Você está na página 1de 22

Escola Família e

Comunidade
Material teórico
Escola, Família, Comunidade e os Direitos Fundamentais

Responsável pelo Conteúdo:


Profª. Ms. Janaina Pinheiro Vece

Revisão Textual:
Profª. Esp Vera Lidia de Sa Cicaroni
Escola, Família, Comunidade e os
Direitos Fundamentais

Caro aluno,

Nesta segunda unidade, serão discutidos os direitos humanos


fundamentais e como as instituições Escola, Família e
Comunidade lidam com a situação que se apresenta e
garantem esses direitos. Vamos aprofundar nossos
conhecimentos acerca desses temas a partir de duas
referências importantes: a Declaração Universal dos Direitos
Humanos e o Programa Nacional de Direitos Humanos.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Contextualização

Leia as charges abaixo:

Clauro Joel Almeida

As charges apresentam uma crítica em comum: além da ignorância da sociedade em


relação aos direitos humanos, a crítica também expõe o descaso das autoridades competentes
para com as condições mínimas de sobrevivência, como: moradia, saúde, educação, lazer,
entre outras. Afinal, como falar em direitos humanos se muitos não os usufruem?!

As charges ainda se referem à ignorância daqueles que, de fato, desconhecem os


direitos fundamentais da humanidade.

A linguagem humorística procura nos conscientizar da importância de conhecermos os


nossos direitos não só como cidadãos, mas também como profissionais da educação.
Material Teórico

Nesta Unidade II, serão abordados os direitos fundamentais da humanidade e o papel


de cada instituição – Escola, Família e Comunidade – na propagação e preservação
desses direitos. Este texto está fundamentado em duas referências principais: a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e o Programa Nacional de
Direitos Humanos (2009). O conteúdo teórico parte de uma abordagem geral dos
movimentos e ações que ocorreram mundialmente para uma análise mais específica das
medidas nacionais brasileiras que se referem aos direitos humanos.

Boa leitura!

Para ter acesso às principais referências desta unidade, acesse os links:


Declaração Universal dos Direitos Humanos
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf
Programa Nacional de Direitos Humanos
http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf

Direitos Fundamentais: Igualdade e Liberdade

É inegável que a História, como ciência, explica a atual condição humana. Afinal, a
organização da sociedade do século XXI é decorrência dos fatos passados.

Desde a Antiguidade, a desvalorização dos direitos humanos e o desrespeito a eles têm


estado presentes nas relações sociais. De acordo com Edgar Morin (2002, p.36), “O homem
surgiu marginalmente no mundo animal e seu desenvolvimento marginalizou-o ainda mais”. A
citação de Morin (2002) revela que, apesar de a humanidade ter se desenvolvido política e
economicamente, a condição de vida do ser humano e as relações sociais sempre foram
preocupações constantes e legitimadas ao longo da história.

Há, praticamente, dois séculos, a relação entre Estado e Sociedade tem dominado o
planeta. Essa relação tem se organizado numa identidade que, ao mesmo tempo, é territorial,
política, cultural, histórica, mística e religiosa. Em meio a essa relação complexa reside a
condição do homem que consiste em direitos civis, econômicos, sociais, culturais e
ambientais.
Para Edgar Morin (2002), a atual condição humana é resultado de uma sociedade
universal, que é, ao mesmo tempo, biológica e totalmente cultural. Nessa perspectiva, as
mobilizações mundiais em favor dos direitos da humanidade defendem o princípio da
identidade nacional, continental e planetária.

A criação da Organização das Nações Unidas, a ONU, é um exemplo dessa


necessidade universal de direitos. A ONU é uma organização internacional formada por
países, reunidos voluntariamente, que lutam e prezam pela paz e pelo desenvolvimento
mundial.

De acordo com o site da ONU no Brasil (2012):

Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos,


independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer
outra condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à
liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e
muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.

Explore
Assista ao vídeo A ONU é seu Mundo e saiba mais sobre a Organização:
http://www.youtube.com/watch?v=Ln9NtMjmt-o

Os direitos humanos são estabelecidos por um conjunto de normas universais e


específicas das nações. A seguir apresenta-se a análise da Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948) e do Programa Nacional de Direitos Humanos (2009), procurando destacar,
principalmente, como a Escola, a Família e a Comunidade têm adotado e praticado as
normas estabelecidas por esses documentos.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) foi pensada para delinear os
direitos básicos dos cidadãos do mundo inteiro. Seus ideais foram construídos após a Segunda
Guerra Mundial, que terminou no ano de 1945. Sua elaboração contou com a participação de
mais de 50 representantes de diferentes países, e foi adotada e proclamada em 10 de
dezembro de 1948 pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Embora não represente obrigatoriedade legal, o documento é a principal referência
sobre o assunto no mundo, pois pressupõe um ideal comum a ser atingido por todos os povos
e todas as nações, com o intuito de que os cidadãos e os órgãos sociais se esforcem, por
intermédio da educação, para valorizar e respeitar os direitos e a liberdade dos seres
humanos.

Historicamente outras mobilizações aconteceram contra a desvalorização da condição


humana. A maior parte delas foi realizada pós-revoluções e guerras mundiais. A Declaração
de Direitos Inglesa, de 1689, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e
a própria criação da ONU, no ano de 1945, são exemplos das manifestações que ocorreram
antes da Declaração Universal.

Informação
Que segundo o Guinness Book of World Records, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é
o documento traduzido para o maior número de línguas?

Em Dezembro de 2012, o site oficial da Declaração Universal dos Direitos Humanos informou a
existência de 403 traduções disponíveis!

Afinal, o que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos?


O Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) apresenta a
seguinte introdução:
A ASSEMBLEIA GERAL proclama a presente DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIRETOS HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas
as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo
sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por
promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e
a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-
Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Na introdução do documento, é possível destacar alguns ideais presentes nessa


declaração: a universalização dos direitos; a parceria internacional; o estreitamento da relação
entre sociedade civil e Estado; e, por fim, o ensino e a educação como meio de formar
cidadãos conscientes de seus direitos e respeitosos à liberdade.

Os ideais concebidos pelo documento mostram, principalmente, que a sociedade


mundial evoluiu no que se refere aos laços entre Nações e o Estado, diferindo do modelo
fragmentado e desarticulado presente na Antiguidade e nas Idades Média e Moderna.
Os 30 artigos que compõem a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
foram desenvolvidos considerando:

 o reconhecimento da dignidade de todo ser humano como fundamento da liberdade, da justiça


e da paz no mundo;
 a crença da liberdade como a mais alta aspiração da humanidade;
 a necessidade de que os direitos humanos sejam protegidos por lei, sendo essa medida
essencial para repelir a tirania e a opressão;
 a promoção e o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;
 a fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na
igualdade de direitos entre homens e mulheres como progresso nas relações universais;
 a necessidade de que os Estados-Membros se comprometam, com a colaboração das Nações
Unidas, a promover a observância desses direitos e liberdades;
 a importância da compreensão comum dos direitos e liberdades da humanidade para o pleno
cumprimento desse compromisso.

Fundamentados nessas considerações, os artigos apresentam, detalhadamente, os


direitos e liberdades, sem distinção de espécie, preservando a consciência de igualdade e
liberdade. A Declaração Universal defende que todo ser humano tem direito ao trabalho, que
a escravidão e o tráfico de escravos são proibidos em todas as suas formas e que todo
indivíduo tem direito à proteção da lei contra interferências ou ataques à sua vida privada.
Nos artigos também são apontados o direito à nacionalidade, à segurança, à constituição
familiar, ao repouso e lazer e à participação livre da vida cultural da comunidade.

Explore
Assista ao vídeo produzido em Portugal que sintetiza os 30 artigos apresentados na Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948):
https://www.youtube.com/watch?v=cs5-rbwUGQQ

A seguir são destacados os direitos relacionados aos ambientes escolar, familiar e


comunitário, sendo estes apresentados com mais profundidade.

No Artigo 16, no Item 3, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) adverte
que “A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da
sociedade e do Estado”.
Ao conceber a família como núcleo natural e fundamental da sociedade, o documento
revela a concepção familiar da Era Contemporânea. No contexto contemporâneo, a família é
considerada a primeira instituição natural responsável pela formação integral do seu membro,
o que incluí os fatores biológicos, sociais e psíquicos.

O Item 1 do Artigo 26 destaca:

Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução
técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está
baseada no mérito.

Essa asserção de que “Todo o ser humano tem direito à instrução” deixa nítida a
superação de educação elitista e seletiva que vigorava nas eras anteriores e propõe a oferta
democrática do ensino. Observa-se que a Educação, no século XXI, é pautada no princípio de
igualdade.

Para a preservação e garantia do direito à educação, a Organização das Nações Unidas


para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO - na Conferência Mundial de Jomtien,
Tailândia, realizada entre 5 e 9 de março de 1990, proclamou a Declaração Mundial sobre a
Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem.

O manifesto sobre a Educação para Todos surgiu posteriormente à Declaração


Universal dos Direitos Humanos (1948), em decorrência da observação de que, apesar de
quarenta anos de esforços para assegurar o direito à educação, a realidade ainda mostrava
um quadro muito precário, com altas taxas de analfabetismo, dificuldade no acesso ao ensino
fundamental e um índice significativo de evasão escolar.

Explore
Para saber mais sobre a Declaração de Jomtien, acesse o site oficial da representante da
UNESCO no Brasil:
http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf

O Item 1 do Artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos(1948) diz:

Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da


comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus
benefícios.
Esse item revela a importância que a comunidade tem sobre a formação cultural do ser
humano; mostra que o contato social, neste século, vai além das relações de trabalho e
religiosas que prevaleciam nos tempos passados. As relações familiares, sociais, profissionais e
religiosas são valorizadas como intercâmbios que colaboram para o desenvolvimento
biopsicossocial do sujeito, respeitando o direito à liberdade de ir e vir.

No entanto não se deve supor que vivemos numa sociedade plena de direitos, pois o
Item 1, do Artigo 29, determina que “Todo ser humano tem deveres para com a comunidade,
na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível”.

Dessa forma, considera-se que, para garantir e cumprir os direitos fundamentais à


humanidade, também é preciso compreender os deveres que os cidadãos têm para com a
sociedade.

Sintetizando:

Figura 1 - Organograma elaborado pela autora


Programa Nacional de Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) foi idealizada considerando:

(...) que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as


Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e
a observância desses direitos e liberdades.

Sendo o Estado responsável por observar e acompanhar a garantia dos direitos


humanos, cabe a ele criar medidas para o cumprimento de seu papel. No Brasil, o Programa
Nacional de Direitos Humanos (2009) - PNDH - é um exemplo dessa ação, envolvendo os
Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública.

O ano de 1996 data o lançamento do primeiro Programa Nacional de Direitos


Humanos – PNDH-1. Seis anos depois, revisado, atualizado e ampliado com a incorporação
dos direitos econômicos, sociais e culturais, o PNDH-2 foi publicado em 2002. O PNDH-3 é a
versão atual, que foi editada no ano de 2009.

A idealização do PNDH-3 (2009) foi baseada no debate público da 11ª Conferência


Nacional dos Direitos Humanos no Brasil em decorrência da comemoração dos 60 anos da
Declaração Universal.

O PNDH-3 (2009) representa um roteiro para a constituição de uma sociedade livre,


igual e fraterna. O diálogo entre Estado e sociedade civil consolida o fortalecimento da
democracia no país, assim como reafirma a universalidade, indivisibilidade e interdependência
dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.

Embora o PNDH-3 (2009) estabeleça coerência com os princípios e ideais da ONU,


sua publicação, nos meados de 2009, foi palco de muitas controvérsias e críticas da sociedade
civil ao governo vigente, por isso foi expedido pelo Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de
2009, e atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010.

Explore
Confira a reportagem que retrata as contestações da sociedade civil ao PNDH-3 (2009):
https://www.youtube.com/watch?v=E8vThYlrSms
O PNDH-3 (2009) está organizado em Eixos Orientadores:
 Eixo I – Interação Democrática entre Estado e sociedade civil.
 Eixo II – Desenvolvimento e Direitos Humanos.
 Eixo III – Universalização dos Direitos em um Contexto de Desigualdades.
 Eixo IV – Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência.
 Eixo V – Educação e Cultura em Direitos Humanos.
 Eixo VI – Direito à Memória e à Verdade.

Adiante serão tratados especificamente os itens relacionados à Escola, Família e


Comunidade, que interessam à disciplina.

O Eixo III, que versa sobre a universalização dos direitos humanos em contextos de
desigualdades, aponta como objetivo estratégico o acesso à educação de qualidade e garantia
de permanência na escola. Para tanto, são apresentadas ações programáticas, como:

a) Ampliar o acesso à educação básica, a permanência na escola e a universalização


do ensino no atendimento à educação infantil.
Responsável: Ministério da Educação

d) Apoiar projetos e experiências de integração da escola com a comunidade que


utilizem sistema de alternância.
Responsável: Ministério da Educação
j) Fortalecer as iniciativas de educação popular por meio da valorização da arte e da
cultura, apoiando a realização de festivais nas comunidades tradicionais e valorizando
as diversas expressões artísticas nas escolas e nas comunidades.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República.
(BRASIL, 2009, p.145)

Quando o assunto em pauta é democratização da educação e permanência na escola,


o Ensino Fundamental, no Brasil, tem sido prioridade. A ação (a) revela a intenção de
estender a garantia de acesso à educação à primeira etapa da educação básica, ou seja, às
creches e instituições de Educação Infantil. É importante destacar que, atualmente, a
educação é considerada como direito de todo o cidadão.

Ao apoiar projetos e experiências de integração entre escola e comunidade e propor o


fortalecimento de iniciativas para a valorização de festivais nas escolas e nas comunidades, as
ações programáticas (d) e (j) favorecem a relação democrática e participativa entre as
instituições. Nesse caso, a escola é apontada como um importante local onde se pode
aprender democracia, exercitando-a. Isso se tornará possível se a comunidade puder participar
dos espaços da escola, vivenciando atividades em que se envolva o maior número de sujeitos
com o objetivo de proporcionar o estreitamento dessa relação.
No Eixo V - Educação e Cultura em Direitos Humanos - o PNDH-3 (2009) traz
algumas inovações ao currículo escolar. A Diretriz 19, que contribui para o fortalecimento dos
princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, tem como
primeiro objetivo estratégico:

a) Estabelecer diretrizes curriculares para todos os níveis e modalidades de ensino da


educação básica para a inclusão da temática de educação e cultura em Direitos
Humanos, promovendo o reconhecimento e o respeito das diversidades de gênero,
orientação sexual, identidade de gênero, geracional, étnico-racial, religiosa, com
educação igualitária, não discriminatória e democrática (BRASIL, 2009, p.154).

A inclusão da educação e da cultura como direitos humanos no ensino básico está


orientada para a educação para a paz, que é construída por atitudes acolhedoras à
diversidade cultural e religiosa, bem como pelo respeito à dignidade humana, à liberdade, à
justiça, à igualdade. A educação para tolerância está vinculada às manifestações de respeito
aos direitos fundamentais do ser humano.

É importante destacar que, mais do que um rol de assuntos que devem ser
obrigatoriamente incluídos nos currículos das escolas, a exigência de acolhimento, respeito e
tolerância traz, em seu bojo, o desvelamento das diferenças entre grupos humanos, isto é, o
reconhecimento da formação multirracial do nosso país, questão que, se não for tratada com
seriedade por escolas, famílias e comunidades, pode se converter em situações de racismo,
preconceito e discriminação, que, por sua vez, interferem negativamente na formação do
sujeito.

Complementando, o PNDH-3 (2009, p.155), em sua ação programática (d), adverte


sobre a necessidade de “Incluir conteúdos, recursos, metodologias e formas de avaliação da
educação em Direitos Humanos nos sistemas de ensino da educação básica”.

Um exemplo dessa ação são as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2004).
O documento institui que não se pode estabelecer uma disciplina para tratar da temática das
relações étnico-raciais, mas que, antes de ser um conteúdo trabalhado isoladamente em datas
comemorativas, deve ser vivenciado cotidianamente nas relações escolares e comunitárias.

Incluir, nos currículos das escolas brasileiras, a educação das relações étnico-raciais
implica dar visibilidade a aspectos relativos à história da África, à cultura afro-brasileira,
africana e indígena, à presença de personalidades negras na história do Brasil, à contribuição
dos povos africanos à humanidade, dentre outros e divulgá-los nas instituições educacionais.
Contudo, para além de temas a serem tratados nos currículos, tem-se lutado para que
posturas e atitudes racistas e discriminatórias sejam inaceitáveis e amplamente combatidas no
ambiente escolar.
Sendo impossível desconsiderar o professor numa nova implementação de diretriz
curricular, a ação programática (b) do Eixo V do PNDH-3 (2009) apresenta necessidade de:

b) Promover a inserção da educação em Direitos Humanos nos processos de


formação inicial e continuada de todos os profissionais da educação, que atuam nas
redes de ensino e nas unidades responsáveis por execução de medidas
socioeducativas (BRASIL, 2009, p.154).

Vemos que se exige dos profissionais da educação uma postura de reconhecimento dos
direitos humanos. No entanto essa construção não ocorre no isolamento, mas sim como
construção coletiva que envolve desde o sistema macro de ensino até o ambiente escolar
propriamente dito, a escola.

Com a preocupação de estabelecer uma política de direitos nas escolas, vários estatutos
e documentos foram elaborados, entre os quais o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990)
e o documento denominado “Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os
Direitos Fundamentais das Crianças”, expedido em 1995 e reeditado pelo MEC em 2009.

Em meio a tantas transformações, a escola deve buscar oferecer um atendimento


educacional que garanta o bem-estar e o desenvolvimento dos alunos, seguindo os
pressupostos que se baseiam no respeito à dignidade e aos direitos básicos das crianças.

Considerando a laicidade da escola e, ainda, a existência de uma política nacional de


garantia dos direitos humanos, almeja-se a concretização da educação para e pela cidadania a
partir da universalização de uma educação em direitos humanos, imprescindível à construção
de uma sociedade verdadeiramente democrática.
Sintetizando:

Figura 2 - Organograma elaborado pela autora


Material Complementar

Atualmente a Carta da Terra apresenta os princípios da Declaração Universal


dos Direitos Humanos, adequando-a e introduzindo necessidades dos tempos
atuais, como as que se relacionam com questões ecológicas e de
sustentabilidade.

Para aprender um pouco mais sobre a Carta da Terra, acesse:

http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/index.html

A Carta da Terra também possui uma versão infantil, elaborada para que os Direitos
Universais possam ser trabalhados desde a infância.

Para ter acesso à Carta da Terra Infantil clique no link:

http://www.parceirosvoluntarios.org.br/images/Capa/file/CTparacriancasNAIA.pdf

Conheça também o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que é um


documento que contempla as políticas e ações a serem desenvolvidas pelos diversos órgãos
públicos e entidades da sociedade civil sobre a educação em direitos humanos.

Para acessar o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos clique no endereço:

http://new.netica.org.br/prevencao/cartilha/plano-educdh.pdf
Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação


das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de Histórica e Cultura Afro-Brasileira
e Africana. Brasília, DF, 2004.

______, ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069/90, de 13 de julho de


1990. Brasília, DF, 1990.

______, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica – Indicadores de


Qualidade na Educação Infantil. Brasília, DF, 2009.

______. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em


Direitos Humanos. Brasília, DF, 2010.

______. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Programa Nacional de Direitos


Humanos. 3ª Edição. Brasília, DF, 2009.

MORIN, Edgar – A cabeça bem-feita: pensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução


de Eloá Jacobina. 7ª edição – Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2002.

UNESCO – Declaração Universal dos Direitos Humanos. ONU– Brasília, DF, 1998.
Anotações

_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

Você também pode gostar