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Felipe Gustavo Vieira Rosa, Guilherme Monteiro, Gustavo José de Andrade Neto, Iago Roberto

Santos, Jefferson Matheus Moreira Coimbra, Rodrigo César de Moura Ávila.

Turno: Integral

Análise de Aletas

São João del-Rei, novembro de 2019


Felipe Gustavo Vieira Rosa, Guilherme Monteiro, Gustavo José de Andrade Neto, Iago Roberto
Santos, Jefferson Matheus Moreira Coimbra, Rodrigo César de Moura Ávila.

Análise de Aletas

Relatório técnico-cientifico apresentado como recurso


avaliativo parcial para aprovação na disciplina de
Transferência de Calor I, no curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de São João Del Rei
Prof. Dr. José Antônio da Silva

São João del-Rei, novembro de 2019


Sumário

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 4

2.OBJETIVO ...................................................................................................................................... 5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 6

3.1. Desempenho da aleta............................................................................................................... 6

3.2. Cálculos ................................................................................................................................ 6

4. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................................... 9

4.1 Materiais ................................................................................................................................... 9

4.2 Procedimentos .................................................................................................................... 13

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................... 15

5.1 Resultados da Coleta de Dados ............................................................................................. 15

5.2. Cálculos .............................................................................................................................. 16

5.3 Análises de Resultados e Discussões ................................................................................. 20

6.CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 22

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 22


4

1.INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento da engenharia, muitos dispositivos surgiram com a


finalidade de facilitar a vida do ser humano, como motores, transformadores, compressores
e processadores de dados. É muito comum que aparelhos superaqueçam devido a vários
motivos, como escoamento de fluidos, passagem de corrente elétrica e etc. Nesse momento
o estudo da transferência de calor tornou-se muito importante para a confecção e
manutenção destes equipamentos.

Uma forma de aumentar a transferência de calor e assim resfriar um objeto ou


máquina é o uso de aletas. Estas aumentam a troca de calor com o ambiente através do
aumento da área de superfície, e assim aumentando a convecção. Assim, a geometria da
aleta é muito importante em sua aplicação e interfere diretamente no processo. O projeto
de uma aleta eficiente consiste em ponderar a taxa de transferência de calor de que se
necessita, a liga utilizada na fabricação e a dimensão requerida na aplicação.
5

2.OBJETIVO

O presente relatório visa observar a transferência de calor que age sobre uma aleta ao
ser aquecida. Além disso, tem-se por finalidade observar a distribuição de temperatura ao
longo da referida aleta e seu comportamento.

Têm-se por objetivo comparar as análises teóricas e os dados obtidos nos ensaios de
forma analítica e, consequentemente, configurar uma aleta com o arranjo adequado.

Por fim, pretende-se indicar o material que melhor se adapta aos resultados que dizem
respeito à propriedade de condução térmica.
6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

São frequentes as situações em que se procuram meios para aumentar a quantidade


de calor transferido, por convecção, de uma superfície.
A lei de Newton: 𝒒 = 𝒉. 𝑨. (𝑻𝒔𝒖𝒑 − 𝑻∞) sugere que se pode aumentar o fluxo de
calor mediante o aumento do coeficiente de convecção (h), Tsup-T∞ ou da área. O termo
h é função da geometria e das propriedades do escoamento na aleta, e sua modelagem
fornece maneiras de entender como variar o fluxo de calor. No que se refere ao efeito do
gradiente de temperatura sobre o fluxo de calor encontram-se frequentemente
dificuldades, por exemplo, nos sistemas de refrigeração de motores de automóveis, em
dias muito quentes, pois a temperatura ambiente será muito elevada. Assim as aletas
fornecem uma boa maneira de se aumentar a transferência de calor através do aumento da
área de trocas com o ambiente.

3.1. Aplicação de aletas

A aplicação de aletas nem sempre melhora a transferência de calor. O aumento da


área de troca térmica aumenta a resistência térmica condutiva (aumento de matéria).
Assim é preciso avaliar até que ponto o uso da aleta é vantajoso. De maneira prática usa-
se a seguinte relação para validar o uso das aletas:

𝑃.𝑘
>>>1
𝐴.ℎ

3.2. Cálculos

Existe uma grande variedade de aletas, fabricadas em diversas ligas e geometrias.


Neste experimento usou-se a aleta tipo pino, como exemplificado na figura 1, abaixo:
7

Figura 1: Aleta tipo pino

Os parâmetros utilizados para a determinação da condutividade térmica são


mostrados abaixo:

(Equação 1)

(Equação 2)

(Equação 2.1)

. (Equação 3)

(Equação 4)

Onde:

m = Coeficiente de aleta h = Coeficiente de película

L = Comprimento da aleta k = Condutividade térmica


8

T0 = Temperatura na base da aleta p = Perímetro da aleta

T∞ = Temperatura ambiente A = Área da seção transversal

T(x) = Temperatura na posição x

Os cálculos realizados levam em contas as seguintes hipóteses:

1. Processo em regime permanente


2. Condução unidimensional ao longo da aleta
3. Temperatura uniforme na seção transversal
4. Coeficiente convectivo uniforme ao longo da aleta
5. Condutividade térmica constante
9

4. MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado no laboratório de produção de biocombustíveis, no


departamento de ciências térmicas e dos fluidos (DCTEF) da UFSJ com o auxílio do
Professor Dr. José Antônio e do técnico Mikail Lucas Rodrigues Neves. O grupo foi
responsável por coletar os dados e observar a montagem do experimento e seu andamento.

4.1 Materiais

Foram utilizados os seguintes materiais para auxiliar na medição e no cálculo da


condutividade da aleta:

• Termostato Termal Condution Experiments Model TH-1 com suporte para aleta
(Figura 2);
• Termopar (Figura 3);

• Multímetro (Figura 4);

• Régua (Figura 5);

• Paquímetro (Figura 6);

• Módulo coletor de dados (Figura 7);

• Termômetro (Figura 8);

• Computador com software LabView Signal Express®.


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Figura 2: Termostato
11

Figura 3: Termopar (imagem meramente ilustrativa)

Figura 4: Multímetro

Figura 5: Régua
12

Figura 6: Paquímetro

Figura 7: Coletor de dados


13

Figura 8: Termômetro

4.2 Procedimentos

Primeiramente foram apresentados os instrumentos de medição e os equipamentos

necessários para a realização do experimento. Foi medida a tensão e a corrente do

termostato, obtendo-se uma potência de 117,66W. Com a aleta já posicionada no

termostato, foi feita medição de seu comprimento com o auxílio da régua, obtendo-se

0,222 m. Para o diâmetro foi utilizado o paquímetro, obtendo-se 0,010 m. O termômetro

indicava 28 graus Celsius no momento do experimento.


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Os quatro termopares foram colocados ao longo da aleta e posteriormente foram

medidas as distâncias de cada um em relação à base da aleta com o auxílio da régua,

obtendo-se 0,020 m, 0,075 m, 0,014 m e 0,215 m.

Foi feita a medição das temperaturas por aproximadamente quinze minutos até que

fosse estabelecido um equilíbrio térmico. Cada medição feita pelo termostato foi captada

pelo módulo coletor, que transformou os dados e enviou para o software LabView, o qual

gerou um gráfico (figura 9) contendo as variações de temperatura ao longo do tempo em

cada ponto da aleta.


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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Resultados da Coleta de Dados

No experimento foram realizadas medições e os dados obtidos foram utilizados nas

equações para a determinação do material das aletas, tais dados são ilustrados na tabela a

seguir:

PARÂMETRO VALOR MEDIDO


Temperatura Ambiente (T∞) T∞= 28°C
Comprimento da Aleta (L) L= 0,222m
Diâmetro da Aleta (D) D= 0,010m
x1= 0,020m
x2= 0,075m
Distância dos 4 termopares (x1, x2, x3, x4)
x3= 0,140m
x4= 0,215m

Coeficiente de película do ar de convecção h= 5W/m2 °C


natural (h)
Tabela 1: Dados do experimento

No laboratório foram efetuadas medições referentes as temperaturas de cada


termopar durante o tempo decorrido, até que a temperatura se estabilizasse, os dados
obtidos estão contidos na (Figura 9) e foram coletados pelo software LabView Signal
Express. Cada termopar tem sua respectiva cor, sendo os termopares 1, 2, 3 e 4
correspondentes as linhas branca, vermelha, verde e azul, respectivamente.
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Figura 9: Gráfico da variação da temperatura decorrido o tempo (T x t).

O software utilizou os valores coletados pelos termopares e plotou a (Figura 9).


Com esses valores foi calculada, pelo software (Excel) a temperatura média em cada
termopar, após a estabilização da temperatura (Tabela 2), sendo considerada estabilizada
a temperatura nos últimos 150 pontos coletados pelo software.

Médias das Temperaturas


(°C)
T0 T1 T2 T3 T4 T∞

- 107,31 86,54 75,14 69,20 28,0


Tabela 2: Médias das Temperaturas

T0 é o valor da temperatura na base da aleta, e não foi medido. Assim, temos os


valores necessários para os cálculos do coeficiente de condutividade térmica (k) do
material da aleta.

5.2. Cálculos
Considerando aletas infinitamente longa e utilizando a eq 2 calculou-se os seguintes
valores de m. A área da seção transversal (A) e o perímetro (P) da aleta são dados por:

π. D²
A=
4
17

P = π. D

Substituindo esses valores na eq 1, temos:

4ℎ
𝑚=√
𝑘𝐷

(Equação 5)
Aleta infinitamente longa:

(𝑇(𝑥) − 𝑇∞) = ⅇ −𝑚𝑥 (𝑇𝑜 − 𝑇∞)

O valor de T0 é o mesmo para todos os termopares, assim:

𝑇0 =

No primeiro e segundo termopar, temos X1 = 0,020m, X2 =0,075m, T1 =

107,31°C e T2 = 86,74°C

To=To

Aplicando propriedade de logaritmo, obtemos:

(T 1  T ) e  mx1
ln[ ]  ln( )  ln(e mx1 )  ln(e mx 2 )  mx1  (mx 2)  m( X 2  X 1)
(T 2  T ) e  mx 2

Assim:
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(T 1  T )
ln[ ]  m( X 2  X 1)
(T 2  T )

(T1  T ) (107,31−28)
[ ] [ (86,54−28) ]
(T 2  T )
m  ln = ln = 5,52 [m-1]
( X 2  X 1) (0,075−0,020)

Análogo para o segundo e terceiro termopares:

(T 2  T ) (86,54−28)
[ ] [ ]
(T 3  T ) (75,14−28)
m  ln = ln = 3,33 [m-1]
( X 3  X 2) (0,14−0,075)

Fazendo o mesmo para o terceiro e quarto termopares, obtemos a equação


analogamente:

(T 3  T ) (75,14−28)
[ ] [ ]
(T 4  T ) (69,20−28)
m  ln = 𝑙𝑛 = 1,80 [m-1]
( X 4  X 3) (0,215−0,14)

Com os 3 valores de m obtidos, obtemos a média dos valores:

5,52 + 3,33 + 1,80


𝑚=
3

m = 3,55 [m−1]

Com esse valor, utilizamos a equação 5 para obter o valor de k:

4h
k (Equação 7)
Dm 2

Substituindo os valores, temos:

𝑊
4.5 2 𝑊
𝑚 .°𝐶
k= = 158,79𝑚2 °𝐶
0,01𝑚.(3,55𝑚)²
19

Agora com os valores de m e k, iremos calcular o fluxo de calor nos três tipos de
aletas, utilizando as equações 2.1, 3 e 4 já definidas anteriormente para aleta longa (𝑞̇ long),
aleta fina com convecção desprezível na ponta (𝑞̇ fin) e aleta finita com convecção na ponta
(𝑞̇ conv).

Precisaremos de valor da temperatura média aproximada na base da aleta, assim


usando a equação 6 para o primeiro termopar temos:

(T 1  T )
To  T
e  mx
(107,31−28)
𝑇𝑜 = + 28 = 113,14°C
𝑒 −3,55.(0,02)

Agora calcularemos o fluxo de calor nos três tipos de aletas.

𝜋.0,012
𝑞̇ long = h.P.K. A(To  T ) = √5. 𝜋. 0,01. (158,79). 4
. (113,14 − 28) = 3,77 [W]

𝑞̇ fin = h.P.K.A(To  T ).tagh(m.l )

2
𝑞̇ fin = √5. 𝜋. 0,01. (158,79). 𝜋.0,01
4
. (113,14 − 28). 𝑡𝑎𝑛ℎ( 3,77.0,222) = 2,48 [W]

h
senh(m.L)  (
).cosh(m.L)
𝑞̇ conv = h.P.K .A (To  T ).[ m.k
h
]
cos(m.L)  ( ).senh(m.L)
m.h

2
𝑞̇ conv =√5. 𝜋. 0,01(158,79). 𝜋.0,01
4
(113,14 −

5
𝑠𝑒𝑛ℎ(3,55.0,220)+( ).𝑐𝑜𝑠ℎ(3,33.0,220)
3,55.158,79
28). [ 5 ] = 3,31 [W]
𝑐𝑜𝑠ℎ(3,55.0,220)+( ).𝑠𝑒𝑛ℎ(3,55.0,220)
3,55.(158,79)
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5.3 Análises de Resultados e Discussões


w
Comparando o valor da condutividade térmica encontrado (k=158,79[ ]), e a
m .C
2

tabela 3 (Retirada do livro Transferência de Calor e de Massa 4ed Incropera) o valor que
mais se aproxima seria a liga de alumínio 195, fundida (4,5% de Cu).
w
O valor tabelado da condutividade térmica para esta liga é (k =168,0 [ ]),
m .C
2

logo um erro de 5,5%.


Para avaliar essa diferença, é preciso lembrar que nos cálculos foram considerados
a condutividade térmica constante. No entanto k pode variar com a temperatura, sendo essa
variação suave ou brusca na faixa de temperatura em questão, e não foi feito um estudo
dessa variação para o material da aleta, pois isso necessitaria de outro experimento
laboratorial.
Em relação as outras aletas, o fluxo de calor para aleta com perda desprezível na
ponta possui diferença de 12,3% e o fluxo de calor para aleta com convecção na ponta
possui uma diferença de 34,3%, ambas em relação ao fluxo da aleta longa, utilizada nos
cálculos. Como o fluxo térmico é diretamente proporcional a condutividade térmica, logo
o k seria maior para a aleta com convecção na ponta e menor para a aleta com convecção
desprezível na ponta, em relação a aleta longa.
21

Tabela 3: Propriedade físicas dos metais


22

6. CONCLUSÃO

Este relatório nos viabilizou colocar em prática todos os estudos teóricos e


conhecimentos adquidos em sala de aula sobre aletas. A partir do valor de “k”
(condutividade térmica) obtido nesta prática, foi possível identificar o material da aleta,
com base nos valores de condutividade térmica como demonstrado na (Tabela 3).
Sabendo-se que o experimento foi realizado com uma aleta longa do tipo pino,
pôde-se deduzir que o material da aleta se aproxima de uma liga de alumínio 195 fundido,
contudo, para confirmarmos precisamente o material da peça estudada, é nescessária a
realização de ensaios complementares. Entre estes ensaios estão: ensaio de dureza,
metalográfico, Charpy, entre outros.
Com a realização desta prática pudemos constatar que ensaios térmicos nos
possibilitam identificar com certa precisão o material da aleta, caso outros tipos de ensaio
sejam mais laboriosos. Outra vantagem deste tipo de experimento é o fato dele não
danificar a peça.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INCROPERA, F.P.; DEWITT, D.P. Fundamentos de Transferência de. Calor e


de Massa, 4a edição, LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora. S. A., R. J. 1990.

OZISIK, M.N. Transferência de Calor um Texto Básico, 1 ed, Editora


Guanabara KOOGAN S. A. 1990.

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