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Monografia
Esta monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau
de Licenciatura em Educação Ambiental, aprovada na sua forma final pelo curso de
Licenciatura em Educação Ambiental, leccionado no Departamento de Educação em
Ciências Naturais e Matemática da Faculdade de Educação da Universidade Eduardo
Mondlane.
O Júri da avaliação
O Presidente do Júri
A Examinadora
A Supervisora
i
Agradecimentos
Endereço meus agradecimentos à Mestre Cláudia Buce, pela sua contribuição no meu
processo de crescimento académico e na realização deste trabalho, pela profícua
condução do processo de supervisão de modo a acompanhar-me e coadjuvando-me a
esclarecer minhas dúvidas e a seguir meios eficientes e eficazes para realização deste
trabalho.
Aos docentes da Faculdade de Educação, com particular atenção aos que leccionam no
curso de Licenciatura em Educação Ambiental, com especial destaque para Prof. Dr.
Aguiar Baquete, Mestre Regina Tomo e, é claro, a Mestre Cláudia Buce por me
mostrarem de forma prática o caminho que um educador ambiental pode trilhar e pelos
ensinamentos, conselhos e partilha de experiências ao longo dos quatro anos de
aprendizado.
Aos meus tios, Cláudia Carmona Polá e Carmona Polá, à minha mãe Fátima Alexandre
Mibarua, por me mostrarem o caminho a percorrer e por me apoiarem
incondicionalmente em todos os âmbitos da vida. Aos meus irmãos (os Polás), por me
apoiarem moralmente e academicamente.
Aos colegas da faculdade e amigos, com excepcional destaque para Alima Pahi, Altaf
Taria, Araújo Araújo, Augusto Campos, Dade Avelino, Hélder Macário, Jaime
Mutacate, Marieta Balane e Pompílio Mendiate, por terem cruzado o meu caminho e
por me influenciarem directamente com os seus conhecimentos, suas experiências e
sensibilidades.
A todos vós devo um pouco do que sou e do percurso académico que tenho traçado.
Muitíssimo Grato!
Onona Mais!
ii
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha irmã, Nely Carmona Polá, e aos meus tios Carmona Polá e
Cláudia Carmona Polá.
iii
Declaração de Honra
Eu, Ito Benedito Carmona Polá, declaro por minha honra, que esta monografia nunca
foi apresentada para a obtenção de nenhum grau académico e que a mesma constitui o
resultado do meu labor individual, estando indicadas ao longo do texto e nas referências
bibliográficas, todas as fontes utilizadas.
________________________________________________
iv
Índice Págs.
v
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................ 17
4.1. Acções de Educação Ambiental inseridas no âmbito da arborização na Cidade de Maputo 17
4.1.2. Processo de Educação Ambiental desenvolvido no âmbito da arborização na Cidade de
Maputo ........................................................................................................................................ 25
4.1.3. Influência da Educação Ambiental no processo de arborização na cidade de Maputo. .... 29
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 35
5.1. Conclusões ........................................................................................................................... 35
5.2. Recomendações .................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 37
APÊNDICES ............................................................................................................................... 40
Apêndice I – Guião de entrevista ................................................................................................ 40
Apêndice II - Guião de Observação ............................................................................................ 43
Apêndice III: Plano e cronograma de actividades ....................................................................... 44
Apêndice IV: Carta de pedido de autorização ............................................................................. 45
ANEXOS..................................................................................................................................... 46
Anexo I: Credencial .................................................................................................................... 46
Anexo III: autorização para recolha de dados ............................................................................. 47
Anexo III: Panfleto (aviso) .......................................................................................................... 48
vi
Lista de tabelas
vii
Lista de abreviaturas
viii
Resumo
Este trabalho tem como principal objectivo analisar o processo de Educação Ambiental
no âmbito da arborização urbana na cidade de Maputo. Especificamente, procura
identificar as acções que os funcionários do Departamento de Edificações, Parques e
Jardins levam a cabo na arborização urbana e de que forma essas acções de Educação
Ambiental ajudam neste processo. A pesquisa seguiu a abordagem qualitativa. Para
colecta de dados foram aplicados instrumentos como, a entrevistas semi-estruturadas e
observação sistemática. Os dados foram analisados conforme a análise de conteúdo
proposto por Bardin obedecendo as três fases distintas: pré-análise, análise do material e
interpretação dos resultados. Foi possível identificar acções que os funcionários
incorporam no âmbito da arborização, nomeadamente, a consciencialização,
sensibilização, distribuição e fixação de panfletos ou cartazes. Estas acções são
desenvolvidas por meio de abordagens interpessoais. Também com a pesquisa,
constatou-se que as acções de Educação Ambiental ajudam no processo de arborização,
porém, estas não são frequentes e não obedecem um plano de acção elaborado
previamente. Feito o estudo, recomenda-se ao Departamento de Edificação Parques e
Jardins a maximização das acções de Educação Ambiental, criação de um plano de
acção de Educação Ambiental no departamento e o uso das mídias como Rádios e
Televisões para maior abrangência dos munícipes.
ix
Abstract
This work intended to scrutinize the process of the Environmental Education in urban
forestry in Maputo City. Specifically, it identified the actions carried out by the officials
of the Department of Edifications, Parks and Gardens regarding the urban afforestation
and, therefore, it did seek to comprehend the contribution of these actions during the
aforesaid process. The analysis was fundamentally done through a qualitative approach
and the data collection process was done through the application of research techniques
such as semi-structured interviews and systematic observation. The data were analyzed
applying a three-distinct-stages procedure: pre-analysis, analysis of the data, and
interpretation of the results. The research identified actions taken by employees, which
consisted of raising awareness through the distribution of flyers or posters. These
actions are essentially developed through interpersonal approaches. Furthermore, the
research shed light on the contribution of Environmental Education in the process of
afforestation, notwithstanding, it is not frequent and does not follow a particular action
plan. By and large, as a recommendation, to raise an effective environmental awareness,
besides relying only on the interpersonal approach, it is also crucial to create and
strengthen the Environmental Education action and plans, as well as, use the mass
communication media such as Radios and Televisions to further and widely inform
citizens.
x
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
1
gerar mudanças no comportamento da comunidade e desenvolver a responsabilidade
sócio-ambiental (Pimentel, et al., 2013).
2
1.1. Formulação do problema
A arborização urbana é um processo que ocorre no meio urbano mediado pelos agentes
responsáveis (Lazáro, Sales, Lopez, & Ferreira, 2002). Na cidade de Maputo, a entidade
que zela pelo processo de arborização urbana é o Conselho Municipal. Esta entidade,
localiza áreas estratégicas dentro dos espaços urbanos, o que, por sua vez, contribui para a
beleza paisagística, sombra e melhoria da qualidade do ar (João, 2011). Entretanto, a
prática mostra que não se veda a possibilidade de outras entidades colaborarem neste
processo, desde que, estes estejam em coordenação com a entidade responsável.
A cidade de Maputo, que outrora era conhecida como sendo uma das mais belas cidades
africanas por causa das acácias e das funções ecológicas do arvoredo que melhoravam a
qualidade de vida da população urbana, de uns tempos para cá, foi perdendo este adjectivo,
por várias razões que incluem o comportamento que atenta a gestão adequada destes
espaços (João, 2011). Dentre as razões que podem originar este comportamento,
encontram-se a falta de consciência e sensibilidade sobre a importância da arborização
dentro de uma urbe (Lima, 2017).
1
Neste caso refere-se ao comportamento que degrada o meio ambiente e a falta de consciência ambiental.
3
1.2. Objectivos da pesquisa
Esta pesquisa tem como objectivo geral: analisar o enquadramento de Educação Ambiental
no processo da arborização urbana na cidade de Maputo.
4
1.4. Justificativa
Com o aumento da população nos centros urbanos, as áreas de vegetação têm diminuído,
dando lugar a edificações e pavimentos de ruas e avenidas, provocando mudanças no
habitat original, ao mesmo tempo que não ocorre planeamento para reposição desta
vegetação (Muneroli, 2009). Por outro lado, os munícipes estão cada vez menos
conscientes em relação à importância da arborização urbana e a importância da sua
manutenção.
Constitui motivação para a escolha do local do estudo, a relativa acessibilidade ao local por
parte do pesquisador, aliada à fraca consciência ambiental por parte dos munícipes, que
muitas vezes os impede de desenvolver atitudes pró-ambientais, apesar de estarem
evidenciadas actividades de Educação Ambiental relacionadas ao processo de arborização
nesta cidade.
Escolheu-se o Departamento de Edificações, Parques e Jardins, por ser esta entidade que
zela pelo processo de arborização nesta cidade e pelo facto de ser a entidade para a qual
todas outras entidades recorrem para questões de arborização urbana.
5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Não existe uma definição de Educação Ambiental amplamente aceite. Como sustenta Dias,
Leal e Júnior (2016), teoricamente a definição de Educação Ambiental varia de
interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a influência e vivência de cada um.
Para Manjate e Cossa (2011), Educação Ambiental são princípios técnicos e científicos
para a sensibilização da humanidade e disseminação da informação sobre os cuidados e
preservação do meio ambiente para o alcance de vida desejada.
6
2.1.2. Acções de Educação Ambiental
As acções de Educação Ambiental são fundamentais para o alcance dos objetivos e metas
estabelecidos para uma adequada educação ambiental, em qualquer localidade (Martelli,
2015).
Nesta perspectiva, segundo Dias (2004), as ações de Educação Ambiental são conjunto de
actos por meio dos quais os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio
ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que
os tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros.
Para Moura (2010), a arborização urbana diz respeito aos elementos vegetais de porte
arbóreo, dentro da urbe. Nesse contexto, as árvores plantadas em passeios fazem parte da
arborização urbana, porém não integram o sistema de Áreas Verdes (Moura, 2010).
Todavia, Pinto (2011) entende que arborização urbana é toda a vegetação de porte arbóreo
que uma cidade apresenta em praças, bosques, jardins, ruas e avenidas, quintais, enfim,
qualquer área pública ou particular dentro da cidade.
2
Relativo à árvore
7
2.2. Acções de Educação Ambiental inseridas no processo da arborização urbana
De acordo com Barcellos, et al. (2018), para que um plano de arborização se concretize, é
preciso ter a aceitação da comunidade local, a partir da consciencialização sobre a sua
importância.
Ainda na óptica destes autores, a Educação Ambiental para a arborização pode envolver a
comunidade escolar, associação de moradores, líderes locais, abordagem interpessoal,
comunicação visual, entre outros. Adicionalmente, recomenda-se elaborar um cronograma
mensal das actividades que serão desenvolvidas, com a descrição dos detalhes operacionais
e de participação dos segmentos sociais (Barcellos, et al., 2018).
Por sua vez Martelli (2015) acrescenta que campanha de sensibilização nas televisões e
rádios como meios de educação ambiental de maior abrangência. Entretanto, as acções de
Educação Ambiental para conservação da arborização, dentre outros objectivos focalizam-
se na sensibilização da população sobre a importância da arborização urbana, plantio e
maneio adequado das espécies e nas interferências que ocorrem entre as árvores e os
diversos elementos que compõe a cidade, assim sendo, busca-se disseminar informações
sobre a arborização urbana, por meio de exposições, folders3 e entre outros meios
(Martelli, 2015).
3
Folheto; documento impresso de tamanho reduzido que, composto somente por uma folha de papel, pode
ser usado para apresentar informações gerais sobre algo.
8
cidadãos em relação à conservação e o respeito às árvores nas vias públicas da cidade,
ressaltando a importância das mesmas.
Segundo Monico (2001), tanto nas áreas urbanas quanto nas rurais, a Educação Ambiental
deve contribuir para a formação de cidadãos capazes de julgar a qualidade dos serviços
públicos (saneamento, segurança, habitação, educação, locais de recreação). Em resumo,
trata-se de munir os cidadãos de espírito crítico e, ao mesmo tempo, fazê-los apoiar as
medidas ambientais que realmente atendem às suas necessidades e ao desejo de melhorar a
qualidade do meio ambiente (Monico, 2001).
Espera-se que com a Educação Ambiental os indivíduos passem a ter conhecimento sobre
problemas ambientais e suas soluções (Santos, (2007). A EA para além de clarificar
conceitos, desenvolver habilidades e despertar a consciência por meio de acções concretas,
também mostra o quão a arborização é importante no meio urbano (Monico, 2001).
De acordo com Martelli (2015), a Educação Ambiental contribui com suas acções para o
sucesso da arborização urbana, garantindo a mudança de comportamento, uma vez que os
indivíduos passam a conhecer o impacto das suas acções e a postura desejada na
conservação da arborização. Na mesma senda, as acções de EA, tais como
consciencialização e sensibilização, ajudam no âmbito da arborização, a despertar a
consciência dos cidadãos e consequentemente pode garantir um aumento visível de árvores
no meio urbano, sendo um caminho na preservação e melhoramento dos aspectos
ambientais (Martelli, 2015).
Para complementar, Lustosa e Zanella (2019), dizem que a Educação Ambiental é uma
ferramenta chave do processo de informação e consciencialização das pessoas/sociedade e
se faz necessária, principalmente à importância e aos benefícios da vegetação para a
manutenção da vida.
9
2.4. Lições Aprendidas
10
CAPÍTULO III: METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos que foram usados para a
realização da pesquisa: descrição do local de pesquisa, abordagem metodológica,
amostragem, técnicas de colecta e de análise dos dados, validade da pesquisa e questões
éticas.
De acordo com World Food Program - WFP (2015), a precipitação anual da cidade de
Maputo, ronda nos 800 mm, com tendência de concentrar-se nos meses de Dezembro à
Março. Os solos da cidade são bastante variáveis, são rochosos com pouca profundidade,
argilosos, com boa fertilidade e difíceis de cultivar e arenosos profundos, pobres, evoluídos
de dunas costeiras.
4
O órgão responsável pelo processo de arborização urbana na cidade de Maputo.
11
3.2. Metodologia da Pesquisa
Para o alcance dos objectivos preconizados nesta pesquisa, tomou-se uma abordagem
qualitativa, pois de acordo com Vieira, (2010), este tipo de abordagem permite um olhar
aprofundado do contexto e do local em que é executada e, também, uma interacção entre o
pesquisador e o objecto em estudo. Portanto, o pesquisador esteve em um processo de
imersão na sua pesquisa o que possibilitou buscar opiniões, sentimentos e entendimentos
do público-alvo em relação ao processo de arborização. Igualmente foi possível obter o
entendimento dos entrevistados em relação à Educação Ambiental e seus benefícios na
arborização urbana.
3.3. Amostragem
Optou-se por esta abordagem, por saber o tipo de trabalho do público-alvo, tendo em conta
que nem todos poderiam estar disponíveis para fornecer informações relacionadas ao tema.
Assim, foi possível falar com os indivíduos acessíveis e disponíveis no momento da
entrevista.
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3.4. Técnicas de recolha e análise de dados
As técnicas de recolha de dados que foram usadas para o estudo são: entrevista semi-
estruturada e a observação sistemática.
Entrevista semi-estruturada
Observação sistemática
Com base nisso, a população observada nesta pesquisa, constituiu dos funcionários e
trabalhadores do DEPJ que trabalhavam nas duas avenidas observadas, Av. 24 de Julho
13
onde estavam a decorrer as podas das árvores e Av. Salvador Allende. Essas observações
foram feitas enquanto decorriam as actividades de podas e plantio das árvores que durou
duas semanas segundo o plano de observação que consta do Apêndice II.
A análise de conteúdo foi constituída por três fases: a pré-análise; a análise do material,
também chamada de descrição analítica; e o tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação (Bardin, 2011).
3. Interpretação dos resultados: nesta etapa, apoiando-se nos resultados obtidos com a
entrevista e com a observação que outrora foram categorizados, correlacionou-se os
resultados obtidos com a revisão da literatura apresentada ao longo do trabalho a fim de
torná-los significativos e válidos. Neste ponto, olhou-se para as respostas dadas por
14
cada pergunta feita e procurou-se perceber de forma geral se as respostas iam de acordo
com o que as literaturas diziam ou não, fazendo-se, deste modo, uma análise crítica
apoiada na literatura.
De acordo com Alves (2008), a não observância das questões éticas é uma violação do
quadro ético constituído por uma gama enumerada de situações possíveis de ocorrer em
processos de pesquisa. Neste contexto, para a realização deste estudo foi formulado um
pedido de autorização dirigido ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo, isso foi feito
através da credencial fornecida pelo Registo Académico da Faculdade de Educação da
Universidade Eduardo Mondlane. Junto à credencial foi anexada uma carta de pedido de
autorização (podem ser encontrados nos anexos e nos apêndices). Igualmente, foi
formulado um pedido a nível individual, onde só se entrevistou os funcionários do DEPJ
depois da sua permissão, mas antes de tudo foi necessário contextualizar os entrevistados
sobre o que se pretende com a pesquisa, o seu principal objectivo.
De acordo com Gil (2008), validade é a capacidade de uma medida para produzir os efeitos
esperados. Assim, uma medida é considerada válida quando mede realmente o que se
pretende medir. Pode-se falar em três tipos de validade na pesquisa: (1) validade de
construto, que se refere à adequação da definição operacional de uma variável, (2) validade
interna, que se refere à capacidade para tirar conclusões relativas à relação causa-efeito dos
dados da pesquisa, e (3) validade externa, que se refere ao grau com que os resultados da
pesquisa podem ser generalizados para outras populações ou situações (Gil, 2008).
15
Desta forma, para garantir a validade desta pesquisa, os instrumentos de recolha de dados
foram analisados pelo pesquisador junto à supervisora com a finalidade de verificar a
adequação dos instrumentos (guião de entrevista e de observação) aos objectivos
estabelecidos para a pesquisa. Foram verificadas se as questões elaboradas para recolha de
dados estavam devidamente formuladas e se iam ao encontro dos objectivos preconizados
neste estudo, também se verificou os objectos a serem observados durante a recolha de
dados. Com isso, o tipo de validade aplicada a entrevista é a validade de construto ao passo
que para o guião de observação foi aplicada a validade interna.
Língua local: constituiu limitação porque alguns dos funcionários sazonais do DEPJ não
se expressam bem em português, mas sim em língua local (Xichangana e Xirhonga), dado
que o pesquisador não fala e não entende a língua local. Portanto, para ultrapassar esta
limitação, recorreu-se à um tradutor informal.
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CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo apresenta-se e discute-se os resultados do estudo à luz dos objectivos e das
perguntas de pesquisa formuladas no primeiro capítulo e que foram consubstanciadas na
revisão da literatura apresentada no segundo capítulo.
Por conseguinte, para apresentação dos resultados do estudo optou-se por organizá-los em
tópicos gerados a partir dos objectivos específicos do trabalho.
Para dar sustento a este tópico, foram formuladas três perguntas e os resultados foram
apresentados por ordem de pergunta feita ao entrevistado, como se pode ver nas tabelas
4.1, 4.2 e 4.3. Foram entrevistados 12 indivíduos.
17
Pergunta 1: O que entende por Educação Ambiental?
Com os resultados obtidos na tabela 4.1 nota-se que apenas quatro entrevistados, FCM1,
FCM4, FCM9 e FCM12, conseguiram conceituar correctamente a Educação Ambiental,
outros quatro assumiram não saber.
Os outros quatro, embora tenham dito que já haviam ouvido falar, apresentaram definições
que não são necessariamente de Educação Ambiental, como se pode vêr: o FCM2 assume
a Educação Ambiental como uma área da botânica, relacionado ao estudo das plantas e
18
FCM3, FCM7 e FCM8 entendem Educação Ambiental como os cuidados com as plantas.
Os restantes quatro não sabem.
Para os funcionários que concebem a EA como aquela que é voltada aos cuidados das
plantas, apenas terão a tendência de fazer o plantio e a manutenção das árvores sem, em
algum momento, interagir com os munícipes pois, estes entendem que devem apenas
preocupar-se com as plantas. O mesmo pode-se dizer aos funcionários que não sabem.
19
Pergunta 2: Que acções de Educação Ambiental o Conselho Municipal tem levado a
cabo na arborização nas avenidas, ruas e passeios?
20
Analisando as respostas dos entrevistados, constata-se que as acções de Educação
Ambiental que são levadas a cabo no processo de implantação arbórea na cidade de
Maputo são: consciencialização, sensibilização e uso de aviso. Estas acções são
recomendadas pelos autores Silva e Sepini (2016) quando dizem que para incentivar e
intensificar o plantio de árvores nas cidades sugere-se a implantação de um processo de
consciencialização ambiental voltada para a urbanização planificada com objectivo de
melhorar a qualidade de vida.
Barcellos, et al. (2018) complementam afirmando que para evitar perdas de mudas por
actos de vandalismo, é preciso estabelecer acções de consciencialização junto à população.
Assim, pode se dizer que ao se conjugar as acções de EA com os avisos pode-se concorrer
para o alcance dos objectivos.
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Tabela 4.3. Acções de Educação Ambiental na fase de manutenção das árvores
No de Categorias Respostas dos entrevistados
entrevistados
FCM1: no processo de manutenção das árvores
Nenhuma acção de (poda) não temos tido contacto com as pessoas no
Um
Educação Ambiental é sentido de consciencializar ou sensibilizar. Mas
levada a cabo no antigamente submetíamos um aviso ao gabinete de
processo de informação do conselho municipal, eles publicavam
manutenção. no jornal notícia para dar a conhecer as pessoas
sobre as nossas futuras acções com a arborização.
Cinco Aviso prévio FCM3: afixamos cartazes para avisar previamente
as pessoas sobre a poda.
FCM11: colamos avisos e falamos com as pessoas.
FCM7: quando estamos a podar as árvores só
afixamos os panfletos e falamos com as pessoas que
vivem perto, informamos que vamos fazer podas
das árvores
FCM9: conversamos com as pessoas e distribuímos
panfletos.
FCM12: temos distribuído avisos e falamos com as
pessoas e principalmente os donos de carros.
Seis Por meio de Interacção FCM2: apenas falamos com as pessoas no sentido
com as pessoas de conservar o nosso bem público.
FCM4: Não temos estratégias desenhadas, mas
falamos com as pessoas que estão nas proximidades
do local para garantir a cooperação das pessoas
principalmente no processo de poda.
FCM6: falamos com os responsáveis dos carros
estacionados no local das podas e distribuímos
panfletos.
FCM10: falamos com as pessoas e informamos que
vamos trabalhar
FCM5: conversamos com as pessoas para informar
que vai se podar árvores
FCM8: tentamos conversar com as pessoas sobre a
importância dos cuidados com as árvores, neste caso
a poda.
Resultado da observação: os funcionários falam com os munícipes, os que passam pelo local
onde estão a fazer poda e os que estacionam seus carros próximos a esses locais.
Com as respostas obtidas, entende-se que as acções de Educação Ambiental são feitas de
forma casual, sem nenhum plano de acção, contrário do que sugerem Barcellos, et al.
(2018). As acções mais referidas não são necessariamente de Educação Ambiental, mas
sim, consistem em avisar ao público-alvo sobre a realização da poda. Entretanto, mais do
22
que informar sobre a actividade a ser realizada, é necessário explicar as pessoas qual é a
importância da actividade da poda e qual é o papel do munícipe neste processo, como
forma de ampliar a sua identidade e colaboração no bom desenvolvimento da arborização.
Desta forma, corroboram com os postulados Maciel, Cognato e Boffil (2002), que
afirmam, categoricamente, que na fase de manutenção a Educação Ambiental deve actuar
como um agente de transformação, visando sensibilizar e consciencializar os cidadãos em
relação à preservação, conservação e ao respeito com as árvores e vias públicas da cidade,
ressaltando a importância das mesmas.
As acções que são levadas a cabo pelos funcionários do Conselho Municipal da Cidade de
Maputo na fase de manutenção têm implicação na arborização urbana. Ora vejamos, se
alguns dizem que apenas afixam e distribuem cartazes, por um lado, corre-se o risco de
excluir algumas pessoas com essa acção, por exemplo, as que não sabem lêr, terão a
dificuldade de interpretar a mensagem de um cartaz composto, maioritariamente, por
escritas. Por isso, é necessário desencadear-se um processo de consciencialização por meio
de conversa. Por outro lado, pode facilitar para as pessoas que mostram-se inacessíveis
para abordagem interpessoal.
23
Pergunta 03: Quais são os objectivos destas acções?
Na tabela 4.4, encontram-se três entrevistados que apresentam objectivos que não são
essencialmente de preocupação ambiental e sim de impactos socioeconómicos
nomeadamente, riscos as pessoas e aos carros e distúrbio no desenvolvimento da
actividade de poda e um que afirma que não sabe dizer qual é o objectivo (um dos que
disse que não desenvolve nenhuma acção de educação ambiental na fase de plantio). Para
além destes, quatro entrevistados que, na visão do pesquisador, apresentam objectivos
24
directos de Educação Ambiental (consciencializar para a conservação das árvores) e outros
quatro entrevistados que apontam objectivos indirectos (preservar as árvores).
Se, por um lado, de acordo com Manjate e Cossa (2011), a Educação Ambiental tem como
um dos seus objectivos consciencializar os indivíduos sobre os problemas ambientais e
sensibilizá-los para a busca de soluções, por outro lado, se as pessoas desenvolverem uma
consciência sobre os problemas ambientais que os cercam e juntarem-se aos movimentos
que trabalham em prol da protecção do meio ambiente contribuem-se para a conservação
dos recursos do meio ambiente (MICOA, 2002). Logo, de forma indirecta, a educação
ambiental vai contribuir na conservação dos recursos ambientais. Não obstante, os
entrevistados que apontaram os objectivos indirectos, são os que concebem a educação
ambiental como os cuidados a ter com as plantas e outro que afirmou não saber do que se
tratava (tabela 4.1). Com isto refirma-se existência da confusão feita por estes entre acções
de educação ambiental e acções de gestão ambiental.
Deste modo, estão parcialmente nos trâmites de Martelli (2015), pois, segundo este autor,
as acções de EA têm como foco sensibilizar a população sobre a importância da
arborização urbana, quanto ao diagnóstico, plantio e maneio adequado das espécies e nas
interferências que ocorrem entre as árvores e os diversos elementos que compõe a cidade.
25
Pergunta 1: Quais são os meios usados?
Número total dos entrevistados: 12
Os resultados mostram que o DEPJ usa panfletos, cartazes, jornal notícias e interacção
directa com os munícipes como meio de Educação Ambiental. Os meios de interacção
26
directa usados são apropriados para um público-alvo amplo maior e que não se encontra
num único espaço físico podendo abranger maior número de munícipes, em conformidade
com Martelli (2015). Porém, o meio usado para interacção indirecta com os munícipes não
contribui para a maior abrangência, visto que o público-alvo, na sua maioria, não é estável.
Outro aspecto que merece destaque é o facto destas acções serem realizadas antes do início
da actividade arbórea, pois se a acção de educação ambiental é realizada antes, os
munícipes estarão conscientes podendo colaborar positivamente para o sucesso da
arborização. Entretanto, alguns entrevistados afirmaram que não existe um plano ou
programa de educação ambiental para o efeito de arborização. O facto de não existirem as
acções de forma organizada faz com que muitas vezes estas acções não surtam efeitos ou
que sejam esquecidas e não sejam realizadas em momentos importantes da arborização.
Deste modo, é de capital importância a existência de um plano que vai trazer as actividades
de forma organizada, isso para além de facilitar o trabalho dos funcionários, também vai
garantir um bom desempenho na prossecução das actividades e obtenção de bons
resultados, conforme sugere Barcellos, et al. (2018).
27
Pergunta 2: Qual é o vosso público-alvo neste processo de educação ambiental no
âmbito da arborização?
Analisando as respostas dadas, pode-se notar que o público-alvo destes são os munícipes
da cidade de Maputo, com mais destaque para os automobilistas e pedestres que circulam
pelo local das actividades.
Reigada e Reis (2004) apoiam a ideia de que os alvos devem ser os munícipes da cidade
em que se realizam as actividades, ou seja, todos que estiverem na cidade e que directa ou
indirectamente serão afectado pelo processo de arborização, não apenas os moradores que
28
vivem nas circunvizinhanças onde decorre o processo de arborização, se bem que estes
carecem de um pouco mais de atenção.
Para saber sobre a influência da educação ambiental, foram formuladas três questões:
29
Pergunta 1: Como é que as acções de Educação Ambiental ajudam na arborização?
Nota-se que as respostas dos funcionários não são unânimes. Para alguns, as acções de
Educação Ambiental ajudam de forma directa pois, auxilia na mudança de comportamento
dos munícipes. Para outros, é indirecta porque ajudam a conservar as plantas. Portanto,
estes concordam com Martelli (2015) que postula que as acções de Educação Ambiental
devem ajudar e influenciar os indivíduos a saber se portar mediante as plantas que existem
no meio urbano. Por outro lado, um grupo dos funcionários mostram que as acções de
30
Educação Ambiental ajudam de forma indirecta, quando afirmam que estas acções lhes
permitem trabalhar sem interferências, mas uma minoria diz que as acções de Educação
Ambiental não ajudam.
Todavia, se uns dizem que estas acções não ajudam, este é um indicador de que alguma
coisa está a faltar. Neste caso, está relacionado directamente aos modus operandi, falta de
um plano de acção e por algumas das acções levadas a cabo não serem propriamente de
Educação Ambiental. Desta forma, Lustosa e Zanella (2019), afirmam que a EA deve ser
uma ferramenta chave do processo de informação e consciencialização das pessoas e se
fazer necessária, principalmente à importância e aos benefícios da vegetação para a
manutenção da vida.
As respostas dos entrevistados estão divididas em dois grupos, os que afirmam que os
impactos são positivos e os que afirmam que os impactos são negativos. Porém, a maioria
mostra que os resultados são positivos. Estes resultados são positivos quando as acções de
EA são devidamente executadas e com uma frequência aceitável. Na apreciação de Santos
31
(2007), uma boa prática de Educação Ambiental deve conduzir o indivíduo ao
conhecimento da problemática ambiental, garantindo, deste modo, resultados positivos
tanto para os funcionários do Conselho Municipal, quanto para os munícipes da cidade.
Então, se as acções de Educação Ambiental não surtem efeitos positivos na sua totalidade,
isso compeli-nos a reflectir sobre os aspectos abordados no ponto anterior, relativamente
ao modus operandis, a falta de um plano de acção e por algumas destas acções não serem
propriamente de EA.
32
Pergunta 3: Quais são os indicadores que usam para medir estes impactos?
Conforme se pode notar na tabela 4.9, todos os entrevistados são unânimes em trazer o
comportamento dos munícipes como um indicador, sendo que alguns munícipes, na óptica
dos funcionários apresentam bom comportamento perante a arborização e outro mau
comportamento. Os entrevistados têm noção de indicadores para avaliação da acção de
33
educação ambiental, apontando o comportamento que também é citado pelo Monico
(2001).
Com base nos resultados obtidos através da entrevista, pode-se perceber de forma geral que
as acções de Educação Ambiental têm influência no âmbito da arborização urbana. Pois,
alguns entrevistados afirmam que quando estas acções são desenvolvidas junto aos
munícipes, são capazes de gerar mudança de comportamento dos munícipes e gerar
impactos positivos, que é o que realmente se espera quando são desenvolvidas estas
acções. Em contrapartida, com as observações feitas, tanto na fase de plantio como na fase
de manutenção arbórea, não foi possível averiguar in loco se realmente as acções de
educação ambiental têm influência na arborização. O que se verificou é que apenas
distribuíam panfletos na fase de manutenção, estes panfletos não são propriamente uma
acção de Educação Ambiental pois, não carregam um teor educativo, mas sim informativo,
como se pode ver no panfleto em Anexo VI.
Contudo, pode-se dizer que tais acções de educação ambiental influenciam no âmbito de
arborização urbana na cidade de Maputo. Todavia, estas acções não são frequentes pois, o
pesquisador não conseguiu ver nenhuma delas enquanto observava as actividades dos
funcionários no processo de colecta de dados.
34
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que a maior parte dos funcionários do
Departamento de Edificações Parques e Jardins do conselho municipal não entendem o que
é Educação Ambiental. No entanto, as formas de conceber a Educação Ambiental que os
funcionários apresentam, está associada as actividades desenvolvidas no seu quotidiano.
Estas acções, na sua maioria, são desenvolvidas no âmbito informal, com objectivo de
contribuir na conservação das árvores por meio da consciencialização dos munícipes da
cidade de Maputo, com recursos aos cartazes, jornal notícia e contacto directo, e tem o
comportamento dos munícipes como um indicador do impacto das suas acções.
35
5.2. Recomendações
Uso dos meios de comunicação em massa tais como: Rádio, Televisões e redes
sociais, para melhor consciencializar os munícipes e não apenas se apoiar na
abordagem interpessoal. A informação não pode apenas aparecer em forma de
aviso, mas também em forma de explicação dos benefícios da implantação das
árvores e da sua manutenção.
36
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39
APÊNDICES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
40
1. Identificar as acções de Educação Ambiental que o Conselho Municipal da Cidade
de Maputo insere no âmbito da arborização neste Município.
41
b) Qual é o vosso público-alvo neste processo de educação ambiental no âmbito da
arborização?
42
Apêndice II - Guião de Observação
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Para esta pesquisa serão observadas através existência de cartazes que promovem educação
ambiental no âmbito da arborização na fase de implantação e ou para garantir a
manutenção das árvores dispostas pelas avenidas.
43
Apêndice III: Plano e cronograma de actividades
Legenda:
Ocorre
Não Ocorre
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Apêndice IV: Carta de pedido de autorização
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ANEXOS
Anexo I: Credencial
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Anexo III: autorização para recolha de dados
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Anexo III: Panfleto (aviso)
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