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LPL I – Licenciatura em EDUCAÇÃO BÁSICA

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA TEORIA GRAMATICAL

RESUMO

➢ SONS/FONEMAS/GRAFEMAS:

• SONS – quando falamos, produzimos enunciados que constituem uma sequência


fónica. No entanto, é possível identificar, na produção de cada enunciado,
unidades discretas designadas como sons da fala.

• FONEMAS – unidades mínimas de som sem significação própria; as mais


pequenas unidades do sistema fonológico (de sons) de uma língua; elementos
constitutivos das palavras;

- estamos perante fonemas diferentes sempre que num par mínimo, a substituição
de um som pelo outro der origem a palavras diferentes, com significados
diferentes. As palavras gato e pato formam um par mínimo, isto é, em tudo
foneticamente idênticas com exceção apenas num som: [g] e [p]. Se substituirmos
estes dois sons um pelo outro, no mesmo contexto, neste caso –ato, verificamos
que, apesar de não terem sentido próprio, dão origem a duas palavras com
significados diferentes.

• GRAFEMAS – unidades de representação gráfica ou unidades formais


mínimas da escrita. “Mínimo” porque um grafema não pode ser desmembrado
em dois ou mais sinais que também possam ser tratados como grafema. “Formal”
porque é abstrato, não pode ser visto. O que vemos são as atualizações,
indeterminadas em número, dos grafemas - as letras;

- um grafema é uma unidade mínima distintiva no contexto de um sistema de


escrita. Por exemplo, “p” e “d” são grafemas distintos no sistema de escrita
português porque existem palavras distintas como “par” e “dar” (estas duas
palavras constituem um par mínimo).

• LETRAS - são os sinais gráficos que representam os sons da língua na escrita;


representação gráfica dos sons da fala, ou fonemas. Formas em itálico e em
negrito de uma letra A não são grafemas distintivos porque nenhuma palavra é
distinta pela alternância dessas duas formas.

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➢ ORTOÉPIA/PROSÓDIA/ORTOGRAFIA

• ORTOÉPIA – a correta articulação dos fonemas, tomando como padrão a


língua culta. Está relacionada com:

- a perfeita emissão das vogais, e grupos vocálicos, citando-os de forma nítida,


evitando a omissão e/ou alteração de fonemas, respeitando os timbres de vogais
tónicas. Assim: queijo, bandeja, roubo, ouro — e não quêju, bandeija, rôbu, ôru;

- a articulação correta de fonemas consonantais e a ligação dos vocábulos dentro


de contextos. Mulher - e não mlher; digno e não diguino (na variedade brasileira
do português);

- a adequada e correta ligação das palavras na frase. Por exemplo: “No fim da
avenida há um túnel esburacado, que atravessamos perigosamente. Àquela noite,
o que mais tive medo, era aquilo ser um assaltante.”

• PROSÓDIA – a correta posição da sílaba tónica da palavra. Tem a ver com o


acento, a entoação, as pausas, o ritmo e a sílaba. As características prosódicas
do modo oral são representadas, no modo escrito, pelo subsistema de pontuação.
Madagáscar é erradamente lida como Madagascár, gratuito por gratuíto,
transformando a sílaba tónica breve em duas sílabas (norma culta: gra-tui-to;
norma erradamente lida: gra-tu-í-to).

• ORTOGRAFIA – sistema convencional de representação gráfica dos sons; fixa


as regras de representação escrita de uma língua, visa normalizar a representação
escrita de uma língua; a forma correta de escrever as palavras no texto escrito;

- a parte da gramática normativa que ensina a escrever corretamente as


palavras de uma língua, definindo, nomeadamente, o conjunto de símbolos (letras
e diacríticos), a forma como devem ser usados, a pontuação, o uso de maiúsculas,
etc.

➢ MORFEMAS/PALAVRA/GRUPO DE
PALAVRAS/CLÁUSULA/FRASE/ORAÇÃO/PERÍODO/TEXTO

Na língua portuguesa, os níveis linguísticos possíveis são, pela ordem ascendente:


o elemento mínimo dotado de significação ou morfema, a palavra gramatical,
o grupo de palavras, a cláusula, a oração e o texto

texto
oração
cláusula
grupo de palavras
palavra
morfema

• MORFEMAS - as unidades mínimas com significação própria ou as unidades


mínimas de significação. Um morfema pode sozinho constituir uma palavra:

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casa, homem. Também pode integrar uma palavra complexa, isto é, uma palavra
constituída pela união de dois ou mais morfemas: vice-presidente, infelizmente.
São os elementos que compõem a estrutura lexical e gramatical dos vocábulos.
Os morfemas podem ser classificados em morfemas lexicais e morfemas
gramaticais: casa e –s.

• PALAVRA – conceito difícil de explicitar, não há consenso entre os linguistas.


Não é apenas a palavra ortográfica, a unidade de escrita, delimitada por
espaços em branco: casa. Conjuntos ortográficos como ensino superior, recibo
verde, correio azul, bebida branca, mesa redonda, já são considerados como
palavras; os compostos caminho de ferro, chapéu de sol, chapéu de coco ou
chapéu alto também são estruturas que constituem cada uma delas uma unidade
coesa de significado;

- as palavras são elementos que fazem parte do léxico da língua e que utilizamos
num enunciado para comunicar, quer pelo seu significado quer pela sua função
gramatical.

• GRUPO DE PALAVRAS - grupos frásicos: GN, GV, GAdv., GAdj., GP.

• CLÁUSULA - uma cláusula é uma estrutura predicativa;

- num grupo de palavras que estabelecem relações (predicativas) entre si existem


cláusulas entre elas que obrigam a respeitar algo, por exemplo as concordâncias
entre adjetivo e nome, verbo e seus objetos, sujeito e verbo (como quando se
assina um contrato: há uma obrigação, é uma relação, é necessário respeitar.)

• FRASE - geralmente diz-se que é a maior unidade linguística sobre a qual pode
operar uma regra da gramática;

- O João saiu de casa. é uma frase e nela todos os elementos se interligam;

- O João saiu de casa a correr e foi para a escola. será também uma só frase, pela
interdependência que todos os elementos estabelecem entre si;

- no entanto, em O João saiu de casa. Saiu a correr e foi para a escola . temos
duas frases, pela relativa independência das duas unidades linguísticas que
constituem este enunciado;

- é importante notar, porém, que a independência das frases entre si é relativa,


uma vez que o discurso não constitui um somatório de frases desconexas, mas um
conjunto coeso e coerente de frases;

- pode ser simples ou complexa; pode ou não conter uma forma verbal:
“Cuidado!”;

- unidade mínima do discurso;

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- define-se pelo propósito de comunicação, e não pela sua extensão. O conceito
de frase, portanto, abrange desde estruturas linguísticas muito simples até
enunciados bastante complexos.

• ORAÇÃO – conjunto de sujeito e predicado integrado numa frase. Frase simples


– tem uma só oração, frase complexa - tem mais que uma;

- orações coordenadas – são ligadas por uma conjunção coordenativa (sindética


ou assindética): Encontrei o meu filho e fomos tomar um café;

- orações subordinadas – são introduzidas por uma conjunção subordinativa: Saí


de casa quando soube que já não vinhas.

• PERÍODO - é um enunciado que possui uma ou mais orações.

- simples quando é constituído de uma só oração: O João ofereceu um livro à Joana.


A oração que constitui o período simples é a oração absoluta.

- composto quando é constituído de duas ou mais orações: O João anseia que haja
um julgamento justo, pois o último obviamente não o foi;

- os períodos compostos são formados por coordenação, por subordinação ou por


ambas as formas (coordenação-subordinação);

- o período termina sempre por uma pausa conclusiva que recebe, na linguagem
escrita, um sinal de pontuação.

• TEXTO – Tradicionalmente concebido como uma forma escrita, o texto hoje é


pensado como um Discurso, podendo ser oral ou escrito, podendo ser uma troca
conversacional ou qualquer outra forma coesa e coerente de conversação;

- um conjunto de frases relacionadas entre si e constituindo, assim, uma


unidade, um todo com sentido;

- excecionalmente, um texto pode ser constituído por uma só frase.

(DISCURSO – conjunto de palavras, geralmente mais longo do que uma frase,


interligadas de forma linguisticamente organizada e usadas como forma de
interação comunicativa.)

➢ SIGNIFICANTE/SIGNIFICADO: o significante é a imagem acústica e o


significado é o conteúdo semântico do signo linguístico.

➢ EXPLICAÇÃO/ESPECIFICAÇÃO – em português, a “explicação” e a


“especificação” são funções do nível do grupo de palavras e expressam-se
mediante a posição do adjetivo. Por exemplo, no grupo substantivo+adjetivo: em
o manso boi, o vasto oceano, o adjetivo é explicativo (já que apenas expressa
propriedades inerentes a estas classes); no entanto, em o boi manso, o adjetivo

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é “especificativo” (porque serve para opor um boi manso a outros bois que
não são mansos);

- as orações subordinadas relativas podem ser

restritivas - indispensáveis ao sentido da frase: Os miúdos que acabaram


o trabalho estão a brincar no recreio. Aqui há uma especificação, são
aqueles miúdos, por oposição aos miúdos que não acabaram o trabalho.
(Atenção à pontuação: neste caso não utilizamos vírgulas.); o mesmo se
verifica em Os artigos que têm defeito serão rejeitados - “os quais” - há
especificação e não explicação.

explicativas – denotadoras de uma qualidade acessória do antecedente; são


dispensáveis ao sentido essencial da frase; aparecem separadas do nome
ou do pronome antecedente por vírgulas: As abelhas, que são insectos,
fabricam mel. Outro exemplo: Os jogadores, que se mostravam
confiantes, entraram no campo; nestes dois casos há uma explicação.

➢ COMENTÁRIO/COMENTADO – quando digo Este livro tem uma extensão


adequada. estou a fazer um comentário. O livro é o comentado.

➢ REFERIDO/REFERENTE – o nível linguístico oração é caracterizado pela


função “predicativa”. Nela, o sujeito e o predicado são funções sintagmáticas e
puramente relacionais: o predicado é o termo “referido” e o sujeito é o termo
“referente”.

➢ CONCORDÂNCIA/REGÊNCIA/COLOCAÇÃO

• CONCORDÂNCIA – diz-se da variação a que algumas formas ficam


vinculadas em função umas das outras. Assim, em português, por exemplo, o
artigo, o nome e o adjetivo concordam em género e número: Um menino
crescido;*um menina crescido; este aluno bem-disposto;*estas aluno bem-
dispostas;

- também o verbo concorda em pessoa e número com o pronome: Eu gosto de


cantar./Eles gostam de cantar;

- quando o núcleo nominal for complexo, constituído por mais de um nome


ligados por coordenação, o determinante e o predicado ficam no plural e, se um
dos nomes for masculino, ficam no masculino: O João e a Maria são irmãos./A
Maria e a Teresa são primas.

• REGÊNCIA – relação necessária entre duas palavras ou entre duas orações,


em que uma determina a forma da outra. Contrariamente à concordância, a

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regência implica uma relação de dependência entre elementos, uma relação de
interdependência de um regido relativamente a um regente. O termo regido
é o termo que é exigido pelo outro;

- os verbos, por exemplo, podem reger diretamente um complemento direto:

O João encontrou o Pedro.


O professor escreveu o sumário.

- ou podem reger indirectamente o complemento através de uma preposição:

O treinador assistiu ao jogo.


Ele sempre viveu dos rendimentos da quinta.
O seu nome não consta desta lista.

- Alguns verbos apresentam dupla regência:

Informo que não posso vir amanhã.


Informo o Sr. Doutor de que não posso vir amanhã.
Avisamos que amanhã encerraremos para balanço.
Avisamos os nossos estimados clientes de que amanhã encerraremos para
balanço. Assim, informa-se e avisa-se que, mas informa-se ou avisa-se alguém
de que …

- pode também o mesmo verbo reger complementos diferentes. O verbo perdoar,


por exemplo, pode reger um complemento direto (geralmente para coisas) ou um
complemento indireto (geralmente para pessoas):

Ele sempre perdoou todas as ofensas.


Ele sempre lhe perdoou todas as ofensas.

- algumas conjunções, por exemplo, estabelecem relações de regência com


determinadas formas verbais. Assim, embora, por exemplo, rege Conjuntivo,
enquanto apesar de rege Infinitivo:

Ele é bom aluno, embora não estude muito.


Ele é bom aluno, apesar de não estudar muito.

• COLOCAÇÃO - colocação dos elementos da proposição

- Ordem direta (SVO): como já sabemos, cada proposição é formada por uma ou
mais palavras dispostas numa certa ordem. Não é, porém, indiferente a
colocação dos elementos da proposição, como vamos ver nos exemplos
seguintes:

1.º O meu pai cultivou o jardim. O Dr. Manuel de Arriaga, primeiro presidente
da República Portuguesa, foi eleito pelo Congresso.

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Na primeira oração, colocou-se o sujeito e depois o predicado com o seu
complemento.

Na segunda oração, colocou-se o sujeito com o seu determinante, um aposto,


depois o predicado com os seus determinantes. Nas duas orações, o verbo é a
primeira palavra do predicado. Esta ordem de colocação dos elementos da oração
é a mais natural e simples, e chama-se ordem direta.

2.º Tenho muito amor a minha mãe. Dei um abraço ao meu primo, ao encontrá-
lo no centro comercial.

Como se vê nos exemplos anteriores, na ordem direta a palavra determinada


coloca-se antes da determinante, o complemento direto coloca-se antes do
indireto, e a seguir os circunstanciais, segundo as relações de dependência.

3.º Os figos saboreiam-se antes das castanhas, pois primeiro frutificam as


figueiras e depois os castanheiros. Decerto sabes que a independência de
Portugal se restaurou em 1 de Dezembro de 1640.

Como se vê nos exemplos anteriores, a conjunção que ligue uma proposição a


outra proposição deve ser colocada em primeiro lugar.

- Ordem inversa: Qualquer colocação diferente da que se estabelece para a ordem


directa chama-se ordem inversa. Nesta, pode o sujeito ir depois do verbo, o
adjetivo antes ou depois do substantivo, o predicado depois dos complementos:
*
À entrada na fábrica não são obrigados os operários, antes de no relógio a hora
marcada bater, em vez de: Os operários não são obrigados à entrada na fábrica
antes de bater no relógio a hora marcada.

?São as frutas maduras excelente alimento, em vez de: As frutas maduras são
alimento excelente.

Deve dizer-se ou escrever-se com clareza, o que importa mais do que obedecer ou
não à ordem direta. O que é preciso é dispor as palavras de modo que todos
entendam.

➢ COESÃO/COERÊNCIA

• COERÊNCIA – fala-se em coerência quando os elementos de um texto se


apresentam conformes à realidade que tentam transmitir. Dizer que Hoje é
segunda-feira porque ontem foi sábado é um texto não coerente com a realidade
que nós conhecemos. Esta forma de coerência recorre ao nosso universo de
referência que nos permite assumir que, se ontem foi sábado, então hoje é
domingo;

- não coerente é também o enunciado que diz que Hoje é domingo, mas
simultaneamente segunda-feira, pois a coerência pressupõe que o enunciado não
seja contraditório;

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- é a coerência discursiva que me permite concluir que Não tenho fome possa
constituir uma resposta à pergunta Queres almoçar?, pergunta que constitui
tipicamente uma interrogativa global em que se espera uma resposta de sim ou
não.

• COESÃO – forma de coerência entre sequências discursivas.

- as frases:

O João entrou, comeu e voltou a sair.


O João gosta da Maria e quer casar-se com ela.

serão enunciados coesos, uma vez que as partes que os constituem se revelam em
sequência possível de um mesmo sujeito. Também a informação de que O João
entrou se mostra coerente com a ideia de voltar a sair. Observe-se a falta de coesão
das seguintes frases:

? O João entrou, mas comeu.


? O João gosta da Maria porque quer ir ao cinema.

- mecanismo linguístico que consiste na retoma de elementos, no interior do texto,


contribuindo deste modo para a sua unidade. Há vários mecanismos de coesão.

➢ HIPERTAXE/HIPOTAXE/PARATAXE/ANTITAXE

• HIPERTAXE OU SUPERORDENAÇÃO – propriedade pela qual uma unidade de um


nível linguístico pode funcionar por si só – isto é, combinando-se com zero – em níveis
linguísticos superiores, podendo chegar até ao nível linguístico texto e aí opor-se a
unidades próprias desse novo nível. Assim, um morfema pode, em princípio, funcionar
como uma palavra; uma palavra como grupo de palavras, e assim sucessivamente.
- em casa - casas , o elemento mínimo casa funciona como “singular” no nível da
palavra gramatical, por oposição a casas, por estar “combinado” com zero, isto é
morfema explícito;
- em casa – a casa, a palavra casa, já determinada como “singular”, funciona no nível do
grupo de palavras como “ virtual” – em oposição ao “atual” a casa, por se tratar aqui
de uma casa conhecida;

- no verbo aterrar , o radical terr- remete logo para o significado de aterrar- , que tem
a ver com terra ;

- na pergunta “O que é uma dezena?”, o radical dá a resposta: dez;

- em marítimo, é mar- , o radical, que nos indica logo o significado de marítimo.


Resumindo: há um elemento que dá pistas para o significado. Nos últimos três
exemplos, é pela pista do radical que sabemos qual é o significado da palavra.

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• HIPOTAXE OU SUBORDINAÇÃO /PARATAXE OU COORDENAÇÃO –
Hipotaxe - do grego “organização sob”, diz-se da relação entre elementos em que um
depende do outro. A hipotaxe opõe-se, assim, à parataxe, palavra também do grego,
significando “organização ao lado de”;
- Hipotaxe verifica-se, pois, nos casos em que existe uma relação de subordinação;
- Parataxe verifica-se nas situações em que existe uma relação de coordenação;
- Hipotaxe é a propriedade oposta à hipertaxe: possibilidade de uma unidade de um nível
linguístico superior poder funcionar num inferior, ou em níveis inferiores. Por exemplo,
uma oração independente, valendo como texto, pode passar a funcionar como “membro”
de outra oração: isso é a “subordinação oracional” na gramática.

• ANTITAXE OU SUBSTITUIÇÃO – propriedade mediante a qual uma unidade de


qualquer nível gramatical já presente ou virtualmente presente (“prevista”) na cadeia
falada poder ser representada – retomada ou antecipada – por outra unidade de outro
ponto da cadeia falada (quer no discurso individual, quer no diálogo), podendo a unidade
que substitui ser parte da unidade substituída, com idêntica função ou mesmo zero. É o
fenómeno muito conhecido no domínio dos pronomes que “substituem” (“representam”)
lexemas (palavras ou grupos de palavras);

- por exemplo, o falante não diz: *A fruta, a fruta está madura está na cozinha. Diz:
A fruta que está madura está na cozinha. Há uma restrição: de toda a fruta só quero a
que está madura;

- para evitar repetições, usamos palavras que substituem outras. Quais? Neste caso: que.
O que é o que?- É o pronome relativo (não a conjunção), porque está a substituir fruta;

- outro caso é a Pronominalização. Por exemplo:

O João deu o livro à Maria.


O João deu-lhe o livro.
O João deu-lho.

Lhe substitui o complemento indireto o substitui o complemento direto, lho substitui os


dois complementos. Está a substituir, evita repetições e representa funções sintáticas.
Neste caso, Lho representa as duas funções.

• JUÍZO DE VALOR – é frequente ouvir um falante nativo dizer que “isso não é
português”, ou “isso não se diz assim em português”, ou “ seria melhor dizer assim em
português” – isto demonstra que os aspetos de juízos de valor devem merecer especial
atenção do falante nativo, bem como do linguista e do gramático. São juízos de valor
referentes às conformidades do falar com o respetivo saber linguístico.

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• LÍNGUA COMUM/LÍNGUA PADRÃO –

LÍNGUA COMUM - a língua falada numa determinada comunidade linguística; o


português é uma língua histórica, por isso, é constituída por várias “línguas” mais ou
menos próximas entre si, mais ou menos diferenciadas, mas que não chegam a perder a
configuração de que se trata “do português” (e não do galego, ou do francês, etc.), tanto
na convicção dos seus falantes nativos como na convicção dos falantes de outros idiomas.
Há uma diversidade na unidade e uma unidade na diversidade;

- os falantes dessas diversidades, por motivações de ordem política e cultural, tendem a


procurar um veículo comum de comunicação que manifeste a unidade que envolve e
sedimenta as várias comunidades em questão. Geralmente, nestas condições, eleva-se um
dialeto como veículo de expressão e comunicação que paire sobre as variedades regionais
e se apresente como espelho da unidade que deseja refletir o bloco das comunidades
irmanadas. Esta unidade linguística ideal chama-se língua comum – é chamada a língua
portuguesa ou apenas português.

LÍNGUA PADRÃO - pode-se desenvolver dentro da língua comum um tipo de outra


língua comum mais disciplinada, normalizada idealmente, mediante a eleição de usos
fonéticos-fonológicos, gramaticais e léxicos como padrões exemplares a toda a
comunidade e a toda a nação, a serem praticados em determinadas situações sociais,
culturais e administrativas do intercâmbio superior. “Língua exemplar”. Em Portugal,
geralmente considerada a que é falada entre a região de Coimbra e a região de Lisboa,
embora seja cada vez menos assim.

VIRGÍNIA BRUNHETA – IPCB - ESE, 2015

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