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Entre colunas

I- INTRODUÇÃO

O propósito do presente trabalho é delinear os direitos e obrigações do “Entre Colunas”,


prática muito usada especialmente nas reuniões capitulares de uma das Ordens Básicas
da Maçonaria, que foi a Ordem dos Cavaleiros Templários. Infelizmente, não mais tem sido
ensinada e nem posta em práticas nas Lojas.

O interior de uma loja Maçônica (Templo) é dividido em quatro partes, onde a mesma
simboliza o Universo. Assim temos o Oriente, o Norte e o Sul.

Em algum tempo na história, logo após a construção do primeiro templo Maçônico do


mundo, o Freemasons Hall, em Londres, no ano de 1776, baseado inteiramente no
parlamento Inglês, construído em 1296, estabeleceu-se que as áreas pertencentes ao
Norte e ao Sul chamar-se-iam Coluna do Norte e Coluna do Sul.

Assim, quando um Irmão, em Loja está Entre a Coluna do Norte e a do Sul, e não entre as
Colunas B e J. Mesmo próximo à grade que separa o Oriente do resto da Loja, o Irmão
estará Entre Colunas. Desta forma é extremamente incorreto dizer que o passo ritualístico
dos maçons tem que começar entre as Colunas B e J.

Tanto isso é verdade, que os Templos modernos, especialmente de Lojas de Jurisdição da


Grande Loja Unida Sul Americana, que tem as Colunas B e J junto a porta de entrada do
templo pelo lado de dentro, já o Grande Oriente do Brasil de MG, têm suas Colunas B e J
no Átrio, e não no interior do Templo.

Em síntese, podemos apresentar algumas situações do que é “Estar Entre Colunas”:

• É conjunto de Obreiros que formam as Colunas do Norte e do Sul;

• Em sentido figurado, são os recursos físicos, financeiros morais e humanos, que mantêm
uma instituição maçônica em pleno funcionamento;

• É quando a palavra está nas Colunas em discussão;


• É quando o Irmão, colocar-se ou postar-se entre as Colunas do Norte e do Sul, no centro
do piso de mosaico onde isto evidencia que o Obreiro que assim o faz, é o Alvo de atenção
de toda Oficina;

• Na circulação do Tronco de Beneficência, o Hospitaleiro aguarda Entre Colunas;

• Quando a Porta-Bandeira, com a Bandeira apoiada no ombro, entra no templo este por
sua vez se põe Entre Colunas;

• Na apresentação de Trabalhos, o Irmão se apresentar “Entre Colunas” durante o Tempo


de Estudos, ou no Período de Instrução;

• No atraso do Irmão, o mesmo ao adentrar ao Templo ficará à Ordem e Entre Colunas,


aguardando a ordem do Venerável Mestre para que tome posse do assento.

II – DESENVOLVIMENTO

Em toda a Assembléia Maçônica, os irmãos poderão fazer uso da palavra em momento


oportuno; caso queira obter a palavra estando “Entre Colunas”, poderá solicitá-la com
antecedência ao Venerável Mestre, e obrigatoriamente levar ao seu reconhecimento o
assunto a ser tratado.

Sendo o Obreiro impedido de falar, ou sofra algum desrespeito a seus direitos, poderá
solicitar ao Venerável Mestre que o conduza ”Entre Colunas”, e se autorizado pelo
Venerável o mesmo poderá falar sem ser interrompido desde que haja um decoro de um
Maçom.

Se, para estar Entre Colunas é necessária a autorização do Venerável Mestre, em contra
partida, nenhum Irmão pode se negar de ocupar aquela posição, quando legalmente
solicitado pela Loja, sob pena de punição.

No entanto, as possibilidades do uso da Palavra Entre Colunas são muitas e constituem


um dos melhores instrumentos dos Obreiros do Quadro, sendo uma das maiores fontes de
direito, de liberdade e de garantia, tanto para os irmãos, quanto para a loja.

Não há regulamentação; tal vez por isso, cada dia esse direito vem sendo eliminado dos
trabalhos maçônicos.

Atualmente um Irmão somente é solicitado a estar Entre Colunas, em situação de


humilhação e situações tanto quanto degradantes e constrangedoras. Associou-se a idéia
de responder Entre Colunas à idéia de punição, quando em realidade isso deveria ser
diferente e muito melhor explorado, em beneficio do Quadro de Obreiros de todas as lojas.

Estando Entre Colunas, um Irmão pode acusar, defender a sua ou outrem, pedir e julgar,
assim como comunicar algo que necessite sigilo absoluto, devendo estar consciente da
posição que está revestido, isto é, grande responsabilidade por tudo que disser ou vier a
fazer.

A tradição maçônica é tão rigorosa no tange á liberdade de expressão, que quando um


Irmão estiver em Pé e a Ordem e Entre Colunas, para externar sua opinião ou defender-se,
não pode ser interrompido, exceto se tiver sua palavra cassada pelo Venerável Mestre, ato
este conferido ao mesmo.

Estando Entre Colunas, o Irmão NÃO poderá se negar a responder a qualquer pergunta,
por mais íntima que seja e também não poderá mentir ou omitir sobre a verdade dos fatos,
pois desta forma o Irmão perde sumariamente os seus direitos maçônicos, pelo que deve
ser julgado não importando os motivos que o levaram a tal atitudes.

Por motivos pessoais, um maçom pode se negar a responder a quem quer seja, aquilo que
não lhe convier, mas se a indagação for feita Entre Colunas, nenhuma razão justificará
qualquer resposta infiel.

Igual crime comete aquele que obrigar alguém a confessar coisas Entre Colunas
injustificadamente, aproveitando-se da posição em que se encontra o Irmão sem que haja
razão lícita e necessária, por perseguição ou com intuito de ofender, agravar ou humilhar
desnecessariamente.

Quando um irmão está Entre Colunas e indaga os demais Irmãos sobre qualquer questão,
de forma alguma lhe pode ser negada uma resposta e nenhuma razão justificará que seja
mantido silêncio por aquele que tenha algo a responder.

Uma aplicação prática do Entre Colunas pode ser referentes a assuntos de fora do mundo
maçônico. É lícito e muito útil pedir informações Entre Colunas, sejam sociais, morais,
comerciais, etc., sobre qualquer pessoa, Irmão ou Profano, desde que haja razões válidas
para tal fim. Qualquer dos presentes que tiver conhecimento de algo está obrigado a
declarar, sob pena de infração ás leis Maçônicas.

O Irmão que solicitou as informações poderá fazer uso das mesmas, porém deve guardar o
mais profundo silêncio sobre tudo que lhe for revelado e jamais poderá, com as
informações recebidas, praticar qualquer ato que possa comprometer a vida dos
informantes ou a própria Loja. Se não agir dessa forma será infrator das Leis Maçônicas
Universais.

Suponhamos que um Irmão tenha algum negócio a realizar em outra cidade e necessita
informações, mesmo comerciais, sobre alguma pessoa ou firma. A ele é lícito indagar
essas informações Entre Colunas e todos os demais Irmãos, se souberem de algo a
respeito, são obrigados a darem respostas ao solicitante.

Outro meio Lícito e útil de se obter informações é através de uma prancha, endereçada a
uma determinada Loja, para se lidar Entre Colunas.

Neste caso, a Loja é obrigada a responder, guardar o mais profundo silêncio sobre o
assunto, cabendo a ela todos os direitos, obrigações e cabendo todos os direitos,
obrigações e responsabilidades ao solicitador, que deverá guardar segredo sobre tudo o
que lhe foi respondido e a fonte de informações.

III – CONCLUSÃO

Muitas são acepções que norteiam sobre os ensinamentos do significado de Estar entre
Colunas, porém, deve o Maçom sempre edificar suas Colunas interiores embasado pelos
Princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, primando pelo bem-estar da família e
pelo aperfeiçoamento da sociedade através do trabalho e do estudo, para com isso
perfazer-se um homem livre e de bons Costumes.

Como dissemos no início, não há mais regulamentação ou Leis Normativas para o uso do
Entre Colunas; e se não há normas que sejam encontradas nos livros maçônicos, é porque
pura e simplesmente os princípios da condição de “Estar Entre Colunas”, é de que
somente a verdade pode ser dita. Obedecido este princípios tudo mais é decorrência.

Este, alegoricamente, talvez seja o real significado no bojo dos ministérios que regem as
Colunas da Maçonaria, pois Estar entre Coluna é estar entre Irmãos.

BIBLIOGRAFIA

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Londrina: “ A


TROLHA.

CARVALHO, Assis. Companheiro Maçom. Londrina ”A TROLHA”.

Símbolos Maçônicos e suas origens. Londrina: “A TROLHA”.

CASTELLANI, José. Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom.

EGITO, José Laércio do. In Coletânea 2. Londrina: “ A TROLHA”.

PUSCH, Jaime. A B C do aprendiz.

Colaboração e Pesquisa: Weber Varrasquim “GLUSA”.

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