XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas

IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

Investigação Experimental De Escória De Aciaria Elétrica Primária

Na Estabilização De Solos Tropicais Para Pavimentação
Klaus Henrique de Paula Rodrigues
Professor, UFV, Viçosa, Brasil, klaushenrique@hotmail.com

Jéssica Mota Souto

Graduanda em engenharia civil, UFV, Viçosa, Brasil, jessica.souto@ufv.br

João Vitor Bitencourt Leal

Graduando em engenharia civil, UFV, Viçosa, Brasil, joao.bitencourt@ufv.br

Sara Reis Rodrigues

Graduanda em engenharia civil, UFV, Viçosa, Brasil, sara.r.rodrigues@ufv.br

Bruna Martins de Melo

Graduanda em engenharia civil, UFV, Viçosa, Brasil, bruna.m.melo@ufv.br

RESUMO: Visando atender a demanda contemporânea de reduzir os impactos ambientais, a reutilização de

materiais se apresenta como boa alternativa para a sustentabilidade. O objetivo principal desta pesquisa foi o
de avaliar a possibilidade de reutilização da escória de aciaria elétrica primária (EAEP) na estabilização de
duas amostras de solos tropicais, através da análise de propriedades mecânicas (resistência à compressão não
confinada e índice ISC) e de expansibilidade (expansão ISC). Foram confeccionadas misturas solo-EAEP
variando-se a porcentagem da escória em sua composição, sendo utilizados os teores de 5%, 12,5% e 20% de
EAEP. As amostras de solo e suas misturas foram submetidas à cura selada em câmara úmida por 7 dias e
posteriormente submetidas aos ensaios de resistência à compressão não confinada (RCNC) e índice de suporte
Califórnia (ISC). Para ambas as amostras de solos analisadas, os valores de RCNC e índice ISC mostraram
uma tendência de aumento com a adição de EAEP, enquanto que para a expansão ISC houve uma tendência
de diminuição. As misturas com 20% de EAEP das amostras de solo S1 e S2 poderiam ser utilizadas para
composição das camadas de sub-base e reforço de subleito, respectivamente, tornando a utilização da EAEP
viável tecnicamente.

PALAVRAS-CHAVE: Estabilização de solos, escória de aciaria elétrica primária, pavimentação.

ABSTRACT: Aiming to meet the contemporary demand to reduce environmental impacts, the reuse of
materials presents itself as a good alternative for sustainability. The main objective of this research was to
evaluate the possibility of reusing the electric arc furnace slag (EAFS) in the stabilization of two samples of
tropical soils, through the analysis of mechanical properties (unconfined compressive strength and CBR index)
and expandability (CBR expansion). Soil-EAFS mixtures were made varying the percentage of EAFS in its
composition, using the percentages of 5%, 12.5% and 20% of EAFS. The soil samples and their mixtures were
submitted to sealed curing in a humid chamber for 7 days and later submitted to tests of unconfined
compressive strength (UCS) and California Bearing Ratio (CBR). For both soil samples analyzed, the UCS
and CBR index values showed a tendency to increase with the addition of EAFS, while for the CBR expansion
there was a tendency to decrease. Mixtures with 20% of EAFS from soil samples S1 and S2 could be used for
composition of sub-base and sub-grade reinforcement layers, respectively, making the use of EAFS technically
viable.

KEYWORDS: Soil stabilization, electric arc furnace slag, paving.

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1 Introdução

O rápido crescimento populacional aliado a um aumento de atividades de construção civil, tem imposto
o uso de solos de baixa capacidade de suporte como materiais de construção através de técnicas de
estabilização. A estabilização química de solos tem sido realizada com os estabilizadores convencionais, como
cimento e cal (Tiwari et al., 2021). O cimento, apesar do aumento de resistência e durabilidade de solos,
promove um aumento no aquecimento global devido a emissão de CO2 decorrente de sua produção (Mastali
et al., 2018, Wilberforce et al., 2019). Esses agentes estabilizadores, quando em contato com água ou ar,
desencadeiam uma série de reações pozolânicas nos solos melhorando a rigidez e a resistência dos solos (Zhang
et al., 2021). Outros materiais também tem sido estudados com a finalidade de se realizar um melhoramento
das propriedades de engenharia dos solos, como a cinza volante e as escórias de aço (Rodrigues, 2018).
Na produção de cada tonelada de aço, aproximadamente 100 a 200 kg de EAEP são produzidas
(O’Connor et al., 2021). Na geração da EAEP são utilizados arcos elétricos ao contrário de combustíveis
gasosos. A EAEP é produzida em um forno elétrico a arco, onde a energia principal é fornecida pelos arcos
elétricos de alta tensão, os quais fundem o aço. Energia química também é introduzida ao forno através da
injeção de oxigênio e carbono. Ligas de ferro são adicionadas durante o processo de fusão para que o aço
possuam a composição química desejada. A principal matéria-prima para a produção de aço nos fornos
elétricos a arco é a sucata de aço, a qual pode ser complementada com ferro gusa. Um forno elétrico a arco é
considerado como o primeiro estágio na purificação do aço, e durante esse processo a sucata de aço se
transforma em aço fundido. A EAEP e o aço fundido são, portanto, os produtos finais desse processo. A EAEP
é descartada e o aço fundido é tranferido para o forno panela para a segunda purificação, que resultará no aço
com a composição química final e a escória de aciaria elétrica secundária (Yang et al., 2018).
Estudos vem sendo realizados a fim de se realizar a verificação da influência da EAEP na estabilização
de solos com resultados promissores. Foram observados, em solos de países de clima temperado, que a adição
de EAEP gera aumento de peso específico aparente seco máximo, diminuição de teor de umidade ótimo,
aumento de resistência à compressão não confinada, índice CBR e aumento de durabilidade quanto a exposição
à ciclos de congelamento e degelo (Al-Amoudi et al., 2017, Aldeeky e Al Hattamleh, 2017, Zumrawi e Babikir,
2017, Ismail et al., 2019, Brand et al., 2020, Sebbar et al., 2020). Ainda assim, estudos envolvendo misturas
entre a escória de aciaria elétrica primária e solos tropicais são escassos na literatura.
Diante da necessidade de reutilização de resídos para evitar o descarte no meio físico, este artigo teve
como objetivo principal avaliar a possibilidade de reaproveitamento de escória de aciaria elétrica primária a
fim de se estabilizar duas amostras de solos de granulometrias distintas, considerando as propriedades
mecânicas (resistência à compressão não confinada (RCS) e o índice ISC) e a expansibilidade (Expansão ISC).
Como objetivo secundário, relacionado ao objetivo principal, procurou-se avaliar a influência da EAEP no teor
de umidade ótimo e no peso específico aparente seco máximo.

2 Materiais e Métodos

2.1 Materiais

2.1.1 Amostras de solos

Nesta pesquisa, foram utilizadas duas amostras de solos tropicais de jazidas de empréstimo localizadas
no Município de Viçosa, Estado de Minas Gerais, Brasil. A amostra S1 foi oriunda de um horizonte de solo
residual maduro e a amostra S2 foi oriunda de um horizonte de solo saprolítico de coloração amarelo-
acinzentada. Essas amostras de solos foram coletadas conforme o procedimento PRO 003 (DNER, 1994a) e
preparadas para os ensaios geotécnicos de laboratório, conforme a norma técnica NBR 6457 (ABNT, 2016a).
Os ensaios realizados para fins de caracterização geotécnica das amostras de solos foram: i) Análise
granulométrica conjunta, de acordo com a NBR 7181 (ABNT, 2016b); ii) Limite de liquidez, segundo a NBR
6459 (ABNT, 2016c); iii) Limite de plasticidade, segundo a NBR 7180 (ABNT, 2016d); iv) Massa específica
dos grãos do solo (ρs), segundo a NBR 6458 (ABNT, 2016e); e v) Compactação na energia do Proctor normal,

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segundo a NBR 7182 (ABNT, 2016f). As curvas granulométricas das amostras de solos estão apresentadas na
Figura 1.

100

80
% Passante

60

40

20
Amostra S1 Amostra S2 EAEP
0
0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das partículas (mm)

Figura 1: Curva granulométrica das amostras de solos e da amostra de EAEP.

A amostra de solo S1 apresentou limite de liquidez de 78%, índice de plasticidade de 35% e massa
específica dos grãos de 2,869 g/cm³, sendo classificada em A-7-5(20), MH e LA’ nos sistemas de classificação
TRB (Transportation Research Board), USC (Unified Soil Classification) e MCT (Miniatura, Compactado,
Tropical), respectivamente.
A amostra de solo S2 apresentou limite de liquidez de 36%, índice de plasticidade de 18% e massa
específica dos grãos de 2,657 g/cm³, sendo classificada em A-2-6(1), SC e NA’ nos sistemas de classificação
TRB, USC e MCT, respectivamente.

2.1.2 Amostra de EAEP

A amostra de escória de aciaria elétrica primária (EAEP) foi fornecida por uma empresa que atua no
setor de fabricação de tubos metálicos, localizada na Região do Alto Paraopeba, Estado de Minas Gerais,
Brasil. A coleta das amostras de EAEP em seu estado original (escória bruta) foi realizada de acordo com a
norma técnica NBR 10007 (ABNT, 2004). A amostra de EAEP utilizada foi proveniente de locais de
estocagem recente, no qual o tempo máximo entre sua geração e sua disposição foi de 72 horas, não sendo
empregado qualquer processo de cura do material antes da realização dos ensaios.
Para a preparação das amostras para os ensaios de caracterização, esse material foi moído para redução
da sua granulometria em partículas de diâmetros menores que 0,6 mm (peneira #30) a fim de aumentar a sua
superfície específica.
Os ensaios de caracterização física das amostras de EAEP realizados foram: finura por peneiramento,
de acordo com a NBR 11579 (ABNT, 2012b), superfície específica pelo método de Blaine, conforme a NBR
16372 (ABNT, 2015), massa específica da escória moída, conforme a NBR 16605 (ABNT, 2017) e distribuição
granulométrica do material depois de passado na peneira de 0,6 mm, determinada por difração a laser conforme
a norma ISO 13320 (ISO, 2020).
A amostra de EAEP moída apresentou índice de finura por peneiramento de 24,88%, superfície
específica pelo método de Blaine de 1955,60 cm²/g, massa específica dos sólidos de 3,7 g/cm³. A curva
granulométrica da amostra de EAEP moída está apresentada na Figura 1.

2.2 Métodos

As misturas de solo-EAEP foram identificadas como M0 a M3 para cada amostra de solo, sendo que a
mistura M0 possui 100% de solo, a mistura M1 possui 95% de solo e 5% de EAEP, a mistura M2 possui 87,5%

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de solo e 12,5% de EAEP e a mistura M3 possui 80% de solo e 20% de EAEP. Os teores foram determinados
em relação à massa seca das misturas.
As propriedades mecânicas utilizadas para avaliação da estabilização das amostras de solos S1 e S2
foram a resistência à compressão não confinada (RCNC) e o índice ISC, conforme as respectivas normas
técnicas NBR 12025 (ABNT, 2012f) e NBR 9895 (ABNT, 2016h). Essas propriedades mecânicas estão
diretamente relacionadas com os critérios de seleção de materiais para composição de camadas estruturais de
pavimentos rodoviários, conforme recomendações da norma técnica NBR 12253 (ABNT, 2012a) e do manual
de pavimentação do DNIT (DNIT, 2006).
Para a determinação das propriedades mecânicas de cada mistura analisada, foram moldados, no teor de
umidade ótimo, três corpos de prova, os quais foram submetidos a um processo de cura selada (em filme de
PVC) em câmara úmida por sete dias, para que as propriedades cimentantes pudessem ser avaliadas.
O ensaio de RCS foi realizado em corpos de prova das amostras de solos em sua condição natural e das
misturas solo-EAEP analisadas, de acordo com a norma técnica NBR 12025 (ABNT, 2012f). Os ensaios
para a determinação dos valores de ISC e da expansão ISC das amostras de solos na condição natural e das
misturas solo-EAEP analisadas foram realizados segundo a norma técnica NBR 9895 (ABNT, 2016h).

3 Resultados e discussão

3.1 Ensaios de compactação

A Tabela 2 apresenta os parâmetros de ótimo [peso específico aparente seco máximo (γdmax) e teor de
umidade ótimo (wot)] obtidos através das curvas de compactação das misturas analisadas e compactadas na
energia do Proctor Normal. Os valores referentes às amostras de solo em seus estados naturais, denominadas
como M0 – 100/0/0, também são apresentados.

Tabela 2: Parâmetros de ótimo das misturas analisadas para as duas amostras de solo analisadas.
S1 S2
Misturas
wot (%) γdmax (kN/m³) wot (%) γdmax (kN/m³)
M0 - 100/0/0 31,0 13,9 15,0 15,6
M1 - 95/5/0 30,7 14,1 14,8 17,6
M2 - 87,5/12,5/0 29,8 14,5 14,6 17,8
M3 - 80/20/0 28,6 14,9 13,9 18,5

Segundo Zumrawi and Babikir (2017), a diminuição do teor de umidade com a adição de EAEP é devida
às trocas catiônicas que ocorrem entre os íons de cálcio provenientes da EAEP e os íons presentes na dupla
camada difusa das partículas dos solos. De acordo com Aldeeky e Al Hattamleh (2017), essa redução é devida
a uma hidratação prévia dos óxidos de cálcio presentes na EAEP, gerando o composto hidróxido de cálcio, o
que implica em menor demanda de água na mistura para alcançar seu peso específico aparente seco máximo.
Resultados de aumento do peso específico aparente seco máximo com adição de EAEP também foram
encontrados na literatura técnica, os quais foram relatados como sendo responsáveis por melhorias de
propriedades mecânicas devidas à maior massa específica real da EAEP que substitui as partículas de solo
(Aldeeky e Al Hattamleh, 2017, Al-Amoudi et al., 2017, Brand et al., 2020, Sebbar et al., 2020, Oluwasola et
al., 2020).

3.2 Propriedades mecânicas analisadas

Utilizando os parâmetros de ótimo dos ensaios de compactação (γdmax e wot), foram confeccionados
corpos de prova para os ensaios mecânicos de RCNC e índice ISC. Os resultados dessas propriedades
mecânicas e da expansão ISC são apresentados nas Figuras 1, 2 e 3.

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400,00
292,03 301,62 369,21
300,00 285,70
RCNC (kPa)

194,40
200,00 157,70
132,70 113,89
100,00
Amostra de solo S1 Amostra de solo S2
0,00
0 5 10 15 20 25
% EAEP
Figura 2: RCNC das amostras de solo e suas misturas com EAEP.

Observou-se uma tendência de aumento de RCNC com a adição de EAEP, sendo mais pronunciado
quando o teor de EAEP foi de 20%, para ambas as amostras de solos, S1 e S2. Para a amostra de solo S1 o
aumento de RCNC foi de 29,23% para a mistura M3 (20% de EAEP) quando comparada com a amostra no
estado natural, alcançando um valor de 369,21 kPa, o qual é maior que o valor mínimo de RCNC exigido pelo
departamento de estradas de Louisiana para que um material possa compor uma camada de reforço de subleito
Gautreau et al. (2010) . Para a amostra de solo S2, com 5% de EAEP houve uma diminuição de 14,17% de
RCNC, mas com teores maiores de EAEP a RCNC voltou a aumentar chegando a 194,40 kPa, o que representa
46,50% de aumento em relação a amostra na condição natural.
Ismail et al. (2019) observaram, através dos ensaios de DRX, que houve formação de compostos
cimentícios, como o C-S-H, o que confere à misturas solo-EAEP maior resistência mecânica, além de
observarem que o grau de floculação na estrutura da mistura aumentou, devido ao processo de troca catiônica
entre os cátions presentes na EAEP e na amostra de solo. Oluwasola et al. (2020) atribuíram o aumento de
RCNC com o aumento de escória de aciaria elétrica ao aumento de peso específico aparente seco máximo e à
diminuição do teor de umidade ótimo. Al-Amoudi et al. (2017) também observaram um aumento nas
propriedades mecânicas RCS e CBR com o aumento no teor de escória de aciaria elétrica em solos argilosos,
o qual foi atribuído à cimentação promovida pelo mineral wustite, o qual gerou uma estrutura mais densa nos
corpos de prova.

30,00
24,50
25,00 21,50
20,00 16,50
ISC (%)

14,00
15,00 11,20 10,50
10,00 8,20 7,00

5,00
Amostra de solo S1 Amostra de solo S2
0,00
0 5 10 15 20 25
% EAEP
Figura 3: Índice ISC das amostras de solo e suas misturas com EAEP.

Observou-se a tendência de aumento do valor de CBR com o aumento do teor de EAEP, o que também
foi observado por outros autores (Al-Amoudi et al., 2017, Aldeeky e Al Hattamleh, 2017, Gunarti e Raharja,
2020, Sebbar et al., 2020). Para a amostra de solo S1, as misturas M2 (12,5% de EAEP) e M3 (20% de EAEP)
apresentaram índice ISC acima de 20%, o que segundo o manual de pavimentação (DNIT, 2006) é o mínimo
recomendado para que um determinado material seja utilizado como camada de sub-base de pavimentos
flexíveis. Em relação à amostra de solo S2, apesar de as misturas com EAEP não alcançarem o valor de 20%,

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houve acréscimos de índice ISC com a adição do resíduo, gerando na mistura M3 (20% de EAEP) uma
aumento de 70,73% em relação à amostra de solo em sua condição natural.
Gunarti e Raharja (2020) afirmam que esse aumento é devido aos novos grãos que se formam resultantes
de reações químicas entre a amostra de solo e a EAEP, sendo que o processo de troca de cátions gera uma
alteração na estrutura do material, tornando-a mais floculada e com maiores tamanhos. Alguns autores
atribuem o aumento do valor de CBR com a adição de escória de aciaria elétrica ao aumento de peso específico
aparente seco máximo e à redução do teor de umidade ótimo (Aldeeky e Al Hattamleh, 2017, Oluwasola et al.,
2020).

1,00 0,93
Amostra de solo S1 Amostra de solo S2
Expansão ISC (%)

0,80

0,60 0,47
0,39
0,40 0,31
0,26
0,17 0,13
0,20 0,34

0,00
0 5 10 15 20 25
% EAEP
Figura 4: Expansão ISC das amostras de solo e suas misturas com EAEP.

Observou-se, através das misturas de solo com EAEP para as amostras de solo S1 e S2, que o aumento
no teor de EAEP gerou uma diminuição nos valores de expansão CBR. Ambas as amostras de solo S1 e S2
apresentaram expansibilidade abaixo de 0,5% em todas as misturas com EAEP, valor considerado baixo
segundo o manual de pavimentação (DNIT, 2006). A amostra de solo S1 alcançou o valor de 0,31% de
expansão ISC com 20% de EAEP, representando uma diminuição de 66,67%, enquanto que a amostra de solo
S2 apresentou diminuição de 50,69% considerando a mesma porcentagem de EAEP na mistura.
Alguns estudos realizados sobre misturas entre amostras de solos argilosos e EAEP relatam que a
diminuição da expansão com a adição da EAEP é devida à ocorrência da troca catiônica entre os íons presentes
nos dois materiais, que gera floculação das partículas, alterando sua estrutura (Parsaei et al., 2021).

4 Conclusão

Nesta pesquisa foi avaliada a possibilidade de reutilização de EAEP na estabilização de duas amostras
de solos tropicais da microrregião de Viçosa – MG, através da análise de propriedades mecânicas (resistência
à compressão não confinada e índice ISC) e de expansibilidade (expansão ISC). Observou-se através dos
resultados obtidos que houve um aumento de peso específico aparente seco máximo e uma diminuição no teor
de umidade ótimo com o aumento da proporção de EAEP nas amostras de solos S1 e S2, alterações essas que
estão relacionadas à maior massa específica das partículas de EAEP e às trocas catiônicas que ocorrem entre
os íons de cálcio presentes na EAEP e os cátions presentes nas partículas de solo. Para ambas as amostras de
solo observou-se um aumento de RCNC com o aumento no teor de EAEP, o que possivelmente está
relacionado com a formação de compostos pozolânicos. Destaca-se que a mistura M3, contendo 20% de EAEP,
referente a amostra de solo S1 foi maior que o valor mínimo recomendado para que um material possa ser
utilizado como camada de reforço de subleito. Através da análise do índice ISC, observou-se a mesma
tendência da RCNC, com aumento nos valores da propriedade a medida que um aumento do teor de EAEP
ocorreu. Mais uma vez a mistura M3, da amostra de solo S1, merece destaque pois alcançou o valor mínimo
de ISC exigido para que um material possa ser utilizado como camada de sub-base. As misturas referentes a
amostra de solo S2, apesar de serem melhoradas com a adição de EAEP, não alcançaram o valor mínimo de
20% para serem utilizadas como camada de sub-base. A expansibilidade apresentou uma diminuição com o
aumento do teor de EAEP, alcançando valores abaixo de 0,5%, utilizado como limite máximo para utilização
de um material como camada de base, desde a mistura M1. Portanto, a presente pesquisa aponta para uma

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possbilidade de reaproveitamento do resíduo siderúrurgico denominado escória de aciaria elétrica primária no

âmbito da engenharia rodoviária, visto que é um setor que demanda uma grande quantidade de materiais para
a confecção dos pavimentos, com vistas à aplicação em estabilização de solos.

AGRADECIMENTOS

À UFV por fornecer todos os recursos necessários para a realização desta pesquisa e aos colegas que
colaboraram com as atividades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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