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V673p
IE
INSTITUTO DE ECONOMIA
UNIColoMP
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1.>)
TCC/UNICAMP
V673p
1290005299/IE
Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP
Instituto de Economia
BANCA EXAMINADORA
2
Resumo
3
Sumário
lnlrodução ..............................................................................................................................................5
CAPÍTULO I
CAPÍTULO li
Desenvolvimento Industrial Brasileiro e Sul Coreano nas Décadas de 1950 -1980 .............. 13
CAPÍTULO 111
Conclusão .............................................................................................................................................53
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................61
4
Introdução
5
processo de industrialização de ambos tem o mesmo ponto de partida: duas
economias frágeis e basicamente agrárias somadas ao baixo desenvolvimento
social.
6
Capitulo I
Como ensina William Arthur Lewis (LEWIS, 1960), existem diversas formas
de planejamento econômico por parte do governo. Entretanto, este autor faz uma
importante distinção entre os conceitos de planejamento econômico e o
autoritarismo típico das economias planificadas. Planejamento é facilmente pré-
compreendido como controle da economia, mas esse pode ocorrer por dois
instrumentos distintos: "O controle invisível, exaltado pelos defensores do Laisser-
faire, é o exercido pelo mercado; o visível, apregoado pelos partidários da
planificação, é o organizado pelo Estado" (LEWIS, 1960, p. 19).
Porém o tema abordado neste trabalho não é tão simples como foi
apresentado em nossas breves palavras, e merece muita atenção.
8
Decorrente do ponto acima, Lewis apresenta outro defeito da economia de
mercado, que é a sua instabilidade. O autor é bem claro quando se utiliza da
proposição de que "A iniciativa privada na criação de capitais produz ciclos,
desemprego e miséria" (LEWIS, 1960, p. 28). Desta forma, conclui o autor que a
economia de mercado não poderia funcionar de maneira adequada "sem o apoio
positivo do Estado" (LEWIS, 1960, p. 29).
9
macroeconômica, entre outros aspectos que interferem de
forma importante, porém indistinta, sobre o setor industrial. A
ação seletiva para indústrias particulares é descartada ou, no
máximo, é vista como um componente adicional da política
industrial, cujo impacto é considerado restrito e pertinente
somente em condições econômicas e institucionais muito
peculiares. (... )
12
Capítulo 11
13
brasileiro havia construído a mais avançada, a mais complexa e integrada economia
industrial dentre os países em desenvolvimento" (CANUTO, 1994, p. 7).
Uma real articulação nacional, só teve início a partir dos anos 30, pelas
razões já descritas, mas como relata Suzigan em sua obra, essa tentativa só
observou um grau de coordenação compatível com o conceito de Política Industrial a
partir da segunda metade dos anos 1950. Com maior destaque, encontram-se dois
planos nacionais: O Plano de Metas e o li PND.
Wilson Suzigan afirma que "Em ambos, houve uma opção política pelo
desenvolvimento industrial e um papel predominante do Presidente da República,
apesar de ocorrerem sob regimes políticos totalmente diferentes" (SUZIGAN, 1997,
p. 37- Tradução livre). Ainda conforme lecionado por este autor em sua obra, no
período do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, percebeu-se um foco na
organização de uma administração paralela, por meio dos Grupos Executivos,
Grupos de Trabalho entre outras agências como responsáveis pela feitura do
planejamento, criação dos instrumentos e alocação dos recursos para sua
implementação "independentemente de apoio específico do Congresso Nacional"
(BENEVIDES, in SUZIGAN, 1997, p. 38- Tradução livre) 1.
14
Os dois projetos nacionais tinham objetivos setoriais e metas industriais
claramente determinadas. O Plano de Metas, como o próprio nome diz, já deixava
claro seu propósito e contava com a participação dos grupos executivos. O li PND,
por sua vez, além do plano inicial, contava com Comissões de Desenvolvimento
Industrial e programas setoriais, regionais e específicos. Em ambos os casos, os
instrumentos e políticas auxiliares se tornaram razoavelmente inter-relacionados e
sincronizados, dados os objetivos do plano e dos objetivos setoriais ou das metas
industriais determinadas (SUZIGAN, 1997, p. 38- Tradução livre).
15
regulação do mercado de trabalho" (SUZIGAN, 1997, p. 38-39
-Tradução livre).
Além dessas acima descritas, outras medidas também foram tomadas para
incentivar o crescimento e a industrialização no setor de financiamento público, na
promoção de desenvolvimento tecnológico, além de políticas competitivas e de
medidas de regulação mais rigorosas.
16
Ante todo o exposto, percebe-se o claro papel desempenhado pelo Governo
brasileiro no sentido de prover as condições básicas necessárias e eficientes para a
industrialização do país, mas, como demonstra Tiago Nery em sua obra, "a análise
do papel do Estado não pode ser feita sem levar em conta suas articulações com o
sistema internacional" (NERY, s/d, p. 6).
Conforme traz Tiago Nery em sua obra, há diversas formas de relações que
podem ser construídas nesse caso, e entre diferentes atores econômicos. Estado,
setor privado nacional, setor privado estrangeiro e ainda os setores organizados da
classe trabalhadora são alguns dos exemplos de agentes que interferem na
formulação de politicas e no desenho das relações a serem constituídas.
No Brasil, como cita o autor, não houve a construção de uma sólida base de
financiamento que fosse, à época, capaz de sustentar as atividades governamentais.
Estas atividades, portanto, tiveram que buscar no capital estrangeiro sua
viabilização, divergindo a relação estabelecida com o capital estrangeiro com o
passar dos anos.
Se nos anos 1950 verificou-se uma parceria direta com o capital estrangeiro
privado das grandes corporações transnacionais, 20 anos após verificou-se o
recurso aos capitais por intermédio de bancos internacionais a juros internacionais
flutuantes, o que, como alerta Tiago Nery, aprofundou "os laços de dependência
externa na medida em que esses recursos, na maioria das vezes, não eram
utilizados para mudar as estruturas preexistentes, mas para sancioná-las" (NERY,
s/d, p. 8)
18
TABELA 1. PIB-
Variação real anual
1958 10,8
1959 9,8
1960 9,4
1961 8,6
1962 6,6
1963 0,6
1964 3,4
1965 2,4
1966 6,7
1967 4,2
1968 9,8
1969 9,5
1970 10,4
1971 11,34
1972 11,94
1973 13,97
1974 8,15
1975 5,17
1976 10,26
1977 4,93
1978 4,97
1979 6,76
1980 9,2
Fonte: IPEADATA
A Coréia do Sul (República da Coréia) por sua vez, antes do inicio dos
esforços pró-industrialização nos anos 1950, era um dos países mais pobres do
mundo. "Ao longo dos anos 1960 e 1970, um grupo de países em desenvolvimento
na Ásia começou a crescer rapidamente" assevera Yoo, e continua: "Poucos
esperavam que eles conseguissem isso, pois nenhum deles era particularmente
abençoado com recursos naturais ou tinham avançada ciência e tecnologia" (YOO,
1996, p. 1- Tradução livre).
19
Quase seis décadas depois, o pais cresceu ao ponto de figurar entre as 15
maiores economias do mundo, baseada numa economia voltada á exportação e com
intensa participação do governo como planejador e fomentador desse crescimento.
E não é só na área da economia que a Coréia do Sul atingiu desenvolvimento. A
influência do governo, diferentemente do ocorrido no início da industrialização
brasileira, propiciou, e mais do que isso, se beneficiou da melhoria dos índices
sociais como o alto nível de educação e maior homogeneidade social. Mas mesmo
assim, no fim da década de 1970 e no começo da década seguinte "a Coréia do Sul
olhava o Brasil com alguma inveja, como exemplo a ser seguido" (CANUTO, 1994,
p. 7).
20
Os Estados Unidos da América ainda participaram da industrialização sul-
coreana através de interferências diretas na organização do país, conforme suscita
Nery, obtendo profundos impactos politicos no que tange a forma de liderança do
governo em relação ao progresso econômico.
Existe outro fator muito importante e que precisa ser levado em conta. Como
tratado por Luciano Coutinho no prefácio à obra de Canuto, a Coréia do Sul tirou
bastante proveito devido a sua posição geopolítica:
21
por novas operações de captação - securitizadas - no
mercado financeiro japonês. Além do suporte financeiro, o
capitalismo industrial coreano aproveitou a oportunidade
excepcional de se engatar diretamente na Terceira Revolução
Industrial e Tecnológica através do aprofundamento de
parcerias com a indústria japonesa - em pujante ascensão na
área do complexo eletrônico" (COUTINHO, Ji1 CANUTO, 1994,
p. 10).
Com isso em mente, adiciona-se o fato de que o governo sul coreano avaliava
e monitorava os projetos que financiava, "mantendo critérios comerciais mesmo
quando se tratava de projetos prioritários do governo, o que permitia um alto nível de
repagamento e um baixo nível de perdas" (NERY, s/d, p. 7). O Estado também
mantinha controle sobre o mercado de capitais, o acesso ao crédito externo, e
muitas vezes, obrigava que parte do capital financiador dos grupos fosse doméstico,
e por eles concedido: mais uma maneira de aumentar seu poder de controle sobre
esses grupos, demonstrando claramente que, "ao contrário dos preceitos
neoclássicos, houve uma política de forte intervenção estatal na economia" (NERY,
22
s/d, p. 8) sendo esta a única saida possivel para a melhoria das condições
econômicas do país- e comprovadamente viável.
Como descrito no artigo escrito por Vinti Vaid (2010), o fomento de uma
economia forte também incluiu o setor automotivo. Para desenvolver essa indústria o
governo sul-coreano anunciou várias políticas setoriais nos anos 1960, que serão
detalhadas nos tópicos a seguir, proibindo montadoras estrangeiras de operar
autonomamente no país, levando a criação de empresas nacionais que iniciaram
suas operações em parceria e com ajuda técnica de grandes multinacionais.
23
Como articula Tiago Nery:
24
Para ilustrar essa mudança na economia e principalmente na sociedade
coreana, recorremos à citação de Yoo: "Enquanto a economia estava crescendo
rapidamente, a estrutura industrial passou por uma grande transformação. Como
mostrado na tabela 2, no início dos anos 1960, aproximadamente 70 por cento de
todos os trabalhadores estavam engajados na agricultura. coleta e pesca. Em torno
de 1970, a proporção de trabalhadores no setor primário declinou para 50 por cento"
(YOO, 1996, p. 5- Tradução livre).
(percentl
·-'·""--,....... ·-=-~ ... . ~··-=-~·
Agriculture.
Mining Manufacturing Others
forestry & fisllery
- - - ··--- --- - --·-·---- -·-···-··- ·-·--·- -- ----
A. Gross Domestic Product by Sector
1960 36.9 2.1 13.6 47.4
1965 38.7 1.8 17.7 41.8
1970 25.8 1.3 21.0 51.9
1975 24.9 1.4 26.6 47.1
1980 15.1 1.4 30.6 52.9
1985 13.9 1.5 29.2 55.3
1990 9.1 0.5 29.2 61.2
B. Emp1oyment by Sector
1960 68.3 0.3 1.5 29.9
1965 58.6 0.9 9A 31.1
1970 50.4 l.l 13.1 35.4
1975 45.7 o.s 18.6 35.2
1980 34.0 0.9 21.6 43.5
1985 24.9 LO 23.4 50.7
1990 18.3 0.4 26.9 54.4
-~~---=---~__,_____ ~-·
25
O crescimento da economia Sul-Coreana (atualmente a 15' maior economia
do globo) pode ser considerado como um exemplo para muitas economias em
desenvolvimento. Se a Coréia pode ser considerada uma economia dinâmica, em
parte isso é devido às políticas estatais referentes ao fortalecimento e
desenvolvimento do setor de ciência e tecnologia seguidas pelo país.
26
Capítulo 111
Percebendo que o mercado brasileiro já não era mais promessa, apenas dois
anos depois da construção da primeira linha de montagem, a companhia iniciou a
construção da fábrica de São Caetano do Sul. Nos anos que se seguiram, o que se
percebeu foi a efetivação do interesse do brasileiro pelos automóveis, e a frota
nacional cresceu muito rapidamente.
27
bastante) a importação de automóveis, visando à criação de uma Indústria
Automobilística efetivamente nacional, que fosse capaz de produzir o automóvel por
inteiro. Tal medida, apesar de parecer imprópria aos interesses econômicos dos
EUA, importante aliado econômico e político do Brasil à época, foi bastante favorável
a instalação de filiais produtivas das empresas norte-americanas no país, fato este
que impulsionou ainda mais a indústria de automóveis nacionais.
28
viabilizaram seu desenvolvimento. Ainda, implementou regras que impediam ou ao
menos dificultavam bastante a importação de produtos importados e atuou também
na concessão de crédito para o consumidor interessado em adquirir o produto. Ou
seja, sua atividade focou, por incentivos em todas as etapas, o desenvolvimento e o
fortalecimento da indústria automobilística no Brasil, garantindo a implantação da
indústria no país e, uma vez implantada, um mercado consumidor capaz de absorver
o resultado do crescimento da produção nacional.
29
Novas medidas de Política Industrial deveriam ser tomadas e, conforme
relatório da ANFAVEA, tais medidas foram executadas. Dentre as medidas, estavam
a redução da carga tributária, principalmente IPI e ICMS, e no preço ao consumidor
final, bem como a manutenção dos empregos e ampliação do financiamento. A
grande virada da indústria ocorreu a partir dos acordos setoriais de 1992, do
programa do carro popular de 1993 que, embora não discutido nos acordos, fora
iniciativa do governo Itamar Franco e da política industrial de 1995.
30
mais significativo do que o que o governo da época esperava, além de surpreender
a todos os participantes. Esta reunião da Câmara Setorial teve a participação de
diversos entes relevantes do setor: "32 sindicatos patronais e de trabalhadores,
órgãos públicos de âmbito federal estadual e municipal, além de empresas dos
setores automotivo, de motocicletas, de autopeças e de indústrias conexas"
(COMIN, 1998, p 42).
31
Também, para contrapor a política de estabilização praticada pelo Governo
Federal no setor creditício, ocorreram medidas que buscavam a liberação de crédito
específico para o setor automobilístico. Como anuncia Alexandre Comin, a
implementação de um programa de financiamento para automóveis e outros
veículos com a participação do BNDES e demais bancos comerciais, a reabertura de
consórcios com regras favoráveis ao consumidor e a eliminação das restrições de
crédito direto ao consumidor para aquisição de veículos foram três importantes
medidas no sentido da flexibilização do crédito.
Com uma participação ainda mais ampla, após a entrada da "Força Sindical",
o Segundo Acordo Setorial Automotivo "estabeleceu metas ainda maiores para a
produção de veículos e adotou medidas relativas a impostos, condições de
financiamento de veículos, redução da margem de lucro na cadeia produtiva, além
de questões trabalhistas e relativas à tecnologia e qualidade". (COMIN, 1998, p. 45).
Essa redução dos impostos do âmbito federal foi acompanhada por sugestão
ao Conselho de Política Fazendária (CONFAZ) de empreender redução do ICMS, de
32
âmbito estadual. As sugestões foram de: 1- veículos com menos de 1.000
cilindradas (12% para 9% de ICMS); 2- Comerciais leves, ônibus e demais veículos
(manutenção dos 12% de ICMS); e 3- caminhões (12% para 7%) e máquinas
agrícolas (8,8% para 7%).
Com todas essas reduções, os preços sobre os veículos com menos de 1.000
cilindradas chegaram a cair 21,44%, que, somando com a redução anteriormente
praticada, atingiram a ordem dos 40%, fato inédito na indústria automobilística, e
que teve grande influência no fortalecimento do setor.
Fato que merece ser ressaltado, é que, apesar da grande renúncia fiscal
ocorrida em pontos percentuais das alíquotas, a ampliação extraordinária do
mercado interno tornou possível o aumento da arrecadação com os impostos acima
referidos, conforme ressaltado por Alexandre Cominem sua obra.
33
"Se, por um lado, os ganhos em termos de competitividade
decorrentes da reestruturação dos anos 90 não foram
suficientes para efetivar uma inserção externa mais ativa da
indústria local, foram fundamentais para conter o avanço das
importações após a abertura comercial. Nesse aspecto, há que
se considerar que, nessa década, a abertura comercial
promoveu uma mudança estrutural no comércio exterior do
País, na medida em que o aumento das importações, em todo
o período, foi significativamente superior ao aumento das
exportações" (CARNEIRO' in CARIO, 2006, p. 8).
2
CARNEIRO, Ricardo. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São
Paulo: UNESP, 2002.
34
incorporação de inovações tecnológicas estritamente nacionais aos veículos aqui
produzidos e agora exportados.
36
Novamente citando Alexandre Comin, cujo trabalho especifico sobre o tema é
bastante claro e relata com objetividade as mudanças necessárias na política
econômica específica para o setor:
37
Nas tabelas e gráfico a seguir, percebemos o movimento ora descrito.
-
Tabela 3 Comércio Internacional Brasileiro
ANO Importações E~rtações ANO Importações Exportações ANO Importações Exportações
1940 alto
1950 421 - 1971 83 13 1992 1.079 3.012
1951 257 - 1972 98 54 1993 1.809 2.660
1952 181 - 1973 208 63 1994 2.550 2.685
1953 41 - 1974 348 204 1995 4.795 2.415
1954 65 - 1975 302 334 1996 4.882 3.013
1955 32 - 1976 235 386 1997 5.105 3.929
1956 45 - 1977 226 490 1998 4.692 4.264
1957 88 - 1978 293 610 1999 3.873 3.078
1958 106 - 1979 276 760 2000 3.764 3.488
1959 106 - 1980 524 1.101 2001 3.717 3.614
1960 84 - 1981 469 1.566 2002 2.910 3.379
1961 25 1 1982 318 1.155 2003 3.246 4.679
1962 17 2 1983 368 1.187 2004 3.653 6.655
1963 18 - 1984 395 1.433 2005 5.257 9.391
1964 10 2 1985 436 1.604 2006 6.126 10.268
1985 8 3 1986 656 1.488 2007 8.690 10.684
1966 44 6 1987 826 2.453 2008 13.754 10.964
1967 49 2 1988 696 2.618 2009 11.270 7.050
1968 75 2 1989 678 2.570 em milhões de US$
1969 76 4 1990 733 1.897
*Fonte: ANFAVEA, Decex (BB) e I
1970 69 9 1991 849 1.915 Secex (MOI C)
38
Gráfico I - Exportações de veículos brasileiros por destmo (2009)
Ásia
Oceania
0,3%
Europa
Total
Aménca do Sul
475.325
63,8% autoveículos
Aménca do Norte
13,3%
Aménca Central
0,2%
Tab
ea -
i 4 E xporaçoes
t- deVeiCU
' IOS
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
França 3.619 3.735 3.873 4.046 4.269 4.319 4.239 4.697 4.322 3.886
Japão 4.455 4.166 4 698 4.756 4.958 5.053 5.967 6.550 6.727 3.616
Alemanha 3.723 3.916 3 872 3.913 3.924 4.081 4.183 4.664 4.501 3.584
Coréia do Sul 1.676 1.501 1 510 1.815 2.380 2.586 2.648 2.847 2.684 2149
Espanha 2.504 2.337 2 328 2.495 2.480 2.247 2.273 2.389 2.181 1 885
EUA 1.468 1 462 1 661 1 611 1.794 2 064 2.055 2.396 1.996 NO/NA
México 1.451 1 415 1.336 1 195 1 102 1 194 1.587 1.653 1.698 1 266
Rep. Tcheca 357 383 374 381 390 533 780 879 959 1.078
Reino Unido 1.128 992 1.161 1.247 1 301 1.316 1.242 1.317 1.254 829
Turquia 96 198 258 347 508 553 697 820 910 629
Bélgica 994 1 141 1.015 872 871 869 848 758 653 490.
BRASIL 371 391 415 536 759 897 843 789 735 475
Itália 912 814 734 704 596 498 596 651 561 383
Argentina 136 155 123 108 146 182 237 316 351 322
Portugal 225 223 238 231 219 211 219 176 170 123
Áustria 137 149 143 135 244 247 269 226 150 NO/NA
NO/NA - não disponível Mil unidades
(*) Estimattva (Acea)
Fontes· Adefa, Anfavea. Kama, OICA, OSO. SMMT, VOA, Ward's Communications.
39
1.1- Experiências automotivas genuinamente brasileiras
41
1.1.1- Breve Histórico da GURGEL Motores S/A.
A história da Gurgel se inicia com a idéia de seu sócio fundador João Amaral
Gurgel, que, na cidade de Rio Claro, no interior de SP, decidiu fabricar pequenos
automóveis populares genuinamente nacionais, atendendo aos interesses da
sociedade brasileira e com preços acessíveis. Tudo isso incorporando tecnologia
nacional e alguns diferenciais adaptados a realidade do pais.
Este veículo tinha apelo "fora de estrada" e não chegava a empolgar muito o
consumidor estritamente urbano devido a sua falta de estabilidade e conforto.
Entretanto, a fama desse veículo e de outros utilitários desenvolvidos pela empresa
levou a GURGEL a crescer no Brasil e fora dele.
42
além do tamanho e peso das baterias que duravam pouco e necessitavam de longos
períodos de recarga.
Lançado em 1988, o BR-800 foi produzido até 1991 e sua aquisição, de inicio,
só se dava através de aquisição de quotas de ações da empresa GURGEL Motores
S/A A campanha de aquisição atingiu relativo sucesso, e se demonstrou bastante
rentável para os seus adquirentes, pois antes do início da década de 1990, o preço
de mercado das cerca de 1.000 unidades produzidas apresentava ágio de 100%.
43
apesar de ainda ser o menor carro fabricado no Brasil, era mais moderno e
espaçoso que seu sucessor, além de ainda ser bastante econômico e um pouco
mais potente que o BR-800.
44
partes de antigos jeeps americanos por um mecânico e seus três irmãos, no ano de
1955. Antes disso, somente carros totalmente importados circulavam no país. A
indústria automobilística do país se resumia a algumas oficinas mecânicas e de
reparo de automóveis (principalmente militares) que chegavam ao ponto máximo de
fornecer algumas das peças necessárias para o reparo dos veículos importados.
Após o sibal, como foi nomeado o primeiro carro sul-coreano, seu construtor
fundou a pequena Sibal Automobiles, que utilizava partes de jeeps americanos
importados e motores modificados, chegando a produzir cerca de 3.000 automóveis.
Mas a incipiente tentativa da primeira fábrica de automóveis da Coréia não obteve
sucesso, pois devido à grande falta de combustível no mercado a propriedade de
veículos particulares foi proibida.
45
empresa pela Sinjin Automobiles, que passou a ser a única fabricante de automóveis
no pais, empresa que já tinha experiência no setor, montando kits enviados pela
Misubishi.
46
A política adotada permitiu que o mercado automobilistico apresentasse uma
tendência crescente na produção de carros. Entretanto, mais importante que isso,
tanto os produtores de autopeças quanto as montadoras, devido à transferência de
tecnologia possibilitada pelos acordos comerciais e licenças produtivas, se tornaram
mais sofisticadas tecnologicamente. O mercado interno de fornecedores passou a
ser capaz de produzir e fornecer a maioria das partes necessárias dos veículos
montados, caso da Hyundai e da General Motors Korea, que reduziram a
participação de peças importadas para 40% e 26% em 7 anos (1968-1975).
A política industrial sul-coreana variou muito pouco nos anos seguintes, não
ocorrendo variações profundas em suas bases, mantendo sua tradicional aversão à
abertura do mercado para novos investimentos internacionais e liberação das
importações. Esses fatores contribuíram para que o país fosse capaz de suplantar
fraquezas verificadas no seu processo de desenvolvimento.
47
nacional de autopeças. Kia, Hyundai e GM Korea tiveram seus projetos aprovados,
mas somente a Hyundai focou o novo projeto como principal objetivo.
48
Tabela 5- Exportação de Carros e Veículos Comerciais
I 1973 I 1987
1 Alemanha 6.483.517 1 Japão 44.288.960
2 Canadâ 3.103.489 2 Alemanha 37.442.083
3 Japão 3.494.511 3 Canadá 15.669.396
4 França 2.825.848 4 Bélgica 10.502.252
5 EUA 2.613.063 5 EUA 10.131.876
6 Bélgica 1.872.860 6 França 9.684.875
7 Itália 1.378.487 7 Itália 4.947.497
Reino
8 Unido 1.314.852 8 Suécia 4.890.615
9 Suécia 867.996 9 Espanha 4.116.020
10 Holanda 219.683 10 Reino Unido 3.911.305
11 Espanha 175.271 11 Brasil 3.059.590
12 Austrália 167.368 12 Coréia do Sul 2.788.923
13 Argentina 61.555 13 México 1.120.465
14 Áustria 55.459 14 Holanda 716.188
15 México 39.659 15 Dinamarca 543.025
16 Brasil 37.043 16 Áustria 510.104
17 Finlândia 31.416 17 luguslávia 489.669
18 Singapura 28.659 18 Finlândia 385.307
19 Líbano 28.659 19 Noruega 242.004
20 Dinamarca 21.516 20 PortuQal 232.071
Source: lntemational Trade Statistics Em US$ 1000,00
49
As exportações de carros sul-coreanos cresceram rapidamente. Tal fato se
deu por vários motivos, principalmente pelos esforços em controle de qualidade,
expansão de serviços pós-venda, produção de maior variedade de modelos e táticas
de marketing mais agressivas. Ainda, o viés exportador da indústria automotiva sul-
coreana foi determinante para esse crescimento. Afinal, com o crescimento
expressivo de paises em desenvolvimento nas décadas de 1990 e 2000, as
oportunidades de crescimento aumentaram e foram bem aproveitadas pela indústria
sul-coreana.
50
CêüOC/Ií:
competitiva destes últimos com os produtos oriundos dos mercados mais
tradicionais.
m11 umdades
2006 % 2007 %
Fonte: Kama
51
Cada uma das empresas fabricantes de veículos traçou seu plano para se
tornar uma montadora de volume global, apesar de ainda enfrentarem suspeitas
oriundas de setores específicos do mercado consumidor. A indústria sul-coreana
obteve sucesso no aumento tanto do volume de automóveis produzidos quanto da
capacidade produtiva (equalizando sua taxa de utilização de maneira bastante
satisfatória). Ainda, por se tratar de uma indústria composta por empresas ligadas a
grupos industriais - chaebo/s, as questões relativas a financiamento são mais
simplesmente solucionadas no próprio mercado financeiro interno.
Como percebe-se a partir da análise elaborada até este ponto, a indústria sul-
coreana apresenta a característica de ser bastante voltada para as exportações. O
mercado interno, historicamente foi considerado pequeno (o país possui
aproximadamente 48,6 milhões de habitantes e crescimento populacional muito
baixo4 ) e muito pobre. Entretanto, a sociedade sul-coreana se desenvolveu bastante
nos últimos anos e seu poder de compra cresceu muito. Automaticamente, o número
de pessoas com acesso aos bens e produtos aumentou muito e a Coréia do Sul, em
2008, ocupava o 15° lugar no ranking mundial de número de veículos por habitante
(2,9 habitantes por veículo- o Brasil tem uma taxa de 6,9 hab/veículos).
Seu mercado interno tem capacidade para absorver fatia considerável de sua
produção (cerca de 1,394 milhão de veículos no ano de 2009, que corresponde a
39,6% da quantidade produzida naquele ano), não podendo de maneira alguma ser
ignorado. Entretanto, esses números não sofrem variação muito importante nos
últimos anos, o que demonstra que o futuro para a expansão desta indústria
realmente encontra-se no aproveitamento do crescimento da demanda internacional.
4
De acordo com a Wikipedia- utilizando dados do World Factbook da CIA-USA
52
Conclusão
Brasil e Coréia do Sul sempre foram dois países muito distintos tanto cultural
quanto economicamente e distantes geograficamente, mas apresentavam algumas
características que os tornavam semelhantes às análises econômicas no início do
século XX: ambos eram pobres e fundamentalmente agrários desde o início de sua
história. Não apresentavam vantagens comparativas capazes de, por força das leis
neoclássicas de mercado, elevá-los ao status de países industrializados.
53
consumidor, teriam a possibilidade de adquirir componentes de novos fornecedores
aqui instalados.
A partir daí, o mercado brasileiro foi tomado por empresas estrangeiras, que
passaram a produzir nacionalmente seus veículos, atendendo a demanda nacional.
Apesar de existirem tentativas de grupos brasileiros de iniciar as atividades para o
desenvolvimento de uma indústria originariamente e 100% nacional, tais esforços
não se concretizaram em marcas fortes e competitivas e até a atualidade a Indústria
Nacional é formada por filiais nacionais dessas empresas estrangeiras. Muitas delas
adquiriram com o tempo certa autonomia de controle gerencial, mas continuam
vinculadas às matrizes, e remetendo lucros ao exterior.
54
O que se verificou foi uma parceria que buscou, principalmente, a associação com
as empresas interessadas em explorar o mercado nacional no sentido de atingir o
desenvolvimento e a maturidade da Indústria.
55
tecnologia nacional aliada a um design diferenciado, refletindo a afirmação feita por
Canuto de que a Coréia do Sul foi um dos únicos casos de industrialização tardia e
periférica em condições de saltar para o restrito clube dos países avançados,
exatamente por ter concentrando seus esforços no aproveitamento das
oportunidades de ingressar na Terceira Revolução Industrial.
56
específico da indústria na estrutura da indústria de cada um dos países, e a
relevância que cada um dos países tem frente à indústria de automóveis mundial,
conforme tabelas a seguir. Como se pode observar, nos últimos anos, Brasil e
Coréia do Sul, somados, representaram mais de 10% de todos os veículos
fabricados no mundo.
PAiS l2ooo l2oo1 l2oo2 l2oo3 I2oo4 l2oo5 l2oo6 l2oo1 l2ooa l2oo9 Posições
anterio
China 2.069 2.334 3.287 4.444 5.234 5.708 7.278 8.883 9.299 13.791
'
2 Japão 10.141 9.777 10.257 10.286 10.512 10.800 11.484 11.596 11.576 7.935 200o
3 Estados Unidos 12.800 11.425 12.280 12.115 11.989 11 .947 11.292 10.781 8.694 5.712 5' Coréia
Alemanha 5.527 5.692 5.469 5.507 5.570 5.758 5.820 6.213 6.046 5.210 12' Brasil
'
5 Coréia do Sul 3.115 2.946 3.148 3.178 3.469 3.699 3.840 4.086 3.827 3.513 2001
6 Brasil 1.691 1.817 1.792 1.828 2.317 2.531 2.612 2.980 3.216 3.185 5' Coréia
Índia 801 815 895 1.161 1.511 1.639 2.017 2.254 2.332 2.633 10' Brasil
'
8 Espanha 3.033 2.850 2.855 3.030 3.012 2.752 2.777 2.890 2.542 2.170 2002
9 França 3.348 3.628 3.702 3.620 3.666 3.549 3.169 3.016 2.569 2.050 s• Coréia
10 México 1.935 1.841 1.805 1.575 1.577 1.684 2.046 2.095 2.168 1.557 11' Brasil
Canadá 2.962 2.533 2.629 2.553 2.711 2.688 2.572 2.579 2.082 1.490 2003
"
12 Reino Unido 1.814 1.685 1.823 1.846 1.856 1.803 1.650 1.750 1.650 1.090 6' Coréia
Rep. Tcheca 455 465 447 442 448 602 855 938 947 975 10' Brasil
" Tailândia 412 459 585 742 928 1.123 1.194 1.287 1.394 968 2004
"
15 Polônia 505 348 311 322 601 613 715 785 946 879 6' Coréia
15 Turquia 431 271 347 533 823 879 988 1.099 1.147 870 9' Brasil
Itália 1.738 1.580 1.427 1.322 1.142 1.038 1.212 1.284 1.024 843 2005
"
18 Irã 278 323 315 582 789 817 904 997 1.051 752 5' Coréia
19 Rússia 1.206 1.251 1.220 1.279 1.386 1.355 1.503 1.660 1.790 722 9' Brasil
20 Bélgica 1 033 1.187 1.057 904 900 927 918 834 724 523 2006
Argentina 340 236 159 169 260 320 432 545 597 513 5' Coréia
"22 Malásia 283 359 395 344 472 563 503 442 531 485 a• Brasil
23 Indonésia 293 279 299 322 408 501 296 412 601 465 2007
África do Sul 357 407 404 421 450 525 588 534 563 380 s• Coréia
"
25 Austrália 347 319 344 413 411 395 331 335 330 227 7' Brasil
26 Suécia 301 289 276 323 340 339 333 366 308 156 2008
Outros 1.460 1.477 1.742 1.725 2.054 2.335 2.339 2.864 2.874 2.049 5' Coréia
TOTAL 58.374 56.304 58.994 60.663 64.496 66.551 69.335 73.139 70.520 60.987 6' Brasil
Fontes/Sources: Anfavea, OICA.
57
Tabela 9- Produção Mundial Milhares de veículos
Brasil
145 516 780 960 1.582 1.629 1.805
Coréia do Sul Nld Nld
134 1.498 2.312 2.526 2.813
Total Mundial
15.200 33.401 37.136 47.262 49.658 50.046 51.496
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Brasil
2.067 1.573 1.344 1.671 1.798 1.793 1.827
Coréia do Sul
2.818 1.954 2.832 3.115 2.946 3.148 3.178
Total Mundial
53.474 52.093 54.948 57.531 56.325 58.973 60.331
2004 2005 2006 2007 2008 2009
Além disso, não haveria maior barreira à absorção desses novos produtos,
vez que o número de habitantes que possuem veículos no país é bastante inferior
aos números verificados em outros países (como na Coréia do Sul), além de ainda
haver grande espaço no mercado internacional que poderia ser ocupado por novos
produtores preocupados com o futuro do mercado. Nos últimos anos, percebemos
que novas empresas estrangeiras demonstraram interesse no mercado brasileiro,
interesse esse efetivado com a construção de novas plantas produtivas, inclusive de
marcas sul-coreanas.
60
REFERÊNCIAS
_CARIO, Silvio Antonio Ferraz; ALMEIDA, Carla Cristina Rosa de; MERCÊS,
Raimundo; GUERRA, Oswaldo Ferreira. Indústria automobilistica brasileira:
conjuntura recente e estratégras de desenvolvimento, 2006. Disponível em
<http ://www. fee. te he. brlsitefeeldownloadlindicadoresl34_ 01114 _parte. pdf> Acesso
em 1011112010.
_FURTADO, Celso. Fonnação Econômica do Brasil. 25. Ed. São Paulo: Editora
Nacional, 1995.
61
(84), outubro-dezembro/2001. Disponível como arquivo on-line em
<http://www.rep.org.br/pdf/84-9.pdf> Acesso em 30/09/2010.
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