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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2302797-70.2022.8.26.0000 e código 1D6ADFD6.
Sobre o objeto da demanda, considero, preliminarmente, que o ato
de reconhecimento pessoal, conduzido pela autoridade policial, não seguiu os ditames
legais previstos no art. 226 do Código de Processo Penal, cuja moderna jurisprudência
do STJ entende como obrigatórios, e não apenas meras recomendações do legislador:

HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO.


RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO DE PESSOA
REALIZADO NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCELO SEMER, liberado nos autos em 20/12/2022 às 09:56 .
INOBSERVÂNCIA DO PROCEDIMENTO PREVISTO NO
ART. 226 DO CPP. PROVA INVÁLIDA COMO FUNDAMENTO
PARA A CONDENAÇÃO. RIGOR PROBATÓRIO.
NECESSIDADE PARA EVITAR ERROS JUDICIÁRIOS.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. O
reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por fotografia,
realizado na fase do inquérito policial, apenas é apto para
identificar o réu e fixar a autoria delitiva, quando observadas
as formalidades previstas no art. 226 do Código de Processo
Penal e quando corroborado por outras provas colhidas na fase
judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. 2.
Segundo estudos da Psicologia moderna, são comuns as falhas e
os equívocos que podem advir da memória humana e da
capacidade de armazenamento de informações. Isso porque a
memória pode, ao longo do tempo, se fragmentar e, por fim, se
tornar inacessível para a reconstrução do fato. O valor
probatório do reconhecimento, portanto, possui considerável
grau de subjetivismo, a potencializar falhas e distorções do ato
e, consequentemente, causar erros judiciários de efeitos
deletérios e muitas vezes irreversíveis. 3. O reconhecimento de
pessoas deve, portanto, observar o procedimento previsto no art.
226 do Código de Processo Penal, cujas formalidades
constituem garantia mínima para quem se vê na condição de
suspeito da prática de um crime, não se tratando, como se tem
compreendido, de "mera recomendação" do legislador. Em
verdade, a inobservância de tal procedimento enseja a nulidade
da prova e, portanto, não pode servir de lastro para sua
condenação, ainda que confirmado, em juízo, o ato realizado na

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