Aula 1 - O ser
SINOPSE
Nesta aula, são apresentadas três visões diferentes (grega, septenária e
12 camadas da personalidade) acerca da constituição do ser, conhecimentos-
chave que servem como guia para ascender a uma vida com mais sentido.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta aula, espera-se que você saiba: qual a constituição do ser
para os gregos; qual a constituição do ser na escala septenária; qual a
constituição do ser nas doze camadas da personalidade; os quatro
temperamentos; o que é o eu substancial.
1. INTRODUÇÃO
Eu sou Bruno Lamoglia, sou psiquiatra e preparei esta aula nos últimos
anos para explicar como ter uma visão totalitária de um ser humano. Isso
porque, tanto em consultório quanto na observação do dia a dia da sociedade,
eu noto o quanto as pessoas mal se conhecem, mal sabem seu próprio
potencial. Essas pessoas simplesmente vivem em uma esfera do seu bel-
prazer, na busca de evitar sofrimento e buscar um pouco mais de prazer. Com
base nisso, nesse meio tempo, eu fui percebendo que as pessoas deixam de
viver um potencial gigante.
Qual é o maior potencial que podemos viver como seres humanos? É o
potencial de um ser humano espiritual. Quando uso a palavra “espiritual”, não
estou fazendo referência a dogmas religiosos ou a outros similares, mas
simplesmente à capacidade de cada um de ser o máximo. Para ver isso, não é
preciso ir tão distante, basta começar a observar as pessoas que foram mais
além. Se um indivíduo foi, talvez seja possível que todos também consigam
trilhar esse caminho.
Além disso, eu percebi que a pessoa que mais ascende, ou seja, a pessoa
que mais sobe, também é a pessoa que sofre menos. Ela possui uma nova visão
sobre a vida que é mais calma, mais pacífica, e até, para os mais raros,
iluminada. Então, basicamente, você não só deixa de sofrer as intempéries do
meio ambiente, como você também começa - e falaremos sobre isso mais para
frente - a exercer influência sobre o meio. Aí é maravilhoso, porque eu não só
sou impassível no ambiente externo, como agora eu o influencio. Para isso,
você precisa ter uma boa visão de si mesmo, uma boa visão do ser humano.
Ao longo desta aula, você não só vai entender um pouco mais sobre si
mesmo, como também vai entender as pessoas ao seu redor. Isso vai facilitar
a convivência com os demais. Além disso, em uma das aulas, vamos abordar
também um pouco sobre a formação de outro ser, ou seja, vamos abordar a
educação e a formação de uma outra consciência. A formação, talvez, do seu
próprio filho, sobrinho ou afilhado. Eu sei que isso interessa muito à maioria
dos que estão nos assistindo.
Esse assunto, de fato, é de suma importância, pois acredito que nada na
Terra é tão importante quanto um ser humano bem-formado. Diante de um
ser humano bem-formado, não é preciso estar se preocupando com temas
específicos, não é preciso se questionar: ‘será que ele será um bom cidadão?
Será que ele vai ser um bom aluno? Será que ele vai ser um bom profissional?
Será que ele vai ser ecológico?’. Se você tiver um ser humano bem-formado
em sua plenitude, isso é automático. Então, qual é a importância dessa aula?
Eu não vejo nada mais importante do que isso.
O trabalho da minha vida vem sendo esse. Evidente que eu uso isso em
consultório para curar pessoas, mas, na minha opinião, esse assunto tinha que
ser estudado ainda na escola, como um ensinamento obrigatório porque, sem
isso - e é isso que acontece -, vemos pessoas vivendo, sem ofensas, como
animais, buscando prazer, sobrevivência e achando que isso pode ser o
máximo da vida. E aí você também vê o que observamos hoje na sociedade
brasileira, em que cerca de 30% das pessoas são doentes. Esse número é
inaceitável, sob qualquer hipótese, sob qualquer circunstância. Só de
depressão, esse percentual é de 5 a 6%. Ansiedade, atinge por volta de 15%.
Juntos, esses dois diagnósticos somam 20% da população geral de doentes.
Fora as outras doenças: bipolares, esquizofrênicos, neuróticos, transtorno de
personalidade, que está em voga. Qual é a importância dessa aula? É toda, é
fundamental.
2.1. Os gregos
Os gregos dividiam o ser em três. A primeira parte é o corpo físico. A
segunda parte é a soma, ou a psique, ou a mente humana, e a terceira é o que
eles chamaram de nous, sendo isto a vida espiritual, a vida superior. Entre
essas três partes, os gregos estabeleceram uma intersecção (tal como na figura
abaixo).
Nous
Psique
Soma
2. 5. As linhas da psicologia
Ele colocou um pontinho somente e está bom mesmo, porque é muita
coisa para ficarmos falando aqui e as pessoas não vão ver sentido nisso. Eu vejo
muito isso. Eu reduzi um pouco do que eu falo em palestras e cursos
exatamente porque pouco fazia sentido. As pessoas estão aqui embaixo, nas
primeiras seis, sete camadas, então, para elas, o que faz sentido mesmo é o
TCC, a Teoria Cognitivo-Comportamental. A Teoria Cognitivo-
Comportamental é a cognição da mente racional em cima das emoções. Há
também a psicanálise. Qual é a grande teoria psicanalítica? Como começa a
teoria psicanalítica? Começa com o Freud falando sobre traumas. Traumas do
passado. Algo que não estava conforme os seus planos aconteceu que abalou e
fez uma estrutura emocional danosa. Isso é um trauma: alterou algum tipo de
plano, algo esperado dentro da sua vida. Freud decide fazer uma teoria em
cima disso, porque, às vezes, esse trauma fica até no inconsciente. Freud
elaborou a teoria do consciente e do inconsciente e colocou os traumas como
a premissa do sofrimento humano, principalmente e sobretudo nos primeiros
anos de vida. Freud falou muito sobre isso e Piaget corrobora. Esses traumas e
traumas e traumas, alguns dos quais você sequer lembra, estão aqui nas
emoções, é na quarta camada. Ele fica ali, fomentando. A psicanálise gira em
torno dali. Por que a psicanálise é tão rica? Porque é rico mesmo, é uma área
muito rica, uma área muito longa, uma área muito vasta. É por isso que às vezes
funciona e às vezes, não. Porque, quando você está tratando de uma pessoa que
está da quinta camada para cima, ela está buscando resultados. Então, aquilo
ali não vai fazer o menor sentido para ela. Pelo contrário, a pessoa vai ficar
completamente desgostosa de fazer análise. Aí, migra para o TCC, cognitivo -
mente - sobre comportamentos. É onde eu domino a esfera da razão sobre as
minhas emoções e, consequentemente, sobre os meus comportamentos.
Você pode me questionar: “A TCC funciona então?’. Sim, funciona, se você já
está nessa camada ou nesse nível, ela vai funcionar muito bem. No entanto, é
só um ponto dentro do ser.
As diversas áreas da psicologia estão completamente aqui dentro e
nenhuma que eu conheça consegue fazer com que o ser humano saia lá de
baixo e ascenda de uma forma orientada.
Eu gosto de usar uma metáfora para explicar isso. É como se você
estivesse dentro de uma mata densa. Tente imaginar aquela mata
completamente cerrada, aquela da floresta amazônica. Se, dentro dessa mata,
eu pedir para você andar, o que você faz? Você pensa, fala: ‘eu não consigo’. Se
você for arrancar matinho por matinho, você vai demorar anos para andar um
metro. Aí, alguém te dá um facão. Isso facilita o seu avanço, a sua situação
melhora mais rapidamente. Quando você tem um mestre, uma pessoa que te
oriente, um tutor, uma pessoa que está bem formada na personalidade, que
está autorrealizada, que está na esfera, pelo menos, da sabedoria, ela vira um
trator na sua mão. Essa pessoa é um instrumento. Veja bem, ela não resolve a
sua vida para você. Você vai ter que estar operando o trator, mas, pelo menos,
aquilo vira um trator. Você consegue sair dali e, depois de um tempo, inclusive
consegue encontrar um trilho teu. Daí, desse trilho, a sua vida anda a milhão.
Analogamente, depois que você sai da quarta camada, você consegue subir da
quinta para sexta de uma forma rápida, você consegue, simplesmente
sabendo, passar. Eu conheço muitos médicos que ficaram presos na sexta
camada. Médico adora a sexta camada. Por quê? Porque é a camada técnica. Eu
observo os assuntos entre os médicos. Eles ficam horas debatendo sobre o que
fizeram e sobre o que deixaram de fazer, sobre a técnica X, o que está
acontecendo. O assunto deles gira em torno disso. Ou, pior ainda, quando o ego
está mais aflorado, a pessoa volta até para a quarta camada, em que precisa
impor o seu poder.
Adler2 fala muito disso, de o ápice do ser humano ser o poder. Ele está
falando da quinta camada. Vocês veem como é. Agora, é compreensível o que
cada linha representa, simplesmente um ponto, porque nós somos seres
espirituais.
3. OS TEMPERAMENTOS
Quando falo espiritual, as pessoas acham que é uma nuvem. Não é isso,
não é sobre isso. Quando você nasce, você tem o corpo e você também ganha o
código genético. Tudo bem que existe a epigenética, é a parte da genética, é a
parte do cromossomo que está sujeita à alteração de acordo com ou o que você
pensa, ou o que você faz, ou com as circunstâncias externas. Nós temos isso,
todo mundo sabe disso. Código de DNA, bem científico.
Junto com isso, existem os temperamentos: fleumático, colérico,
sanguíneo e melancólico. Isso aí é de Hipócrates3, o pai da medicina. Não sei
nem quantos mil anos tem isso. Os quatro temperamentos, na verdade, seriam
condições parecidas com a personalidade, mas com as quais você já nasce. É
uma forma de você receber as informações e as sensações e é também a forma
como você vai reagir a estas. O temperamento é uma constante na vida, até que
você domine a personalidade.
Quando você domina a personalidade, você constrói uma
personalidade. A personalidade é uma ponte, é uma ferramenta para você
chegar na vida espiritual. Eu sei, isso é bastante confuso mesmo. É confuso
principalmente porque, além de ganhar o temperamento, você também ganha
o caráter, que é mais difícil ainda de descrever. A psiquiatria e a psicologia já
descrevem há muito tempo, mas é difícil até escrever em palavras, porque são
inclinações positivas, negativas dentro desses quatro temperamentos.
4. O EU ESSENCIAL
Uma base muito maior seria o eu essencial. Essa explicação é bem
complicada, mas o eu essencial, o eu substancial, o eu transcendental - que se
confunde com alguns aspectos de outros psicólogos - seria esse eixo de
consciência, seria o eu que se mantém em um bloco único. Você só percebe
esse eu único quando você está num nível muito alto. Por que isso? Você
percebe o mundo através da mente e é muito difícil conseguir se elevar ao
nível espiritual pela mente. Geralmente, são as pessoas que meditam e
consegue diminuir a frequência dos pensamentos, conseguem diminuir
aquela gritaria dos medos, das emoções e dos excessos de pensamentos e de
preocupações, que muitas vezes é completamente ilusória, e começam a
escutar essa vozinha. Por isso, na psiquiatria e em qualquer tratamento
psiquiátrico, mandam você meditar, para você tentar calar um pouco do
excesso de tudo que está acontecendo mentalmente.
Nesse momento, você percebe que você tem um eu desde que você é
criancinha. Talvez, até antes. Alguns fundamentos da psicologia falam desde
quando você é feto. Tem gente que vai até antes. Os reencarnacionistas já
falam que esse eu segue para trás e para frente. Isso gera uma certa
divergência de crença, mas podemos pelo menos falar que esse eu é o mesmo
desde que você é criancinha até este dado momento. Você que está aqui agora
olhando, porque o seu corpo já nasceu e morreu um trilhão de vezes. A nossa
célula mais duradoura não dura doze anos. Então, houve a regeneração. O seu
corpo não é mais o que era quando você era criança.
A sua memória é fragmentada. Então, esse eu da memória também não
é você, simplesmente são coisas que você lembra. Há outras que você perdeu.
O Eu mental é o eu da razão, é aquela biografia de tudo que você percebeu e
assimilou, mas também não é o eu substancial. A sua biografia, tudo que você
lembra, internamente ou externamente, tudo que você fez, isso é o eu
biográfico, o eu histórico, mas nada disso justifica, nada disso se assemelha
com o eu substancial.
Esse eu substancial permanece em você, mesmo se você estiver em
coma, mesmo se você tiver dormindo. Você pode lembrar de um sonho que
você teve quando era criança. Nesse ponto, a ciência é muito interessante.
Houve um autor que tentou trazer isso pela ciência através do estudo das
experiências de EQM, que são as experiências de quase morte. Nesse estudo,
ele ouviu os relatos de diversos pacientes que narravam suas experiências de
quase morte e, ao que tudo indicava, tinham visões às quais não poderiam ter
tido acesso, estando acamados da forma como estavam, nem mesmo pelo
inconsciente. Eram visões de coisas em cima da prateleira ou fora da sala. São,
portanto, essas experiÊncias de percepção extra-corporal e as próprias
meditações, em que a pessoa jura que saiu do corpo.
Isso se mantém como um eu. Com isso, surge a dúvida: será que esse eu
está no cérebro ou não? Algumas pessoas que tiveram uma atividade cerebral
praticamente anulada e depois voltaram, continuaram tendo esse eu
substancial fora dali. Então ninguém sabe exatamente. Os egípcios, há muito
tempo, falavam disso e afirmavam que isso estava no coração. Contudo, isso
não é, porque já vimos transplantes de coração. Isso ficou algo um pouco difícil
de se explicar, muito subjetivo, mas esse eu substancial pauta todos os outros
eu que você vem experimentando e vem construindo. Aqui, são diversos
pontos de vista do eu: eu histórico, eu biográfico, memórias, emoções, como
que você lida, as suas personas.
As personas, vamos dizer assim, são as máscaras. Para os gregos, eram
máscaras. Jung apontava que o jeito como uma pessoa se apresenta como
médico não é o mesmo jeito como se apresenta como pai e também não é o
mesmo jeito que se apresenta como filho. Assim, a pessoa tem identidades
diferentes. Lembra um pouco da sétima camada da personalidade, do papel
social. As diferentes personas nas quais você se adequa a cada situação. Isso é
o que pauta. Você pode criar grandes torres. A personalidade é uma dessas
torres, mas é uma torre muito poderosa, que vai funcionar como ponte, que
vai funcionar como elucidação e percepção mais apurada.
A gente vai falar sobre isso na próxima aula, sobre como fazemos os
movimentos de ascensão.
5. PERGUNTAS
1) O Eu essencial, essa propriedade, faz com que nós sejamos humanos?
Exato.
2) Na sua opinião, o feto já tem essa propriedade (do eu essencial)?
É uma boa pergunta. Eu acredito que sim e vou te explicar por quê. Os
estudos da psicologia avançam e uma das ferramentas que temos na
psiquiatria, não de agora, mas que era usada desde os sumérios e também
pelos egípcios, é a hipnose. A hipnose faz com que você chega a alguns estados
ainda ultrauterinos. Eu já vi isso algumas vezes na minha vida. Eu trabalhei
algum tempo com hipnose, não como terapeuta, embora eu tenha formação,
mas acompanhando uma clínica de hipnose, como parte dos meus estudos. Lá,
eu vi pessoas resolverem traumas físicos e elas não sabiam, não tinham
conhecimento daquilo. Até mesmo, no momento do parto. Uma pessoa
conseguiu resolver uma cefaleia antiga através de uma liberação emocional
ligada a um parto com fórceps que foi complicado. Eu também vi outros
traumas, como brigas dentro da família, agressões. Isso faz com que a pessoa
possa vir a alterar, não o eu essencial, que é um estado divino, que é como se
fosse uma centelha divina… Quando uso a palavra “divino”, estou fazendo
referência ao fato de você conseguir ver o planeta, o globo, ligado a você. Isso
é mais ou menos divino e isso tem uma inteligência. É mais fácil perceber
quando olhamos para um planta, uma floresta. Você observa os ciclos. As
folhas caem e renascem. Existem as quatro estações: verão, inverno, outono e
primavera. Você vê que isso tem um dharma, as coisas vão acontecendo
conforme uma regra. Essa é a melhor teoria de divino que consigo explicar.
Portanto, é quando você consegue se conceber conectado a isso. Podemos até
dizer que a sabedoria está na natureza. Você vê que a mente sábia não tem
relação com conhecimento. O conhecimento ajuda muito, é o que falei sobre
o trator, mas ela é um caminho em si. A mente sábia tem relação com
vivências, com o que você assimila de cada vivência. E aí você tem a sabedoria.
Voltando à sua pergunta, você tem essas duas esferas aqui
(temperamento e caráter) que são totalmente fixas e que você constrói a
personalidade. Eu acredito que sim, o feto já tem o eu essencial, embora seja
um estado rudimentar de consciência.
3) Minha última pergunta é sobre a ascensão das camadas. Isso não
significa que é bom necessariamente, você pode tranquilamente incluir
vários ditadores na décima e na décima primeira camada?
Sim.
4) Onde os psicopatas e os sociopatas se encaixam? Eles são fleumáticos de
temperamento?
Vamos tentar cruzar primeiro com as personalidades malévolas da
nossa história. Sim, elas podem chegar até a décima primeira camada. No
entanto, na constituição septenária, eles não conseguem passar nem da razão.
Nessa parte, é algo que não podemos cruzar. Na verdade, até daria, por um
motivo que é o seguinte. Por exemplo, eu li Mein Kampf do Hitler e é um
estado de vitimismo gigante. Teoricamente, pela sua premissa, Hitler seria
décima primeira camada. No entanto, não dá para saber qual é a camada de
outra pessoa, só a própria pessoa conhece suas motivações. Exceto, claro, que
tenha feito como Napoleão, que narrou tudo. Observando, vemos que Hitler
via os judeus como inimigos e que tinha medo deles, muito medo. Medo gera
ódio - como vimos no Star Wars - e o ódio gera tudo aquilo que aconteceu ali.
Quando você tem o poder dessa pessoa, é perigoso, claro, mas ela pode estar
em qualquer camada. A camada da personalidade não necessariamente quer
dizer que a pessoa tenha poder ou não. A décima primeira, a camada de alguém
que está dentro da história, a pessoa pode estar agindo dentro da história de
uma forma malévola. Com certeza, pode.
Já ali, na septenária, não. Não há maldade na sabedoria, porque você está
começando a contemplar a verdade e a verdade é aquilo que falei da formação
do ser humano. O ser humano bem formado está em harmonia com a
natureza. Ele não conseguiria, por exemplo, matar outra pessoa, a não ser que
precise. No entanto, não faria disso um movimento de busca de poder.
Quando você fala sobre psicopata, ou sociopata, ou transtorno de
personalidade antissocial, que é o nome atual, estamos falando de uma
doença. Essas constituições são terríveis dentro da doença, porque a doença
pode até diminuir a percepção delas. Por exemplo, uma depressão. O sociopata
é uma pessoa que vai ter pouquíssima afinidade, pouquíssima empatia, e não
vai ter o sentimento de culpa vendo as outras pessoas sofrendo perante o seu
caminho de ascensão, a sua aquisição de ascensão de personalidade. Então,
fica presa na mente da razão, raciocina as coisas.
Como lidamos com o sociopata? Isso vai estar presente na nossa quinta
aula, em que vamos abordar o que pode dar errado na formação do ser. Sem
dúvida nenhuma, a sociopatia é uma delas e precisaremos usar outros freios,
uma vez que essas pessoas não conseguem criar nem o vínculo afetivo nem o
vínculo do amor. Portanto, é preciso criar outros vínculos. Essa é uma situação
mais complicada, sobre a qual iremos falar. Você tinha mencionado outro
ponto. Era líder, sociopata e …?
Eu perguntei também se os psicopatas se encaixam no temperamento
fleumático.
Ah, sim, os temperamentos. Nesse momento, o temperamento não vai
interferir grandes coisas. O colérico tem tendência maior para fazer ou estar
envolvido em guerras. Eles são os grandes líderes, mas isso não quer dizer que
seja assim sempre. Há outros líderes que fizeram guerra e inclusive até
ganharam de coléricos na batalha. Quando você está num poder público,
teoricamente, você estaria na décima primeira camada, pois você tem outros
poderes que não são mais somente os seus. Você tem o poder de um exército e
de um conselho que vai ter que forçar sua reação à determinada situação. Nem
sempre o temperamento vai influenciar nisso. Os sociopatas e psicopatas têm
uma facilidade para ascender dentro de uma empresa, dentro da sociedade,
porque, quando você não tem vínculo, você atropela os outros, infelizmente. Já
tivemos casos assim na política, pessoas que só sentem dor quando tocam
nelas, nada, nenhum outro resto dói. Não importa se eu vou matar uma
população de fome, pois eu não estou vendo. Aliás, mesmo se eu visse, eu não
ligo, porque eu não tenho empatia. Nesse caso, é um perigo e eles chegam. Por
isso, mais uma importância de estarmos trabalhando isso aqui. É mais uma
importância, você conhecer um ser humano, porque isso não é à psiquiatria e
à psicologia. Qualquer um pode ver que o outro não está em estado empático.
Claro que é difícil, mas, hoje, com a internet, ajudou muito. Vemos discursos
de presidentes antigos e ficamos assim: ‘meu deus! Não é o que vemos na
televisão, não é a persona que ele vem apresentando’. A gente consegue fazer
o discernimento de pessoa para pessoa, mas, primeiro, você tem que conhecer
a sua própria personalidade.