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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

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FÍSICA I
Tema 4
Mecânica Clássica
Dinâmica de um ponto material.
4.1- Conceito de Força. Primeira e Segunda lei de Newton. Quantidade
de movimento e seu Princípio de Conservação. Terceira lei de Newton.
Forças em Mecânica: Força de gravidade, Força normal, Força de atrito
e Força elástica. Interacção dos corpos.

MAYRA HERNANDEZ DE SOUSA


DINÂMICA DE UM PONTO MATERIAL
Estudo das causas do movimento dos corpos

Conceito de Força:
 A FORÇA expressa de forma
QUANTITATIVA as INTERACÇÕES
FÍSICAS entre os corpos.
 Grandeza vectorial com módulo,
direcção e sentido.

 A Força deve ser expressa em termos


de PARÂMETROS que descrevam o
sistema físico.

Unidade de força SI: 1 𝑁 = 1𝑘𝑔 𝑚Τ𝑠2

Fig. 4.1 Força gravítica, eléctrica, magnética e nuclear

MAYRA HERNANDEZ DE SOUSA


LEIS DE NEWTON
(Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica-1687)

1. Base da Mecânica Clássica ou Mecânica Newtoniana.


2. Formalismo matemático do Movimento dos Corpos.
 Método para determinar o movimento dos corpos quando se
conhecem as forças que actuam no corpo,
 Procedimento para determinar as forças quando se conhece o
movimento dos corpos

MAYRA HERNANDEZ DE SOUSA


LEIS DE NEWTON

1ª Lei de Newton – Lei da Inércia


 Qualquer corpo isolado continua em estado de repouso ou de movimento rectilíneo
uniforme, a menos que haja a acção de forças externas aplicadas que o modifiquem.
σ 𝐹Ԧ = 0
Experiência de Galileu – Lei da Inercia

Posição inicial Posição final

Fig. 4.2 Primeira lei de Newton - Experiência de Galileu

Movimento relativo Observador inercial Sistema de Referência Inercial:


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2ª Lei de Newton – Lei Fundamental da Dinâmica
Lei da Aceleração
 Força: Acção externa ao corpo que provoca uma variação da velocidade do corpo.
 Massa: Propriedade intrínseca do corpo que mede a sua resistência à aceleração.
 A massa do corpo determina como varia a sua velocidade quando interage com outros corpos
“ A variação do momento linear é proporcional à força aplicada, e dá-se na direcção da recta
segundo a qual actua essa força”.

𝑭 M 𝐚𝟏
Para a mesma força…
maior massa implica menor aceleração
𝑭 m 𝐚2

Fig. 4.3 Segunda lei de Newton

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 MOMENTO LINEAR: Produto da massa do corpo pela sua velocidade,
𝐩 = 𝑚𝐯
caracteriza o Estado Dinâmico da partícula. Unidade SI do Momento linear: kg m

 A taxa de variação do momento linear do corpo é proporcional à força aplicada:


𝑑𝐩
𝐅Ԧ =
𝑑𝑡
Para a massa constante, resulta a relação entre força e aceleração:
𝑭 = 𝒎𝐚

Força Resultante: Na presença de várias forças que actuam num único corpo, a
força total resultante é a soma vectorial de todas as forças que actuam nesse corpo:

෍ 𝑭𝒊 = 𝑚a

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Princípio de Conservação do Momento Linear
Para um sistema isolado composto por duas partículas, o Momento Total permanece
constante, onde para cada partícula: p1 = 𝑚1 v1 e p2 = 𝑚2 v2
Antes Depois

Fig. 4.4 Principio de Conservação do Momento


Antes da interação, o momento total do sistema é a soma de cada um dos momentos
P = p1 + p2
Na ausência de forças externas, o momento total se conserva.
O valor é constante antes e depois da interacção
Pi = Pf = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

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3ª Lei de Newton - Lei de Acção-Reacção

 Para dois corpos num sistema isolado, do Principio de Conservação do Momento, a


variação do momento linear para cada partícula é
∆𝐩1 = −∆𝐩2
Para um intervalo de tempo ∆𝑡, no limite quando o intervalo seja muito pequeno,
encontra-se que a variação temporal do momento de cada partícula, são iguais mas de
sentidos opostos
d𝐩𝟏 d𝐩2
=−
dt dt
𝑑𝐩
Pela segunda lei de Newton: 𝐅Ԧ =
𝑑𝑡
Assim, se substituir o momento de cada partícula, 𝐩𝟏 = m1 v1 𝑒 𝐩𝟐 = m2 v2
Resulta,
𝐅Ԧ12 = −𝐅Ԧ𝟐𝟏

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 Terceira lei de Newton: A toda acção de um corpo sobre outro corresponde
sempre uma reacção igual e de sentido oposto. Se um corpo 1 exerce uma força
𝐹Ԧ12 no corpo 2, então o corpo 2 exerce em 1 uma força 𝐹Ԧ21 igual a
𝐹Ԧ12 = −𝐹Ԧ21
 Os corpos interagem aos pares, criam-se duas forças, uma agindo em cada
corpo, possuindo a mesma magnitude e sentidos opostos de uma mesma
direcção.
Estas forças nunca se cancelam.

Fig. 4.4 Terceira lei de Newton

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Exemplo 1
 Um corpo A é empurrado com uma velocidade de 0,5 𝑚𝑠 −1 contra outro corpo
B, que inicialmente está em repouso. Após a colisão A recua com velocidade
de 0,1 𝑚𝑠 −1 enquanto B se move para a direita com velocidade de 0,3 𝑚𝑠 −1 .
Numa segunda experiência, A é carregado com uma massa de 1 kg e
empurrado contra B com uma velocidade de 0,5 𝑚𝑠 −1 . Após a colisão, A fica
em repouso, enquanto B se move para a direita com velocidade de
0,5 𝑚𝑠 −1 . Determine a massa de cada corpo.

 Sol. 𝑚𝐴 = 1𝑘𝑔 𝑒 𝑚𝐵 = 2 𝑘𝑔

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Solução Exemplo 1
 Experiência 1 𝑚𝐴 𝑣𝐴 = 0,5 𝑚/𝑠 𝑚𝐵 𝑣𝐵 = 0
Antes:

Momento linear inicial


𝑃𝑖1 = 𝑝𝐴 + 𝑝𝐵 = 𝑚𝐴 𝑣𝐴 + 𝑚𝐵 𝑣𝐵
Depois:
𝑣𝐴´ = −0,1 𝑚/𝑠 𝑣𝐵´ = 0,3𝑚/𝑠

Momento linear final 𝑃𝑓1 = 𝑚𝐴 𝑣𝐴´ + 𝑚𝐵 𝑣𝐵´

Pela Conservação do Momento linear: 𝑃𝑖1 =𝑃𝑓1 (1)

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 Experiência 2
Antes: 𝑚𝑁 = 𝑚𝐴 + 1𝑘𝑔 𝑣𝑁 = 0,5 𝑚/𝑠 𝑣𝐵 = 0
𝑚𝐵

Momento linear inicial: 𝑃𝑖2 = 𝑚𝑁 𝑣𝑁 + 𝑚𝐵 𝑣𝐵

Depois: 𝑣𝑁 = 0 𝑣𝐵´ = 0,5𝑚/𝑠

Momento linear final: 𝑃𝑓2 = 𝑚𝑁 𝑣𝑁´ + 𝑚𝐵 𝑣𝐵´


Pela Conservação do Momento linear: 𝑃𝑖2 = 𝑃𝑓2 (2)

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 Da eq. (1) resulta
𝑚𝐴 0,5 𝑚Τ
𝑠 = 𝑚𝐴 −0,1 𝑚Τ
𝑠 + 𝑚𝐵 0,3 𝑚Τ
𝑠 (3)
 Da eq. (2) resulta
𝑚𝐴 + 1𝑘𝑔 0,5 𝑚Τ𝑠 = 𝑚𝐵 0,5 𝑚Τ
𝑠 (4)
Resolve-se o sistema de equações (3) e (4)
Da eq.(4) resulta
𝑚𝐵 = 𝑚𝐴 + 1𝑘𝑔
Substitui-se em (3) e resolve-se para 𝑚 𝐴 ,obtém-se
𝑚𝐴 = 1 𝑘𝑔
𝑚𝐵 = 2 𝑘𝑔

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Exemplo 1-a
 Uma partícula de 0,2 kg de massa move-se a 0,4 m/s ao longo do eixo X e
colide com outra partícula de massa 0,3 kg inicialmente em repouso. Após a
colisão, a primeira partícula move-se com velocidade de 0,2 m/s, numa
direcção que faz um ângulo de +40º com o eixo X. Determine (a) o módulo e a
direcção da velocidade da segunda partícula após a colisão e (b) a variação da
velocidade e momento de cada particula.

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Forças ou Interacções Fundamentais da Natureza
As 4 Forças ou Interacções fundamentais da Natureza, são:
Interacção gravítica, Interacção electromagnética, Interacção nuclear
forte e Interacção nuclear fraca.
Tipos de forças:
1.Forças de interacção à distância conceito de Campo
Interacção que se manifesta, mesmo que os corpos estejam a uma distância entre
eles:
Força gravítica, Força eléctrica, Força magnética e Forças nucleares Forte e Fraca
Ex. O peso dum corpo devido à força gravítica.
2.Forças de contacto
A interação manifesta-se quando o corpo que exerce a força está em contacto com o
corpo que sofre a acção.
Ex. Força normal, Força de atrito, Força elástica, Força de tracção

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Forças na Mecânica - Forças de contacto

2.1. Força Normal  O peso e a normal não constituem


 A principal força a actuar num um par acção-reação, já que se
corpo é seu PESO, devido à força aplicam em corpos diferentes.
gravítica e que produz as restantes
forças.
 Num corpo colocado numa superfície,
o peso do corpo empurra o bloco para
baixo e pressiona a superfície.
 As moléculas da mesa têm grande
resistência à compressão, apresentam
coesão. A mesa exerce uma força
para cima sobre o bloco,
perpendicular ou normal à superfície. Fig. 4.2 Peso e Força normal num corpo

 A força Normal é criada para


balancear exactamente a componente
de compressão da força de gravidade.

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2.2. Força de Atrito

 Para dois corpos em contacto,


há uma resistência ao
movimento.
 Deve-se a efeitos
microscópicos, forças de
atração entre as moléculas, de
natureza eletromagnética.
 É uma força tangencial à
superfície de atrito.
 Força de atrito total entre
duas superfícies, para baixas
velocidades, é proporcional à
força de compressão entre as
superfícies

: coeficiente de atrito.

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Experimentalmente verifica-se que de Problemas devidos ao atrito:
modo geral: Desgaste das peças, ruído, vibração,
1. perda de movimento, perda de energia.
2. O coeficiente depende da
velocidade relativa das duas
2.3 Força de Tracção ou Tensão T:
superfícies, para velocidades pequenas
o valor é constante. Força exercida sobre os corpos, há
uma transferência da forca, por medio
3. O coeficiente de atrito estático e
de cordas, cabos ou fios.
cinético, depende da natureza das
superfícies em contacto, sendo
independente da área de contacto.

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2.4 Força Elástica

 Numa mola, fio metálico rígido na


forma de hélice, experimentalmente
determina-se que:
Uma mola, ao ser comprimida, ou
distendida, de uma quantidade x, a
força que a mola exerce é dada pela
Lei de Hooke:

k: constante elástica da mola,


Unidade SI: N/m
Fig. 4.2 Força elástica numa mola
 A força elástica é uma força
restauradora, que tende a restaurar
a mola a sua configuração inicial.
Ela é aplicada na direcção oposta ao
deslocamento produzido na mola.

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Exemplo 3
 Um bloco de 4,5 kg desliza para baixo, em um plano inclinado que forma
um ângulo de 28° com a horizontal. Partindo do repouso, o bloco desliza
uma distância de 2,4 m em 5,2 s. Encontre o coeficiente de atrito cinético
entre o bloco e o plano.

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Solução Exemplo 3
 Desenha-se o bloco a deslizar no plano inclinado com as forças que actuam nele, peso, força de
atrito e a normal
𝑓Ԧ𝑎
 𝑁

28° 𝑃Ԧ

Desenha-se o Diagrama do corpo livre para o bloco. Para um sistema de coordenadas apropriado
Y X
𝑁 𝑓Ԧ𝑎 𝑃𝑥 = 𝑃𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝑃𝑦 = 𝑃 cos 𝜃
𝑃𝑥 𝜃 𝑃𝑦
𝑃Ԧ

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 Por semelhança de triângulos 𝜃 = 28°.
 Aplica-se a 2ª lei de Newton
σ 𝐹Ԧ = 𝑚𝑎Ԧ
O corpo desliza para baixo. Obtém-se cada uma das componentes da equação de movimento,
resulta
X: 𝑃𝑥 − 𝑓𝑎 = 𝑚𝑎 (1)
Y: N − 𝑃𝑦 = 0 𝑁 = 𝑃𝑦 (2)
Como a força de atrito é: 𝑓𝑎 = 𝜇𝑐 𝑁,
Ao substituir a eq. (2) obtém-se: 𝑓𝑎 = 𝜇𝑐 𝑃𝑐𝑜𝑠 𝜃 (3)
 Calcular a aceleração. O corpo parte do repouso, com velocidade inicial zero, a distância
percorrida é 𝑑 = 2,4 𝑚, no tempo 𝑡 = 5,2 𝑠. Calcula-se a aceleração do corpo:
1
𝑑 = 𝑣0 𝑡 + 𝑎𝑡 2
2
2𝑑
A aceleração é: 𝑎 = 𝑡2
= 0,18 𝑚Τ𝑠2

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Substitui-se a eq. (3) na eq. (1)
𝑃 𝑠𝑒𝑛 𝜃 − 𝜇𝑐 𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 𝑚𝑎
Resolve-se para o coeficiente de atrito cinético
𝑃 𝑠𝑒𝑛 𝜃−𝑚𝑎
𝜇𝑐 = 𝑃 cos 𝜃
𝜇𝑐 = 0,51

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Exemplo 3-a
 Um bloco de massa 𝑚𝑎 =200 g está sobre um plano inclinado de um ângulo de
30º com a horizontal. O coeficiente de atrito cinético entre o bloco e o plano é
0,150. O bloco está amarrado a um segundo bloco de massa 𝑚𝑏 =300 g que
pende livremente de um cordão que passa por uma roldana sem massa e sem
atrito. Determine: o valor da aceleração dos corpos e a tensão dos fios.

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Exemplo 4
 Calcule a aceleração dos corpos e a tensão no fio, na figura abaixo. Apresente
primeiro uma solução algébrica e, em seguida, aplique o resultado ao caso
𝑚1 = 50𝑘𝑔, 𝑚2 = 80 𝑘𝑔 e 𝐹 = 1000 𝑁.

Sol. 𝑎 = 1,66 𝑚
Τ𝑠2 ; T = 916,92 N

𝑚2

F 𝑚1

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Solução Exemplo 4

 Desenha-se o Diagrama de corpo livre para cada um dos corpos no sistema: 𝑚1 e 𝑚2


 Corpo 𝑚2 : O movimento é ao longo do eixo Y
𝑇
𝑃 𝑚2

As forças que actuam no corpo são: peso e tração na corda.


Considera-se o movimento para cima positivo, assim, pela 2ª lei de Newton
𝑇 − 𝑃2 = 𝑚2 𝑎
𝑇 = 𝑚2 𝑔 + 𝑎
 Corpo 𝑚1 : O movimento é ao longo do eixo X

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 A tensão T é a mesma, a roldana só faz mudar a direcção do movimento.

𝐹Ԧ 𝑇
𝑚1
Da 2ª lei de Newton,
𝐹 − 𝑇 = 𝑚1 𝑎
Substitui-se a expressão obtida para a tração 𝑇
𝐹 − 𝑚2 𝑔 + 𝑎 = 𝑚1 𝑎
Resulta
𝐹 − 𝑚2 𝑔
𝑎=
(𝑚1 + 𝑚2 )

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 Para os valores
𝑚1 =50 kg
𝑚2 =80 kg
𝐹= 1000 N ; 𝑔 = 9,8 𝑚
Τ𝑠2
 Resulta
𝑎 = 1,66 𝑚ൗ 2
𝑠
𝑇 = 916,92 𝑁

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