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Unidade Curricular:

História e Epistemologia da Psicologia

Corrente Psicanalista

Professora: Ângela Fernandes | angelaf@ufp.edu.pt


Sumário
Sobre a psicanálise:
- O Início - Carl Jung
- Uma nova escola de Pensamento - O inconsciente Coletivo
- Teorias da mente Inconsciente - Os arquétipos
- As primeiras abordagens para tratar - Bibliografia e Textos de Apoio
distúrbios mentais
- A descoberta do Inconsciente
- A Estrutura do Aparelho Psíquico
- A estrutura do Aparelho Psíquico
- A descoberta da Sexualidade Infantil
- Id, Ego e Superego
- Mecanismos de Defesa
1 O Início
Uma nova escola de Pensamento
Uma nova escola de pensamento

◉ Apesar das divergências básicas, as escolas de psicologia


abordadas até aqui compartilhavam uma herança
académica e deviam grande parte de sua inspiração e
forma a Wilhelm Wundt.
◉ Os conceitos e métodos científicos dessas escolas foram
aprimorados em laboratórios, bibliotecas e salas de
conferências, e todos abordavam temas como a
sensação, percepção e aprendizagem.
Uma nova escola de pensamento

◉ Entretanto, a psicanálise não era um produto das


universidades nem uma ciência pura!
Uma nova escola de pensamento

◉ A psicanálise distinguia-se do pensamento psicológico


geral, em 3 aspetos:

relação aos objetivos - métodos - objeto de estudo.


Uma nova escola de pensamento

◉ Até então não se admitia a ideia de forças inconscientes,


por não serem objetos passíveis de aplicação do método
introspectivo, não podendo, assim, ser reduzidas a
elementos sensoriais.
◉ Os funcionalistas, concentrados exclusivamente no estudo
do consciente, não viam validade no uso da mente
inconsciente embora podessem admitir a noção desses
processos.
Uma nova escola de pensamento

◉ 1. especulações filosóficas a respeito do fenómeno


psicológico inconsciente,
◉ 2. as primeiras ideias sobre a psicopatologia,
◉ 3. a teoria da evolução.
As teorias da mente
1 Inconsciente
Uma nova escola de Pensamento
As teorias da mente inconsciente

◉ O alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) foi um


filósofo, matemático, advogado, diplomata , desenvolveu
uma ideia que chamou de monadologia.

◉ As mónadas eram comparadas à percepção.


As teorias da mente inconsciente

◉ O filósofo e educador alemão Johann Friedrich Herbart


(1776-1841) aprimorou a noção de Leibniz sobre o
inconsciente, transformando-a no conceito de limiar de
consciência.
◉ No entanto, para que a ideia apareça no consciente, ela
deve ser compatível com as já existentes na consciência.
As incompatíveis não podem coexistir na consciência, e as
irrelevantes são expulsas da consciência e tornam-se
ideias inibidas.
As teorias da mente inconsciente

◉ Fechner também estudava o inconsciente e, embora


aceitasse a noção de limiar, foi a analogia dele entre a
mente e o iceberg que provocou maior impacto em Freud.

◉ É interessante observar que o trabalho de Fechner, ao qual


a psicologia experimental deve bastante, também
influenciou a psicanálise
As primeiras
1 abordagens para tratar
distúrbios mentais
Uma nova escola de Pensamento
As primeiras abordagens para
tratar distúrbios mentais

◉ A contestação era crescente!

◉ O tratamento das doenças mentais passou por fases


sendo reconhecido como

◉ Possessão demoníaca – punição pelos pecados –


processos desordenados – espíritos demoníacos –
Comportamento irracional (sec. XVIII)
As primeiras abordagens para
tratar distúrbios mentais

◉ O doente mental, longe de ser um indivíduo culpado e


merecedor de castigo, é uma pessoa doente, cujo estado
de sofrimento merece toda a consideração dispensada à
humanidade sofredora. Alguém deve tentar restaurar a
razão desse indivíduo usando métodos simples. (Pinei
apud Wade, 1995, p. 25)

TRATAMENTOS MAIS HUMANIZADOS


O tratamento psiquiátrico

◉ Os tratamento iniciais parecem cruéis, mas devem ser


entendidos à luz da época onde se praticaram.

POSSUIDOS PELO DEMÓNIO


passou a significar
ESTAR DOENTE
O tratamento psiquiátrico

Visão Somática Visão Psíquica


◉ tinha causas físicas,
como lesão cerebral, ◉ causas psicológicas
falta de estimulação e emocionais para
nervosa, tensão explicar o
excessiva dos nervos comportamento
ou muito ou pouco anormal
sangue.
O tratamento psiquiátrico

◉ Aparecimento da Hipnose.

◉ O trabalho de Charcot e Janet no tratamento dos distúrbios


mentais ajudou a mudar o foco dos psiquiatras da
perspectiva somática (física) para a psíquica (mental). Os
médicos começaram a pensar na cura dos distúrbios
emocionais por meio de tratamento da mente e não do
corpo.
A influência de Charles Darwin

Darwin afirmava que os seres humanos eram conduzidos pelas


forças biológicas do amor e da fome, o que ele considerava a
base de todo comportamento.
O desenvolvimento da sexologia

A perspetiva chocante do Sexo no fim do séxulo XIX.

Anos antes de Freud elaborar a teoria com base no sexo, foram


publicadas a respeito da patologia sexual, da sexualidade infantil
e da repressão dos impulsos sexuais e também dos seus efeitos
na saúde física e mental diversas investigações.
Sigmund Freud
A descoberta do
Inconsciente
A descoberta do Inconsciente

Freud, trabalhou com pacientes histéricas, e compreendeu que


os sintomas dos quais elas sofriam representavam de forma
concreta um significado que era simultaneamente escondido e
revelado.
A descoberta do Inconsciente

Em Viena, o contato de Freud com Josef Breuer, médico e


cientista, também foi importante para a continuidade das
investigações.

Breuer denominou método catártico o tratamento que


possibilita a libertação de afetos e emoções ligadas a
acontecimentos traumáticos que não puderam ser
expressos no contexto da vivência desagradável ou
dolorosa. Esta libertação de afetos leva à eliminação
dos sintomas.
A descoberta do Inconsciente

Experiências
Falar livremente Livre associação infantis
reprimidas,
desejos fantasias

Conflitos Trazidos à Analisados e


inconscientes consciência sintomas
dissolvidos!
A descoberta do Inconsciente

Freud denominou resistência à força psíquica que se opunha a tornar


consciente, a revelar um pensamento.

E chamou de repressão ao processo psíquico que visa encobrir, fazer


desaparecer da consciência, uma ideia ou representação
insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma.
A Estrutura do Aparelho
Psíquico

◉ Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud


apresenta a primeira conceção sobre a estrutura e o
funcionamento da personalidade. Essa teoria refere-se
à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas:
inconsciente, pré-consciente e consciente.
A descoberta da Sexualidade
Infantil

As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e é postulada a


existência da sexualidade infantil.

A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento, e não só a
partir da puberdade como afirmavam as ideias dominantes.

O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar à


sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção do prazer podem estar
associadas, tanto no homem como na mulher. Esta afirmação contrariava as ideias
predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente, à reprodução.
A descoberta da Sexualidade
Infantil

◉ A líbido, nas palavras de Freud, é “a energia dos instintos


sexuais e só deles”.

Desenvolvimento
Psicossexual
A descoberta da Sexualidade
Infantil

Fase Fase
oral anal

Fase Fase
fálica genital
A descoberta da Sexualidade
Infantil

Complexo de
Édipo
Outros Conceitos a Reter

Pulsão
Refere-se a um estado de tensão que busca, através de um objeto, a supressão deste
estado. Eros é a pulsão de vida e abrange as pulsões sexuais e as de
autoconservação. Tanatos é a pulsão de morte, pode ser autodestrutiva ou estar
dirigida para fora e manifestar-se como pulsão agressiva ou destrutiva.

Sintoma
Um comportamento, quer seja um pensamento — resultante de um conflito psíquico
entre o desejo e os mecanismos de defesa. O sintoma, ao mesmo tempo que
sinaliza, busca encobrir um conflito, substituir a satisfação do desejo. Ele é ou pode
ser o ponto de partida da investigação psicanalítica na tentativa de descobrir os
processos psíquicos encobertos que determinam sua formação.
ID, EGO e SUPEREGO

O Id constitui o As características
reservatório da energia atribuídas ao sistema
psíquica, é onde se inconsciente, na primeira
“localizam” as pulsões: a teoria, são, nesta teoria,
de vida e a de morte. atribuídas ao Id. É regido
pelo princípio do prazer.
ID, EGO e SUPEREGO

O Ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da


realidade e as “ordens” do superego.

Procura “dar conta” dos interesses da pessoa.

É regido pelo princípio da realidade, que, com o princípio do prazer, rege o


funcionamento psíquico.

É um regulador, na medida em que altera o princípio do prazer para buscar a satisfação


considerando as condições objetivas da realidade.

Neste sentido, a busca do prazer pode ser substituída pelo evitamento do desprazer. As
funções básicas do ego são: perceção, memória, sentimentos, pensamento.
ID, EGO e SUPEREGO

◉ O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir


da internalização das proibições, dos limites e da
autoridade. A moral, os ideais são funções do superego. O
conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e
culturais.

Sentimento de Culpa
As maiores descobertas e
Inovações de Freud

O Ego, o Id e o Superego:
O Ego é o principal lugar
da consciência, o agente O Id é a parte inconsciente
O Superego é o guia e
da mente que exerce as da mente, o lugar dos
consciência da mente, um
repressões e integra e traços de memória
detentor das proibições a
consolida vários impulsos e reprimidos e incognoscíveis
aderir, e ideais a perseguir
tendências antes que elas da mente inicial.
sejam postas em ação.
Mecanismos de
Defesa
São vários os mecanismos que o indivíduo pode usar para realizar esta deformação da
realidade, chamados de mecanismos de defesa. São processos realizados pelo ego e são
inconscientes, isto é, ocorrem independentemente da vontade do indivíduo.

Para Freud, defesa é a operação pela qual o ego exclui da consciência os conteúdos
indesejáveis, protegendo, desta forma, o aparelho psíquico. O ego — uma instância a
serviço da realidade externa e sede dos processos defensivos — mobiliza estes
mecanismos, que suprimem ou dissimulam a perceção do perigo interno, em função de
perigos reais ou imaginários localizados no mundo exterior.
Mecanismos de Defesa

Recalque Formação Regressão Projeção Racionalizaçã


reativa o

◉ O indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre. Existe a supressão de uma
parte da realidade. Este aspeto que não é percebido pelo indivíduo faz
parte de um todo e, ao ficar invisível, altera, deforma o sentido do todo.
Mecanismos de Defesa

Recalque Formação Regressão Projeção Racionalizaçã


reativa o

◉ O ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção, e, para


isto, o indivíduo adota uma atitude oposta a este desejo. Aquilo que
aparece (a atitude) visa esconder do próprio indivíduo as suas verdadeiras
motivações (o desejo), para preservá-lo de uma descoberta acerca de si
mesmo que poderia ser bastante dolorosa.
Mecanismos de Defesa

Recalque Formação Regressão Projeção Racionalizaçã


reativa o

◉ O indivíduo retorna a etapas anteriores do seu


desenvolvimento; é uma passagem para modos de
expressão mais primitivos.
Mecanismos de Defesa

Recalque Formação Regressão Projeção Racionalizaçã


reativa o

◉ É uma confluência de distorções do mundo externo e interno. O indivíduo


localiza (projeta) algo de si no mundo externo e não percebe aquilo que foi
projetado como algo seu que considera indesejável. É um mecanismo de
uso frequente e observável na vida quotidiana.
Mecanismos de Defesa

Recalque Formação Regressão Projeção Racionalizaçã


reativa o

◉ O indivíduo constrói uma argumentação intelectualmente convincente e


aceitável, que justifica os estados “deformados” da consciência. Isto é, uma
defesa que justifica as outras. Portanto, na racionalização, o ego coloca a
razão ao serviço do irracional e utiliza para isto o material fornecido pela
cultura, ou mesmo pelo saber científico.
Carl Jung
Psicologia Analítica: Teoria da Personalidade de Jung
O Inconsciente Coletivo

Jung descreveu dois níveis da mente inconsciente.


Inconsciente pessoal (local em que Inconsciente coletivo (nível mais
se armazena o que, em algum profundo da psique, que contém as
momento, foi consciente, mas que experiências herdadas das espécies
foi esquecido ou suprimido.) humanas e pré-humanas.)
Os arquétipos

Tendências herdadas, contidas no inconsciente


coletivo, que levam o indivíduo a se comportar
de forma semelhante aos ancestrais que
passaram por situações similares.
Os arquétipos

Os arquétipos que ocorrem com mais frequência e que são os mais importantes para moldar
nossa personalidade são a persona, a anima e o animus, a sombra e o self.
Bibliografia e Textos de Apoio

Schultz, D. & Schultz, S. (2004). História da Psicologia Moderna. Lisboa: Thomson Ed.

Woody, W. D., & Viney, W. (2017). A history of psychology: the emergence of science and
applications. Routledge. (pp.385-422)
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◉ angelaf@ufp.edu.pt

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