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Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Escola Politécnica - Centro de Tecnologia


Departamento de Engenharia Naval e Oceânica

ESCOAMENTO BIDIMENSIONAL AO REDOR DE CILINDROS

Marcelly de Almeida Teixeira


DRE: 119048448

Disciplina: Métodos Matemáticos em Engenharia Naval - EEN300


Professor: Juan Bautista Villa Wanderley

Rio de Janeiro, Dezembro de 2022


Índice

1. Introdução ………………………………………………………………………….. 2
1.1 Objetivo ………………………………………………………………………… 3
1.2 Motivação ………………………………….………………………………….. 3
2. Metodologia ………………………………………………………………………… 3
2.1 Formulação Matemática ……………………………………………………… 3
2.2 Formulação Numérica ……………………………………………………….. 5
2.3 Dados de Execução …………………………………………………………... 7
3. Análise dos Resultados …………………………………………………………… 9
3.1. Malha Computacional ………………………………………………………. 10
3.2 Campo de Pressão e Linhas de Corrente ………………………………… 13
3.3 Campo de Vorticidade ……………………………………………………… 13
3.4 Viscosidade Turbulenta ……………………………………………………... 17
3.5 Séries Temporais dos Coef. de Sustentação, Arrasto e Momento ……. 19
4. Comparação dos Coeficientes Aerodinâmicos ……………………………….. 24
5. Conclusão ………………………………………………………………………… 27
6. Referências ………………………………………………………………………. 28

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1. Introdução
O segundo projeto da disciplina de Métodos Matemáticos em Engenharia
Naval - EEN300 na Engenharia Naval e Oceânica da Universidade Federal do Rio
de Janeiro - UFRJ, ministrada pelo professor Juan Bautista, tem como objetivo
resolver a solução numérica de Navier-Stokes ao redor de três cilindros nos quais
ocupam a condição de eixo em (0,0), (-4, 4) e (-4, -4), respectivamente, no plano.

Figura 1: posição dos cilindros usados para a simulação.

Através da solução numérica das equações de Navier - Stokes promediadas


de Reynolds(URANS) levemente compressíveis, mostradas na Eq. (1). Utilize o
método dos volumes finitos e o esquema TVD de Roe e Sweby para resolver
numericamente as equações governantes. O escoamento turbulento na esteira
turbilhonar é obtido através do modelo de turbulência k- SST de Menter (1994).
Faça a simulação para número de Reynolds igual a 300.
A partir dos dados fornecidos serão analisados os campos de pressão,
vorticidade, viscosidade turbulenta e linhas de corrente ao redor do corpo, além de
plotar os coeficientes aerodinâmicos obtidos numericamente, teoricamente e
experimentalmente em função do posicionamento na malha computacional.
Por fim, irei comparar numa tabela os coeficientes aerodinâmicos obtidos.

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1.1 Objetivo
O presente experimento tem como objetivo a análise do escoamento de um
fluido ao redor de cillindros, para um número de Reynolds equivalente a 300. De
forma a executar a comparação dos valores obtidos no modelo experimental com o
numérico já existente, a fim de validar os dados uma vez que compatibiliza com os
dados reais e avaliar o efeito causado na esteira de um cilindro influenciada pela
presença de outro cilindro próximo.
A validação dos dados experimentais é importante pois possibilita testes que
demandam mais tempo e recurso de uma forma mais rápida e eficiente.

1.2 Motivação
Para uma análise precisa dos dados experimentais é necessário que os
parâmetros usados no teste estejam ajustados conforme a necessidade do
problema, de forma a alcançar a compatibilidade com os valores reais.
Para tal, este trabalho tem como motivação a avaliação da metodologia
usada para o refinamento da malha, desempenho do método, análise do esquema
de Roe e Swebe (TVD), análise dos Campos de Pressão, Vorticidade e Viscosidade
Turbulenta, transformada de Fourier das séries temporais dos coeficientes Cl, Cd.
De forma a concluir se o método convergiu para um resultado satisfatório ou não.

2. Metodologia
2.1 Formulação matemática

De acordo com as equações de Navier - Stokes, promediadas de Reynolds


(URANS) na situação de levemente compressível, foi usado a fórmula:

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2.2 Formulação Numérica
Para a formulação numérica foi considerado um espaço bidimensional e este
discretizado em retângulos, de forma que as propriedades do escoamento foram
definidas nos vértices das células. O volume de controle utilizado na discretização
espacial é mostrado em vermelho e as propriedades do escoamento nas faces do
volume de controle são obtidas por interpolação das propriedades dos vértices
vizinhos.

Figura 2: volume de controle

Aproximando espacialmente a integral de superfície e assumindo que as


propriedades do escoamento são constantes ao longo de cada face do volume
finito, chegamos a equação abaixo:

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Com condições de contorno iniciais do escoamento não-perturbado dado por:

Sabendo que a condição de escoamento não-perturbado pode ser também


utilizada na fronteira externa do domínio de cálculo, para todos os níveis de iteração
(ou seja, em qualquer instante). De forma que esta não é apenas uma condição
inicial, mas também uma condição de contorno na fronteira externa.
A condição de contorno de não escorregamento na superfície do corpo deve
ser implementada impondo-se:

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Sendo o RMS dado por:

2.3 Dados de Execução


Para as simulações usou-se os seguintes dados, conforme proposto pelo
professor Juan, aplicados aos cilindros com centro em (0,0), (-4,-4) e (-4,4).

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Figura 3: dados de execução.

Figura 4: dados da geometria.

Após ajustar os parâmetros no input e colocar o programa para rodar foram


gerados 1667 arquivos do tipo “sai.dat”, 100 arquivos do tipo “var.dat” e arquivos de
dados da execução. Como podem ser vistos abaixo.

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Figura 5: arquivos gerados

3. Análise dos Resultados


3.1 Malha Computacional
A malha computacional gerada para observar o escoamento ao redor do
cilindro possui maior refinamento próximo aos corpos uma vez que é nessa região
que acontecem as maiores variações do escoamento, em contrapartida, ao se
afastar dos cilindros o escoamento é praticamente uniforme, não tendo grandes
variações a serem analisadas, podendo ser usado uma malha mais grossa, como
mostrado abaixo.

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Figura 6: malha refinada

3.2 Campo de Pressão e Linhas de Corrente


A fim de analisar o campo de pressão ao redor dos cilindros foi usado o
último arquivo “sai.dat” e selecionando a opção “Contour” do Tecplot. O campo de
pressão avalia a distribuição da pressão ao redor do corpo e na legenda é possível
observar os valores do coeficiente de pressão (CP), os valores de CP negativos
representam que a pressão no local é menor que a pressão de referência.
Seguindo a legenda é possível perceber que na parte frontal de contato com
o escoamento a pressão é maior que na face oposta.

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Figura 7: campo de pressão

Em seguida foi verificado as linhas de corrente, foi preciso selecionar


“streamtraces” e 40 pontos.
Pode ser observado que as linhas de corrente acompanham a alteração entre
zonas de baixa e alta pressão, expressando o mecanismo de sustentação do corpo,
como mostrado a seguir.

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Figura 8: Cp com linhas de corrente
A fim de detalhar as áreas de formação e vórtice, foram aplicadas mais linhas
de corrente, como mostrado a seguir.

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Figura 9: Cp com linhas de corrente nos vórtices.

3.3 Campo de Vorticidade


Para fazer a observação da vorticidade ao redor do aerofólio no TecPlot foi
usado o menu "contour'' e selecionado em detalhes o “w” que representa a
vorticidade. A fim de conseguir melhor detalhamento da formação do vórtice na
camada limite, foi selecionado em “Levels and Color” intervalo de -0.5 a 0.5 entre
mínimo e máximo de níveis.
Como observado na figura abaixo, o roxo representa a vorticidade negativa e
pela regra da mão direita com o dedão apontando para dentro da figura o sentido de
rotação das partículas é no sentido horário, já para a vorticidade mostrada em
amarelo representa positivamente, pela regra da mão direita o dedão aponta para
fora e as partículas dos vórtices estão no sentido anti-horário.
Para observar o vórtice de partida foi carregado o arquivo sai número 100,
como observado na figura 11. É possível observar o início da formação da esteira
que se arrastará para longe dos cilindros.

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Figura 10: campo de vorticidade.

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Figura 11: formação da esteira de vórtices.

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Figura 12: w com linhas de corrente

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Figura 13: campo de vorticidade com linhas de corrente detalhadas.

3.4 Viscosidade Turbulenta


Para analisar a viscosidade turbulenta ao redor do corpo foi usado a função
“contour” do tipo “VT” e selecionado a função Edge para representar o local do
cilindro, acrescido das linhas de corrente, como mostrado na figura 14.

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Figura 14: viscosidade turbulenta

Figura 15: viscosidade turbulenta com linhas de corrente.

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A fim de analisar com mais detalhes as linhas de corrente ao redor do corpo
foram adicionadas mais linhas de corrente na região do cilindro para mostrar o
comportamento das linhas na presença dos vórtices.

Figura 16: viscosidade turbulenta e linhas de corrente mais detalhadas próximo ao corpo.

3.5 Séries Temporais dos Coeficientes de Sustentação, Arrasto e


Momento e Transformada de Fourier.
A partir do arquivo denominado “coefic.dat” o carregamos no Tecplot e o
software nos retorna um gráfico com os valores de Cl que avalia a força de
sustentação, Cd que avalia a força de arrasto sobre o corpo. Os coeficientes
dependem do Nº de Reynolds e o tipo de perfil analisado.
Foi utilizado a opção “value Blanking” no Tecplot para retirar a parte
transiente até o valor de tU/D 50 dos coeficientes dos três cilindros e só assim foi
tirado a média dos mesmos.
Pela função Fourier Discreta no Tecplot foi obtida a transformada de Fourier
que mostra a amplitude para cada frequência, sendo possível observar a frequência
de ressonância do modelo.

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Figura 17: Cd antes da retirada dos valores transientes.

Figura 18: coeficiente de arrasto do cilindro 1 (0,0).

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Figura 19: coeficiente de arrasto do cilindro 2 (-4,4).

Figura 20: coeficiente de arrasto do cilindro 3 (-4,-4).

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Figura 21: coeficiente de arrasto dos três cilindros juntos.

Figura 22: coeficiente de sustentação do cilindro 1 (0,0)

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Figura 23: frequência X amplitude do cilindro 1 (0,0)

Figura 24: coeficiente de sustentação do cilindro 2 (-4,4)

Figura 25: frequência X amplitude do cilindro 2 (-4,4)

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Figura 26: coeficiente de sustentação do cilindro 3 (-4,-4)

Figura 27: frequência X amplitude do cilindro 3 (-4,-4)

Para calcular as médias foi usado a função integral em “Analyze<Perform


Integration<Average”, porém, para o cálculo da média do Cl além do procedimento
acima foi preciso considerar uma nova variável com para cada valor de Cl ao
quadrado, só assim tirar a média e em seguida tirar a raiz quadrada para encontrar
os valores dos Cl’s em análise.
Para o coeficiente de arrasto foi encontrado como valor médio Cd1= 1.499
Cd2= 1.457 Cd3= 1.468, para o coeficiente de sustentação foi encontrado como
valor médio aproximadamente Cl1= 0.7436 Cl2= 0.6712 Cl3= 0,6731.

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4 - Comparação dos Coeficientes Aerodinâmicos
Para a comparação dos valores de coeficientes aerodinâmicos de
sustentação e momento, Cd e Cl, obtidos de forma numérica, com os valores do
experimento, foi desenvolvida uma tabela.
Os valores numéricos foram obtidos através dos apresentados gráficos a
seguir. De forma a obter aproximadamente 0,44 para os valores de Cl, e 1,5 para os
valores de Cd, tais valores apresentam erro na medição pois não foi possível
observar com precisão os dados devido a falta de clareza no gráfico.

Gráfico 1: 0,44 para o coeficiente de sustentação experimental.

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Gráfico 2: 1,5 para o coeficiente de arrasto experimental.

Como pode ser observado na tabela abaixo, os valores de Cl e Cd


apresentaram boa correlação entre os resultados dos cilindros numericamente, não
apresentando discrepância alta entre si, seguindo o que é expressado nos
resultados experimentais, em que independente do local do cilindro os valores de Cl
e Cd seguem o mesmo para cada valor de Reynolds. O que pode provar que o
método usado é válido.
Ao comparar os valores experimentais e numéricos podemos perceber que
houve boa compatibilidade para o coeficiente de arrasto Cd, porém o coeficiente de
sustentação Cl não apresentou boa compatibilidade, fator que pode ter sido
determinado pela interferência entre os cilindros e pela falta de precisão na análise
do gráfico.

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Tabela 1: comparação dos coeficientes.

Para os valores de Strouhal experimental, seguindo diâmetro dos cilindros,


valor próximo a 0,2, como observado abaixo.

Gráfico 3: 0,2 para o número de Strouhal experimental.

Na forma numérica e experimental foi observado valores significativamente


próximos para os valores de St no Cl, como já foi possível observar no gráfico das
Transformadas de Fourier, o que contribui para a validação do método numérico
usado na análise computacional.
Ao compararmos os valores de St para o Cd encontramos uma discrepância
maior, este fato é devido as frequências emitidas, estando assim dentro do
esperado da análise.

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Tabela 2: comparação dos valores de Strouhal.

5. Conclusão
Cumprindo todas as etapas necessárias para o estudo do escoamento ao
redor do perfil cilíndrico, foi possível compreender o comportamento do campo de
pressão, vetor velocidade e linhas de corrente ao redor do corpo, percebendo que
para a organização dos cilindros em formato triangular proposta há pouco
interferência de um escoamento do cilindro sobre o outro, percebendo-se também
que o coeficiente de arrasto apresenta valores pequenos, seguindo a teoria de que
valores de cp ao redor de um corpo no escoamento, em módulo, diminui conforme o
aumenta o número de Reynolds.
Para o coeficiente de sustentação foi compreendido também que possui uma
relação senoidal com o valor de reynolds do ambiente, podendo apresentar alta e
baixa ao longo de uma faixa de números de Reynolds, e que é numericamente
próximo de zero para cilindros, como esperado pela literatura.
Foi possível concluir assim que os valores obtidos de forma experimental e
numérica apresentaram boa compatibilidade quanto aos valores de Cd, com
discrepância abaixo de 3% para todos os cilindros.
Outro fator relevante a se analisar é que houve pouca influência do resultado
de um cilindro sobre o outro, com aproximadamente 2,6% de desvio padrão entre os
valores, o que podemos avaliar que o posicionamento dos cilindros favoreceu para
que a esteira de um não afetasse o movimento dos outros cilindros.

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6. Referências
Anderson, J. D., (2001). Fundamentals of Aerodynamics, Sixth Edition, McGraw-Hill,
New York.

Panton, R. L., (2005). Incompressible Flows, Third Edition, John Wiley & Sons, Inc.,
Hoboken, New Jersey.

Roe, P. L., 1984, Generalized Formulation of TVD Lax-Wendroff Scheme, ICASE


Report 84-53.

Sweby, P. K., 1984. High Resolution Scheme Using Flux Limiter for Hyperbolic
Conservation Laws. SIAM J. Num. Anal. 21,995-1011.

Tannehill, J. C., Anderson, D. A., and Plecher, R. H. (1997). Computational Fluid


Mechanics and Heat Transfer, Second Edition, McGraw-Hill, New York.

Menter, F. R., (1994). Two-Equation Eddy-Viscosity Turbulence Models for


Engineering Applications. AIAA Journal, Vol. 32, No. 8, pp. 1598-1605.

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