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Sobre A Classificação Das Palavras
Sobre A Classificação Das Palavras
,¢ [Ant], definimos quatro classes. Cada classe compreende certo ntimere de itens cujo comportamento relativo & ordenacZo dentro do SN é semelhante. Ataxonomia¢ a andlise Essa defini¢do de tacos tem uma relac&o muito intima com a andlise Propriamente dita da ordem dos termos no SN. Pode-se perguntar se 6 a anlise que deriva das classes ou as classes que derivam da andlise; mas essa pergunta nao faz muito sentido, ¢ nao pode ser respondida de maneira direta. Acontece que uma analise é em grande parte feita de gencralizagies, e as generalizagOes implicam na postulacdo de classes; nesse sentido, construir a andlise ¢ estabelecer classes sao tarefas concomitantes ¢ interdependentes. Digamos que se parta da observacaio de fatos: 0 item mau pode ocorrer tanto antes quanto depois do nticleo. Outra observacao particular & que mau possui 0 trago semAntico <+Q>. ou seja, pode ter acepedo qualificativa. Aqui estamos ainda em um estagio de generalizago muito incipiente, eno que diz respeito a mau nZo temos mais que duas afirmagies particularizadas. Teremos uma anilise a partir do momento em que tentarmos uma generalizacio. Por exemplo, podemos dizer que mau pode ocorrer anleposto ou posposto porque tem 0 trago <+Q>. Isso cquivale a dizer que “todo item marcado <+Q> pode Ocorrer anteposto ou posposto ao nticleo”— e essa afirmacdo j4 é mais do que uma simples observacao. Engloba uma generaliza¢o, e portanto jaéuma andlise (ou parte de uma andlise). Mas mesmo para formular essa generaliza¢io somos obri, gados a estabelecer classes: a afirmagilo “pode ocorrer anteposto ou posposto 20 micleo” se predica ndo de umitem léxico, mas de uma classe de itens, ou: seja, de todos os. itens marcados <+Q>. O estabelecimento de classes é essencial paraa formulagao das generalizagdes, ¢ portanto paraa claboragdo da andlise. E. por outro lado, as Classes $6 fazem sentido dentro de uma anélise: senZo como justificariamos a escolha do trago e nio, por exemplo, um trago que exprimisse o carater “desfavoravel” ou “desagradavel” da semntica de max? Naturalmente, porque © taco6 relevante para a descrig&o das possibilidades de ordenacio da palavra mau, a0 passo que o fato de que essa palavra significa uma coisa desagradével ndo tern importancia para a descrigo das suas possibilidades de ordenacdo.218 DELL.T.A., Vol. 14, N° Especta. Assim, no se pode dizer que a taxonomia precede a andlise, nem vice- versa; nem sequer que uma “depende” da outra. Antes, a taxonomia é um dos aspectos da andlise. A andlise da ordem dos termos do SN lanca mio de fatores independentes de qualquer taxonomia léxica (notadamente fatores de ordem textual € pragmiatica); por isso ndo se pode identificar a taxonomia com a andlise. Masa taxonomia Gum ingrediente basico da andlise, 4 que se observa que certos tipos de itens. definiveis em termos de suas propriedades seminticas ou formais. se comportam de maneira especial do ponto de vista da ordenagao. Voliemos agora & questo do tago formal [-Ant] que. como vimos, identifica o item nim como excegio. Esse wag, a0 caracterizar um item segundo seu comportamento deatro do SN, automaticamente estabelece uma nova classe: denire os itens marcados <+Q> é necessério distinguir dois grupos: aqueles que s&o proibidos de ocorrer antepostos e aqueles que nao sofrem essarestrigdo. Isso € parte legitima da taxonomia, pois se justifica em termos das conveniéncias da descrigdio. O fato de uma das classes definidas por [-Ant] ser muito menosextensa do que a outra nao afeta a questo em si; apenas nos autoriza a chamar esses casos minoritétios de “excecdes”. Assim, uma pessoa que aprende o item mau precisa ficar sabendo uma séric de coisas, entre as quais: (a) esse item tem os tragos <+Q, +R>: ¢ (b) esse item nao € excegiio 2 regra que autoriza os itens <+Q> 4 ocorrerem antepestes ao niicleo. Naturalmente, certas estratégias de aprendizagem oferecem atalhos, como considerar que um item nao ¢ excegdo até prova em contrério. Mas 0 resultado final ¢ 0 mesmo: as excegdes se classificam a parte (dentro da classe mais geral a que pertencem), o que automaticamente coloca as niio-excecdes também & parte. Consideramos pois uma classe 0 conjunto de todos os itens cujo comportamento relativo 4 ordenagao no SN seja idéntico, ou seja, que tenham exatamente a mesma matriz de tragos — compreendidos ai 0s tragos idiossincraticos do tipo [Ant]. 5. Representagao das classes em tacos As classes, como vimos, se definem através de matrizes de tragos; & esses tragos sdo em parte semanticos, em parte formais (isto é. morfossintaticos). H4 uma diferenga nitida entre tragos semanticos e formais: estes Uitimos muitas vezes so ad hoc, pois n’o encontram motivacio independente em outros setores da gramitica; é 0 caso do trago [Ant], como qual estamos lidando. J4 os tacos semAnticos nav so ad hoc: séo essenciais ndo apenas para efeitos de descri¢ao da ordem das termos no SN. mas aindaPerintet alli 219 Para a caracterizagao do significado propriamente dito das palavras. Assim, por exemplo, a marca <-Q> no item caneta nos informa que esse item nao ocorre anteposto ao nticleo, ¢ também que caneta nao pode exprimir uma qualidade atribuivel a um objeto. A importincia dessa distingdo vem de que um traco semantico tem, por assim dizer, existéncia independente, sendo essencial para descrever um fato, a saber, 0 significado de um item. Mesmo se nao for relevante para outros propésitos, o ago seméntico precisa figurar na andlise porque sendo Certos itens ficario com sua caracterizacdo semintica incompleta. J4 um waco formal tira toda a sua razio de ser de sua utilidade gramatical. 6. Sobre a natureza dos tragos Ha um aspecto do comportamento gramatical dos iteas que precisa ser sempre levado em conta, que é sua flexibilidade categorial, ou seja, sua grande capacidade de mudar de classe (sem@ntica e/ou morfossintética) segundo as necessidades expressivas do falante. Essa flexibilidade categorial levanta certos problemas pera a andlise. ‘Voltemos ao item caneia: foi proposto acima que esse item. scja marcado, no Iéxico. com 0 traco <-Q>. significando que nao pode ocorrer modificando (ou qualificando) o niicleo: nao tern potencial qualificativo. No entanto, nada impede, cm principio. que a partir de amanhi caneta comece a ser usado Gualificativamente. E 0 que acontece as vezes com itens originalmente <-Q>, como cabeca, que passou recentemente a ser utilizado (em certa variedade coloquial) qualificativamente: um filme cabeca (um filme inteligente). Como € que isso pode acontecer, seo termo era <-Q>, ¢ portanto nio tinha potencial qualificativo? Nao estarfamos, com essa marca, negando 2 possibilidade de uma coisa que é comprovadamente poss{vel? A pergunta tem razio de ser, ¢ pode ser respondida langando-se mio da distingdo entre sincronia e diacronia. Ao se falar de “potencial” deve-se distinguir duas nogoes: primeiro, 0 Potencial que ym item possui de ser zado de determinada mancira sem que seu uso cause efeito de inovacao (coisas como: efeito humoristico, variedade ou dificuldade de interpretacio etc.). Nesse sentido, caneia & certamente destituido do potencial expresso pelo trago, devendo ser marcado <-Q>; ¢ 6 nesse sentido que a nogio de “potencial” nos interessa.220 DEL.T.A., Vol. 14, N° Espectay, Jaa nogao diacrénica de “potencial” se refere 4 possibilidade de um. item ser utilizado de determinada maneira como inovagiio. Assim, hoje, 0 uso de caneia como qualificativo é em principio possivel, mas constituird inovagdo, acarretando os efeitos meacionades. Foi o que ocorreu com eabeca as primeiras veres que se falou de papo cabeca, filme cabeca etc. A diferenga esti em que a primeira nog&o de “potencial” se refere ao armazenamento de uma possibilidade como parte da convencio lingitistica vigente (o que chamamos “lingua portuguesa"); a segunda nogZo se refere as possibilidades de mudanga dessa conven¢io. Embora no nos interesse neste momento, a nogSo diacr6nica tem relevancia ¢ distingue 4 sua moda os itens léxicos entre eles. Assim, caneta pode, concebivelmente. passar a ser utilizado qualificativamente; mas certamente o mesmo nao vale para corriamos, sempre ou em. Por isso, € importante distinguir o potencial de uso (sincrénico) do potencial de mudanga (diacr6nico); aqui nos interessa 0 primeiro. Essa posi¢ao tem corolirios para a interpreta¢do do que, precisamente, nos dizem os tragos utilizados na andlise. Assim, quando utilizamos um tra¢o qualquer, digamos <+T>, para marcar um item, estamos dizendo 0 seguinte: “esse item (ou, mais exatamente, essa palavra; ver a se¢ao 2) pode ser utilizado como “T”, ¢ esse uso 6 aceito pela comunidade como parte da convencao, endo come uma tentativa de modificar a convengao.”” 7. Substantivose adjetivos 7.1. Onmicleo do SN Vamos exemplificar a aplicagio dos princfpios discutidos ao caso dos elementos habitualmente colocados sob orétulo de “adjetivos” e “substantivo: Para isso comecaremos examinando 2 nogZo de “nticleo do sintagma nominal — uma nogiio que se encontra na base da distingo entre adjetivos ¢ substantivos, mas que nao est definida de maneira satisfatéria na literatura a que tivemos acesso (por exemplo, nos artigos reunidos em Corbettet al. (1993). Agui apresentaremos a solugao proposta em Perini et al. (1996). Mostrou-se nesse texto que a definigdo de base puramente posicional. como por exemplo a proposta em Perini (1995), no funciona. A razio principalPERDM et alli 221 € que, ao se tentar definir o néicleo posicionalmente, tanto os termos que precedem quanto os que seguem o presum{vel micleo podem ocorrer repetides. Assim, qualquer defini¢o dependennte da posigiio (digamos, “o terceiro termo a partir do final do SN”) esbarra no fato de que nfo se pode saber de antemao quantos termos repetidos esto presentes em um SN particular. Nao obstante, estamos convencidos de que é necessario atacar 0 problema da definigdo do nicleo. a fim de permitir a propria formulagzo das questes de ordenagdo dos termos: se 0 objetivo da anilise €, por exemplo, discutir a posicao do adjetivo no SN, essa posico serd definida em relagdo a que? Aconclusio aque se chegou é que o nticleo do SN no é uma entidade definivel formalmente (a partir de sua posic&o no sintagma, ou de outros fatores, como 0 controle da concordancia); antes, trata-se de uma fungdo seméntica, a saber, 0 nticleo ¢ 0 termo do SN que est tomado em acep¢ao referencial —- ou seja, como “designaco de uma coisa”. As bases que permitem ao ouvinte determinar qual dos termos de um. SN veicula a acepgio referencial esto expostas em Perini et al. (1996: 75 qq). Aqui damos apenas um exemplo: seja o sintagma 0 carro amarelo: a palavra amarelo, em virtude de sua matriz semAntica armazenada no léxico, pode ser referencial (como em 0 amarelo esid na moda) ou enti qualificativa (casa amarela). Mas carro s6 pode ser referencial. Portanto, em o carro amarelo a palavra carro é referencial (“R”) e amarelo qualificativo (6Q”). Ha razes para crer que em cada SN hd sempre um centro dereferéncia, & apenas um; no caso em pauta, € carro, e é esse 0 micleo. Isso explica, entre outras coisas, a facilidade. que tém os ouvintes de identificar o micleo deum sintagma, j4 que essa identificacko éresultado direto da propria compreensio do sintagma. Seria pouco plausivel argumentar que 0s ouvintes encontram o niicleo apartir de um. cémputo da posigao do elemento dentro do sintagma. 7.2. Adjetivosesubstantivos A anélise do nticleo do SN resumida acima acaba inviabilizando a defini¢do formal de “adjetivo” e “substantive”. Acontece. que a detinigéio formal se bascaria no potencial funcional de cada Palavra: 0 conjunto de fungdes sintaticas que cada uma pode ocupar. Por exemplo, diriamos que paternal & um “adjetivo” porque ndo pode ser nticleo do SN, e Jodo & “substantivo™ Porque pode. Se o micleo do SN pudesse ser definido em termos formais —222 DELTA, Vol. 14, N° EspectaL. digamos, através de sua posic&o exclusiva dentro do sintagma — teriamos que “adjetivos” e “substantivos” seriam classes morfossintaticas distintas. ‘Mas apartir do momento em quese nega a diferenciagiio morfossintitica entre o micleo e os demais termos do SN (em particular os modificadores realizados por “adjetivos” tradicionais), torna-se impossivel aplicar essa definigao: os “adjetivos” eos “substantivos” tradicionais tm o mesmo potencial funcional sinidtico, isto 6, ocorrem no mesmo conjunto de fun¢bes sintaticas, Logo, pertencem, formalmente falando. a uma tinica classe. O que distingue esses tipos de palavras sdo suas potencialidades sem4nticas: paternal se distingue de Joéio por no ocorrer em acep¢do referencial (paiernal nao é “o nome de uma coisa”). As potencialidades formais observadas desses itens so decorréncia automatica de suas potencialidades semAnticas: cada item tem este ou aquele comportamento formal em virtude de significar isto ou aquilo?. De certo modo isso nos leva de volta 4 intuigdo tradicional de que o Substantivo seria a palavra que nomeia as coisas. Mas nossa andlise se diferencia da tradicional em pontos cruciais: negamos que o substantivo ¢ 0 adjetivo existam como classes auténomas, morfossintaticamente caracteriziveis. Em vez disso. a diferenga tradicionalmente percebida entre “adjetivo” ¢ “substantivo” se interpreta como uma diferen¢a entre palavras que podem ser nomes de coisas (isto 6, que podem ter acepgao referencial; ou ainda, que sao marcadas <+R>) ¢ palavras que nio podem. Essa posi¢aio permite capturar um fato extremamente importante. mas que nio se encaixa na andlise tradicional: a existéncia de grande niimero deitens que podem ocorrer em acepedo referencial ou qualificativa, como amigo: Meu melhor amigo [acep¢ao referencial] Um gesto amigo [acep¢ao qualificativa] Qualquer sistema que sé considere duas alternativas (substantivo X adjetivo) precisa deixar de lado a diferenga entre paternal, Jodo e amigo, Porque aqui temos trés tipos de comportamente distinto (semantico ¢ morfossintatico), Essa no é uma afirmagio de valor geral; pode haver, ¢ certameate hf, casos em que tzagos puramente formais distinguem grupos de palavras em classes diferentes. Por exemplo. niio vemos: maneira de caracterizar semaantiCamente os substantives masculinos face aos femininos.PERINT et alli 223 A presente proposta descreve os fatos a partir de fatores semanticos inevitdveis, que precisam de qualquer maneira figurar na andlise: Jogo Gum. nome de coisa, € 36 isso; paternal é uma qualidade, e $6 isso; amigo pode ser as Guas coisas. A presenga desses tragos na potencialidade semAntica dessas palavras € algo que consideramos um fato, ndo uma decorréncia desta ou daquela teoria. 8. Conseqiiéncias para a taxonomia 8.1. Principio As conseqiiéncias desta andlise para a questo da classificagao das palavras sdo 6bvias: morfossintaticamente. adjetivos e substantivos nao se distinguem. Teremos gue colocd-los juntos em uma s6 classe formal, 4 qual podernos chamar nomes (seguindo Camara, 1970). Epreciso observar, contudo, que isso no significa que nfio haja distingdes morfossintaticas entre as palavras em geral. Certamente a diferenga entre um ‘verbo ¢ um substantivo nao pode ser reduzida totalmente fatores de significado: © verbo se confuga, ocupa uma fungio sintética propria etc. Mesmo denuro do SN. muitos elementos poderdo ser colocados em classes ‘a parte por razdes formais. Por exemplo, nao se conhece nenhuma razio semintica para que 0 artigo ocorra €m sua posi¢ao caracteristica a cabega do sintagma. Logo. 0 artigo precisa (pelo que sabemos hoje) ser segregado da classe dos nomes, formando uma classe que se define por um comportamento sintatico proprio, Ocomportamento dos diversos elementos do SN (exceto o dos nomes) esta ainda pouco esuidado. Uma tarefa que se coloca de imediato é a de investigar quantos ¢ quais tipos de comportamento formal se podem distinguir dentre os elementos que comparecem no SN. E provavel que palavras como todos, 0, meu, outro, cinco etc. nio possam ser inclufdas dentro da classe dos nomes. A se confirmar essa hipdtese, elas escapariam as regras que governam. 4 posi¢ao dos nomes, exigindo regras prdprias. Uma consegéncia seria que elas teriam que se colocar em classes diferentes da dos nomes. 8.2, Osnomes O caso dos nomes, no momento, fica assim: {a) parece que existe uma classe, morfossintaticamente distinguivel. que224 DEL.T.A, Vol. 14, N° Especiat englobaria grosso modo as classes tradicionais dos “adjetivos” mais os “substantivos” (com o provavel acréscimo de alguns “pronomes”). Os membros dessa classe se caracterizam por sua distribuigdo: ocorrem na Parte final (a “Area direita”) do sintagma. A idéia é que a classe dos nomes poderia ser definida posicionalmente. Ainda grosso modo, os nomes correspondem aos elementos “lexicais” mencionados na literatura tradicional; os outros seriam os “funcionais”. Evitamos utilizar essa nomenclatura porque nos parece aprioristica e baseada em critérios mal delimitados: mes por trés dela hf uma intuicdo que pode ser valida; (6) cntre os nomes existe ume grande variedade de tagos semanticos. Alguns desses tragos seminticos sao relevantes para 0 posicionamento dos itens, outros nao. Assim. por exemplo, o item Jodo denota um objeto concreto, ¢ o item santidade um objeto abstrato; mas essa oposigio (concreto/ abstrato) ndo funciona na determinagio da posi¢ao dos itens dentro do SN. Desse ponto de vista, Jodo ¢ santidade sao idénticos, e sua oposigz0 nao interessa para cfeitos de taxonomia. Por outro lado, 0 item japonés pode ser proventivo (nascido ou proveniente do Japdo) ou agentivo (praticado pelos japoneses); j4 0 item violenio n&o pode ser nem proventivo nem agentivo. mas pode ser qualificativo. Acontece que essa diferenga se reflete nas possibilidades de posicionamento: as acep¢bes agentiva € proventiva s6 so disponiveis em posic&o posposta. de mancira que se antepusermos japonés 0 resultado serd mal formado (*urnjaponés carro, *4 japonesa decisdo) porque o item anteposto fica sem acepgdo possivel. J4 violento pode ocorrer anteposto ou posposto. porque a acep¢do qualificativa é disponive] nas duas posigdes; donde serem bem formados tanto zemporal violento quanto violento temporal. Simplificando bastante, a situagdo € essa. Temos laxonomias nos niveis morfossintatico e semantico. E, a partir do momento em que decidimos descrever a ordem, no podemos escapar de nenhum desses niveis: a descrigio da ordem dos termos no SN precisa ter uma cara morfossintatica e uma cara seméntica (além de ourras caras, como a funcional, da qual néo nos ocupamos. neste trabalho). 8.3. A taxonomia que buscamos Quando falamos de “nomes”, por exemplo, estamos nos referindo a uma classe definida formalmente, E podemos deixar escapar alguma referéncia 2 uma subclassificagao dos nomes segundo critérios semfnticos: alguns podem ser agentivos, outros nao etc, Essa maneira de falar pode sugerir que noPerintet alli 225 fundo a taxonomia que buscamos seria essencialmente formal: os tracos morfossintaticos definiriam as classes, depois os semAnticos definiriam as subclasses. Mas no € isso. Rétulos como “nome” (ou, digamos, “verbo”) sao apenas abreviaturas de matrizes de tragos, e representam aproximacées, A Unica maneira rigorosa de se falar da classificacao das palavras é utilizando diretamente as matrizes, Assim, uma palavra como Jofio se distingue de sem através de certos tragos, ¢ de amigo através de outros tracos. O fato de que 10 primeiro caso os tragos sao (também) formais, e no segundo sé semanticos, n&o precisa ser colocado em primeiro plano. Vamos entender a taxonomia como resultado de tracos gramaticais. alguns formais ¢ outros semAnticos, sem hiererquia de tipos. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Camara, J. M. Jr (1970) Estrutura da Lingua Portuguesa. Petrépolis: Vozes. Corserr. G. G.; N. M Fraser. & S. McoLasHaN. (orgs.) (1993) Heads in Grammatical Theory. Cambridge, England: Cambridge University Press. Perust, M, A. (1995) Gramdtica Deseritiva do Portugués, Sio Paulo: Atica. etalli (1996) O Sintagma Nominal em: Portugués: Estrutura. Significado eFuncio. da Revista de Estuclos da Linguagem n° Especial. B. Horizonte: UFMG.