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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO DESPORTO - CCSD

CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FISICA

TRABALHO SOBRE AS ESCOLAS ALEMÃ E FRANCESA

JANDERSON DE ARAUJO FRANCO

JOÃO PAULO MORAIS CORDEIRO

JHEMILY CAMILY BRAGA DOS SANTOS

PRYSCILA ROCHA DA SILVA

RAYLAN COELHO PRADO

RENATO DE SOUZA

…………..

RIO BRANCO - ACRE

2022
JANDERSON DE ARAUJO FRANCO

JOÃO PAULO MORAIS CORDEIRO

JHEMILY CAMILY BRAGA DOS SANTOS

PRYSCILA ROCHA DA SILVA

RAYLAN COELHO PRADO

RENATO DE SOUZA

…………..

Trabalho apresentado à disciplina de História


da Educação Física e do Esporte do curso de
Bacharelado em Educação Física, 1º período,
da Universidade Federal do Acre, do Centro de
Ciências da Saúde e do Desporto, Campus Rio
Branco, como parte de suas avaliações.

Profª. Rejane Marcelino Ribeiro


O presente trabalho é sobre a Formações das Escolas de Educação Física, especificamente no
contexto da Escola Sueca e a Escola Inglesa. Tem como objetivo, apresentar o surgimento
dessas escolas em questão e demonstrar a sua importância na história da educação física, além
de informar como funcionavam e como era a sua procedência, suas principais atividades
físicas e como desempenhavam um importante papel naquela época, a maneira em que
influenciou no amadurecimento por parte do conhecimento focado em desenvolver e melhorar
a qualidade de vida até os dias de hoje.

A ESCOLA SUECA

Idealizada por Pehr Henrick Ling (1776–1839), a ginástica sueca surgiu com a
finalidade de extirpar os vícios da sociedade, em especial o alcoolismo. Com a missão de
regenerar a população, possuía um caráter não acentuadamente militar, mas sim “pedagógico”
e “social”. Deveria gerar indivíduos fortes que pudessem ser úteis à pátria, como soldados ou
trabalhadores civis (SOARES, 2004).

Ling acreditava que seu método assegurava a saúde, por ser essencialmente
respiratório, e a beleza, por seus efeitos corretivos e ortopédicos. Por isso, o destinou a todos,
independentemente de sexo, idade ou condições materiais e sociais, dividindo-o em quatros
partes: Ginástica Pedagógica ou Educativa – para todas as pessoas, tinha como objetivo
assegurar a saúde, evitar a instalação de doenças, vícios e defeitos posturais e desenvolver
normalmente o indivíduo; Ginástica Militar- com as mesmas características da pedagógica,
acrescentando os exercícios de preparação para a guerra; Ginástica Médica e Ortopédica –
também baseada na pedagógica, objetivava eliminar vícios e defeitos posturais, sendo
específica para cada caso; Ginástica Estética – mais uma vez apoiada na pedagógica buscou o
desenvolvimento harmonioso do organismo, utilizando-se da dança e de movimentos suaves
para proporcionar beleza e graça ao corpo (MARINHO, S/D).

Levando em consideração os princípios estabelecidos dentro das ciências biológicas,


Ling criou exercícios livres sem aparelhos, de execução fácil e estética, além de saltos no
cavalo, cambalhotas, jogos ginásticos, patinação e esgrima. Tudo associado a cantos alegres e
disciplina militar (RAMOS, 1982).
Uma sessão de exercícios livres era composta da seguinte forma:

1. 1º- Exercícios de ordem


2. 2º - Exercícios de pernas ou movimentos preparatórios formando uma pequena série;
[...]
3. 3º - Extensão da coluna vertebral;
4. 4º - Suspensões simples e fáceis;
5. 5º- Equilíbrio;
6. 6º - Passo ginástico ou marcha;
7. 7º- Movimentos dos músculos dorsais;
8. 8º - Movimentos músculos abdominais;
9. 9º - Movimentos laterais de tronco;
10. 10º - Movimentos de pernas;
11. 11º - Suspensões mais intensas que as do nº 4;
12. 12º - Marchas ou movimentos de pernas, executados mais rapidamente que os outros
para preparar saltos;
13. 13º - Saltos;
14. 14º - Movimentos de pernas;
15. 15º - Movimentos respiratórios (MARINHO, S/D, p. 188).

“A extensão do movimento não ficou na Suécia, estendeu-se com entusiasmo por todo
o mundo, principalmente aos demais países nórdicos – Dinamarca, Noruega e Finlândia”
(RAMOS, 1982, p. 211). Na Dinamarca, o Método Sueco, foi chamado de Ginástica Racional
por ser fundamentado e consciente de seu objetivo. Entretanto, foi considerado inapto para as
necessidades e interesses da juventude dinamarquesa por ser composto por posições rígidas
(MARINHO, S/D). “Não é necessário modificar o fundamento nem o objetivo da Ginástica
básica, mas é o emprego dos meios que deve ser levado a um terreno mais firme” (BUKH,
1939 apud MARINHO, S/D, p.198).

Surge então a Ginástica Básica Dinamarquesa, idealizada por Niels Bukh. “O


Professor Niels Illeris, ao fazer uma diferença entre a Ginástica Sueca e a Ginástica
Dinamarquesa, diz que a primeira é uma Ginástica de posições e a segunda uma Ginástica de
Movimento” (MARINHO, S/D, p. 201).
Assim como Ling, Bukh preocupou-se muito com a postura. Os exercícios deveriam
ser diferentes para homens e mulheres e voltados para a correção de defeitos posturais
oriundos do trabalho.

Marinho (S/D, p. 206-08) traz alguns exercícios propostos por Bukh: extensão
lateral das pernas em posição acocorada nas pontas dos pés, com as mãos apoiadas no solo;
separação e extensão das pernas em posição acocorada nas pontas dos pés, apoiando as mãos
no solo; flexão unilateral lenta e profunda dos joelhos, em posição vertical com as pernas
abertas e em colaboração com um companheiro; torsão do tronco com movimento unilateral
de braço para fora em posição vertical com o tronco inclinado para a frente, as pernas abertas
e os braços flexionados horizontalmente à altura dos ombros.

Também inspirada na Ginástica Sueca de Ling, temos a Calistenia. Para Silva (S/D), a
Calistenia não é um sistema próprio de ginástica, mas sim uma série de exercícios ginásticos
localizados, com fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos, que pode integrar perfeitamente
qualquer sistema ginástico. Por estar em constante evolução teria grande vantagem sobre os
sistemas clássicos.

A Calistenia trouxe características nunca antes abordadas. Examinando os dois


sistemas mais difundidos, o sueco e o alemão, educadores suecos chegaram à conclusão de
que ambos eram pobres no que se tratava de elementos psicológicos. Por isso, inseriram a
música na prática da ginástica, por considerarem que ela incentivava o movimento, evitando a
monotonia e contribuindo para a educação dos sistemas psicomotor e neuromuscular (SILVA,
S/D).

Ainda preocupados com os aspectos psicológicos, buscavam a variação dos exercícios.


“O professor deve estar municiado de uma quantidade bastante grande de exercícios a fim de
não os repetir com muita frequência. A variação é um elemento importante, pois além do lado
psicológico, influi, também fisiologicamente” (SILVA, S/D, p. 27). Objetivando melhorar a
forma física da população, foi introduzida nas escolas americanas em 1860 por Dio Lewis
(MARINHO, S/D). “[...] era dedicado ao homem gordo, ao homem fraco ou enfermiço, aos
jovens e às mulheres de todas as idades – as classes que mais necessitavam de treinamento
físico. [...]. Não havia ninguém, nem nenhum sistema que tivesse contemplado estes [...]”
(MARINHO, S/D, p. 265). Por fim, deveria ser uma ginástica simples, fundamentada na
ciência e cativante (MARINHO, S/D).
Os exercícios calistênicos foram divididos em oito grupos: “de braços e pernas; para a
região póstero-superior do tronco (parte superior da espádua); para a região póstero-inferior
do tronco (parte inferior da espádua); para a região lateral do tronco (laterais); de equilíbrio;
gerais de ombros e espáduas (Wood) ou gerais de espáduas e ombros (Skartrom); Saltos e
corridas (Skarstrom) ou sufocantes (Wood) ” (MARINHO, S/D, p. 268).

Ao analisarmos o Método Sueco e a Calistenia, percebemos que tal escola voltou-se


para a saúde, física e mental, da população, possuindo muito mais o caráter médico e
pedagógico do que militar.

A ESCOLA INGLESA

Na idade Contemporânea (início da segunda metade do século XVIII), segundo


Langlade e Langlade (1970), até 1800 as formas comuns de exercício físico eram os jogos
populares, as danças folclóricas e regionais e o atletismo.

Para estes autores, a origem da atual Ginástica data do início do século XIX, quando
surgiram quatro grandes escolas: A Escola Inglesa, a Escola Alemã, a Escola Sueca e a Escola
Francesa, sendo a primeira mais relacionada aos jogos, atividades atléticas e ao esporte.

A Inglaterra foi mais demorada - em comparação com outros países europeus - em


estabelecer uma educação pública nacional controlada pelo Estado. Segundo Luzuriaga
(1979) os ingleses consideravam a educação mais como responsabilidade da sociedade civil
que do Estado.

Thomas Arnold (1795-1842) não criou o esporte propriamente dito e o introduziu nas


escolas, estabelecendo regras e formas precisas de organização para as associações
desportivas, clubes universitários, e confia a sua organização aos alunos. O esporte tinha
características educacionais e socializantes como à cooperação, a perseverança, a tomada de
iniciativa, o respeito às regras e ao adversário. Seu maior mérito foi a integração dos esportes
no quadro pedagógico da escola que dirigia. Pierre de Coubertin (1863-1937).

O esporte moderno nasce na Inglaterra (séc XIX). Foi institucionalizado com regras


precisas e formas definidas. A ginástica era pouco difundida, o esporte foi considerado o
grande meio para promover a educação, através de jogos esportivos: organização, regras,
técnicas e padrões de conduta.

A Escola Inglesa, satisfaz suas necessidades através do trabalho com jogos, atividades
atléticas e esportes. (AYOUB,2004). Para Lorenzini “a Escola Inglesa contribuiu com
influências e universalização de conceitos acerca de jogo, atividade atlética e esporte
avançando com o conhecimento da performance de alto rendimento, o qual atualmente é à
base das modalidades esportivas olímpicas. ”

A Inglaterra foi pioneira em divulgar o esporte entre uma população industrial e


urbana. O esporte tornou-se acessível às classes trabalhadoras inglesas depois de ter surgido
para a classe média, em decorrência de conquistas trabalhistas. Por volta de 1870 os
trabalhadores passaram a reivindicar e obtiveram uma redução da jornada de trabalho.

A Inglaterra foi também pioneira em aceitar e utilizar o esporte como um meio de


educação. O exemplo da Escola de Rugby onde seu diretor, Thomas Arnold (1795-1842),
suprimiu a ilegalidade de alguns jogos esportivos. 

Em 1822, destacado para o treinamento de tropas militares e dedicando-se à ginástica


terapêutica, surge a implantação de uma educação física sistemática inglesa.

ATIVIDADES LÚDICAS; também cabe ressaltar que as atividades lúdicas (pequenos


jogos) e sua prática ao ar livre são utilizadas por esse método.

BONS HÁBITOS; Na execução desse método pretende-se que o desporto seja um


meio eficaz para a aquisição de bons hábitos de higiene, desenvolvimento do espírito altruísta,
busca do aperfeiçoamento do sentido de grupo ou equipe e consequentemente do bem
coletivo, redução de manifestações egoístas e maniqueístas.

FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO; O desporto é, na visão dos idealizadores desse


método, uma poderosa ferramenta de formação de indivíduos.

Esses métodos têm como objetivo principal: Equilíbrio orgânico e dos sentidos; Busca
do autocontrole e respeito à regra; organização e direção para ser levada à vida futura.

Ao analisarmos a escola inglesa percebe-se que seus ensinamentos eram voltados aos
jogos esportivos, executados de forma correta, com base na criação de regras, organização,
técnicas e padrões de condutas, sendo assim, a ginástica era pouco difundida.

Referências
LORENZINI, Ana Rita et al. O conteúdo ginástica em aulas de Educação Física
escolar. Educação Física Escolar: teoria e política curricular, saberes escolares e proposta
pedagógica. Recife: EDUPE, p. 189-205, 2005.

MARINHO, I. P. Sistemas e Métodos da Educação Física: recreação e jogos. 4ª ed. São


Paulo: Cia Brasil, 1958.

MEDEIROS, Ana Karoline Oliveira de. A ginástica como conteúdo da educação física
escolar. 2015.

RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte. 1 ed. São Paulo: Ibrasa, 1982.

SILVA, N. P. Ginástica Moderna com Música (Calistenia). 2 ed. São Paulo: Cia Brasil
Editora, [19].

SOARES, C. L. Educação Física: Raízes europeias e Brasil. 3 ed. Campinas: Autores


Associados, 2004.

SOARES, C. L. Imagens da Educação no Corpo: Estudo a partir da ginástica francesa no


século XIX. 2ed. Campinas: Autores Associados, 2002.

SOUZA, E. P. M. de. Ginástica Geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997.
163f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física da Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

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