Seja £:(+n,7] > € uma fungdo continua. Prove a desigualdade de =254 Bessel: 1 e | J£Cx) |? dx 1 = Eo Em particular, £(n) +0 quando |n[+«. Now (Sugestdo. Mostre que 2m x [f(n)|2 -N a 7 No.4 calculando 0 <| [£60 - = f@exp(inx) |? ax -) 0 1 | leg 2 ax ¥ N=0.1,2,... Observacho. 0 resuitado f(n) +0, quando |n| +, vale para £« L'(f-1,1]) (ele pode ser obtido do que provamos acima por wm argumento de aproximagao) e & conhecido como o lema de Riemann-Le~ besgue. Seja #e Cl... Os proximos itens mostram que per +o £(x,) =) 2 £(n) exp(inx,) Vox ,eR. d) Mostre que sem perda de generalidade podemos supor que x f(x) = 0. e) Seja £ como em d) e defina cer tee, x #0 g(x) = -if'() , x=0 . Prove que g € continua e periddica. Além disso, mostre que £(k) = g(k-l)-g(k) . Vo kez. =26- N. £) Calcule = £(m) e use o lema de Riemann-Lebesgue para provar que -M te I £(m) = 0. g) Prove que se fe Cor? entdo a convergéncia estabelecida aci. ma € uniforne. (Sugest&o. Integre £"(x) exp(-inx) por partes para provar que |f(m)| < £2) e use a desigualdade de Cauchy-Schwartz e a desigualdade de Bessel para concluir o resultado.) 4). 0 objetivo deste exercicio & obter uma solugao formal para o i) uc C7) » CCD) ii) Au’= 0 em D iii) ul = f ¢ C(an) aa 2. y% <1}, usando o método de separa- onde D= {(x.y) © R*| cao de variaveis. Para maiores informagdes (inclusive a demonstra- cio de que a funcdo u obtida & de fato uma solugio), veja o pro- blema 1) do capitulo IIT. a) Use coordenadas polares e 0 método de separacio de variaveis pa- ra mostrar que devemos esperar uma soluco para i) e ii) da forma u(r,a) = r™(A, cos n 0 +B sen n 8) onde A,, A,, B, sao constantes. b) Imponha a condigio de contorno para obter os coeficientes A,, Aj. B, om termos de f. (Sugestdo. Obtenha as relagées de ortogonalidade para as fungdes 1, -27- sen nx, cos nx, n=1,2,... usando a) do problema 3) e utilize-as para obter os coeficientes). ¢) Mostre que a série obtida com os coeficientes calculados em b) pode ser reescrita na forma 7 u(re) = 2 | #0] F + Fx cos aco-07)]) aor. n=: on 1,¢ 2 1-77 d) Prove que + Er" cos n(e-e') = ———+-+ ____ n=l 2(1-2 r cos(6-8')+r°) (Sugest3o. r™ cos n(e-e') & a parte real de r exp(in(é-0')}.) Observagdo. A formula obtida acima é chamada a férmula de Poisson - : 2 para 0 disco unitério e a funclo P(r,0,0') = $ meee) ‘cos ‘jer @ conhecida como o nucleo de Poisson do disco. Para mais informa- ges sobre a férmula de Poisson, veja a segdo 4 do capitulo II ¢ os problemas do capitulo III. 5) a) Seja v(x) = exp(-|x|2/2), x © IR". Prove que ¥ = y onde denota a transformada de Fourier definida em I-(4.15). (Sugestao. Considere primeiro 1. Mostre que neste y satis- faz 0 problema de valor inicial y'() =- 6 ¥(E), (0) *1.) b) Use os resultados de a) para obter a férmula (4,16) deste capi- tulo. Capitulo 11. ~28- 1. Preliminares. Nesta secio vamos estabelecer algumas notacdes:e definicoes e também enunciar alguns resultados basicos de cdlculo avancado. Va- mos nos restringir ao caso IR°. No entanto é facil verificar que © que se segue vale em IR" com as modificagdes apropriadas.. Se ac R® e R>O, a bola aberta de centro a eraio R €0 conjunto B(a,R) = {x ¢ B| |x-al < R} onde | + | denota a dis- t@ncia euclideana usual. A esfera de centro a e raio R sera de- 3 notada por @B(a,R) ou S(a,R}. Se Sl é um aberto de BR e £:% + € de ciasse Cl, o gradiente de £ & a funcdo Vf =gradf= = (22, 2£, 2£\. uma funcdo F:%1 +0 & chamada um campo veto- Oxy 8X) 8x5 . eS ee rial (complexo). F é de classe C! se e sé se cada uma de suas componentes F,:S\7€, i=1,2,5 € de classe ch. Neste caso, a di 3 OF, = vergéncia de F é a fungio V-F-div F= & oe ~— i=l O%H . Se £:M>e € de classe ¢?, © laplaciano de £ & a fungio Afe & isl que Af=div(grad£). Definigdes idénticas valem em N- Nosso objetivo agora é enunciar o teorema da divergéncia, que se ra usado na secio seguinte para obter trés identidades fundamentais k no estudo do problema I-( 1.4}. Uma superficie de classe C*, 1 um dominio limitado, teoroma da divergéncia e u, v e C"(@). Entdo 0 | (v Qu + Vu + Ww)dx -{ v 2 ag av an (2.2) I (v du ~ ubv)dx = | we - a Bao a an onde v denota a normal oxterna em an e 3, ale das direcionais de ue v na diregao normal. Bemonstracdo. Para provar (2.1) note que div({uvv) = onde vale o sao as deriva- uAv + Vv Vu e aplique o teorema da divergéncia, lembrando que W-v = 2%. Pa- av ra provar (2.2}, troque u por v na primeira identidade e sub- . traia a identidade resultante de (2.1). C.Q.D. Observacdes. 1) Se ue C2(@) e Au=0 em 9, ento a proposi- cao acima mostra que (2.3) ek ua g an (2.4) | Bac-0. 3a -31- 2) As identidades (2.1), (2.2) so conhecidas como a primeira e a segunda identidades de Green respectivamente. Para algumas aplica- gdes simples de (2.3) e (2.4) veja o exercicio 1) deste capitulo. Teorema 2.2. Seja @< IR* um dominio limitado, onde vale o teore- ma da divergéncia e ue C*(@). Entio, V xe @s) ag =! jy) Soen- Browne « | roeysumpay 30 y y a onde F(E) = -(4rfe|)77, gem. (0) © 5h. denota a derivada di- y recional em relacio 4 normal no ponto ye 2. Observacdo: A funcio F € muitas vezes chamada uma solucio funda- mental de & em IR™. Note que AyFOry) +0 ¥y #x, onde ay indica o laplaciano na variavel y. A equacio (2.5) & conhecida co- den mo a terceira jade de Green. Antes de provar o teorema (2.2) , € necessario fazer alguns comentarios eestabelecer alguns resultados técnicés. Enprimeiro lugar, qual 60 significado das integrais que ocorrem em (2.5)? Como naintegral de superficie xe 2 © ye 92, é fScil-verificar que o integrando é uma funcao continua, pois x esta sempre “longe" de 9. Na integral sobre 9° isto nfo ocorre. No entanto, a integral em questdo existe, pois ¥ localmente in- tegrével om R° e du é limitada,pois por hipdtese, ue C7(Q). Mais precisamente, note que se ¢ > 0 e se introduzirmos coordena- das esféricas, y=xtrw, 00 & tal que Be) <2 © M= Se aul, temos | [ Foe) anorey 2 <¥ | IF(x-y) [dy = a 2M J Fenty . { lrGey) lay) < © \ B(x,e) Ge) pois F(x-y) € uma func3o continua em %\B(x,¢e). Portanto, a in- tegral sobre % existe no sentido de Lebesgue. Emparticular, segue que [FG-n augpay = 2in | FGry) aa(yday 3 £40 (5 \ B(x, 2) onde as integrais sobre \ B(x,e) podem ser interpretadas como integrais de Riemann, uma vez que os integrandos s&o fungdes conti- nuas definidas nos compactos \B(x,e)- Lema 2.3. Seja g e C(B(X,R)). Entao (2.6) lim | F(x-y) gly)do(y) = 0 e+0 (x,e) (2.7) lim { gE Oocy) a (y)de(y) = g(x) EW 5 X,€) onde v, denota a normal externa a S{x,¢) no ponto y. Demonstragio. Para provar (2.6) note que { Fo-nemaom = - ay | eracon S(x,2) 50x.) 233+ Portanto, F(x-y) a )de()| < ge sup 120 | [em : | [ee | 0, existe y = y(6) tal que, se yoy’ € BGGRY, ly-y'| 0 tal que EGE) < 9. Defina @, = 2\BGGe) e aplique a segunda identidade de Green com v(y) = F{x-y) para obter 3h J Poe auyray = | (xen = or-worgttowy)) aoty) = aa, y y c -| (rong WOE Corn) aot) + f (ons -wOrgE &V))ooU)- y a y Ste) Para completar a demonstragao basta tomar o limite quando e40 utilizando o lema (2.3) e lembrando que a normal externa a 2 aponta para dentro da bola B(x,e) . C.Q.D. icas. Definicéo. Seja Q¢ IR um aberto. Uma fungio uc C2(9) 6 dita harménica em 2 see s5 se Au=0 em Q. Teorema (3.1). Seja u como na definicgao acima. Entdo Yxe 2, YB(X,R) < 2 temos Gay uc) = Shy [eon fo S(x,R) Observacéo. Em outras palavras, u(x) 0 valor médio de u sobre qualquer esfera centrada em x e inteiramente contida em Q. Por esta razio, o resultado acima € conhecido como o teorema do valor nédio para fungdes harminicas. Demonstragao. Aplicando o teorema (2.2) a B(x,R), temos -35- 20d = | uo) Bene - |B rere s (xR) vy 8 O2R) pois Au =o em &. Mas em S(x,R) temos [x-y| =R e, portanto F(x-y) = - wy Gey) = a - 1 J 1 { au u(x) = u(y)do(y) + pram. Go) = Dey | word) + ay | AE avo S (xR) S(x.8) Mas, pela equagdo (2.4), a integral contendo 4 & zero e o teore y ma esta provado. C.Q.D. Observa © teorema (3.1) tem a seguinte reciproca: suponha que ue C(Q) e que a relacio (3.1) vale ¥xe, ¥ BCX,R) < Q. Entdo u € harménica em 9. Este é um fato notdvel, pois é possivel pro- var que toda fungao harmonica € Cc” (e, de fato, analitica! Veja (231, pagina 96). Para a demonstragdo deste fato, veja o problem 3) deste capitulo. Teorema (3.2). Sejam 2c IR® um dominio limitado e ue C2(8) tal que u toma valores reais e € harménica em &. Entéo, se u atinge seu maximo (ou minimo) em 9, u & constante em @ . Demonstracéo. Vamos provar o teorema no caso do maximo. Para o mi- nimo, use demonstracao analoga ou aplique o principio do maximo 4 fungio (-u}. Seja M= max u. Se u atinge seu maximo em @, en- R

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