Material Teórico
Noção de Competência
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Noção de Competência
• O que é Competência
• Competências segundo David McClelland
• Competências Segundo os Franceses Le Boterf e Zarifian
• Competências Segundo os Brasileiros Fleury e Dutra
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Objetiva-se que o estudante, ao concluir a unidade de estudo, seja
capaz de distinguir a definição de competência proposta nos anos
1970 por McClelland das definições estabelecidas por Zarifian e Le
Boterf na década de 1990, associando-as ao respectivo contexto
sociopolítico e econômico em que foram propostas.
· Pretende-se ainda que o estudante possa identificar contribuições dos
pesquisadores brasileiros e a leitura acerca do tema, considerando o
contexto sociopolítico e econômico nacional.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Noção de Competência
O que é Competência
Competência é sem dúvida uma palavra cada vez mais em alta, quer no âmbito
organizacional, quer no âmbito educacional.
O artigo ‘Testing for competence rather than inteligence’, publicado por McClelland em 1973:
Explor
https://goo.gl/IvIjY0
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Para o psicólogo, tais testes até poderiam prever o desempenho acadêmico
dos estudantes, mas não poderiam prever o futuro profissional deste estudante,
ou seja, não permitiam um prognóstico de sucesso na vida futura. Como poderia
então, um teste rotular uma pessoa como “mais qualificada” ou “menos qualifica-
da” para algo?
Frente a isso, McClelland defende que a preocupação deveria estar nas compe-
tências de cada um, uma vez que essas se relacionam com o desempenho eficaz
no trabalho.
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UNIDADE Noção de Competência
Competências Segundo os
Franceses Le Boterf e Zarifian
O debate oriundo dos franceses, especialmente na década de 1990, acerca
do conceito de competência evidencia que não é mais suficiente considerar
competente o profissional que atende a um conjunto de tarefas que compõe um
cargo. Concepção de competências que viria a se adequar à nova visão de gestão
de pessoas predominante na época, ou seja, o contexto organizacional passa a ser
dinâmico e falar de tarefas de um cargo, na maioria dos casos não era mais possível,
pois estes passam a ser cada vez mais complexos, imprevisíveis e menos rotineiros.
No livro “Um mundo sem empregos” de William Bridges, escrito em 1995, trata
especialmente das mudanças ocorridas nas organizações, e ainda em meados dos
anos 1990, afirma que meio às mudanças no ambiente empresarial, um arranjo de
funções e cargos serve por pouco tempo e o profissional ideal deverá ser aquele
capaz de atuar com maleabilidade, se adequando às funções, enfrentando crises e
se recuperando das decepções.
“... o desaparecimento quantitativo (dejobbing) que acontece hoje leva
ao desaparecimento qualitativo dos empregos. O downsizing dissolve os
perfis dos empregos convencionais, uma vez que força as organizações a
acrescentarem novas responsabilidades e mudarem as existentes. À medi-
da que os que ficam pegam os pedaços deixados pelos que saem, as descri-
ções de cargos fazem cada vez menos sentido” (BRIGDES, 1995, p. 29).
O termo em inglês Dejobbing é ultilizado na área de gestão de pessoas como conceito para
Explor
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Em meio a esta situação, que não é diferente da que vivemos hoje, a despeito do
tempo transcorrido, o conceito francês de competência busca ultrapassar a ideia de
qualificação. Dois estudiosos se destacam: Zarifian e Le Boterf.
Importante! Importante!
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UNIDADE Noção de Competência
Para Le Boterf, por sua vez, agir com competência envolve três dimensões:
(1) os recursos disponíveis (pessoais e exteriores) que devem ser mobilizados; (2)
a prática profissional e os resultados que esta produz; e (3) a reflexividade
ou distanciamento. Nessa perspectiva, o pensador considera que o profissional
competente é aquele que sabe combinar e por em prática tais dimensões.
Importante! Importante!
“De acordo com Le Bortef, agir com competência envolve três dimensões:
(1) recursos disponíveis;
(2) prática profissional e resultados que esta produz; e
(3) reflexividade ou distanciamento.”
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Em relação aos recursos disponíveis, existem aqueles que são do profissional
e aqueles que estão disponíveis no contexto em que ele está inserido. Os recursos
do profissional envolvem: capacidade cognitiva, formação acadêmica; experiência
de vida e profissional, recursos emocionais, habilidades físicas e sensoriais, entre
outros. Já os recursos disponíveis no contexto em que o profissional se insere,
podem ser oriundos de base de dados, de pesquisas, do know-how da organização,
das competências dos colegas de trabalho, entre outras fontes.
Competências Segundo os
Brasileiros Fleury e Dutra
No Brasil, pesquisadores interessados em competência, assim como Fleury e
Dutra, compreendem que há ainda uma distância muito significativa entre o que
é competência acadêmica e o que é competência nas organizações, embora tal
distanciamento não seja exclusivo das empresas brasileiras.
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UNIDADE Noção de Competência
Fleury (2002) propõe definições que explicitam as ações descritas por Le Boterf
como componentes do ser competente: saber agir, saber mobilizar recursos, saber
integrar saberes, saber aprender, saber engajar-se, saber assumir responsabilidades
e saber agir por meio de uma visão estratégica.
Quadro 1 – Definição das ações propostas por Le Boterf como componentes do ser competente
Ações do ser competente Definições
• Saber o que e por que faz.
Saber agir
• Saber julgar, escolher, decidir.
Saber mobilizar recursos Criar sinergia e mobilizar recursos e competências.
Saber comunicar • Compreender, trabalhar, transmitir informações, conhecimentos.
• Trabalhar o conhecimento e a experiência, rever modelos mentais,
Saber aprender
saber se desenvolver.
• Saber empreender, assumir riscos.
Saber se engajar e se comprometer
• Comprometer-se
• Ser responsável, assumindo os riscos e as consequências de suas
Saber assumir responsabilidades
ações, sendo por isso reconhecido.
• Conhecer e entender o negócio da organização, seu ambiente,
Ter visão estratégica
identificando oportunidades e alternativas.
Fonte: Fleury (2002, p. 56)
Diante destas definições, Fleury compreende competência como “um saber agir
responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,
recursos, habilidades, que agregue valor econômico à organização e valor social ao
indivíduo” (2002, p. 55).
“um saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar,
transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agregue valor econô-
mico à organização e valor social ao indivíduo” (FLEURY, 2002, p. 55).
O estudioso adverte que o profissional pode sim ser dotado de recursos que permi-
ta atuar com competência, mas se não há entrega a ação competente não ocorrerá.
Será que este profissional deseja de fato gerar resultados para a empresa? Tomando
a definição de competência de Fleury, o profissional pode saber agir com responsa-
bilidade e reconhecer que isto implica mobilizar e integrar recursos, transferir seus
conhecimentos e habilidades ao que faz, agregando valor à organização, mas isso
não garante que este profissional irá aplicar sua competência à organização.
De acordo com Dutra, se temos, por exemplo, dois funcionários que ocupam
o mesmo cargo, desempenham as mesmas tarefas e são remunerados e avaliados
da mesma maneira, mas um deles quando demandado resolve de fato o problema
que lhe é apresentado, consegue lidar com as crises e situações inesperadas, este é
muito mais valioso para a organização. Mas, nas organizações de uma forma geral,
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ambos são tratados da mesma forma, ou ainda, o que pode ocorrer e, muitas vezes
ocorre, é o fato deste mais “valioso” ser exigido muito mais que o outro, mas sem
nenhuma recompensa para isto.
E isto, muitas vezes ocorre, conforme Dutra, devido nas empresas brasileiras
coexistir duas compreensões do termo: a compreensão que se constata pelo
discurso dos gestores e a prática que se enxerga nas empresas. O discurso mostra-
-se contemporâneo e busca utilizar a visão acadêmica para se referir ao tema.
Todavia, na prática as empresas mantêm a postura de gestão tradicional, que não
permitem a aplicação do conceito, ou seja, como não há articulação discurso e
prática, não há sucesso.
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UNIDADE Noção de Competência
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
A Gestão do Trabalho e os Desafios da Competência: Uma Contribuição de Philippe Zarifian
LIMA, Cláudia Maria Pereira de; SOUZA, Paulo Cesar Zambroni de; e ARAÚJO,
Anísio José da Silva. (2015). A Gestão do trabalho e os desafios da competência: uma
contribuição de Philippe Zarifian. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília/DF, v 35, n 4.
https://goo.gl/CeukYY
Testing for Competence Rather than for “Intelligence”
MCCLELLAND, D. (1973). Testing for competence rather than for “intelligence”.
American Psychologist, January.
https://goo.gl/IvIjY0
O Movimento em Torno da Competência e Formação de Administradores: Algumas Reflexões
SANT’ANNA, Anderson de Souza. (2010). O movimento em torno da competência
e formação de administradores: algumas reflexões. Revista Gestão & Tecnologia,
Pedro Leopoldo/MG, v 10, n 1, p. 1-11.
https://goo.gl/eRwbch
Revista da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde
GATTAI, Maria Cristina Pinto. (2013). A fragilidade da classificação das competências.
Psicologia Revista. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde. São
Paulo, v 22, n 1, p. 9-42.
https://goo.gl/w2FKym
RAC – Revista de Administração Contemporânea
FLEURY, Maria Tereza Leme; e FLEURY, Afonso. (2001). Construindo o conceito de
competência. RAC - Revista de Administração Contemporânea. Curitiba/PR. v 5.
Edição Especial, p. 183-196.
https://goo.gl/AAcZWW
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Referências
BRASIL, LDB. Lei 9394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm,
acessado em julho de 2017.
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