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Processo nº XXXXXXX-XXXX.XXXX.X.XX.XXXX
AGRAVO EM EXECUÇÃO
Nestes termos,
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Processo nº XXXXXXX-XXXX.XXXX.X.XX.XXXX
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES
Em que pese o ilibado saber jurídico do Juízo a quo, não merece prosperar a
referida decisão, sendo imperiosa a reforma por este Tribunal ad quem, pelas
razões a seguir expostas:
I. DA TEMPESTIVIDADE
A Súmula 700 do Supremo Tribunal Federal preceitua que “é de cinco dias o prazo
para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal”. Assim,
considerando que a intimação do réu deu-se no dia 9 de julho de 2019 (terça-feira) e
o prazo iniciou-se em 10 de julho de 2019 (quarta-feira), o encerramento ocorreu no
dia 15 de julho de 2019 (segunda-feira), uma vez que o dia 14 de julho foi domingo
e o artigo 798, § 3º do Código de Processo Penal leciona que “o prazo que terminar
em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato”.
Portanto, o recurso é tempestivo.
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II. DOS FATOS
Guilherme cumpria pena em regime semiaberto, após 1 (um) ano em regime inicial
fechado ao ser condenado definitivamente pela prática de crime de lesão corporal
seguida de morte.
Ocorre que Guilherme nunca fora ouvido sobre a aplicação da falta grave, que lhe
resultou em regressão do regime semiaberto para o fechado, perda da totalidade
dos dias remidos, reinício da contagem do prazo de livramento condicional e reinício
da contagem do prazo do indulto.
III. DO DIREITO
Em que pese o fato imputado ao réu estar contido no rol do artigo 50 da Lei nº
7.210/84 (Lei de Execuções Penais), a Súmula 533 do Superior Tribunal de Justiça
preleciona que
Vê-se que tal procedimento não foi observado no presente caso, uma vez que o
diretor do estabelecimento penal teve conhecimento do aparelho celular por agentes
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penais e imediatamente reconheceu na ficha do réu o cometimento de falta grave,
sem, contudo, abrir uma investigação sobre o fato, colher o depoimento pessoal do
réu, ouvir testemunhas e, sobretudo, garantir a defesa técnica do detento.
Nos termos do artigo 118, inciso I, da Lei nº 7.210/84 e da Súmula 534 do Superior
Tribunal de Justiça, a prática de falta grave, quando regularmente comprovada,
seria hipótese de sanção, como se observa:
Preleciona o artigo 127 da Lei nº 7.210/84 que o juiz poderá revogar até 1/3 (um
terço) do tempo remido em caso de falta grave, observado a natureza, os motivos,
as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu
tempo de prisão.
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Nesse sentido, colha-se o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça:
Pelas mesmas razões apresentadas até aqui, foi editada a Súmula 535 do STJ
prevendo que a prática de falta grave não interrompe o prazo para fins de
comutação de pena ou indulto, sem prejuízo de essa ser considerada no
momento de analisar o preenchimento dos requisitos subjetivos desse benefício,
como se observa abaixo:
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Portanto, é incabível o reinício da contagem do prazo do indulto e do
livramento condicional em razão do princípio da legalidade que também é
aplicável na execução penal.
V. DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso para determinar
o afastamento da falta grave imputada ao réu e de suas consequências.
Nestes termos,