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Alunas (o): Bruna Bullé, Fernanda Gomes, Lara Esteves, Lucas Pereira e Lívia Lino.

Professor: Diógenes Pinheiro.


Disciplina: Educação e Sociologia.
17 de Novembro de 2018.

A vida no transporte público


A quantidade de tempo gasto nos engarrafamentos e ferrovias do Rio.

Ao pensar em um modelo de pesquisa, pensamos em algo que retratasse o preço que se


paga por morar longe da Universidade e como, muitas das vezes, passamos mais tempo dentro de
um transporte a caminho da aula que na própria aula. Sendo assim, procuramos saber a região em
que os estudantes moram, quanto de dinheiro e tempo eles gastam para ir e vir, quantidade de
condução e qual a renda usada para os gastos no transporte.

De acordo com a pesquisa realizada por nós, e também pela análise feita através das
pesquisas apresentadas pelos nossos colegas de classe, podemos perceber que há uma
porcentagem muito grande de alunos que acabam desistindo da faculdade por diversos motivos.
Dentre eles, temos o gasto com a passagem, que de acordo com a nossa pesquisa podemos
perceber que é um valor altíssimo e que muita das vezes não são possíveis a atribuição de uma
bolsa auxílio para abater nesse gasto. E é de extrema importância ter o apoio da universidade
quanto a isso, principalmente por ser um dos maiores motivos pela desistência da faculdade.

É importante realçar que de 105 pessoas que responderam a pesquisa apenas 18 possuem
algum tipo de bolsa e que o valor das mesmas não cobre toda passagem, assim como os demais
gastos. Como alimentação, textos e xerox, já que o bem estar de se estar na faculdade abrange
muito mais para ter um bem estar. A pouca quantidade de alunos que aproveitam desse benefício
se remete também a quantidades de empecilhos gerados durante o processo de seleção para ser
encaminhado a fila de espera e seguidamente ser selecionado ao recebimento da bolsa.
Além desse fator, o tempo gasto durante o trajeto para a faculdade acaba dificultando, de
certa forma, o aprendizado do estudante e também a vontade de permanência. E não podemos
esquecer o racismo, machismo, LGBTfobia e xenofobia presentes também por trás dessas
desistências. Como analisado no texto “Gênero, raça, desigualdades e políticas de ação
afirmativa no ensino superior” de Paula Cristina da Silva Barreto, esse é um dos grandes motivos
também pela desistência do ensino superior, onde muita das vezes, além dos fatores econômicos
que não possuem um fácil acesso às assistências estudantis, ainda existem os fatores sociais
dentro da faculdade.

Infelizmente, esse ainda é um assunto bastante discutido no Brasil, e principalmente nas


faculdades públicas. O racismo mata. O machismo mata. A xenofobia mata. A LGBTfobia mata.
E não digo que mata o corpo apenas, eles matam por dentro e destroem o que a pessoa é. E sofrer
isso dentro do ambiente de estudo, diante de toda dificuldade financeira apresentada é como se
tivessem te empurrando pra baixo e incentivando sua desistência, onde muita das vezes
realmente acontece.
Ao analisar os resultados obtidos nas pesquisas, mais da metade dos entrevistados
residem na Zona Norte (42,9%) e na Zona Oeste (27,6), os demais, são residentes de áreas mais
distantes como Baixada Fluminense e Região Serrana. Assim, como há alta variação de gasto
mensal por entrevistado, cada indivíduo leva ao mínimo uma hora e no máximo cinco horas
dentro dos transportes públicos do Rio de Janeiro. Segundo uma pesquisa feita em 2011 pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a taxa de evasão nas
Universidades, públicas e privadas, chega a 14,4% dos estudantes matriculados no ano anterior,
de acordo com os dados autorizados pelo Ministério da Educação (MEC). Os motivos do
abandono são variados, como citados acima e devem ser solucionados para que o estudante se
sinta acolhido dentro das universidades.
Ainda nas pesquisas, outra perspectiva no resultado foi que metade dos entrevistados
possuem o benefício do Bilhete Único Universitário, no qual só vale as linhas de ônibus do
Estado do Rio, VLTs e BRTs. A contradição chega quando 60% dos estudantes pegam
conduções que não aceitam o cartão, gerando alto custo em passagens. Entre os entrevistados, há
estudantes que possuem pouco ou nenhum gasto com passagem, e universitários que gastam em
torno de R$750,00.
O questionamento principal ao iniciar as pesquisas foi a falta de apoio da Universidade
aos alunos que residem em localidades muito afastadas, sendo respondida com o resultado que
pouquíssimos dos entrevistados recebiam bolsas auxílio da faculdade. Como dito nos parágrafos
acima, os dados provam como a universidade reproduz o formato desigual e injusto que existe na
sociedade, precisamos sair da bolha da qual as faculdades públicas são espaços desconstruídos,
já que ela é uma instituição que faz parte do que vivemos, onde as pessoas são dividas entre
classes economicamente distantes e que dentro dessas classes ainda existem diferenciações
opressoras de gênero, raça, sexualidade, naturalidade/nacionalidade e suas culturas.
O primeiro passo é se conscientizar das diferenças e abrir espaços diversos para essas
discussões, com temáticas de acolhimento e rodas de conversas. Dessa forma, quanto maior o
público mais movimentação e mobilização para que haja mudanças dentro da faculdade. Quanto
maior o número de pessoas for atingida por esses assuntos, maior será a conversa sobre os temas,
maior será a naturalização do que for fora do padrão e maior será a pressão sobre a faculdade
para que possam dar uma resposta positiva para esses alunos.

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