Você está na página 1de 70

PATOLOGIA GERAL

ROTEIROS DE AULAS TEÓRICAS E


PRÁTICAS

CURSOS: BIOMEDICINA, ENFERMAGEM, FARMÁCIA, FISIOTERAPIA,


MEDICINA, MEDICINA VETERINÁRIA E ODONTOLOGIA.

Profº. Dr. JOSÉ AIRES PEREIRA

30ª edição

Bragança Paulista
2021
PROFESSORES DA DISCIPLINA DE ANATOMIA PATOLÓGICA RESPONSÁVEIS
PELA ELABORAÇÃO DESSES ROTEIROS

ATHANASE BILLIS
CARLOS A. F. SOUZA
ENZO MAGRINI (in memoriam)
HELENICE PIOVESAN
IZILDA AP. CARDINALLI
JOSÉ AIRES PEREIRA
PREFÁCIO Á 29ª EDIÇÃO

Os "Roteiros de Aulas Teóricas e Práticas" são de grande importância para o bom


andamento e acompanhamento, por parte dos alunos, da Disciplina de Patologia Geral. Nas
"Aulas Teóricas e Práticas" estão enumerados os tópicos mais importantes dos assuntos
abordados os quais o aluno não poderá de deixar de estudar. Esta seleção de tópicos se faz
necessária devido à extensão da matéria. É preciso que o professor - valendo-se da sua
experiência - selecione aquilo que é importante e imprescindível para a formação do aluno de
graduação. 0s estudo dos tópicos selecionados deverá ser feito em livros-texto de Anatomia
Patológica. Abaixo relacionamos os livros mais importantes que poderão ser consultados ou
adquiridos:
JOSÉ LOPES DE FARIA, Patologia Geral. Fundamentos das doenças, com aplicações
clínicas, 4ª edição, Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro 2003.
MONTENEGRO M.R. & FRANCO M., Patologia. Processos Gerais, 5ª edição, Atheneu, São
Paulo, 2010.
ROBBINS & COTRAN, PATOLOGIA - Bases Patológicas das Doenças, 8ª Edição, Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010.
BOGLIOLO, Luigi; BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Patologia. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011.
Nas aulas práticas serão vistos os preparados histológicos e as peças anatômicas das
doenças mais importantes ou freqüentes procurando-se estudar neles os processos
patológicos gerais. A descrição microscópica da lâmina tem a finalidade de auxiliar o estudo
e a compreensão da mesma, ajudando inclusive o professor durante a aula prática, mormente
quando as turmas são numerosas. 0 círculo que acompanha deve ser utilizado para a
confecção de um desenho da lâmina histológica do ponto de vista do aluno não importando
se for acadêmico, moderno, surrealista, etc. independente do estilo, a confecção de um
desenho da lâmina é um processo ativo de aprendizagem e facilita muito a memorização da
imagem.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PATOLOGIA

A Anatomia Patológica estuda as alterações do organismo decorrentes de doença.


Tem como propósito principal descrever a expressão morfológica destas alterações ao nível
de células, tecidos e órgãos. As alterações morfológicas, na maioria das vezes, são
características de uma determinada doença permitindo, portanto, elaboração de um
diagnóstico correto. Este é fundamental para uma conduta terapêutica adequada. Além da
descrição macro e microscópica das lesões, estuda a etiologia, e patogênese, isto é, os
mecanismos pelos quais desenvolvem as lesões e a correlação entre expressão morfológica
e manifestações clínicas.
Para atingir os seus objetivos a Anatomia Patológica utiliza-se de inspeção
macroscópica e exame microscópico de lesões no cadáver e no paciente. No primeiro, através
da realização de necropsia e, no último, examinando peças cirúrgicas e biópsias. 0s avanços
tecnológicos, propiciou aliar-se ao uso do microscópio óptico comum, o microscópio eletrônico
(de transmissão e de varredura). Além das técnicas e colorações histológicas clássicas (H.E.,
PAS, etc.) utilizam-se hoje técnicas de imunofluorescência e imunohistoquimica, além de
outras mais sofisticadas, de bioquímica, imunogenética, etc.
Por causa da grande amplitude dos métodos empregados atualmente, muitos se
referem à Anatomia Patológica simplesmente com a denominação Patologia (gr. estudo da
doença). A Anatomia Patológica pode ser dividida, para fins de aprendizado, em Geral e dos
órgãos e Sistemas. A Anatomia Patológica Geral estuda as alterações decorrentes da doença
independente do tipo de célula, tecido, órgão ou organismo em que ocorre. Assim sendo, o
ensino da Anatomia Patológica Geral é dado nos Cursos de Graduação em Medicina,
Farmácia, Biomedicina, Odontologia, Nutrição Fisioterapia, Enfermagem, Etc. Já a Anatomia
Patológica dos Órgãos e Sistemas, estuda os processos patológicos que ocorrem nas células,
tecidos e órgãos humanos sendo, portanto, uma Disciplina exclusiva do Curso de Graduação
em Medicina.
A Anatomia Patológica é uma das especialidades médicas que, juntamente com a
Radiologia e Patologia Clínica, faz parte da área diagnostica da Medicina. 0 especialista,
chamado anatomopatologista, após o Curso de Graduação em Medicina deve fazer
Residência Médica em um período mínimo de 3 anos. 0 seu campo de atuação inclui:
elaboração dos exames de citologia e dos laudos anatomopatológicos de biópsias e peças
cirúrgicas; realização de necrópsia; e participação em reuniões anatomoclínicas nas quais são
discutidos os diagnósticos correlacionando-se os achados morfológicos com os dados
clínicos. Faz parte da equipe de atendimento ao paciente sendo a sua opinião, baseada no
diagnóstico anatomopatológico, é de grande valia para a conduta terapêutica.
Se o anatomopatologista optar por carreira universitária deverá fazer Curso de pós-
graduação em níveis de Mestrado e Doutorado. A anatomia Patológica é um campo muito
amplo para pesquisa que pode ser experimental e de aplicação. A primeira pode ser realizada
em faculdades de Medicina ou em Institutos de Pesquisa. Como instrumentos de trabalho e
de pesquisa, utiliza-se o microscópio óptico comum, de fase, de luz polarizada, de
imunofluorescência e o eletrônico de transmissão e varredura; empregam-se técnicas
histológicas usuais e especiais como de congelação, imunoistoquímica, imunofluorescência,
hibridização in situ, biologia molecular e muitas outras.

ANATOMIA PATOLÓGICA. UM BREVE HISTÓRICO.

Na época de Hipócrates, os gregos explicavam o aparecimento das doenças em base


da teoria dos quatro humores do organismo: os fluidos orgânicos eram compostos de variáveis
proporções de sangue, catarro, bile amarela e bile negra. Quando estes humores estavam em
equilíbrio o corpo humano estava com saúde; excesso ou deficiência de um desses humores
causava doença. Esta teoria prevaleceu por muitos séculos.
Somente no século XVIII esta teoria foi abalada através da publicação, em 1761, de
um dos mais importantes livros da história da Medicina: De Sedibus et Causis Morborum per
Anatomen indagatis (Sobre a sede e causas das doenças investigadas pela Anatomia). 0 autor
deste livro foi Giovanni Battista Morgagni (1682-1771), professor de Anatomia em Pádua,
Itália. Através da realização de 500 autópsias descreveu, de forma sistemática e minuciosa,
as lesões observadas nos diferentes órgãos correlacionando-as com os sinais e sintomas dos
pacientes. Por causa desta obra monumental Morgagni é considerado o pai da Anatomia
Patológica.
O trabalho de Morgagni abriu caminho para o aparecimento do que seria a Anatomia
Patológica como especialidade médica. No século XVIII e na primeira metade do século XIX
o estudo das lesões se baseava apenas no exame macroscópico dos órgãos. No século XIX
o maior expoente no exame macroscópico das lesões vistas em autópsias foi Carl Rokitansky
(1804-1878). Este tcheco que trabalhava no Instituto de Patologia de Viena teria realizado,
juntamente com seus assistentes, cerca de 60000 autópsias em menos de 50 anos.
Apesar do uso do microscópio em Biologia datar do século XVII, somente na metade
do século XIX graças a Rudolf Virchow, o estudo das autópsias passou a ser complementado
com o exame microscópico.
Rudolf Virchow (1821-1902) teve grande influência na Medicina da sua época não apenas
como patologista, mas também através da sua atuação em saúde pública e mesmo na política.
Foi o autor da "Teoria celular" que explicava as doenças como sendo causadas por distúrbios
na estrutura e função celulares. Apesar da sua genialidade, não aceitou as evidências de que
microorganismos poderiam ser causadores de doenças.
No século XX a Anatomia Patológica firmou-se como uma especialidade médica de
grande importância no diagnóstico das doenças. Às técnicas macroscópicas e microscópicas
clássicas somaram-se a microscopia eletrônica, a imunofluorescência e, mais recentemente,
a imunoistoquímica. A técnica de congelação é prática rotineira permitindo um diagnóstico
rápido no próprio centro cirúrgico, sendo de grande valia na conduta terapêutica. Novas
conquistas, notadamente em biologia molecular, descortinam um futuro com grandes
possibilidades tanto na rotina diagnóstica como na pesquisa em Anatomia Patológica.
ALTERAÇÕES REGRESSIVAS CELULARES E DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS

AULA 01 LESÃO E MORTE DA CÉLULA. CALCIFICAÇÃO.

I- LESÃO CELULAR

A- CAUSAS
1. Hipóxia;
2. Agentes físicos;
3. Agentes químicos;
4. Agentes infecciosos: vírus, rickéttsias, bactérias, fungos e parasitas
5. Reações imunológicas
6. Alterações genéticas
7. Distúrbios nutricionais

B- MECANISMOS
Em casos de hipóxia:
1. Diminuição da fosforilação oxidativa ao nível das mitocôndrias;
2. Diminuição da produção do ATP com consequente:
a) aumento da glicólise anaeróbica havendo acúmulo de ácido lático e diminuição
do pH;
b) distúrbio da bomba de Na e K, resultando aumento de Na e H2O no interior da
célula e saída de K para o espaço extracelular;
3. Alterações na permeabilidade da membrana citoplasmática resultando entrada de
Ca e saída das enzimas: dehidrogenase lática (LDH) e creatinoquinase (CPK)

C- TIPOS

1. Adaptativa. Ex.: hipertrofia e atrofia

2. Reversível
Morfologia: tumefação turva e alteração vacuolar

3. Irreversível (necrose celular)


3.1 Conceito de morte e necrose celular
3.2 Morfologia da necrose celular
a) em microscopia eletrônica: tumefação de mitocôndrias e retículo
endoplasmático; rotura de lisossomos;
b) em microscopia óptica comum: acidofilia citoplasmática, fragmentação da
membrana citoplasmática, picnose nuclear, cariorrexe e cariolise
3.3 Autólise, heterólise, apoptose
3.4 Tipos de necrose:
a) Coagulativa. Ex.: infarto do miocárdio
b) Liquefativa. Ex.: abscesso
c) Gordurosa (ou esteatonecrose)
Ex.: pancreatite aguda (esteatonecrose enzimática);
trauma (esteatonecrose traumática)
d) Caseosa. Ex.: tuberculose
e) Gomosa. Ex.: sífilis
3.5 Evolução: absorção, drenagem, ulceração, cavitação ou encistamento,
cicatrização e calcificação
II- CALCIFICAÇÃO

A- Classificação
1. Distrófica: ocorre em tecidos necróticos na presença de níveis séricos normais
de Cálcio.
2. Metastática: ocorre em casos de hipercalcemia (ex. hiperparatireoidismo,
intoxicação por vit.D, etc.). A deposição de cálcio se faz em diferentes tecidos e órgãos do
organismo.

B- Morfologia

TEXTO
Dra. Izilda Cardinalli

I - LESÃO CELULAR

As células, em condições normais, encontram-se em um estado de equilíbrio


homeostático, capaz de suprir as demandas fisiológicas normais.
Estresses fisiológicos um pouco mais excessivos ou alguns estímulos patológicos
podem acarretar uma série de adaptações celulares fisiológicas e morfológicas,
preservando, desta forma a viabilidade da célula e modulando sua função como uma resposta
a esses estímulos. Por exemplo, os músculos proeminentes dos fisiculturistas que praticam
halterofilismo resultam de adaptações celulares, o aumento da massa muscular refletindo o
aumento do tamanho das fibras musculares individuais. Assim, a carga de trabalho é
compartilhada por uma massa maior de componentes celulares, e cada fibra muscular é
poupada de um trabalho excessivo e, portanto, escapa da lesão. A célula muscular aumentada
atinge um novo equilíbrio, permitindo que ela sobreviva em um nível mais alto de atividade.
Essa resposta adaptativa denomina-se hipertrofia. Por outro lado, a atrofia é uma resposta
adaptativa na qual há uma diminuição do tamanho e função das células.
Se os limites da resposta adaptativa forem ultrapassados, ou, em certos casos, quando
a adaptação é impossível, sobrevém uma sequência de eventos denominada de lesão
celular.
A lesão celular é reversível até certo ponto, mas se persistir o estímulo ou se ele for
intenso o suficiente desde o início, a célula chega a um ponto sem retorno, e sofre a lesão
celular irreversível e a célula morre. Por exemplo, se o suprimento de sangue para um
segmento do coração é interrompido por 10 a 15 min, e em seguida é restaurado, as células
miocárdicas sofrem lesão, mas podem recuperar-se e voltar a funcionar normalmente.
Entretanto, se o fluxo de sangue não for restaurado dentro de 1 hora, ocorre lesão
irreversível, e a fibra miocárdica morre.
A adaptação, lesão reversível, lesão irreversível e morte celular podem ser
consideradas como respostas celulares frente a um leque de agressões na função e estruturas
normais das células.

A - CAUSAS
As causas de lesão celular podem ser agrupadas da seguinte forma:

1. HIPÓXIA
A hipóxia é uma causa extremamente importante e comum de lesão celular e altera a
respiração oxidativa aeróbica. A causa mais comum de hipóxia ocorre quando o fluxo
sanguíneo arterial é diminuído ou interrompido por arteriosclerose ou por trombos (obstáculos
na luz arterial).
Uma outra causa de hipóxia é a oxigenação inadequada do sangue devido a uma
insuficiência cárdiorespiratória.
Uma outra causa, menos frequente a perda por parte do sangue da capacidade de
transportar oxigênio, como ocorre nas anemias, ou no envenenamento por monóxido de
carbono (produzindo uma monoxiemoglobina estável que impede o transporte de oxigênio).
Este gás inodoro e incolor é um subproduto da combustão produzido pela queima da gasolina,
óleo, carvão madeira e gás natural.
De acordo com a intensidade do estado hipóxico as células podem se adaptar, sofrer
lesão ou morrer. Por exemplo, se a artéria femoral for estreitada, as células do músculo
esquelético da perna podem diminuir de tamanho (atrofia). Essa redução da massa celular
atinge um equilíbrio entre as necessidades metabólicas e a oferta de oxigênio. Uma hipóxia
mais acentuada induz lesão e morte celulares.

2. AGENTES FÍSICOS
Os agentes físicos incluem traumatismo mecânico, extremos de temperatura
(queimaduras e frio intenso), radiação e choque elétrico.

3. AGENTES QUÍMICOS
Agentes simples como a glicose e o sal em concentrações hipertônicas podem
determinar lesão celular ao perturbar a homeostasia líquida e eletrolítica das células. Até
mesmo o oxigênio, em altas concentrações, é altamente tóxico (pode levar à lesão pulmonar
por formação de radicais livres). Quantidades mínimas de agentes conhecidos como
venenos, tais como arsênico, cianeto, sais de mercúrio, podem destruir números suficientes
de células em minutos ou horas, causando a morte. Também pode ser citado o álcool como
agente tóxico capaz de induzir lesão celular.

4. AGENTES INFECCIOSOS
Vírus, riquétsias, (rickettsias), bactérias, fungos e parasitas.

5. REAÇÕES IMUNOLÓGICAS
Elas podem salvar vidas e podem ser letais. Embora o sistema imunológico sirva como
defesa contra agentes biológicos, as reações imunes podem, na verdade, causar lesão
celular. A reação anafilática a uma proteína estranha ou a uma droga, e as doenças auto-
imunes, como o lúpus eritematoso sistêmico, são exemplos básicos.

6. ALTERAÇÕES GENÉTICAS
Ex. Anemia falciforme, em que ocorre alteração na produção da hemoglobina S; e os
erros inatos do metabolismo, oriundos de anormalidades enzimáticas, em geral uma falta de
uma enzima.

7. DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS
São importantes causas de lesão celular!
Tanto a desnutrição proteico-calórica e a falta de vitaminas podem levar à lesão
celular, como também um excesso de alimentação (dieta rica em lípides predispondo à
aterosclerose) pode ser nocivo às células.

B - MECANISMOS

A manutenção da integridade da célula depende da preservação de quatro sistemas


celulares básicos:
a) Manutenção da integridade das membranas celulares, da qual depende a
homeostase iônica e osmótica da célula e suas organelas;
b) Respiração aeróbica, envolvendo a fosforilação oxidativa mitocondrial e produção
de trifosfato de adenosina (ATP);
c) Síntese de proteína;
d) Preservação da integridade do aparelho genético da célula.
Em casos de hipóxia, os mecanismos de lesão celular envolvem:

1. Diminuição da fosforilação oxidativa ao nível de mitocôndrias;

2. Diminuição da produção de ATP com consequente:


a) Aumento da glicólise anaeróbica havendo acúmulo de ácido lático e diminuição do
pH ;
b) Distúrbio da bomba de sódio e potássio, resultando em aumento da concentração
de Na e água intra celular e saída de K para o espaço extra celular

3. Alterações na permeabilidade da membrana citoplasmática resultando em entrada


de cálcio e saída de enzimas: dehidrogenase lática (LDH) e creatinoquinase (CPK).

LESÃO CELULAR REVERSÍVEL: O primeiro ponto de ataque da hipóxia é a


respiração aeróbica da célula, isto é, a fosforilação oxidativa pelas mitocôndrias. À medida
que a tensão de oxigênio dentro da célula diminui, há diminuição da fosforilação oxidativa,
prejudicando a formação de adenosina trifosfato (ATP). Essa perda de ATP - a fonte de
energia - tem efeitos amplos em muitos sistemas dentro da célula, como veremos a seguir:

1. A atividade da bomba de sódio e potássio dependente de energia na membrana


plasmática é reduzida. A falha desse sistema de transporte ativo, devido a uma concentração
reduzida de ATP e aumento da atividade de ATPase, leva ao acúmulo de sódio no meio
intracelular, com difusão de potássio para fora da célula. O acúmulo intracelular de sódio
promove o afluxo isosmótico de água, acarretando tumefação celular (edema celular) e
dilatação do retículo endoplasmático e tumefação de mitocôndrias.

2. O mecanismo energético celular é alterado. Quando os níveis de oxigênio são


baixos, a fosforilação oxidativa cessa e as células dependem de glicose para a produção de
energia (metabolismo anaeróbico). Isso resulta em uma taxa aumentada de glicólise
anaeróbica, que visa manter as fontes de energia da célula gerando ATP através do
metabolismo de glicose derivada do glicogênio. A glicólise resulta no acúmulo de ácido lático
diminuindo o pH intracelular. Neste período inicial, na microscopia óptica, há um agrupamento
da cromatina nuclear, aparentemente causada pelo pH reduzido.

3. O próximo fenômeno a ocorrer é o desprendimento dos ribossomas do retículo


endoplasmático rugoso, com consequente redução da síntese de proteínas.

→ Até certo momento, todos esses distúrbios são reversíveis se for restaurada a
oxigenação.

3. LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL (necrose celular):

Se a isquemia persistir, a lesão torna-se irreversível.


A lesão irreversível está associada morfologicamente a tumefação intensa das
mitocôndrias, lesão extensa da membrana citoplasmática e tumefação dos lisossomas.
Então ocorre entrada maciça de cálcio para o interior da célula. O aumento de cálcio
intracelular promove o aumento da permeabilidade da membrana citoplasmática, bem como,
ativa uma série de enzimas incluindo as fosfolipases (desse modo promovendo a lesão da
membrana), proteases (que degradam as proteínas da membrana e do citoesqueleto),
ATPases (acelerando assim a depleção de ATP), e endonucleases (que estão associadas à
fragmentação da cromatina nuclear).
Há perda contínua de proteínas, enzimas, coenzimas e ácidos nucléicos pela
membrana citoplasmática hiper permeável.
A diminuição do pH (devido a glicólise, acúmulo de lactato) leva à lesão das
membranas lisossômicas, seguida por extravasamento de suas enzimas dentro do citoplasma
e ocorre ativação de suas hidrolases ácidas. Os lisossomas contêm Rnases, Dnases,
proteases, fosfatases, glicosidases e catepsinas. A ativação dessas enzimas acarreta
digestão enzimática dos componentes celulares levando à morte celular.
Após a morte celular, os componentes celulares são progressivamente degradados, e
há amplo extravasamento de enzimas intracelulares para o espaço extracelular, fornecendo
parâmetros clínicos importantes de morte celular, por exemplo, a liberação de LDH e CPK
após infarto agudo do miocárdio.

MECANISMOS DA LESÃO IRREVERSÍVEL: Disfunção mitocondrial acentuada


que causa depleção intensa de ATP, e que, a partir de certo ponto, torna-se irreversível; lesão
da membrana celular (devido à perda de fosfolípides, proteases intracelulares; liberação de
radicais tóxicos de O2).

Em resumo, a hipóxia afeta a fosforilação oxidativa e, por conseguinte, a síntese de


suprimentos vitais de ATP. A lesão da membrana citoplasmática é crucial para o
desenvolvimento da lesão celular letal, e o cálcio é um mediador importante das alterações
bioquímicas e morfológicas que levam à morte celular.

C- TIPOS

1. ADAPTATIVA. Ex. hipertrofia e atrofia.

2. REVERSÍVEL

Morfologia: tumefação turva e alteração vacuolar.

TUMEFAÇÃO TURVA: É a primeira manifestação de quase todas as formas de


lesão celular, causada pelo deslocamento de água para dentro da célula. Macroscopicamente
nota-se palidez, maior turgor e aumento de peso do órgão. À microscopia óptica, nota-se
aspecto granuloso do citoplasma.

ALTERAÇÃO VACUOLAR: Se continuar a ocorrer acúmulo de água dentro da célula


surge vacúolos claros dentro do citoplasma, levando à alteração vacuolar, que é apenas uma
forma mais acentuada de tumefação celular.

3. IRREVERSÍVEL (NECROSE CELULAR)

3.1 Conceito de morte e necrose celular


As células podem ser dadas como mortas na microscopia óptica, somente após
evidenciarem os sinais de necrose celular.
A necrose pode ser definida como o conjunto de alterações morfológicas que se
seguem a morte celular, num tecido ou órgão vivo, resultante de ação degradativa
progressiva por parte de enzimas sobre uma célula letalmente agredida.

3.2 Morfologia da necrose celular


A necrose é a soma das alterações morfológicas que se seguem à morte celular, num
tecido ou órgão vivo.
a) Em microscopia eletrônica: Observa-se tumefação de mitocôndrias e retículo
endoplasmático; rotura de lisossomos.
b) Em microscopia óptica comum: Observa-se acidofilia citoplasmática, picnose
nuclear (retração nuclear, até transformar-se em uma massa densa, pequena e enrugada de
cromatina firmemente compacta), cariorrexe (fragmentação nuclear), cariólise (lise nuclear).

3.3 Autolise, heterólise, apoptose.


Dois processos simultâneos propiciam as alterações de necrose: (1) digestão
enzimática da célula e (2) desnaturação das proteínas.
As enzimas catalíticas originam-se ou dos lisossomas das células mortas, em que a
digestão enzimática é referida como autólise, ou dos lisossomas de leucócitos imigrantes,
chamada de heterólise. O desenvolvimento desses processos leva horas e, portanto, não
haveria alterações detectáveis nas células se, por exemplo, um infarto miocárdico causasse
morte súbita. A única evidência denunciadora poderia ser a oclusão de uma artéria coronária.
A primeira evidência histológica de necrose miocárdica manifesta-se somente 4 a 12 h depois,
mas a perda de enzimas e proteínas específicas do coração pode ser detectada na corrente
sanguínea 2 h após a morte de células miocárdicas.
Um padrão morfológico um tanto diferente de morte celular foi denominado de
apoptose (derivado grego desabando). Trata-se de uma destruição programada da célula.
As células apoptóticas são caracterizadas, morfologicamente, pela retração celular –
a célula exibe um tamanho menor, o citoplasma é denso, e as organelas, embora
relativamente normais, estão mais compactadas; e condensação da cromatina - a cromatina
agrega-se na periferia, sob a membrana nuclear, em massas densas e bem delimitadas. O
núcleo pode romper-se, produzindo dois ou mais fragmentos.

A apoptose ocorre durante os seguintes eventos:


a) A destruição programada de células durante a embriogênese.
b) Involução dependente de hormônio no adulto, como a degradação das células
endometriais durante o ciclo menstrual e a regressão da mama lactente após o
desmame e atrofia prostática após a castração.
c) Deleção celular em populações de células em proliferação, como nos epitélios
das criptas intestinais.
d) Morte de células em tumores.
e) Lesão celular em certas doenças virais.

A apoptose ao contrário da necrose não produz inflamação, dificultando sua detecção


histológica.

3.4 Tipos e necrose


a) Coagulativa - Quando a desnaturação é o padrão primário, a necrose coagulativa
desenvolve-se. No caso de digestão enzimática predominante, o resultado é a necrose
liquefativa. A necrose coagulativa implica na preservação do contorno básico da célula
coagulada por um período mínimo de alguns dias. Na necrose coagulativa ocorre a
preservação da arquitetura tecidual geral. Os tecidos afetados exibem uma textura firme.
Supostamente, a lesão ou a acidose intracelular desnatura não apenas as proteínas
estruturais como também as proteínas enzimáticas, bloqueando, assim, a proteólise da célula.
Esta necrose é frequente na interrupção pela circulação arterial, que causa infarto, por
ex. do miocárdio, rim, baço.
A necrose coagulativa é típica da morte hipóxica das células em todos os tecidos,
exceto o cérebro.
b) Liquefativa - Difere da coagulativa pelo caráter mole e até liquefeito do tecido
necrótico. Dá-se o amolecimento pela ação de enzimas e o tipo de tecido envolvido. É
característico da destruição isquêmica do tecido cerebral. Também é encontrado comumente
nas lesões bacterianas, possivelmente devido à liberação de enzimas, de origem bacteriana
e de leucócitos que migram para a área de infecção. O resultado final é a transformação do
tecido em uma massa viscosa líquida. Se o processo foi desencadeado por inflamação aguda,
o material frequentemente é amarelo-cremoso devido à presença de leucócitos mortos, e
denomina-se pus.
c) Gordurosa (esteatonecrose) - É o tipo de necrose encontrado no tecido adiposo
devido à ação de lipases. É encontrado na pancreatite aguda (esteatonecrose enzimática); ou
no trauma (esteatonecrose traumática). Ex. mama.
d) Caseosa - Consiste na combinação da necrose de coagulação com a necrose de
liquefação, e é encontrada principalmente nas infecções tuberculosas. O aspecto
característico deste tipo de necrose é o de um material mole, friável e branco-acinzentado,
parecido com um queijo cremoso, daí o termo necrose caseosa.
e) Gomosa - É o tipo mais raro de se ver. É o tipo de necrose que se encontra na sífilis
terciária ou na sífilis congênita, quando então é chamada de goma sifilítica. A área necrótica
apresenta-se compacta, firme, elástica como uma goma, isto é, tem um aspecto borrachoso.

3.5 Evolução: Absorção, drenagem, ulceração, cavitação ou encistamento,


cicatrização e calcificação.
AULA PRÁTICA

L - 01 Cortes histológicos de fígado onde observa-se citoplasma dos hepatócitos com


aspecto grumoso (granuloso), com aumento do volume do citoplasma (balonizado)
tumefação turva.

L- 1 Tumefação turva de hepatócitos

L – 02 Cortes histológicos de rim observando-se aspecto claro e vacuolado das células


tubulares, em algumas células o aspecto é de tumefação turva. A alteração vacuolar nada
mais é do que uma tumefação turva exuberante.

L–

L - 02 Alteração vacuolar túbulos renais


L- 04 Fragmento de pulmão notando-se área infartada que é caracterizada pela perda dos
núcleos (parênquima com aspecto “fantasma”). Margeando o infarto observa-se afluxo de
leucócitos neutrófilos indicando infecção secundária por desvitalização do tecido.

L- 04 Necrose coagulativa: Infarto pulmonar

L. 05 Secções de rim onde observa-se áreas de destruição do parênquima (necrose


liquefativa). Observar o afluxo de Leucócitos neutrófilos (microabscessos).

L. 05 Necrose liquefativa: microabscessos renais

L.06 No fragmento de pulmão observa-se nódulo tuberculoso bem delimitado. Na porção


central do nódulo existe material amorfo de tonalidade eosinófila correspondendo, a necrose
caseosa.
L-06 Necrose caseosa: Tuberculose pulmonar

PEÇAS ANATÔMICAS

107-R Pneumonia lobar (fase de hepatização cinzenta) e abscesso pulmonar


metapneumônico. À esquerda nota-se consolidação do parênquima pulmonar em toda a
extensão do lobo. Notar a cor branco-amarelada caracterizando a fase de hepatização
cinzenta. No pulmão à D. nota-se abscesso metapneumônico (exemplo de necrose
liquefativa). Observar a consolidação do parênquima circunjacente caracterizando um
processo pneumônico e o espessamento da pleura (pleurite fibrinopurulenta).

117-R Cavernas tuberculosas apicais. Tuberculose ácino-nodosa. Observar em ambos


os pulmões caverna apical com superfície interna anfractuosa. A necrose caseosa (áreas
esbranquiçadas) desenha a estrutura acinar ou, mais freqüentemente, apresenta-se em forma
de nódulos de diferentes tamanhos difusamente esparsos.

118-R Tuberculose acinosa e ácino-nodosa. A forma acinosa é nitidamente observada no


pulmão à E. Em certos trechos, a distribuição da necrose caseosa lembra folhas de trevo. À
D. o comprometimento é predominantemente em forma nodosa (nódulos de diferentes
tamanhos difusamente esparsos).

120-R Caverna tuberculosa. Tuberculose lobar. Na porção média de um dos lados nota-
se volumosa caverna de superfície interna anfractuosa. Logo abaixo notar a consolidação em
toda a extensão do lobo (pneumonia tuberculosa lobar) e o intenso espessamento da pleura.

70-C Infarto agudo do miocárdio roto. Notar a área de necrose coagulativa que acomete
toda a espessura do miocárdio e a hemorragia epicárdica conseqüente.

163-OH Anemia falciforme. A medula óssea da tíbia (peça superior) e da coluna vertebral
(peça do meio) mostra-se de tonalidade vermelha muito intensa. Notar a extrema redução de
volume (atrofia) do baço junto à cauda do pâncreas (à direita da peça inferior) decorrente de
isquemia secundária a tromboses (falcização de hemácias).
AULA 02 ISQUEMIA. HIPEREMIA. HEMORRAGIA.

I- ISQUEMIA

A. Definição
B. Macro e micro
C. Causas: - obstrução arterial por obstáculo na luz;
- espasmo arterial;
- compressão externa da parede arterial
D. Conseqüências: atrofia e necrose

II- HIPEREMIA

A. Definição
B. Hiperemia ativa
1. Causas: -fisiológicas;
-por circulação colateral;
-agentes mecânicos;
-agentes físicos;
-agentes químicos;
-agentes biológicos
2. Patogênese

C. Hiperemia passiva (congestão)


1. Causas: -locais intrínsicas (ex.: oclusão vascular);
-extrínsicas (ex.: compressão vascular);
-gerais (ex.: ICC)

2.Conseqüências:
a) circulação colateral;
b) alteração do metabolismo celular (esteatose, atrofia e necrose);
c) edema;
d) hemorragia

3. Estase: é uma forma de hiperemia passiva em que há modificação da composição do


sangue, isto é, só as hemácias permanecem no vaso tendo sido extravasados o plasma e os
glóbulos brancos. Só ocorre nos capilares e caracteriza-se pela formação de uma coluna de
hemácias.

III- HEMORRAGIA

A. Definição
B.
B. Classificação: -capilar, venosa, arterial e cardíaca;
-externa e interna;
-por rexe ou por diapedese

C. Significado dos termos: epistaxe, hemoptise, hematêmese, melena, hematúria,


hemopericárdio, hemotórax, hemoperitônio, hematoma, petéquias, equimoses e
púrpura.

D. Parada da hemorragia (hemostase).


E. Significado clínico da hemorragia: está na dependência da quantidade de sangue
perdido, o local e a velocidade da perda.

ISQUEMIA. HIPEREMIA. HEMORRAGIA.

Texto: Izilda A. Cardinalli

A circulação do sangue depende do funcionamento coordenado do coração (bomba


que impulsiona o sangue), dos vasos de grande e médio calibres (distribuidores de
sangue), e da microcirculação (responsável por levar o sangue aos tecidos).
Neste capítulo serão estudados os distúrbios locais da circulação. São considerados
distúrbios locais da circulação, comuns a diferentes doenças, a isquemia, hiperemia,
hemorragia, trombose e embolia.

I- ISQUEMIA

A. Definição: É a diminuição ou supressão total da quantidade de sangue arterial em


certa área do corpo, recebendo as designações isquemia relativa à diminuição e
isquemia absoluta a supressão.

B. Macroscopia: A parte isquêmica apresenta-se pálida, diminuída de volume e fria.

Microscopia: Menor número de capilares permeáveis e estreitamento da luz das


arteríolas e dos capilares. A velocidade sangüínea, porém, está aumentada, como
acontece com a água que flui do bico estreitado de uma mangueira de jardim.

C. Causas: - obstrução arterial por obstáculo na luz;


- espasmo arterial;
- compressão externa da parede arterial

A obstrução arterial por obstáculo na luz é a causa mais frequente, sendo o obstáculo
na luz formado por trombo ou êmbolo.
O espasmo é uma contração transitória da musculatura da artéria, com redução ou
fechamento da luz. É produzido por estímulos de nervos vasoconstritores. No homem, o
espasmo é importante nos seguintes vasos: artérias periféricas como na síndrome de
Raynaud, provocada por estímulo emocional ou pelo frio em pessoas a ele mais sensíveis e
caracterizada por palidez, entorpecimento dos dedos, podendo haver até necroses; artérias
coronárias provocando angina de peito e infarto do miocárdio; em artérias cerebrais causando
perturbações da consciência e desmaio. Os espasmos são de mecanismo complexo. Surgem
espontaneamente em artérias lesadas pela aterosclerose, podendo ter papel causal o tabaco
(vasoconstrição pela nicotina e pela hipoxemia devida ao CO), emoção intensa, etc. O
desmaio por isquemia cerebral pode ser provocado por dor intensa, grande susto ou por
esvaziamento brusco de derrame pleural, com afluxo grande de sangue na região pela
descompressão e queda da pressão arterial.
Também pode produzir isquemia a compressão externa da parede arterial por tumores
e hematomas.
Outra causa de isquemia é a desproporção entre o leito arterial e a massa de tecido a
ser irrigada. Isto é verificado no coração, quando este se hipertrofia e atinge um peso acima
de 500 g. Aí, a quantidade de sangue que passa na luz das artérias coronárias é insuficiente
para nutrir o miocárdio, principalmente quando este for mais solicitado, como, por exemplo,
durante maior esforço físico (insuficiência coronária relativa).

C. Consequências: atrofia e necrose

A isquemia causa necrose (se a irrigação cessar e não se formar ATP), ou atrofia (se a
irrigação for deficitária).

II- HIPEREMIA

A. Definição
B. Hiperemia ativa
1. Causas: - fisiológicas;
- por circulação colateral;
- agentes mecânicos;
- agentes físicos;
- agentes químicos;
- agentes biológicos
2. Patogênese

C. Hiperemia passiva (congestão)


1. Causas: - locais intrínsicas (ex.: oclusão vascular);
- extrínsicas (ex.: compressão vascular);
- gerais (ex.: ICC)

2. Conseqüências:
a) circulação colateral;
b) alteração do metabolismo celular (esteatose, atrofia e necrose);
c) edema;
d) hemorragia

3. Estase: é uma forma de hiperemia passiva em que há modificação da composição do


sangue, isto é, só as hemácias permanecem no vaso tendo sido extravasados o plasma e os
glóbulos brancos. Só ocorre nos capilares e caracteriza-se pela formação de uma coluna de
hemácias.

III- HEMORRAGIA

A. Definição
B. Classificação: capilar, venosa, arterial e cardíaca;
externa e interna;
por rexe ou por diapedese
C. Significado dos termos: epistaxe, hemoptise, hematêmese, melena, hematúria,
hemopericárdio, hemotórax, hemoperitônio, hematoma, petéquias, equimoses e púrpura.
D. Parada da hemorragia (hemostase)
E. Significado clínico da hemorragia: está na dependência da quantidade de sangue
perdido, o local e a velocidade da perda.
AULA PRÁTICA

L.07 Fragmento de pulmão revelando vasos dilatados e ricos em hemácias. Às vezes,


observam-se hemácias extravasadas na luz alveolar.

L.07 Hiperemia passiva pulmonar.

L.48 Examinar o corte de fígado. Observa-se intensa dilatação sinusoidal com grande número
de hemácias representadas notadamente na porção centro-lobular onde formam verdadeiros
lagos de hemácias. Nesta porção (centro-lobular) observa-se também esteatose
caracterizada pelo aspecto vacuolado dos hepatócitos.

L.48 Hiperemia passiva hepática.


L.09 Fragmento de apêndice vermiforme, mostrando vasos dilatados e ricos em hemácias
notadamente na serosa.

L.09 Hiperemia ativa: apendicite aguda.

PEÇAS ANATÔMICAS

74-C Aneurisma dissecante da aorta torácica ascendente. Observar a delaminação


(hemorragia) da aorta na sua porção ascendente. O coágulo sangüíneo separa a parede em
duas metades. Há nítida hipertrofia do miocárdio ventricular E.

79-C Infarto agudo roto do miocárdio (à esquerda). Infarto antigo do miocárdio (à


direita). À esquerda há necrose em toda a espessura do miocárdio com presença de nítido
pertuito entre a cavidade ventricular esquerda e o epicárdio (hemorragia). À direita há área
com afilamento do miocárdio e espessamento fibroso do endocárdio (cor branca leitosa).
Notar a discreta dilatação aneurismática e o trombo parietal não saliente.

72-U Nefrosclerose arteriolar benigna. Observar a redução de volume dos rins e a


granulação da superfície externa. Na superfície de corte dos rins nota-se estreitamento da
cortical e lipomatose do seio renal. A hemorragia cerebral por hipertensão localiza-se na ponte
e o sangue inunda o 4o ventrículo.

91-SN Hemorragia cerebral por hipertensão. As peças mostram a localização mais


freqüente (núcleos da base) de hemorragia cerebral por hipertensão. O sangue inunda os
ventrículos laterais e o 4o ventrículo (peça do meio).

92-SN Hematoma subdural. Hemorragia subaracnóidea. Na peça à esquerda o sangue


está acumulado na convexidade dos hemisférios cerebrais e abaixo da dura-máter. Na peça
à direita localiza-se na base do encéfalo e abaixo da aracnóide.

94-D Congestão passiva crônica do fígado. Cirrose biliar. Notar na superfície de corte do
fígado de cima o aspecto de "noz moscada". No fígado de baixo observar a tonalidade
esverdeada e a granulação da superfície externa (cirrose biliar).
AULA 03 TROMBOSE

A. Definição

B. Coagulação normal (hemostasia normal): há um equilíbrio entre os substratos pró-


coagulantes e anticoagulantes.

protombina vit.K (figado)


tromboplastina (plaquetas e tecidos)
fator 8 plaquetário
sais de cálcio

trombina
fibririogêneo (fígado) Fibrina sistema fibrinolítico
(plasminogênio, plasmina)

C. Classificação dos trombos: - hialinos;


- vermelhos (geralmente em veias);
- brancos (geralmente em artérias);
- mistos.

D. Localização mais freqüentes dos trombos: - veias dos membros inferiores;


- auriculetas de coração insuficientes;
- endocárdio inflamado.

E. Causas de trombose: - alteração da parede vascular;


- alteração do fluxo sangüíneo normal
(retardamento ou turbulência);
- alterações na composição do sangue
(hipercoaguabilidade).

F. Conseqüências da trombose:
1. Em artérias: isquemia relativa ou absoluta com conseqüente atrofia ou necrose,
(infarto).
2.Em veias: hiperemia passiva e edema.
3.Embolia.

G. Evolução dos trombos: - organização.


- calcificação.
- amolecimento asséptico.
- amolecimento séptico
PRÁTICA

L. 10 Fragmento de pele da região anal notando-se veias dilatadas (hemorróidas) com


trombos vermelhos.

L. 10 Trombos oclusivos recentes: hemorróidas

L.11 Segmentos tubulares (vasos) cortados transversalmente com trombos vermelhos


oclusivos em organização. Esta última é representada pela neofarmação de pequenos vasos
numa tentativa de recanalização das veias ocluídas.

L. 11 Trombo oclusivo em organização

PEÇAS ANATÔMICAS

79-C Infarto agudo roto do miocárdio (à esquerda). Infarto antigo do miocárdio (à


direita). À esquerda há necrose em toda a espessura do miocárdio com a presença de nítido
pertuito entre a cavidade ventricular esquerda e o epicárdio. À direita há área com afilamento
do miocárdio e espessamento fibroso do endocárdio (cor branca leitosa). Notar a discreta
dilatação aneurismàtica e o trombo parietal não saliente
AULA 04

EMBOLIA E INFARTO.

I - EMBOLIA

A. Definição

B. Classificação conforme a natureza do êmbolo: - trombo.


- gotículas de gordura.
- gases.
- corpos estranhos diversos.
- células.
- tecidos.

C. Conseqüências: - isquemia ou infarto;


- difusão de infecções ou de células neoplásicas;
- embolia pulmonar;
- embolia sistêmica (cérebro, membros inferiores, baço rins, etc).

II-INFARTO

A. Definição

B. Classificação:
1. Anêmico: ocorre com oclusão arterial em tecidos sólidos (ex.:coração, baço e
rins).

2. Hemorrágico: ocorre com oclusão venosa, em tecidos frouxos, em tecidos com


circulação dupla e em tecidos previamente congestos (ex. pulmão).

C. Tipos de necrose no infarto: coagulativa e liquefativa

D. Extensão do infarto. Depende:


1. Estado geral do sangue e do sistema cardiovascular;
2. Padrões anatômicos de suprimento arterial;
3. Velocidade de desenvolvimento da oclusão;
4. Vulnerabilidade do tecido à isquemia.

E. Evolução dos infartos: - cicatrização;


- calcificação;
- amolecimento asséptico;
- amolecimento séptico (abscesso).

F. Significado clínico do infarto.


PRÁTICA

L.04 Cortes histológico de pulmão onde observa-se área de infarto que é caracterizada pela
perda dos núcleos (parênquima com aspecto "fantasma"). Margeando o infarto observa-se
afluxo de leucócitos neutrófilos indicando infecção secundária por desvitalização do tecido.

L.04 Infarto pulmonar

PEÇAS ANATÔMICAS

79-C Infarto agudo roto do miocárdío (à esquerda). Infarto antigo do miocárdio (à


direita). À esquerda há necrose em toda a espessura do miocárdio com presença de nítido
pertuito entre a cavidade ventricular esquerda e o epicárdio. À direita ha área com afilamento
do miocárdio e espessamento fibroso do endocárdio (cor branca leitosa). Notar a discreta
dilatação aneurismática e o trombo parietal não saliente.

70-C Infarto agudo do miocárdio roto. Notar a área de necrose que acomete toda a
espessura do miocárdio e a hemorragia epicárdica consequente.
AULA 05

A- ARTERIOSCLEROSE
Significado do termo

B- ARTERIOSCLEROSE DA CAMADA MÉDIA (esclerose de Mönckeberg)

C- ARTERIOSCLEROSE DA CAMADA ÍNTIMA OU ATEROSCLEROSE

1- DEFINIÇÃO: Acomete artérias de grande ou médio calibre sendo a lesão básica a placa
ateromatosa ou ateroma.

2- FREQÜÊNCIA E DISTRIBUIÇAO GEOGRÁFICA

3- FATORES CAUSAIS:

Muito importantes

a) Hipercolesterolemia: Há maior risco com elevação de lipoproteínas de


baixa densidade (LDL) as quais são responsáveis pelo transporte de cerca de 70% do
colesterol total sérico. O risco é inversamente proporcional ao nível de lipoproteínas de alta
densidade (HDL), provalvelmente, pelo fato destas ajudarem a remover o colesterol das
placas ateroscleróticas.
b) Hiperlipidemia
c) Hipertensão Arterial
d) Fumo
e) Diabete melito

Importantes

a) Hipercolesterolemia familial (defeito hereditário): nesta doença há redução


de receptores para LDL ao nível dos hepatócitos onde ocorre o seu catabolismo; resulta
elevação de LDL com conseqüente aumento dos níveis de colesterol que se acumula no
sistema mononuclear fagocitário (SMF) e, possivelmente, parede vascular predispondo à
aterosclerose.

Hipercolesterolemia familial
diminuição de diminuição do aumento das acúmulo de predispos.
receptores para LDL catabolismo LDL e do colest. no SMF aterosclerose
nos hepatócitos das LDL colest. plasm. parede vasos

b) Predisposição Familiar
c) Senilidade
d) Vida Sedentária ou STRESS
e) Obesidade
f) Uso de Contraceptivos Orais

4- Macro: Lipoidose, placas ateromatosas, ateroma


5- Micro:
a) Alterações Progressivas: Proliferação de tecido conjuntivo denso, fibras
musculares lisas (provenientes da camada muscular) e macrófagos (provenientes dos
monócitos do sangue).
b) Alterações Regressivas: Necrose celular, acúmulo de colesterol extra e
intracelular (macrófagos) e presença de fendas de cristais de colesterol.
6- Complicações: Necrose, calcificação, hemorragia, ulceração, trombose, alteração da
limitante elástica e da camada média podendo resultar em aneurismas.
7-Principais localizações da aterosclerose e conseqüências das complicações:

aa. cerebrais - AVC ISQUEMICO


aa. coronárias - CARDIOPATIA ISQUÊMICA, INFARTO DO MIOCÁRDIO
aorta - ANEURISMA, TROMBOSE, EMBOLIA
aa. renais - HIPERTENSÃO RENOVASCULAR
aa. membros infer. - GANGRENA
aa. mesentéricas - INFARTO INTESTINAL

8- Patogênese

a) Teoria da reação à lesão. A lesão pode ocorrer por trauma físico ou químico,
hiperlipidemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS), fumo ou diabete melito. Haveria um
aumento da permeabilidade a constituintes plasmáticos incluindo lípides com adesão de
plaquetas e monócitos ao endotélio ou conjuntivo subendotelial. Fatores derivados das
plaquetas e monócitos ( ex. fator de crescimento derivado das plaquetas ) induzem a migração
de fibras musculares lisas da média à íntima com proliferação.
Os macrófagos provenientes dos monócitos acumulam lípides tornando-se células
espumosas.

b) Outras teorias: Teoria trombogênica / teoria da lesão da camada média

TEORIA DA REAÇÃO À LESÃO


+ Trauma físico liberação proliferação
ou químico aumento adesão fator de fibras musculares
+ Hipercolesterolemia permeabilidade plaquetas e crescimento lisas e acúmulo
+ H.A.S. vascular a lípides monócitos derivados das de lípides em
+ Fumo plaquetas macrófagos
+ Diabete melito

D- ARTERIOLOSCLEROSE

1- TIPOS: Hialina e Hiperplásica

2- Arteriolosclerose Hialina
a) Morfologia
b) Patogênese
c) Principais causas: H.A.S. e Diabete Melito

3- Arteriolosclerose Hiperplásica
a) Morfologia
b) Patogênese
c) Principais causas: Hipertensão Arterial Malígna
PRÁTICA

L.13 Aterosclerose. Na íntima espessada (porção mais clara do fragmento) notam-se fendas
vazias de cristais de colesterol. As fendas estão vazias porque os cristais se dissolvem
durante o processamento histológico da lâmina. Notar também presença de macrófagos de
citoplasma claro em consequência da fagocitose de lípides.

L. 13 Paca de ateroma

L.15 Cortes histológicos de rim onde observa-se o espessamento da parede de vasos as


custas de uma hiperplasia.

L. 15 Arteriolosclerose hiperplásica

PEÇAS ANATÔMICAS

75-C Aneurisma aterosclerótico da aorta. Ao longo da aorta e das ilíacas comuns


observam-se placas ateroscleróticas. Junto á bifurcação das artérias ilíacas comuns há
dilatação aneurismática com trombose parietal.
71-C Aneurisma aterosclerótico da aorta. Placas ateroscleróticas, algumas ulceradas, ao
longo da aorta torácica (peça à direita) e abdominal (peça à esquerda). Junto à bifurcação das
artérias ilíacas comuns (também com placas ateroscleróticas) nota-se aneurisma fusiforme
com trombose parietal.
AULA 06

PATOLOGIA GERAL DA RESPIRAÇÃO E DO ESTADO DE CHOQUE

I - PATOLOGIA GERAL DA RESPIRAÇÃO

A. Hipóxia e anóxia

B. Causas

1. Decorrentes de distúrbios da respiração externa


a) obstrução das vias respiratórias;
b) rarefação do ar;
c) diminuição da capacidade vital dos pulmões

2. Decorrentes de distúrbios da respiração interna


a) carência de 02 no tecido (ex.: choque);
b) carência de substrato;
c) inibição enzimática tóxica; etc.

II-CHOQUE

A. Definição: é um distúrbio hemodinâmico metabólico profundo produzido por qualquer


agressão maciça no corpo como, por exemplo, hemorragia profusa, trauma, infarto,
septicemia, etc.

B. Manifestações clínicas: hipotensão, pulso débil e filiforme, pele fria e úmida, taquicardia,
alterações da respiração e da sensibilidade, cianose periférica e oligúria. Clinicamente o
choque pode ser classificado em fases: compensada, descompensada e irreversível.

C. Patogênese: há insuficiência circulatória com baixa perfusão. Como resultado, o aporte


de oxigênio e nutrientes para a célula e a remoção de produtos catabólicos estão diminuídos.
A hipóxia celular provoca uma mudança no metabolismo que de aeróbico passa a anaeróbico
resultando acúmulo de lactato com diminuição do pH, consequente acidose metabólica.

D. Classificação:

1. Choque cardiogênico
Causas: infarto agudo do miocárdio, tamponamento cardíaco, etc.
Patogênese: diminuição do débito cardíaco.

2. Choque hipovolêmico
Causas: hemorragia e perda de fluidos (vômitos, diarréia, queimaduras, etc.)
Patogênese: diminuição do volume sangüíneo ou plasmático.

3. Choque séptico
Causas: septicemia por Gram- negativos ou positivos
Patogênese: vasodilatação periférica com represamento sangüíneo; lesão de
membrana celular e de células endoteliais resultando coagulação intravascular disseminada;
possível ação de endotoxinas bacterianas ativando macrófagos/monócitos com liberação de
TNF-alfa (fator de necrose tumoral); este liberaria os mediadores farmacológicos das lesões:
prostaglandinas, leucotrienes, fator de ativação plaquetária e interleucina-l.

4. Choque neurogênico
Causas: anestesia, lesão da medula espinal, etc.
Patogênese: vasodilatação periférica com represamento sangüíneo.

E. Macro e Micro

Cérebro: alterações degenerativas anóxicas dos neurônios.

Coração: hemorragias e necrose subepicárdicas e subendocárdicas.

Pulmão: "pulmão de choque " ou angústia respiratória do adulto", superfície de corte


mostrando parênquima de cor vermelho e aspecto compacto difusamente; exsudato seroso
intra-alveolar, membranas hialinas e fibrose septal em fases prolongadas.

Rim: aumentado de volume; superfície de corte mostrando palidez da cortical


contrastando com medular hiperemiada; necrose tubular aguda evoluindo com insuficiência
renal aguda (IRA).

Supra-renal: focos de necrose e depleção lipidica devido ao "stress".

Fígado: necrose centrolobular.

Trato gastrintestinal: necrose hemorrágica superficial (mucosa).


PRÁTICA

L.04 Cortes histológico de pulmão onde observa-se área de infarto que é caracterizada pela
perda dos núcleos (parênquima com aspecto "fantasma"). Margeando o infarto observa-se
afluxo de leucócitos neutrófilos indicando infecção secundária por desvitalização do tecido.

L.04 Infarto pulmonar

PEÇAS ANATÔMICAS

70-C Infarto agudo do miocárdio (causa de choque cardiogênico). Notar a área de


necrose que acomete toda a espessura do miocárdio e a hemorragia apicárdica conseqüente.
AULA 07

DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DE PIGMENTOS: TATUAGENS, ANTRACOSE,


PNEUMOCONIOSES, MELANINA E LIPOFUSCINA.

A Tatuagens

B. Antracose

C. Pneumoconioses
1. Causas
2. Macro e Micro
3. Patogênese
4. Conseqüência

D. Melanina

E. Lipofuscina
PRÁTICA

L-07 Fragmento de pulmão notando-se pontos pretos esparsos constituídos de pigmento


antracótico.

L-07 Antracose pulmonar

L.35 Fragmento de pele notando-se no derma agrupamento de células névicas delas,


notadamente as mais superficiais, ricas em pigmento melânico.

L. 35 Melanina: nevo intradérmico


PEÇAS ANATÔMICAS

107-R Pneumonia lobar (fase de hepatização cinzenta) e abscesso pulmonar


metapneumônico. À esquerda nota-se consolidação do parênquima pulmonar em toda a
extensão do lobo. Os pontos enegrecidos difusamente esparsos correspondem a deposição
de pigmento antracótico. Notar a cor branco-amarelada caracterizando a fase de hepatização
cinzenta. No pulmão à direita, nota-se abscesso metapneumônico. Observar a consolidação
do parênquima circunjacente caracterizando um processo pneumônico e o espessamento da
pleura (pleurite fibrinopurulenta)
AULA 08

DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DE PIGMENTOS: BILIRRUBINA, ICTERÍCIA,


HEMOSSIDERINA HEMOGLOBINA E PIGMENTO ESQUISTOSSOMÓTICO

A Bilirrubina

B. Icterícia

Classificação:

1. Segundo o local anatômico do distúrbio


a) pré-hepática (ou hemolítica)
b).hepática (hepatocelular ou parenquimatosa)
c) pós-hepática (obstrutiva ou colestática)

2. Segundo o tipo de hiperbilirrubinemia


a) indireta
b) direta

3. Segundo o mecanismo patogenético


a) superprodução
b) distúrbio do hepatócito na captação e transporte
c) distúrbio de hepatócito na conjugação
d) distúrbio do hepatócito na secreção
e) obstrução ao fluxo da bile

C. Hemossiderina Hemossiderose:

D. Hemoglobina

E. Pigmento esquistossomótico
PRÁTICA
L.07 0 pigmento de hemossiderina (cor pardo-amarelada) está presente no citoplasma de
macrófagos agrupados no interior de alvéolos. Não confundir o pigmento de antracose (cor
preta).

L.07 Hemossiderina: pulmão (congestão passiva crônica)

L.22 Fragmento de fígado com esquistossomose (ovos e vermes). Notar o pigmento marrom-
escuro esparso.

L.22 Pigmento esquistossomótico

PEÇAS ANATÔMICAS

94-D Congestão passiva crônica do fígado. Cirrose biliar. Notar na superfície de corte do
fígado de cima o aspecto de "noz moscada". No fígado de baixo observar a tonalidade
esverdeada pigmento biliar e granulação da superfície (cirrose biliar).
AULA 09

MECANISMO DE DEFESA INATOS E ADAPTATIVOS. INFLAMAÇÕES AGUDAS.

I - MECANISMOS DE DEFESA INATOS


1. Defesa mecânica
2. Defesa humoral
3. Defesa celular (inflamação)

II - MECANISMOS DE DEFESA ADAPTATIVOS


1. Humoral
2. Celular

III - INFLAMAÇÕES
Causas
Alterações celulares ou teciduais
Classificação quanto à evolução

A - INFLAMAÇÕES AGUDAS
1. Sinais clínicos locais
2. Alterações hemodinâmicas
3. Classificação conforme a constituição do exsudato

TEXTO
Dr. Athanase Billis

TEXTO

Os mecanismos de defesa - também chamados mecanismos imunes - permitem que


o organismo tenha imunidade (lat. immunitas), isto é, fique livre de doenças causadas por
agentes físicos, químicos ou vivos (bactérias, parasitas, vírus, etc). São de dois tipos
principais: inatos e adaptativos.

I- MECANISMOS DE DEFESA INATOS

Constituem a primeira linha de defesa do organismo podendo ser de natureza:


mecânica: (ex.: pele; epitélio de mucosas; cílios), humoral (ex.: sistema complemento;
intérferons; produtos secretados pelas mucosas - mucoproteinas, IgA, lisozima) e celular (ex.:
neutrófilos; monócitos; eosinófilos; linfócitos; basófilos; células do sistema mononuclear
fogocitário - ou SER). O mecanismo de defesa inato celular constitui a inflamação.

II- MECANISMO DE DEFESA ADAPTATIVOS

Neste tipo de defesa do organismo a resposta deve ser elaborada através do


conhecimento de antígenos podendo ser humoral ou celular. A resposta humoral faz-se
através da elaboração de anticorpos específicos estando envolvidos os linfócitos B (bursa
dependentes) que se diferenciam em plasmócitos para a produção de anticorpos; a celular
faz-se através de células imunologicamente competentes destacando-se os macrófagos e os
linfócitos T (timo dependentes).
Admite-se que cada linfócito T ou B seja específico para um determinado antígeno.
Assim sendo, é preciso que haja proliferação destas células (expansão clonal) para que os
anticorpos ou as células imunologicamente competentes sejam produzidos em número
suficiente. Esta proliferação de linfócitos T ou B ocorre por liberação de substâncias
denominadas linfocinas, por parte de uma subpopulação de linfócitos T (linfócitos
auxiliares/indutores, CD4). Observa-se com isso que há uma inter-relação entre os sistemas
humoral e celular havendo também a necessidade de um certo tempo para que a defesa
adaptativa, seja elaborada (em geral alguns dias).
Deve-se salientar outrossim que há uma íntima inter-relação entre os mecanismos de
defesa inatos e adaptativos: o sistema complemento pode ser ativado não apenas pela
presença de um organismo como também por anticorpos elaborados durante uma resposta
de defesa adaptativa humoral; os macrófagos são células importantes não apenas nos
mecanismos de defesa inatos mas também como apresentadores de antígenos nos
mecanismos de defesa adaptativos humorais e celulares.

III- INFLAMAÇÕES

Podem causar inflamação agentes físicos, químicos e uma infinidade de agentes vivos
bactérias, parasitas, vírus, etc. 0 meio ambiente que nos rodeia é extremamente hostil e a
inflamação constitui a primeira linha de defesa. Em decorrência do processo inflamatório pode
haver lesão ou mesmo morte de células e tecidos. Se um dia todos os agentes agressivos
fossem erradicados, a "energia" (entenda-se "dinheiro" se a comparação for feita com o
orçamento de um país destinado para fins militares) gasta nos mecanismos de defesa do
organismo poderia ser aplicada apenas no bom funcionamento das células, tecidos e órgãos;
quem sabe, assim, a nossa vida se esticasse um pouquinho!
Quanto à evolução as inflamações classificam-se em agudas e crônicas.

A - INFLAMAÇÕES AGUDAS

1- Sinais clínicos locais

Os quatro sinais cardinais da inflamação aguda - rubor, tumor, calor e dor são conhecidos
desde a Antiguidade tendo sido descritos por Cornelius Celsus no século 1, AD.

2. Alterações hemodinâmicas

O processo inflamatório determina aumento do fluxo sanguíneo com vasodilatação


resultando em aumento da permeabilidade. Este último pode ser de três padrões: imediato -
ocorre sob efeito da liberação de histamina, serotonina e bradicinina (ex.: erupções alérgicas);
imediato-sustentado todos os níveis da microcirculação são afetados: arteríolas, capilares e
vênulas (ex.: queimadura grave); retardado-sustentado - ocorre por lesão nos capilares e
vênulas (ex.: radiações ionizantes; queimaduras de sol).

3. Classificação conforme a constituição do exsudato

As alterações hemodinâmicas nos processos inflamatórios determinam


extravasamento de plasma e células formando o exsudato. Conforme a constituição do
exsudato as inflamações agudas podem ser: serosas, hemorrágicas, purulentas, fibrinosas e
necrosantes (ou pseudomembranosas).
A inflamação serosa caracteriza-se por exsudato rico em plasma e poucas células
inflamatórias (ex.: lesões bolhosas na pele causadas por vírus; inflamação da mucosa nasal
no resfriado comum; fase inicial de inflamações purulentas; etc.)

Na inflamação hemorrágica o exsudato é rico em hemácias o que lhe confere a cor


vermelho (ex: processos inflamatórios em que haja lesão vascular).

Nas inflamações purulentas o exsudato constitui o pus. Este é formado piócitos isto
é, leucócitos degenerados (ex: apendicite aguda; meningite bacteriana; etc.). 0 abscesso é
uma inflamação purulenta circunscrita com necrose liquefativa do tecido (ex.: furúnculo). No
empiema há um acúmulo de pus em cavidades previamente existentes (ex.: empiema
pleural). 0 flegmão é uma forma de abscesso porém não delimitado, extendendo-se
difusamente entre os tecidos (ex.: apendicite aguda flegmonosa).

A inflamação fibrinosa caracteriza-se por exsudato, rico em plasma incluindo


fibrinogênio havendo precipitação de massas de fibrina (ex. : pericardite fibrinosa).

Nas inflamações necrosantes (ou pseudomembranosas) o agente agressor


determina predominantemente necrose tecidual com presença de poucas células
inflamatórias. Em mucosas, quando a necrose é mais superficial denomina-se difteróide (ex.:
amigdalite diftérica) e quando mais profunda crostosa (ex.: colite pseudomembranosa).

O exsudato pode também ser misto: sero-hemorrágico, fibrino-purulento, necro-


hemorrágico etc.

PRÁTICA

L.18 0 fragmento de cérebro mostra intenso exsudato purulento no espaço sub-aracnoideo


que está alargado. Identificar no exsudato os neutrófilos (células com núcleos trilobados). Os
vasos sanguíneos mostram hiperemia ativa caracterizada por dilatação e presente de grande
número de hemácias.

L.18 Leptomeningite aguda fibrinopurulenta: (exemplo de inflamação aguda


fibrinopurulenta).
L-05 Parênquima renal notando-se exsudato purulento em áreas difusamente esparsas no
interstício, não raro, formando abscessos.

L. 05 Pielonefrite aguda abscedida. (Micro abscesso renal)

L. 09 0 apêndice vermiforme mostra intenso exsudato purulento difusamente esparso em


todas as camadas da parede. Na camada muscular, os neutrófilos permeiam as fibras
musculares lisas difusamente caracterizando um flegmão. Notar também a hiperemia ativa
dos vasos sangüíneos.

L. 09 Apendicite aguda purulenta ulcero flegmonosa (exemplo de inflamação aguda


purulenta com formação de flegmão).

PEÇAS ANATÔMICAS

80-C Pericardite fibrinosa. 0 epicárdio apresenta-se rugoso à semelhança do que se


observaria ao se destacar as duas fatias de pão com manteiga.
AULA 10
INFLAMAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS INESPECÍFICAS

A. INFLAMAÇÕES AGUDAS (continuação)


4. Eventos celulares
5. Mediadores químicos da inflamação
6. Fatores que modificam o processo inflamatório
7. Efeitos sistêmicos

B. INFLAMAÇÕES CRÔNICAS INESPECÍFICAS


1. Ocorrência
2. Características histológicas
3. Exemplos

TEXTO

AS INFLAMAÇÕES AGUDAS

4. Eventos celulares

O acúmulo de leucócitos principalmente neutrófilos e monócito constitui a


característica mais importante da reação inflamatória aguda. Por analogia seriam os soldados
da primeira linha de combate. Os leucócitos servem para aprisionar e degradar - bactérias,
complexos imunes e detritos das células necróticas. Esta destruição e/ou degradação se faz
no interior dos leucócitos através do fagolisossomos como também através da liberação
extracelular de produtos leucocitários - enzimas lisossomais, metabólitos ativos derivados do
oxigênio e produtos do metabolismo do ácido araquidônico.
Vejamos agora como se faz o deslocamento dos leucócitos do interior dos vasos
sanguíneos até o agente agressor.

Marginação e adesão. Normalmente os leucócitos ocupam a porção central e o


plasma a porção periférica da corrente sanguínea. Em processos inflamatórios os leucócitos
passam a ocupar a porção periférica e, ao mesmo tempo, precisam aderir à parede vascular
permanecendo assim ao local inflamado. Admite-se que existem proteínas promotoras de
adesão tanto nos leucócitos como também nas células endoteliais. Estas proteínas seriam
estimuladas por produtos bacterianos, fragmentos do sistema complemento ativado como
c5a, etc.

Diapedese ou emigração. Corresponde ao processo através do qual os leucócitos


escapam dos vasos sanguíneos e dirigem-se em direção aos agentes agressores. Em geral,
os primeiros leucócitos que atingem os patógenos são os neutrófilos que predominam nos
tecidos inflamados durante as primeiras 6-24h; em seguida os monócitos que predominam
24-48h seguintes. Fazem exceção as infecções virais nas quais, mesmo nas fases iniciais,
predominam os linfócitos. Em infecções parasitárias e processos alérgicos observam-se
numerosos eosinófilos.

Quimiotaxia refere-se ao processo de atração dos leucócitos em direção aos agentes


agressores. Tanto substâncias exógenas como endógenas podem atuar como atraentes e
denominam-se fatores quimiotáticos. As principais substâncias quimiotáticas são: produtos
bacterianos componentes do sistema complemento particularmente o c5a; e produtos do
metabolismo do ácido araquidônico via lipoxigenase particularmente o leucotriene B4. Admite-
se que existam nos leucócitos receptores específicos para os diferentes agentes
quimiotáticos.

Fagocitose. 0 "corpo a corpo" no campo de batalha é feito pelos leucócitos através do


processo de fagocitose: inicialmente há o reconhecimento do agente agressor seguindo-se o
engolfamento do mesmo para posteriormente, já no interior do leucócito, haver a sua
destruição através de mecanismos bactericidas. Muitas vezes o reconhecimento de
bactérias e partículas estranhas se faz na ausência de soro, entretanto, na maioria das vezes
estes organismos ou partículas não são reconhecidos até que sejam envolvidos por fatores
séricos chamados opsoninas. Duas opsoninas são bem conhecidas: IgG e c3b. Este último é
chamado "fragmento opsonínico do c3"b é gerado pela ativação do sistema complemento por
mecanismos imunes ou não imunes. A ação das opsoninas dar-se-ia através de receptores
(Fc e c3b) presentes nos leucócitos.

O engolfamento das partículas agressoras se faz através da extensão do citoplasma


dos leucócitos que aprisionam as partículas estranhas no interior de vacúolos denominados
fogossomos. Estes últimos, ao se unirem aos lisossomos denominam-se fagolisossornos.
A destruição e/ou degradação ocorre no interior dos fagolisossomos através de mecanismos
bacterecidas dependentes ou independentes do oxigênio. Nos mecanismos dependentes
de oxigênio há formação de radicais de oxigênio tóxicos: superóxido (02), peróxido de
hidrogênio (H202)) e hidroxila (OH) Estes radicais são produzidos pela atividade de uma
variedade de enzimas oxidativas em diferentes locais das células: mitocôndrias, lisossomos,
peroxissomos e membrana plasmática. Uma vez exercidas as funções bactericidas a célula
inativa-os através de substâncias antioxidantes e enzimas: superóxido dismutase, catalase e
outras.

Entre os mecanismos bactericidas não dependentes de oxigênio podemos citar a


ação da lactoferrina e da lisozima (esta última hidrolisa o ácido murâmico presente nas
membranas de bactérias). Não devemos deixar de citar que, além dos mecanismos
bactericidas intracelulares, os leucócitos liberam no espaço extracelular potentes
mediadores vasculares e celulares da inflamação e de lesão tissular servindo para amplificar
os efeitos iniciais do estímulo inflamatório.

5 - Mediadores químicos da inflamação

São substâncias químicas que desencadeiam, controlam e modificam a inflamação.


Podem originar-se do plasma, de células ou possivelmente, dos próprios tecidos lesados.
Classificam-se nos seguintes grupos:

1. Aminas vasoativas (histamina e serotonina). No homem a histamina é armazenada


nos grânulos dos mastócitos, basófilos e plaquetas;

2. Proteases plasmáticas:
a) Sistema complemento (c3a, c5a e c5b-c9). As principais funções da ativação do
sistema complemento nos processos inflamatórios incluem aumento da permeabilidade
vascular (c3a e c5a, anafilatoxinas), quimiotaxia (c5a), opsonização antes da fagocitose
(c3b) e lise dos organismos alvo (c5b - c9 - complexo de ataque à membrana). A ativação
pela via clássica é iniciada pela fixação de um complexo antígeno- anticorpo; pela via
alternada, o c3 é ativado diretamente (contornando assim c1, c4 e c2) por endotoxinas
bacterianas, veneno de cobra, globulinas agregadas, etc.
b) Sistema da cinina (bradicinina e calicreína). A bradicinina aumenta a permeabilidade
vascular, causa contração de músculos lisos, dilatação dos vasos sanguíneos e dor quando
injetada na pele.
c) Sistema de coagulação fibrinolítico (fibrinopeptídios e produtos da degradação da fibrina).
0 passo final da cascata é a conversão do fibrogênio e fibrina pela ação da trombina.

3. Metabólitos do ácido araquidônico

a) Pela via cicloxigenase (prostaglandinas e tromboxane). No processo inflamatório


teriam função de vasoconstrição e vasodilatação.
b) Pela via lipoxigenase (leucotrienes). Teriam função de quimiotaxia e aumento da
permeabilidade vascular.

4. Constituintes Ilisossomais (protease neutras: colagenase, elastase, catepsina G,


etc.). Nos neutrófilos, as proteases neutras são encontradas nos granulos azurófilos e, quando
liberados, podem atacar o colágeno, a membrana basal, a fibrina, a elastina e a cartilagem,
resultando na destruição tecidual característica dos processos inflamatórios purulentos e
deformantes. Essas proteases são controladas por um sistema de antiproteases no soro e
nos líquidos teciduais. A mais importante delas é a alfa-1-antitripsina, que constitui o principal
inibidor da elastase neutrofílica.

5. Radicais livres derivados do oxigênio (superóxido, 02; peróxido de hidrogênio,


H202; e radicais hidroxila, OH. São elaborados nos neutrófilos e macrófagos podendo ser
liberados fora das células causando uma série de alterações. 0 soro, os líquidos teciduais e
as células-alvo possuem mecanismos protetores antioxidantes que detoxificam esses
radicais.

6. Fator ativador de plaquetas (PAF). É produzido em basófilos, mastócitos,


neutrófilos, monócitos, macrófagos, células endoteliais, plaquetas e outras fontes. Além da
agregação plaquetária determina vasodilatação com aumento da permeabilidade vascular,
adesão de leucócitos ao endotélio e quimiotaxia in vitro.

7. Citocinas. São substâncias produzidas por linfócitos e monócitos ativados,


denominados respectivamente linfocinas e monocinas. Desempenham importante papel nos
mecanismos de defesa adaptativos celulares mas, também, nos processos inflamatórios
notadamente duas citocinas: interleucina 1 (IL-I) e "fator de necrose tumoral ou caquectina
(TNF, do inglês tumor necrosis factor). O TNF causa lise de certas linhagens celulares
tumorais in vitro e necrose hemorrágica tumoral in vivo; o termo caquectina deriva do fato de
se admitir que o TNF seja responsável pela caquexia observada nos processos inflamatórios
crônicos e tumorais. A IL-1 e TNF são produzidos por macrófagos, linfócitos, células
endoteliais e muitas outras células. Têm 3 ações principais nas inflamações: nas células
endoteliais.

a) aumentam a aderência dos leucócitos; aumentam a síntese e liberação da


prostaglandina 12 que é um potente vasodilatador; aumentam a síntese da PAF; e aumentam
as propriedades pro-coagulantes e diminuem as propriedades anticoagulantes das células
endoteliais tornando a superfície endotelial potencialmente trombogênica.

b). na cura e reparo - aumentam a proliferação de fibroblastos e a síntese de colágeno;

c) nos efeitos sistêmicos das inflamações agudas - (V. adiante).

6 - Fatores que modificam o processo inflamatório


Estado de saúde. As pessoas já doentes ou debilitadas são mais susceptíveis às
infeções.
Algumas doenças, em particular, predispõem às infecções: síndrome nefrótica, diabete melito,
alcoolismo crônico, agrunulocitose, leucemias, AIDS, e outras. Os mecanismos envolvidos
nesta predisposição são vários e podem estar relacionados aos eventos celulares,
mediadores químicos, etc.

Distúrbios nutritivos. A desnutrição, notadamente proteica diminui a resistência aos


diferentes agentes patogênicos por deficiente formação de leucócitos, anticorpos e opsoninas.

Hormônios. Os corticosteróides são hormônios antiflogísticos diminuindo a


permeabilidade vascular e inibindo as respostas celulares e humorais nos processos
inflamatórios. Um dos grandes problemas nos pacientes transplantados é propensão às
infecções devido ao uso, em grande quantidade, de corticosteróides com o intuito de combater
a rejeição.

Fadiga. Nesta condição há stress e consequentemente liberação de corticosteróides


por parte da supra-renal diminuindo a resistência às infecções.

Ação de Medicamentos. Corticosteróides (Já citados), citostáticos e quimioterápicos


diminuem a resistência predispondo o organismo às infecções, em geral, causadas por
agentes oportunistas - Cândida albicans, Cryptococus neoformans, Pneumocystis carini
citomegalovirus etc.

Idade. Crianças e indivíduos mais velhos são predispostos a certas infecções; as


crianças por não terem ainda o sistema imunológico totalmente desenvolvido e os idosos por
terem a resistência diminuída e a imunecompetência comprometida.

7- Efeitos sistêmicos

Ocorrem na fase aguda das inflamações e incluem: febre; diminuição do apetite;


sonolência; aumento da degradação de proteínas; síntese de proteínas pelo fígado - proteína
C-reativa, amilóide sérico A, frações do complemento e proteínas coagulativas; leucocitose.
Esta última pode ocorrer às custas de neutrófilos (neutrofilia) quanto a infecção é bacteriana
ou às custas de linfócitos (linfocitose) quanto a infecção é causada por certos vírus. Em
infecções parasitárias é comum observarmos eosinofilia. Os mediadores principais dos efeitos
sistêmicos na fase aguda das inflamações são: a IL-1 e o TNF que são produzidos
principalmente pelos linfócitos, macrófagos e células endoteliais.

B- INFLAMAÇÕES CRÔNICAS INESPECÍFICAS

As inflamações crônicas inespecíficas podem ocorrer:


1. em virtude da persistência do estímulo causador de uma inflamação aguda;
2. por alguma interferência no processo normal de cicatrização;
3. por ataques repetidos de inflamação aguda;
4. insidiosamente como uma resposta de baixo grau, lenta e que nunca adquire
os aspectos clássicos da inflamação aguda.
As características histológicas são:

1. infiltração por células mononucleares (ou redondas) - macrófagos, plasmócitos e,


principalmente linfócitos.
2. proliferação de fibroblastos e, não raro, de pequenos vasos sanguíneos;
3. aumento de tecido conjuntivo - fibrose;
4. destruição tecidual e/ou deformidades, em certos casos.

Alguns exemplos de inflamações crônicas inespecíficas: salpingites e cervicites


crônicas inespecíficas, aortite sifilítica, miocardite crônica chagásica, etc.
PRÁTICA

L.19 Parênquima renal notando-se, em áreas, denso infiltrado inflamatório constituído


predominantemente por linfócitos (célula de núcleos arredondados, escuro e escasso
citoplasma).

L.19 Pielonefrite crônica (exemplo de inflamação crônica inespecífica).

L.20 Carte histológico de músculo cardíaco (miocárdio) observar de permeio às fibras


musculares cardíacas, infiltrado inflamatório focal constituído por linfócitos e associados a
esses plasmócitos.

L. 20 Miocardite crônica chagásica (exemplo de inflamação crônica inespecífica).

PEÇAS ANATÔMICAS

73- C Miocardite crônica chagásica. Notar a intensa cardiomegalia global às custas de


hipertrofia dos miocárdios ventriculares D. e E., e dilatação das respectivas cavidades.
AULA 11

REAÇOES CRONICAS GRANULOMATOSAS

1. Definição e exemplos
2. Constituição celular dos granulomas
3. Patogênese dos granulomas
a) Granulomas do tipo corpo estranho
b) Imunogranulomas

TEXTO

As reações granulomatosas caracterizam-se por provocar um padrão distinto de


reação inflamatória crônica que se caracteriza pela presença de granulomas. Em geral, as
moléstias granulomatosas têm início insidioso não se observando habitualmente a
sintomatologia clássica das inflamações agudas.

Algumas moléstias que cursam com reação granulomatosa:


1. causadas por bactérias: tuberculose, hanseníase, sífilis, salmonelose e brucelose;
2. causadas por vírus ou clamídias: doença da arranhadura do gato e linfogranuloma
venéreo;
3. causadas por helmintos: esquitossomose, triquiníase e filaríase;
4. induzidas por metais: beriliose e granulomas por zircônio;
5. de etiologia desconhecida: sarcoidose, doença de Crohn, granulomatose de
Wegener e cirrose biliar primária.

Os granulomas ocorreriam por dois mecanismos principais: como resposta


granulomatosa a agentes flogógenos não imunogênicos - granulomas do tipo corpo
estranho - e como resposta granulomatosa a agentes flogógenos imunogênicos -
imunogranulomas. No primeiro caso, os granulomas ocorrem por ação de agentes
desprovidos de capacidade imunogênica ou imunogenicamente fracos; usualmente esses
agentes não são digeríveis, ou apenas o são parcialmente. No segundo caso, o agente lesivo
apresenta antígeno (s) que suscita (m) uma resposta adaptativa do tipo celular com formação
de granulomas.

Constituição celular dos granulomas

1. Células epitelióides - são macrófagos modificados provenientes dos monócitos


do sangue. São alongadas lembrando células epiteliais; têm menor capacidade fagocitária
que os macrófagos; são ricas em retículo endoplasmático, aparelho de Golgi, vesícula e
vacúolos; parecem ser, portanto, mais adaptadas para secreção extracelular do que
fagocitose. As células epitelióides ficam encostadas umas às outras formando agrupamentos
celulares em forma de nódulos que podem ser visualizados, quando maiores ou coalescentes,
macroscopicamente. Por causa da cor esbranquiçada semelhante a neoplasias, Virchow
denominou-os granulomas infecciosos (oma - sufixo designativo de neoplasia).

2. Células gigantes - podem ser do tipo corpo estranho e do tipo Langhans. São
células volumosas e multinucleadas. Nas células gigantes do tipo corpo estranho os núcleos
são mais numerosos e dispõem-se na porção central; nas células do tipo Langhans dispõem-
se na periferia à maneira de uma ferradura. As células gigantes seriam formadas por
coalescência e fusão de macrófagos. À semelhança das células epitelióides teriam também
baixa atividade fagocitária.

3. Linfócitos - são as células chaves na formação dos imunogranulomas podendo


estar ausentes nos granulomas do tipo corpo estranho. Ocupam, em geral, a periferia do
granuloma à maneira de um halo não raro estando presentes plasmócitos.

4. Outros - em casos de granulomas associados à tuberculose, freqüentemente


observamos necrose caseosa central; em granulomas esquistossomóticos podem ser
observados eosinófilos; e em casos de paracoccidioidomicose neutrófilos. 0 granuloma não
possui vascularização própria; caracteristicamente é avascular. Qualquer um dos elementos
constituintes pode faltar num determinado granuloma exceto as células epitelióides que são
células obrigatoriamente presentes.

Patogênese dos granulomas

Granulomas do tipo corpo estranho

Neste tipo não há estimulo imunogênico ou é muito fraco. é constituído de células


epitelióides e células gigantes do tipo corpo estranho. Habitualmente não se observa o halo
de células linfocitárias e raramente há necrose. A reação granulomatosa provocada por
agentes flogógenos desprovidos de capacidade imunogênica ou escassamente imunogênicos
não é influenciada por procedimentos imunessupressores - timectomia, administração de
corticosteróides, uso de soro antilinfocitário, etc. A cura de inflamação granulomatosa do tipo
corpo estranho só pode ser obtida: após remoção do corpo estranho - espontânea, mediante
lise, eliminação (através de fístulas, etc); cirurgia - remoção de sequestros ósseos, de
projéteis, etc; e encistamento.

2. Imunogranulomas

A patogênese dos imunogranulomas será estudada tomando-se como exemplo a


tuberculose - o protótipo das moléstias granulomatosas. A presença do Mycobacterium
tuberculosis no organismo humano determina uma resposta inata celular (inflamação) com
alterações hemodinâmicas e eventos celulares em tudo semelhante à provocada por qualquer
agente flogógeno. Certas bactérias - incluindo-se Mycobacterium tuberculosis - entretanto,
apresentam mecanismos que impedem que sejam mortas por células fagocitárias, por ex.,
neutrófilos e macrófagos.

As micobactérias podem lançar mão de 3 mecanismos:


a) previnem a fusão dos fagossomos com os lisosssomos;
b) mostram resistência intrínseca da parede celular ou habilidade para
neutralizar as proteínas antibacterianas e os radicais de oxigênio tóxicos;
c) escapam dos fagossomos para o interior do citoplasma onde são imunes ao
ataque dos lisossomos.

Qualquer um desses mecanismos permitem que as bactérias sobrevivam e se


multipliquem resultando na destruição dos fagócitos. Frente a um agressor que escapa aos
mecanismos inatos celulares (ou, por analogia, às primeiras linhas de defesa num exército),
o organismo lança mão, agora, dos mecanismos adaptativos da defesa - mais eficazes para
este tipo de agente lesivo - porém, de elaboração mais complexa (corresponderia ao uso de
mísseis com precisão de alvo "cirúrgica", fazendo-se a comparação com acontecimentos
recentes).
A células chave na elaboração dos imunogranulomas é o linfocito T auxiliar/indutor,
(CD4). Ele é um espécie de maestro que desencadeia a coordena todas as etapas na
formação dos granulomas basicamente através da liberação de uma série de substâncias
denominadas linfocinas. As principais linfocinas elaboradas pelos linfôcitos T auxiliares são:
fator quimiotático (FQ) para monócitos, como também para outros linfócitos, neutrófilos,
eosinófilos e basófilos; fator de imobilização de macrófagos (MIF); interleucina 2 (IL-2);
interleucina 4 (IL-4); e gama-intérferon (gama-INF).
Deve-se salientar que para haver liberação de linfocinas é preciso que haja ativação
dos linfócitos através do contato com antígenos (s) presente (s) nos agentes agressores. É
importante dizer neste ponto que os linfócitos T auxiliares não reconhecem antígenos
livres; eles reconhecem antígenos somente em associação com produtos ou antígenos
do complexo de histocompatibilidade principal (CHP) que no homem é denominado
HLA. Os antígenos HLA podem ser de classes I ou II. Os antígenos de classe I são
encontrados em praticamente todas as células nucleadas do organismo enquanto que as de
classe II são:

PATOGÊNESE DOS IMUNOGRANULOMAS

‫ٱ‬ antígeno bacteriano, viral, parasitário, etc.


■ antígeno de histocompatibilidade
M monócito / macrófago
T4 linfócito T auxiliar
FQ fatores quimiotáticos para monócitos / macrófagos, etc.
MIF fator de imobilização de macrófagos
gama-INF gama-intérferon
IL -1 interleucina 1
IL-2 interleucina 2
IL-4 interleucina 4
E célula epitelióide
G célula gigante

restritas a algumas células. Um detalhe importante na questão das classes de antígenos HLA
é que os linfócitos T auxiliares somente são ativados em contato com os antígenos de
classe II.
Os bacilos da tuberculose não contêm antígenos de histocompatibilidade e portanto o
seu simples contato não ativa os linfócitos. Para que isto ocorra é preciso que sejam
apresentados conjuntamente com os antígenos HLA de classe II. Neste ponto o macrófago
desempenha papel fundamental porque age como apresentador de antígenos. Admite-se
que ao fagocitar o bacilo da tuberculose, o macrófago exponha na superfície da sua
membrana celular componente (s) antigênico (s) do bacilo juntamente com antígenos HLA de
classe II que normalmente estão aí presentes.

Ocorre a ativação dos linfócitos T Auxiliares, pode haver agora a liberação das
linfocinas cujas principais funções ocorrem em duas etapas:

1. Primeira etapa

a) o fator quimiotático (FQ) para monócitos atrai estas células dos vasos sanguíneos
para o local da agressão;
b) o fator de imobilização (MIF) de macrófagos fixa-os no local (é bastante cruel a ação
do MIF impedindo o surgimento de - desertores!);
c) a interleucina 2 (IL-2) é um fator mitogênico, isto é, ela promove proliferação celular
ou expansão clonal. A ação desta última linfocina é fundamental porque admite-se que as
células envolvidas em mecanismos adaptativos celulares ou humorais (linfócitos T ou B)
tenham uma especificidade muito restrita, isto é, cada células reconheceria um único
antígeno. Assim sendo, como num processo de defesa do organismo necessita-se da
participação de inúmeras células, é preciso que a célula ou o pequeno número de
células ativadas especificamente por um determinado antígeno-proliferem.

2. Segunda etapa

As linfocinas produzidas seriam o garna-intérferon (gama-INF) e a interleucina 4 (IL-


4). Ambas pelo menos em cultura, teriam a propriedade de transformar os macrófagos em
células epitelióides e gigantes. Está formado assim o granuloma. Ufa!!!
PRÁTICA

L.06 No parênquima pulmonar observam-se inúmeros granulomas tuberculosos esparsos e,


não raro, confluentes. No centro do granuloma nota-se necrose caseosa margeada por células
epitelióides e células gigantes do tipo Langhans. As células epitelióides são células
alongadas, de núcleos ovalados e citoplasma mal delimitado que se assemelham a
fibroblastos. As células gigantes são muito volumosas e mostram numerosos núcleos na
periferia do citoplasma, em geral, dispondo-se em forma de ferradura. Margeando os
granulomas observa-se infiltrado inflamatório constituído de linfócitos e plasmócitos.

L.06 Tuberculose pulmonar (exemplo de inflamação crônica granulomatosa)

L.22 No parênquima hepático observam-se granulomas constituídos por células epitelióides


(células alongadas semelhantes a fíbroblastos) que envolvem ovos de Schistosoma mansoni.
0 freqüente material marrom-escuro observado corresponde a pigmento esquistossomótico.
0 presente caso mostra que as células gigantes podem faltar nos granulomas. As células
epitelióides, porém, estão sempre presentes.

L.22 Esquistossomose hepática (exemplo de inflamação crônica granulomatosa)


PEÇAS ANATÔMICAS

117-R Cavernas tuberculosas apicais. Tuberculose ácino-nodosa. Observar em ambos os


pulmões caverna apical com superfície interna anfractuosa. 0 comprometimento
parenquimatoso (tecido esbranquiçado) desenha a estrutura acinar ou, mais freqüentemente,
apresenta-se em forma de nódulos de diferentes tamanhos difusamente: esparsos.

120-R Caverna tuberculosa. Tuberculose lobar. Na porção média de um dos lados nota-se
volumosa caverna de superfície interna anfractuosa. Logo abaixo notar consolidação em toda
a extensão do lobo (pneumonia tuberculosa lobar) e o intenso espessamento da pleura.
AULA 12

CURA E REPARO

1. Regeneração
a) Células lábeis
b) Células estáveis
c) Células permanentes
2. Substituição por tecido fibroso (cicatrização)
a) Tecido de granulação
b) Cicatrização por primeira intenção
c) Cicatrização por segunda intenção

3. Patogênese do reparo

4. Fatores que influem no reparo

TEXTO

A cura de um processo inflamatório implica no desaparecimento do exsudato, dos


sinais locais e sistêmicos de inflamação e no reparo de células e tecidos necrosados.
O reparo envolve em geral dois processos distintos: regeneração e substituição por
tecido fibroso (cicatrização).

Regeneração

Havendo necrose tecidual, a cura com reparo completo dependerá da capacidade de


regeneração das células lesadas. As células lábeis (células que continuamente proliferam
durante a vida) são as que regeneram com maior facilidade (ex.: gastrintestinal; urotélio; etc.).
As células estáveis (células que proliferam somente em condições especiais) mostram uma
baixa capacidade de regeneração (ex.: células parênquimatosas do figado, rim, pâncreas,
etc.). As células permanentes (células sem capacidade de proliferação) não se regeneram
(ex.: neurônios e fibras miocárdicas).

Substituição por tecido fibroso (cicatrização)

A substituição por tecido fibroso (cicatrização) se faz graças ao tecido de granulação.


Este é constituído de células inflamatórias notadamente macrófagos e da proliferação de
fibroblastos e pequenos vasos neoformados. Estes últimos originam-se de vasos pré-
existentes através de um processo denominado angiogênese ou neovascularização. Muitos
fíbroblastos adquirem características de células musculares lisas em microscopia
eletrônica. 0 termo miofibroblastos tem sido usado para se referir a esses fibroblastos
modificados do tecido de granulação. Admite-se que a retração observada nas cicatrizes seja
devida aos miofíbroblastos.

O exemplo clássico de cicatrização é o que ocorre na pele. Após um processo


inflamatório com necrose tecidual (ex. abscesso) forma-se tecido de granulação que
macroscopicamente é granuloso (daí a denominação), de cor vermelha e fácil sangramento
(pela riqueza de vasos neoformados). Numa fase esbranquiçada e dura. Esta forma de
cicatrização na pele (quando há extensas áreas de tecido a serem reparadas) denomina-se
união secundária ou cicatrização por segunda intenção.
Um exemplo de união primária ou cicatrização por primeira intenção ocorreria no
processo de cicatrização de uma incisão cirúrgica não contaminada. Nesta circunstância a
necrose ocorre num número limitado de células, o espaço incisional (que é preenchido por
coágulo sanguíneo) é estreito e o tecido de granulação é mínimo resultando numa cicatriz, na
maioria das vezes, pouco perceptível. em raros casos, notadamente em indivíduos de cor
preta, a cicatriz é exuberante fazendo saliência na superfície externa e denomina-se quelóide.

Patogênese do reparo

O reparo seria controlado por fatores de crescimento e de inibição. Os fatores de


crescimento promoveriam a angiogênese e a proliferação de fibroblastos; os de inibição
limitariam o crescimento celular. Admite-se que a interleucina I (IL-I) e o fator de necrose
turnoral (TNF) sejam fatores de crescimento e as prostaglandinas, fatores de inibição. A
principal fonte de IL-1 e TNF são os macrófagos.

Fatores que influem no reparo

Idade. Indivíduos mais jovens têm cicatrização mais rápida.


Nutrição. A desnutrição protéica e a falta de vitamina C diminuem a síntese de fibras
colágenas.
Temperatura. 0 calor apressa a cicatrização por acelerar o metabolismo celular.
Distúrbio hematológicos. Em condições em que há diminuição de neutrófilos
(granulocitopenia), distúrbios na quimiotaxia de leucócitos ou na fagocitose, há predisposição
às infecções.
Infecção do ferimento. É a principal causa local da não cicatrização de um ferimento.
Diabete melito. Os pacientes diabéticos têm uma grande susceptibilidade às
infecções devido à diminuição na quimiotaxia e fagocitose dos neutrófilos. São propensos
portanto às infecções bacterianas e consequentemente a um retardo na cicatrização.
Corticosteróides. Inibiriam ou retardariam a proliferação de fíbroblastos.
Irrigação sanguínea. A boa vascularização de um tecido é fundamental tanto para o
processo inflamatório (que não ocorre em tecidos não vascularizados) como também para a
cicatrização.
Corpos estranhos. Impedem a cura por atuarem como irritantes, mantendo a
inflamação. Também impedem ou retardam a cicatrização, os fios de sutura.
PRÁTICA

L.23 A pleura visceral está revestida por intenso exsudato fíbrinopurulento. Observar, logo
abaixo, tecido de granulação caracterizado por proliferação de pequenos vasos sangüíneos,

L.23 Pleurite fibrinopurulenta em organização (exemplo de reparo evoluindo para fibrose


através do tecido de granulação).
AULA 13

ATROFIA. HIPERTROFIA. HIPERPLASIA. METAPLASIA.

A. ATROFIA

1. Tipos: simples, degenerativa e numérica


2. Causas principais: - inanição;
- agentes tóxicos e infecciosos;
- senilidade;
- inatividade;
- compressão;
- isquemia.

B. HIPERTROFIA

1. Definição
2. Tipos e causa
3. Macro e micro
4. Patogênese

C. HIPERPLASIA

1. Definição
2. Tipos de causa
3. Macro e micro
4. Patogênese

D. METAPLASIA

1. Definição
2. Origem: epitélios e tecido conjuntivo
3. Tipos e causas
4. Macro e micro
PRÁTICA

L.20 Fragmento de miocárdio com miocardite crônica chagásica (V. Mecanismos de defesa
do organismo). Neste processo inflamatório crônico há destruição progressiva de fibras
musculares cardíacas. Muitas das fibras remanescentes mostram hipertrofia compensadora
caracterizada por aumento de volume do núcleo e do citoplasma cuja relação volumétrica,
porém, se mantém.

L.20 Hipertrofia compensadora de fibras musculares cardíacas em miocardite crônica


chagásica.

L.24 Os fragmentos examinados têm formato polipóide e são constituídos de mucosa gástrica.
0 estímulo para a proliferação da mucosa é inflamatório representado pela presença de focos
de células inflamatórias predominantemente linfócitos.

L. 24 Pólipo hiperplásico em estômago. Exemplo de hiperplasia inflamatória.


PEÇAS ANATÔMICAS

81-C Hipertrofia do ventrículo esquerdo. Nefrosclerose benigna. 0 coração mostra intensa


hipertrofia do miocárdio ventricular esquerdo. Na superficie externa dos rins observar a
granulação fina e difusa. Na superfície de corte há redução da espessura da cortical e
lipornatose do seio renal.

101-D Úlceras agudas do estômago. Pólipo do intestino delgado. Notar ulcerações rasas
junto ao cárdia. 0 fundo negro é devido a sangue coagulado. No intestino nota-se formação
polipóide saliente na luz.

73-C Miocardite crônica chagásica. Notar a intensa cardiomegalia global às custas de


hipertrofia dos miocárdios ventriculares D. e E. e dilatação das respectivas cavidades.
AULA 14

NEOPLASIAS

CARACTERES GERAIS MACRO E MICROSCÓPICOS. METÁSTASES.

A. Definição

B. Caracteres gerais macroscópicos: - configuração;


- cor;
- consistência;
- ulceração.

C. Caracteres gerais microscópicos: - parênquima;

- estroma.

D. Caracteres celulares de malignidade

E. Metástases: definição e classificação

F. Distinção macro e microscópica entre neoplasias benignas e malignas

TEXTO

CARACTERES GERAIS MACRO E MICROSCÓPICOS. METÁSTASES.


Drª Izilda Cardinafli

A. DEFINIÇAO

Neoplasia significa literalmente "um novo crescimento"( neo = novo; plasein = formar).
Uma neoplasia é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento excede aquele dos tecidos
normais e persiste mesmo após cessar os estímulos que desencadearam a alteração. Essa
massa anormal é autônoma e consome o hospedeiro, competindo com as células e os tecidos
normais pelos suprimentos de energia e substratos nutricionais.
Em outras palavras neoplasias são neoformações teciduais, sem causa aparente,
proveniente de células do organismo, de crescimento autônomo e ilimitado e sem utilidade
para o organismo, a custa do qual se nutre. A causa desse crescimento autônomo ou não
controlado pelo organismo é desconhecida. Qualquer espécie de célula pode originar
neoplasia e, portanto, esta ocorre em qualquer tecido ou órgão.

Oncologia (do grego oncos = tumor) é o estudo dos tumores ou neoplasia.

Câncer é o termo comum para todos os tumores malignos. As origens longínquas


deste termo são bastante obscuras, porém deriva provavelmente do latim para o caranguejo
câncer talvez porque um câncer "adere a qualquer parte que agarra, de uma forma obstinada
como o caranguejo".
É muito importante para o patologista a diferenciação entre tumores BENIGNOS E
MALIGNOS, o que comporta a implicação de seu provável comportamento clínico. Entretanto,
será evidenciado que nem todos os tumores malignos são completamente daninhos.
As neoplasias diferenciam-se das hiperplasias uma vez que as hiperplasias são, na
maioria, de causa conhecida e não têm crescimento autônomo e ilimitado, porque seu
crescimento é regulado pelo próprio organismo. A limitação do crescimento é um caráter muito
importante para distinguir as hiperplasias das neoplasias.

B. CARACTERES GERAIS MACROSCÓPICOS

Variam muito conforme a natureza (benigna ou maligna) da neoplasia, sua constituição


histológica, a localização e as alterações regressivas sofridas pelo tecido neoplásico.

CONFIGURAÇÃO: A neoplasia pode desenvolver-se no interior de um órgão ou numa


superfície.

Dentro de um órgão - O aspecto é hora de um nódulo (massa de tecido geralmente


arredondada) bem ou mal delimitado, ora de infiltração difusa, revelada à palpação por um
endurecimento difuso ou empastamento da região atingida.

Numa superficie - A superfície comprometida como a pele, mucosas ou serosas


apresenta tumefação, nódulo ou tuberosidade (área saliente em grau variado), verruga,
pólipo, fúngosidade (aspecto de cogumelo) e papiloma (massa alongada, formada de papilas).
De início, o tumor pode apresentar-se como uma simples rugosidade da mucosa.

COR: Varia de acordo com o tecido ou órgão de origem


. branca - tecido fibroso
. amarela - tecido adiposo
. rosada - tecido muscular
. vermelha - tecido vascular
. negra - tecido pigmentário

CONSISTÊNCIA: Varia de acordo com a consistência ou órgão de origem:


Mole - tecido adiposo
dura - tecido conjuntivo denso
pétrea - tecido ósseo

A cor e consistência também variam de acordo com o grau de diferenciação celular e


substância intercelular: se houver proliferação de células imaturas e faltar substância
intercelular, como fibras colágenas, substância fundamental cartilaginosa ou óssea, a cor é
branca ou branco-amarelada e a consistência é mole; se o tumor estimular a proliferação de
tecido fibroso, a consistência é dura e a neoplasia é designada de tumor cirroso.
Influem igualmente no aspecto do tumor a presença de necrose e hemorragia no tecido
neoplásico.

ULCERAÇÃO: É rara nos tumores benignos e muito freqüente nos malignos, que se
desenvolvem na superfície mucosa e cutânea. É causada por necrose do epitélio de
revestimento ou da própria neoplasia após substituí-lo. A necrose do epitélio favorece a
infecção por bactérias, existentes nessas superfícies, que contribui para ampliar a ulceração.
A ulceração é importante por causar hemorragia, de grande valor propedêutico.
C. CARACTERES GERAIS MICROSCÓPICOS

A neoplasia é constituída de parênquima e de estrôma.

Parênquima

Tem o aspecto do tecido que originou o tumor, que pode ser muito semelhante a este
tecido ou dele deferir em grau variado. As neoplasias semelhantes ao tecido de origem são
benignas, e as outras, malignas.
Nas neoplasias as células são diferenciadas e maduras, conservando as funções da
célula matriz (formação de cartilagem, muco, secreção interna); nas neoplasias malignas as
células são indiferenciadas ou imaturas porque perderam, em grau maior ou menor o poder
de diferenciação e a capacidade funcional (ex. secreção), e adquiriram a capacidade de
existência autônoma. A célula indiferenciada é chamada (ex. secreção), e adquiriram a
capacidade de existência autônoma. A célula indiferenciada é chamada ANAPLÁSICA (ana =
de novo; plasein = formar). A célula anaplásica é uma célula inteiramente nova e resultante
de mutação.

Estroma

É formado por tecido conjuntivo frouxo e vasos sanguíneos. Serve como nos tecidos
normais, de arcabouço de sustentação e, através dos vasos, para nutrir as células tumorais.
É variável a quantidade de estroma conjuntivo, sendo escasso ou abundante, fazendo com
que a neoplasia adquira caráter ora mole ou medular, ora duro ou cirroso.
O crescimento dos vasos acompanha o crescimento do tumor benigno, mas não o do
tumor maligno e, por isso este é mal nutrido e sofre necrose.
É comum haver no estroma reação inflamatória crônica (linfócitos, plasmócitos,
macrófagos, eosinófilos e às vezes, gigantócitos de corpo estranho) e representa a reação da
defesa do organismo por mecanismo imunológico.

D. CARACTERES CELULARES DE MALIGNIDADE

As células neoplásicas malignas mostram um aspecto diferente da célula-matriz,


diferença essa que será tanto maior quanto maior for o grau de malignidade. Por isso, muitas
vezes é impossível reconhecer a célula-matriz da neoplasia maligna, não sendo possível
reconhecer o tecido ou órgão em que ela se originou apenas com o exame microscópico com
as técnicas usuais de rotina.

Os caracteres das células malignas são:

a) Variação do tamanho e forma - havendo células pequenas, grandes e


monstruosas no mesmo tumor, assim como células arredondadas, compridas, poligonais, etc.
A variação de forma chama-se poli ou pleomorfismo (poli = muito; pleon = numeroso; mophe
= forma). A variação de tamanho e forma seria a manifestação fenotípica de vários clones
celulares resultantes de mutação genética.

b) Variação de volume e cor nuclear - presença de núcleos gigantes e hipercorados


e cromatina grosseira e/ou núcleos hipocorados.

c) Aumento de volume e tamanho de nucléolos - relacionados com a elevação do


metabolismo.

d) Alteração estrutural do citoplasma

e) Citoplasma basofílico - riqueza em ácidoribonucleico


f) Perda da relação núcleo-citoplasma - aumento de volume do núcleo sem o
aumento de volume do citoplasma.

g) Aumento do número de mitoses - podendo ocorrer mitoses atípicas tri, tetra ou


pentapolares, em vez de dipolares como normalmente.

Resumindo, na neoplasia maligna ocorre atipia celular, atipias nucleares e


nucleolares ou discaríose e presença de mitoses atípicas.

FUNÇÃO

A função das células neoplásica pode estar preservada, diminuída ou abolida ou


mesmo aumentada, com a formação de muco em excesso (carcinomas gelatinosos), de
melanina, etc.

E. METÁSTASES: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Metástase é a propagação descontínua da neoplasia maligna a um local próximo ou


distante de seu ponto de origem.

As metástases podem ser de três tipos:


1) Por implante através de cavidades naturais;
2) Por via sanguínea;
3) Por via linfática;

As metástases distantes são por via sanguínea. 0 poder infiltrativo das células
neoplásicas malignas faz com que atinjam facilmente a luz de vasos sanguíneos, após
destruição de sua parede. Uma vez na luz dos vasos, as células neoplásicas podem ocluir o
vaso ou o que é mais frequente, destacarem-se constituindo êmbolos. Nos locais onde os
êmbolos se retiverem, como nos pulmões, fígado ou qualquer outro órgão, as células poderão
multiplicar-se e formar tumores secundários. As metástases são mais frequentes nos pulmões
e fígado.

E. DISTINÇÃO MACRO E MICROSCÓPICA ENTRE NEOPLASIAS BENIGNAS E


MALIGNAS

Benignas Malignas

Crescimento lento e expansivo rápido e infiltrativo


Delimitação nítida imprecisa
Tamanho maior possibilidade de menor possibilidade de
atingir grande volume atingir grande volume
Ulceração rara frequente
Consistência a do tecido de origem tendência a ser mais
mole
Cor a do tecido de origem tendência à cor branca
Necrose rara frequente
Recidiva rara presente
Metástase ausente presente
Função mantém a da célula de variável, em geral
origem, em geral diminuída ou abolida
Aspecto células maduras caracteres celulares de
microscópico malignidade
Neoplasias mais freqüentes (em ordem decrescente):

Homens Pele, estômago, próstata trato respiratório


Mulheres Pele, colo do útero, mama, colon e reto, estômago, corpo do útero.

PRÁTICA

L.27 As neopiasias benignas tendem a ser bem delimitadas e margeadas por uma cápsula. A
lâmina mostra uma neoplasia benigna de mama (fibroadenoma). Notar a espessa cápsula de
tecido fibroso denso que a margeia.

L.27 Fibroadenoma de mama (exemplo de delimitação nítida e presença da cápsula de


tecido fibroso em neoplasias benignas).

L.28 Nas neoplasias malignas as células apresentam caracteres de malignidade. Notar nesta
neoplasia maligna originada do cérebro (glioblastoma multiforme) a grande variação de
tamanho e forma das células, a perda da relação volumétrica núcleo-citoplasma (núcleo
grande e citoplasma escasso) e algumas figuras de mitose. Não raro, no presente caso, as
células neoplásicas mostram-se multinucleadas.

L.28 Glioblastoma multiforme cerebral (exemplo de caracteres celulares de malignidade


em neoplasias malignas).
L. 46 Uma das principais características das neoplasias malignas é poderem causar
metástases. Notar na lâmina, a substituição do tecido linfóide ganglionar (visto nas margens)
por tecido neoplásico maligno em arranjo glandular de Colon.(Adenocarcinorna de Colon)..

L. 46 Adenocarcinoma de Colon. (exemplo de metástase ganglionar).

AULA 15

NEOPLASIAS

CLASSIFICAÇÃO HISTOGENÉTICA E NOMENCLATURA DAS NEOPLASIAS EPITELIAIS

Drª Izilda Cardinalli

De um modo geral, o sufixo "OMA" é utilizado para designar neoplasia benigna,


enquanto que o sufixo "CARCINOMA" é utilizado para designar neoplasia maligna do
epitélio de revestimento e "ADENOCARCINOMA" designa neoplasia maligna do epitélio
glandular.

1 – NEOPLASIAS EPITELIAIS

A. ORIGINADAS DO EPITÉLIO DE REVESTIMENTO

São as neoplasias que ocorrem em epitélio plano estratificado, urotelial,


pseudoestratificado, etc.
Os tumores benignos denominam-se PAPILOMAS. Localizam-se mais frequentemente na
bexiga.
Os tumores malignos são denominados de CARCINOMAS. É muito importante por
causa da alta freqüência. Devido ao crescimento, o epitélio neoplásico deixa sua localização
normal nas superfícies e atravessa as membranas basais e invade o tecido conjuntivo
adjacente. (Nas membranas basais apóiam-se as células epiteliais normais).
Ocorrem na pele e mucosas.

Idade - O carcinoma é próprio da idade madura e velha (40-80 anos)

Metástases - A via preferencial de propagação dos carcinomas é a LINFÁTICA.


Consequentemente é regra haver metástases nos linfonódos regionais após um certo tempo
de evolução do carcinoma. Mais tarde depois das metástases linfáticas ocorrem as
sanguíneas.

CARCINOMAS DO EPITÉLIO DE REVESTIMENTO

Pele: Carcinomas basocelular e epidermóide.


É muito frequente a ulceração.

Carcinoma epidermóide - Também denominado de carcinoma espinocelular, é


constituído de epitélio, corneificado ou não, semelhante ao da camada de MALPIGHI da
epiderme. A corneificação é abrupta e desordenada, formando pérolas córneas.

Carcinoma bosocelular - Constituídos por células neoplásicas semelhantes às da


camada basal da epiderme. As células dispõe-se em amontoados sólidos que na periferia
estão enfileiradas e formam uma nítida camada em paliçada. Os carcinomas basocelulares
da pele em geral só apresentam malignidade local, revelada pela infiltração local e recidiva
após tratamento. Podem causar extensas ulcerações da pele. Muito raramente dão
metástases.

2. ORIGINADAS DO EPITÉLIO GLANDULAR

BENÍGNAS

São designadas de ADENOMAS. Apresentam-se dentro de órgãos sob a forma de


nódulos, arredondados ou não, geralmente encapsulados, ou em superfícies sob a forma de
pólipos. 0 aspécto dos adenomas é semelhante ao do tecido de origem. Há, porém, diferenças
em relação ao tecido normal: quanto a forma, disposição e número das glândulas (ora mais
numerosas e aglomeradas, ora raras).

Frequência: É maior nas mamas e ovários; depois glândulas endócrinas.

Podem ser classificadas como ADENOMAS, FIBROADENOMAS E


CISTOADENOMAS.

MALÍGNAS

São denominadas de ADENOCARCINOMAS.

Localização: mama, próstata, fígado, pâncreas, tireóide e outras glândulas.


Os adenocarcinomas podem ser diferenciados ou indiferenciados (sólidos).

Secreção: As células carcinomatosas podem secretar. Nos adenocarcinornas do


sistema digestório, por exemplo, secretam muco; nos do fígado secretam substância
semelhante à bile, nos da tireóide secretam colóide, etc.

A - NEOPLASIAS EPITELIAIS

BENIGNAS MALIGNAS

Epitélio de revestimento
(plano estratificado, urotelial,
pseudoestratificado, etc.) Papiloma Carcinoma

Epitélio glandular Adenoma Adenocarcinoma

EXEMPLOS:

BENIGNAS MALIGNAS

1. Pele Papiloma a) Carcinoma


epidermóide

b) Carcinoma
basocelular

2. Bexiga Papiloma Carcinoma


urotelial

3. Colo uterino Papiloma Carcinoma


epidermóide

4. Esôfago Papiloma Carcinoma


epidermóide

5. Brônquio Papiloma Carcinoma


epidermóide

6. Estômago Adenoma Adenocarcinoma

7. Colon Adenoma Adenocarcinoma

PRÁTICA

L.30 A neoplasia maligna da pele originada das células da camada espinhosa da epiderme
denomina-se carcinoma epidermóide. Notar o caráter infiltrativo no derma e os caracteres
celulares de malignidade. A neoplasia é bem diferenciada porque produz queratina. Esta, às
vezes, se acumula em forma de nódulos arredondados denominados "pérolas córneas".

L- 30 Carcinoma epidermóide da pele (neoplasia maligna proveniente da camada


espinhosa da epiderme).

L. 29 A neoplasia maligna de pele originada da camada basal da epiderme denomina-se


carcinoma basocelular. Notar o caráter infiltrativo no derma. Na margem dos blocos celulares
neoplásicos os núcleos se dispõem lada a lado (arranjo em paliçada). Comparativamente ao
carcinoma epidermóide da pele, o carcinoma basocelular é de bom prognóstico uma vez que
mostra apenas infiltração local, excepcionalmente dando metástases.

L. 29 Carcinoma basocelular da pele (neoplasia maligna de bom prognóstico proveniente


da camada basal da epiderme).
L.42 A função nas células neoplásicas pode permanecer ou estar abolida em relação às
células de origem. Em alguns casos pode estar até aumentada como, por exemplo, em alguns
adenocarcinomas do trato gastrintestinal em que há grande produção de muco. A lâmina
mostra um adenocarcinoma de colon em que as células neoplásicas produzem grande
quantidade de muco. Notar as células em sinete (aspecto claro do citoplasma e núcleo
rechaçado na periferia em forma de "meia-lua".

L.42 Adenocarcinoma mucoso de colon (neoplasia maligna produtora de muco)

PEÇAS ANATÔMICAS

88-U Carcinoma urotelial dos rins e bexiga . Nas peças maiores (à D. e E.) nota-se tecido
neoplásico extenso de cor esbranquiçada que infiltra difusamente o parênquima renal. Notar
a dilatação pielocalicial segmentar no rim à D. A peça do meio mostra segmentos de bexiga
com massa tumoral papilífera projetando-se na luz.

146-P Carcinoma epidermóide ulcerado da pele. 0 tumor é volumoso e faz saliência na


superfície da pele (crescimento exofitico). Na superfície externa do tecido neoplásico nota-se
ulceração extensa.

143-GM Carcinoma epidermóide do pênis. A glande está muito aumentada de volume


e substituída por massa turnoral com aspecto verrucoso em certas áreas.

166-GM Carcinoma cpidermóide do pênis. A glande mostra massa tumoral com aspecto de
"couve-flor" na superfície externa.

98-D Carcinoma ulcerado do estômago. A neoplasia ocupa grande extensão do estômago.


As bordas são salientes assumindo "forma em prato".
AULA 16

NEOPLASIAS

B. NEOPLASIAS MESENQUIMATOSAS

BENIGNAS MALIGNAS

Tecido adiposo Lipoma Lipossarcoma


Tecido ósseo Osteoma Osteossarcoma
Tecido cartilaginoso Condroma Condrossarcoma
Tecido fibroso Fibroma Fibrossarcoma
Tecido muscular liso Leiomioma Leiomiossarcoma
Tecido muscular esquelético Rabdomioma Rabdomiossarcoma
Tecido linfóide Linfossarcoma ou linfoma
Vasos sanguíneos Hemangioma Hemangiossarcoma
Vasos linfáticos Linfangioma Linfangiossarcoma

PRÁTICA

L.49 A neoplasia benígna proveniente do tecido adiposo denomina-se lipoma. Notar que as
células neoplásicas são indistinguíveis do tecido adiposo não neoplásico.

L.49 Lipoma (neoplasia benigna proveniente do tecido adiposo).


L.36 A neoplasia benigna é proveniente do tecido muscular liso é denominada de leiomioma.
A lâmina é de um leiomioma do corpo uterino.

L.36 Leiomioma (neoplasia benigna proveniente do tecido muscular liso).

PEÇAS ANATÔMICAS

111-GF Leiomiomas uterinos. Submucoso, intramural e subseroso, respectivamente na


peça à E., do meio e à D.

140-P Leiomioma da pele. 0 tumor faz saliência na superfície da pele (crescimento exofitico).
Na superfície de corte nota-se tecido de cor branco-acinzentada e com nítido aspecto
fasciculado.
AULA 17

NEOPLASIAS

C. NEOPLASIAS DE CLASSE ESPECIAL

1. Neoplasias originárias de melanócitos


a) Benígnas: nevos pigmentados
b) Malígnas: melanomas

PRÁTICA

L.35 Os nevos pigmentados são provenientes da proliferação benigna de melanócitos em


excesso por anomalia de desenvolvimento. Correspondem às chamadas "pintas" de nascença
que têm localização a mais diversa. A lâmina mostra um nevo pigmentado de pele notando-
se no derma agrupamentos de células névicas (células pequenas de núcleos arredondados).

L.35 Nevo pigmentado (proveniente da proliferação benígna de melanócitos).

L.44 A neoplasia malígna proveniente de melanócitos denomina-se melanoma e é de


comportamento biológico muito agressivo, isto é, frequentemente causa metástases. 0
melanoma se origina como tal e não por transfomação maligna do nevo pigmentado. Esta
última possibilidade é muito rara. A lâmina mostra tecido neoplásico com caracteres celulares
de malignidade e frequente produção de pigmento melânico.

L.44 Melanoma (neoplasia maligna proveniente de melanócitos).


L.34 Os tumores mistos complexos contêm tecidos epiteliais e mesenquimatosos. A Lâmina
mostra um tumor misto (ou adenoma pleomórfico) de glândula salivar que é um exemplo deste
tipo. O tecido neoplásico é constituído de ilhotas irregulares de células epiteliais pequenas e
de núcleos arredondados de permeio a tecido mesenquimatoso. Este último é formado por
tecidos fibroso, mixomatoso e cartilaginoso.

L.34 Tumor misto (ou adenoma pleomórfico) de glândula salivar (exemplo de neoplasia
benigna mista complexa).

Você também pode gostar