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A secularização da cultura
A Religião e sociedade passam por uma transformação no âmbito do desenvolvimento
cultural, sendo um processo lento e gradativo que vai tomando proporções mais
amplas com o passar do tempo, é possível observar organizações religiosas e a própria
teologia sofrendo impactos desse processo. O mítico passa pelo crivo do racional. Cada
vez mais os homens começam a abandonar a emotividade do ponto de vista do
pensamento sobre a fé e cada vez mais fazem asserções racionais sobre a fé, religião e
suas categorias. Dessa forma o mundo vai se tornando mais “dessacralizado” ou seja
pessoas, coisas e o próprio mundo passam pelo crivo racional. A secularização da
cultura abraça esses dois pontos: dessacralização e o pensamento racional, aponta o
mundo que não pode ser mais interpretado pelo ponto de vista de religião e o mundo
dessacralizado passa a ser percebido como composto de coisas que devem ser
manipuladas. Já a esfera intima de experiencia mística no campo religioso é substituído
pelo pensamento da esfera pública. O pensamento secularizado é influenciado por 5
atividades:
Trabalho
O crescimento e a prosperidade da sociedade dependem do trabalho, e o autor coloca
trabalho como a aplicação da inteligência e do esforço para satisfazer as necessidades
da humanidade e as exigências do ambiente. O trabalho é guiado pelo conhecimento e
a razão. O trabalho conduz o pensamento para uma orientação realista graças a
exigência prática, reduzindo os elementos místicos e mágicos atribuídos ao trabalho na
idade média e as tecnologias desenvolvidas nessa época. A Evolução tecnológica da
modernidade no Trabalho reduziu o impacto da experiencia humana gerando três
elementos: Contingencia, impotência e escassez. Reduzindo as funções das religiões, o
homem encontra segurança na relação com as coisas e na ativa manipulação das
forças naturais.
Guerra
A guerra desempenhou um papel importante na história humana, tanto como um
meio de defesa quanto como um recurso de expansão. Na guerra, como no trabalho,
os homens aprenderam a aplicar o seu engenho prático, e a conseguir o controle de
seu ambiente.
Não há fórmulas mágicas, tudo é submetido a verificação empírica. Muito que do se
avança na tecnologia desenvolvida na guerra é posteriormente aplicado a esfera do
trabalho.
Troca
A atividade econômica é uma atividade que tem grande importância no ponto de vista
da racionalização do pensamento. O elemento da Troca surge afastando dos
elementos tradicionais de comercio da sociedade, o mercado é desenvolvido e o
elemento honestidade é regra estabelecida para a procedência desse método. Tal
método proporciona o desenvolvimento de relações contratuais que governam a
troca, ampliando o desenvolvimento do calculo racional e a ação racional a longo
prazo.
No período medieval a busca pelo lucro e o acúmulo de riquezas para que se possa ter
uma vida decente é o objetivo em fazer parte do comércio. Durante a revolução
industrial grandes firmas surgem, são criados novos métodos de administração, troca
correspondência e letras de crédito; são as novas técnicas fundamentais do
capitalismo mercantil. As relações de mercado, baseadas em dinheiro, e não em
status, marcaram uma considerável dessacralização de relações humanas tradicionais.
O comércio racionalizado e ampliado. A busca de lucro é ampliada e o capitalismo
contribui para o processo de secularização.
Governo
O Governo e o direito são abordados de maneira histórica pelo autor que apresenta
um pequeno relato sobre a origem e desenvolvimentos de ambas as atividades
durante os séculos. Afirma que estas duas atividades necessariamente possuíam
atividades legais e administrativas precisavam tornar-se mais coordenadas e, por
tanto, mais racionais. O governo e o direito em seus desenvolvimentos, geram a
burocracia e posteriormente geram também tentativas de mudança das
interpretações tradicionais do mundo. Seja o direito Romano ou Canônico influenciou
extraordinariamente as relações humanas e a maneira em que se enxergava o direito
no medievo Europeu. Na modernidade, o direito romano, revivido nos problemas
práticos do âmbito civil e da igreja, representa uma autêntica racionalização do
pensamento. "Estabeleceu no pensamento ocidental. A lei continua sendo sagrada,
mas apresenta um sistema racional derivadas das experiencias que também
contribuem para o processo de secularização.
O Saber e a Ciência
A quinta e última atividade em que se apresenta a crescente secularização é o
contexto da vida intelectual - o domínio do saber e da ciência. Os homens não são
apenas práticos em seu pensamento; também desejam respostas para perguntas
propostas por sua curiosidade, assim, desenvolvimento do pensamento, tende a ser
apoiada e facilitada por condições sociais e culturais gerais. Na teologia, o
aparecimento de uma classe de clero profissional foi uma pré-condição importante
para a racionalização. Partindo da Babilônia, o autor cita várias civilizações que
contribuíram para a construção dos saberes e das ciências através do tempo, sejam
com a construção de métodos ou de conceitos que ampliaram o pensamento racional
A filosofia tornou-se o domínio do pensamento racional referente ao sentido da vida e
da experiência, e muito contribuiu para a dessacralização do pensamento. A ciência
apresentou contribuições semelhantes e, recentemente, tornou-se o meio para
conseguir extraordinário domínio das forças naturais, um fato de importância
fundamental para o desenvolvimento da secularização. Foi René Des cartes (1596-
1650), filósofo francês, quem proclamou que a ciência transformaria o homem no
"senhor e possuidor da natureza". Ao fazer com que os homens progredissem nessa
direção, a ciência também contribuiu para uma mudança no pensamento humano. O
mundo está dessacralizado; é uma "coisa" a ser controlada para os objetivos humanos.
O homem moderno desenvolveu o que poderia ser denominado "mentalidade de
solução de problemas", derivada do processo de secularização.
Conclusão
A secularização da cultura, nas cinco atividades apresentadas que discutimos,
evidentemente ajudou o aparecimento de muitos desses elementos componentes de
atitudes. Encontraram sua expressão em grandes dimensões, no desenvolvimento do
império, na expansão do comércio, bem como na descoberta e exploração de novos
continentes e oceanos, no início da época moderna. A evolução de uma ideia do
mundo que já não é sagrado, e é compreensível pela razão humana, ou seja, o que era
mistério se tornou problema a ser resolvido a luz do pensamento racional.
Religião e secularização: Ambiguidade e Conflito
Nesse tema o autor apresenta as argumentações principais do capítulo.
Como vimos, esse papel foi variado, múltiplo e contraditório. A igreja era, ao mesmo tempo,
defensora e oponente. A vida muito religiosa da universidade e da cidade medievais, eram
locais de considerável secularização, e prepararam a secularização mais marcante do
Renascimento. A igreja patrocinava atividades na vida intelectual, na arte, na vida política, e
até no comércio, e que aceleravam o processo e para ele contribuíam.
Depois da Reforma, tanto o ramo católico quanto o protestante se opunham à economia para
a busca de lucro. As lições manifestas do protestantismo e do catolicismo se opunham ao
desenvolvimento inicial de um capitalismo livre de restrições sociais e éticas ao interesse
econômico pessoal. No entanto, no domínio econômico, tanto na Idade Média quanto na
época moderna a luta da Igreja com o estado secular foi um importante causa de conflito. A
Igreja combatia os governos civis, tanto para defender sua independência quanto para
proteger seus interesses seculares.
A ambiguidade mais aguda se encontra no campo do desenvolvimento da ciência, a igreja é
uma grande patrocinadora do saber o que gera as pré-condições para o desenvolvimento mais
significativo da ciência moderna. Mas a ciência inicialmente a Astronomia, depois a Física e
muito depois a Biologia tendiam a subverter e desorganizar as ideias muito explícitas que
informavam as doutrinas da Igreja quanto à origem e à pré-história da Terra,
consequentemente, a Igreja lutou contra a ciência. Assim se cristalizaram as linhas do conflito
entre a ciência e a religião, e que deveriam demarcar o campo de batalha nós três séculos
seguintes.