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VIII - COSMOVISÃO

CRISTÃ

2022
Curitiba
FICHA CATALOGRÁFICA

COMITÊ EDITORIAL Saulo Navarro (Semana 5, dias 4 e 5)


Celi Varga Sheila Torres (Semana 7)
Daniel Schmitt
Elke Fernandes REDAÇÃO FINAL
Fernanda Lundgren Sheila Torres
Martha Morais
Paschoal Piragine Jr DIAGRAMAÇÃO
Sheila Torres Bianca Vasconcelos Zilli Lima

FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICA CAPA


Paschoal Piragine Júnior Bianca Vasconcelos Zilli Lima

ESCRITORES REVISÃO FINAL


Celi Varga (Semana 5, dias 1 a 3) Carlos Gustavo Cecyn Lundgren
Daniel Schmitt (Semana 1) Elly Claire Janson Lopes
Elke Fernandes (Semana 4) Liliane Castro
Ester Fameli (Semana 3) Rita Leite
Fernanda Lundgren (Semana 6)
Martha Morais (Semana 2)

Paschoal Piragine Júnior


Pastor Titular e Presidente da Primeira Igreja Batista de Curitiba

Área Ministerial de Educação Cristã


Discipulado III - Avançado
Caderno VIII - Cosmovisão Cristã

Curitiba – 2022
1ª edição
Tiragem: 400 exemplares

PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE CURITIBA


R: Bento Viana, 1.200, Batel - 80240-110 - CURITIBA - PR
Telefone: (41) 3091-4347
E-mail: edcrista@pibcuritiba.org.br
Dia 1 Sumário
07 Introdução

Semana 1 - Cosmovisão cristã bíblica


11 1. Cosmovisão: conceito
15 2. A verdade
19 3. Raciocínio em esferas
23 4. A força da cultura
27 5. Olhos bons e olhos maus

Semana 2 - Cultura, princípios e valores

33 1. A cultura brasileira e a cultura do Reino


37 2. Valores e princípios bíblicos na vida do cristão
41 3. O cristianismo e a contracultura
44 4. Cidadania
51 5. Aculturamento: conceito

Semana 3 - Identidade
57 1. Quem sou eu?
61 2. Quem me define?
65 3. Para que fui criado?
69 4. Indivíduos, não rebanhos
73 5. Lidando com as falhas

Semana 4 - Postura do cristão


79 1. Alicerces da edificação
83 2. Ética ensinada por Jesus
87 3. Um olhar para o coração
91 4. A transformação operada por Deus

5
Sumário
1 aiD

95 5. Mordomia

Semana 5 - Masculinidade e feminilidade (o design bíblico)


101 1. Homem e mulher: feitura de Deus
109 2. Machismo e feminismo
114 3. O ensino de Jesus: um novo conceito sobre o valor da mulher
119 4. Sexualidade sadia
122 5. A Bíblia e as questões da imoralidade sexual

Semana 6 - Família

129 1. Uma só carne


134 2. Autoridade e submissão
139 3. Amor e respeito na família
143 4. Os filhos e a honra aos pais
148 5. Solteiros e viúvos

Semana 7 - A igreja e seu impacto da sociedade


155 1. Origem da igreja
160 2. A igreja primitiva
165 3. A igreja oficial
169 4. A Reforma e sua influência no mundo
177 5. A igreja e os desafios atuais

185 Referências bibliográficas

6
Introdução
Dia 1

Cosmovisão bíblica

Somos influenciados diariamente por tudo o que está a nossa volta,


mesmo sem perceber. A cultura que nos cerca influencia na maneira
de ser, fazer e até mesmo de pensar. Algumas vezes, não sabemos, nem
paramos para analisar as origens ou o motivo de agir como agimos, ou
pensar como pensamos, apenas reproduzimos, pois é como a sociedade
tem nos ensinado a crer, o chamado “senso comum”.
O que cremos determina como vivemos, por isso a cosmovisão vai muito
além de uma teoria ou modo de pensar. A cosmovisão é a lente pela qual
enxergamos o mundo.
No tempo de Moisés, após a libertação da escravidão do Egito, o povo de
Israel precisou ficar separado de outros povos e suas culturas estrangeiras
para receber as leis de Deus e assim alcançar a terra prometida. Foi
necessário esse tempo para orientar o povo quanto à nova maneira de
viver, pois haviam vivido pelo menos 400 anos em uma cultura que não
agradava a Deus. Era preciso alinhar a cosmovisão do povo. Ainda hoje
precisamos alinhar nossa visão.
Por isso, eu quero desafiá-lo a alinhar sua cosmovisão à cosmovisão bíblica
cristã, ou seja, ver o mundo e viver a vida sendo guiado pelos ensinamentos
bíblicos dados por Deus para nós e por Jesus Cristo. Nada melhor do que
a Palavra de Deus para nos ajudar a compreendê-la.
“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus
os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês.
Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom,
perfeito e agradável a ele.” (Romanos 12.2.)
Carlos Lundgren
Pastor da área ministerial de Educação Cristã
e Coordenador da plataforma de ensino A Jornada.
Conheça mais sobre o ministério
da Educação Cristã

7
Introdução

Como utilizar os qr-code’s?

Se você tem um smartphone iOS:


1 - Abra a câmera do celular;
2 - Aponte a câmera para o qr-code;
3 - Acesse o link;
4 - Logue na sua conta da A Jornada ou cadastre-se;
5 - Tenha acesso ao material complementar! :)

Se você tem um smartphone Android:


1 - Baixe um aplicativo que faça leitura de qr-code’s na Play Store;
2 - Abra o app;
3 - Aponte a câmera para o qr-code;
4 - Acesse o link;
5 - Logue na sua conta da A Jornada ou cadastre-se;
6 - Tenha acesso ao material complementar! :)

8
Semana 1
Cosmovisão cristã bíblica

“Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”
2 Coríntios 4.6
Dia: Cosmovisão cristã bíblica Aula 1

Cosmovisão: conceito

“Desde que Deus criou o mundo, as suas


Base bíblica:
qualidades invisíveis, isto é, o seu poder
Romanos 1.20-23;
eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas
2 Coríntios 4.6;
claramente. Os seres humanos podem ver tudo Romanos 12.2
isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles
não têm desculpa nenhuma. Eles sabem quem
Deus é, mas não lhe dão a glória que ele merece e não lhe são agradecidos.
Pelo contrário, os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua mente vazia
está coberta de escuridão. Eles dizem que são sábios, mas são tolos. Em vez de
adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres humanos,
ou com pássaros, ou com animais de quatro patas, ou com animais que se
arrastam pelo chão.” (Romanos 1.20-23.)

Cosmovisão. Você já ouviu essa palavra? O que você acha que significa?

Cosmovisão é um conjunto ordenado de valores, crenças, impressões,


sentimentos e concepções de natureza intuitiva, anteriores à reflexão, a
respeito da época ou do mundo em que se vive.1 Em outras palavras,
é a maneira como se percebe o mundo. Ao descrever tudo a sua volta,
interpretando e interagindo com o mundo, cada pessoa ou cultura utiliza
um referencial de ideais e crenças.

De maneira bem generalista, existe uma imensa diferença entre a forma como
um indivíduo ocidental e um oriental enxergam o mundo. Por exemplo,
enquanto no Oriente predomina a crença dentro da cultura de que tudo na
história se repete em um ciclo eterno baseado no equilíbrio, no Ocidente

“Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”
2 Coríntios 4.6
11
1Aula
aiD 1 Cosmovisão cristã bíblica

se tem uma visão linear de início e fim para todas as coisas. Além disso, a
respeito de Deus, enquanto um acredita predominantemente que Deus é
uma força presente em tudo o que se vê, o outro crê que Deus é único e
pessoal.

Vejamos o caso dos kamikazes na Segunda Guerra Mundial, por exemplo.


Os “deuses do vento”, ou “vento divino”, eram pilotos de aviões japoneses
que levantavam voo com o objetivo de realizar ataques suicidas contra os
navios americanos e britânicos. Ao ler esse tipo de relato, nós ocidentais,
não conseguimos entender por que alguém faria algo desse tipo. A questão
novamente reside na diferença entre cosmovisões.

Na época, de acordo com a tradição do Japão, em momentos como esse,


o suicídio era visto como demonstração de honra. O que movia esses
soldados eram as próprias convicções religiosas. Antes de irem para a
missão, os aviadores carregavam uma espada samurai, símbolo da bravura
japonesa, e embarcavam rumo à morte.2

Aquilo que cremos determina a forma como agimos.3 Portanto, a


cosmovisão vai muito além de mero conceito ou termo. A forma como
enxergamos o mundo tem influência direta em nossas ações. Todos nós
carregamos perguntas relativas a nós mesmos ou ao mundo a nossa volta.
Como o mundo foi criado? O que é o certo e o errado? O que é a vida e como
ela surgiu? Qual o propósito da humanidade? Por que eu existo? Existe algo
maior do que nós? Existe algo depois da morte? O conjunto de respostas a
perguntas filosóficas desse tipo cria a forma como vemos o mundo.

Nós, cristãos, possuímos uma cosmovisão teísta bíblica, ou seja, vemos


o mundo e vivemos nossas vidas orientados pelos ensinamentos bíblicos
dados por Deus para nós e por Jesus Cristo. Já outros, que possuem
uma cosmovisão secularista, enxergam a humanidade como fruto do
acaso, e existem ainda aqueles que possuem uma cosmovisão animista,
exaltando o místico, desprezando totalmente o físico e o material.

“Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”
2 Coríntios 4.6
12
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1Aula 1

De acordo com Christian M. De Britto4

A cosmovisão determina o que vemos, não o que há para ser visto.


Segundo Anaïs Nin, “não vemos as coisas como elas são, as vemos
como nós somos”. Darrow Miller, afirma que a Cosmovisão pode ser
comparada a um par de óculos da nossa mente, cujas lentes foram
fabricadas pela cultura de cada um, e isto pode ser percebido de
forma consciente ou inconsciente.
Não nos encontramos em meio a uma guerra que visa livrar o
mundo do terrorismo, nem mesmo uma guerra religiosa ou contra
o tráfico de drogas ou de órgãos humanos, mas sim em uma guerra
de ideias, de valores, de cosmovisões. Se não compreendermos isto,
continuaremos a jogar fora os frutos podres de uma árvore sem
reparar a causa primeira, que é cuidar de suas raízes. Continuaremos
gastando milhões de dólares na construção de muros que nos
mantenham ilusoriamente seguros da cosmovisão vizinha, sem
excluir a possibilidade de sermos nós ou nossos filhos os próximos a
perder a vida.

Quando nos convertemos, nossa cosmovisão é transformada. Em


Romanos 12.2, o apóstolo Paulo nos orienta: “Não vivam como vivem
as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio
de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”. Que
nessa nova fase de aprendizado você possa ter seu jeito de pensar e sentir
transformado pelo poder do Espírito Santo.

“Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”
2 Coríntios 4.6
13
1Aula
aiD 1 Cosmovisão cristã bíblica

Para refletir

Você já esteve diante de um choque de cosmovisões?

Cite duas situações em que se observa diferença na cosmovisão de


um cristão e de alguém que não crê em Jesus.

Quando nos convertemos, nossa cosmovisão é transformada.

“Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”
2 Coríntios 4.6
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Dia: Aula 2
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1

A verdade

Agora que você já sabe um pouco do que Base bíblica:


é cosmovisão, está na hora de darmos mais João 14.6; 2 Coríntios
um passo. Talvez você tenha pensado: então 13.5; Romanos 2.14-15;
no mundo existem diversas maneiras Isaías 45.6; João 17.17;
de entender o certo e o errado. Para os Marcos 9.24
kamikazes, por exemplo, se aquilo que eles
estavam fazendo era um ato honroso e correto, se era a verdade para
eles, então estava certo, não é mesmo?

Na realidade, não. Uma das maiores mentiras que Satanás tem semeado
no mundo de hoje é que a verdade não existe, dizendo que temos apenas
certezas que mudam de acordo com cada cosmovisão. Certezas relativas,
subjetivas e de maneira alguma absolutas.

Porém, a palavra que Deus nos deu é clara. Em João 14.6, Jesus respondeu:
—Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não
ser por mim. Jesus é o único caminho, a única verdade e a única vida.

Mesmo que existam diversas cosmovisões existe apenas uma realidade.


Christian Britto5 continua: “A cosmovisão é um chamado para examinarmos
nossas vidas. Afinal, quais são as respostas que temos dado às nossas perguntas,
ou até mesmo, quais são as perguntas? Precisamos examinar a nossa maneira
de ver o mundo e a nós mesmos e verificar quais são as verdades e as mentiras
que fazem parte da nossa vida, família, povo, cultura... Já dizia o filósofo
grego Platão: ‘Uma vida que não é examinada não vale a pena ser vivida!’.”

“Pois Deus que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”
2 Coríntios 4.6
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1Aula
aiD 2 Cosmovisão cristã bíblica

2 Coríntios 13.5 diz: “examinem-se para descobrir se vocês estão firmes na fé”.

O ponto central é a existência de uma verdade absoluta, impregnada na


vida de todos nós. Em Romanos 2.15, está escrito: “Eles mostram, pela sua
maneira de agir, que têm a lei escrita no seu coração. A própria consciência
deles mostra que isso é verdade, e os seus pensamentos, que às vezes os acusam
e às vezes os defendem, também mostram isso”. Deus entalhou no coração
humano a Sua verdade e as Suas vontades.

Não existe a possibilidade de o cristianismo estar certo e outra religião


também, quanto mais pensar que todas as religiões e filosofias estão certas.
É simplesmente um fato lógico que exige honestidade. Se a Bíblia diz que
o nosso Deus é o único Deus, como, ao final, pode coexistir com Shiva,
Olorum, Zeus ou qualquer outra entidade? Se a Bíblia diz que após a
morte existe somente o céu e inferno, como pode coexistir com o Umbral
ou qualquer outra dimensão? “Faço isso para que, de leste a oeste, o mundo
inteiro saiba que além de mim não existe outro deus. Eu, e somente eu, sou o
Senhor”, diz Isaías 45.6. O nosso Deus é exclusivo e toda a glória é dEle.

Além disso, dizer que não existe uma verdade é, por si só, uma contradição,
já que na mentalidade de quem afirma isso existe absoluta certeza em sua
afirmação. Quando tentamos fugir da verdade, caímos em um abismo de
ceticismo mortal e depressivo. Sem a verdade, o ser humano está em trevas
e perdição.

A única maneira de conhecer a verdade, a única resposta que descarta


todas as outras e as revela como engano, é conhecida através da Bíblia.
Deus, o nosso criador, sabia bem que a vontade do diabo era cegar o
entendimento dos homens e os fazer se perder. Sendo assim, o próprio Pai

“Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até
o Pai a não ser por mim.”
João 14.6
16
Aula 2
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1

se preocupou em revelar-se através da sua Palavra, tirando o homem das


trevas e trazendo-o para a luz: “Que eles sejam teus por meio da verdade; a
tua mensagem é a verdade” (João 17.17).

Através do Espírito Santo, o nosso Deus todo-poderoso ilumina o


entendimento dos homens para que compreendam a verdade. À nossa
volta, milhares de pessoas continuarão cegas por causa do pecado que
nos desconectou da verdade. Cabe a nós, pessoas que foram tiradas das
trevas, testemunhar. Convidar os outros a experimentar e dar um voto de
confiança, um passo de fé (Marcos 9.24). Nós devemos testemunhar que
encontramos a verdade que a humanidade sempre buscou. Não achamos
porque buscamos com esforço, ou porque somos melhores ou qualquer
outro argumento que esteja errado. Mas simplesmente porque o próprio
Deus nos amou, buscou e encontrou.

O cristianismo não é uma opção. Ele não é uma das maneiras de ver
o mundo. Nós não estamos oferecendo alternativas. O cristianismo é a
verdade! Jesus é a realidade. Devemos ser canal de luz para o entendimento
daqueles que estão nas trevas. Essa obra somente o Espírito Santo fará, e
revelará a verdade a todos aqueles que Ele quiser, no tempo e lugar em
que Ele desejar.

“Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até
o Pai a não ser por mim.”
João 14.6
17
1Aula
aiD 2 Cosmovisão cristã bíblica

Para refletir

Se a verdade existe, como é que alguém pode conhecê-la?

O que nós podemos fazer para que outros sejam iluminados por esse
conhecimento?

Jesus é o único caminho, a única verdade e a única vida.

“Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até
o Pai a não ser por mim.”
João 14.6
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Dia: Aula 3
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1

Raciocínio em esferas

Mesmo que saibamos e creiamos na verdade Base bíblica:


revelada por Deus para nós, ainda assim Colossenses 1.20;
carregamos uma herança conceitual que 2 Timóteo 3.16-17;
influencia nossa maneira de pensar e viver. Filipenses 4.8; 1 Coríntios
10.31; João 3.3;
Em João 3.3, “Jesus respondeu: — Eu afirmo 1 Coríntios 8; Gálatas 5.1
ao senhor que isto é verdade: ninguém pode ver
o Reino de Deus se não nascer de novo”. A nova vida em Cristo é marcada
por mudanças. Após o novo nascimento, crescemos e amadurecemos. No
início, assim como as crianças, não conseguimos entender a essência por
trás das regras. Mas, quando ficamos mais velhos, geralmente entendemos
os ensinamentos e os valores transmitidos pelas leis.

O mesmo ocorre na vida espiritual. Idealmente, com o passar do tempo,


pela graça de Deus, à medida que nos relacionamos com Ele e nos
aprofundamos em intimidade na Sua presença através da oração, leitura
da Bíblia e outras disciplinas espirituais, vamos nos desapegando da lei
isolada e nos apegando aos ensinamentos de Jesus para nossas vidas.

É durante essa caminhada que nos deparamos com o raciocínio em esferas.


Com o choque do novo estilo de vida cristão incorporado em nossas
vidas, imediata e inconscientemente, fazemos a separação entre o que eu
fazia e era antes, com o que eu devo fazer e ser agora. Esse pensamento
é muito correto tendo em vista que, como cristãos, estamos buscando
cada vez ser mais parecidos com Cristo e menos com a carne. Estamos

“Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo.
Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para
si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.”
Colossenses 1.20 19
1Aula
aiD 3 Cosmovisão cristã bíblica

diante de um processo maravilhoso de santificação que é um verdadeiro


milagre. Contudo, na nossa inocência inicial, mais apegada à lei do que ao
princípio, separamos tudo o que fazíamos antes na velha vida e apontamos
como pecado. É mundo, carne e diabo. Acontece que Satanás nosso
adversário, o enganador, sempre procura nos entortar e empurrar para o
lado mais fácil de cair.

Como herança dos gregos6, separamos a realidade em esfera espiritual e


esfera física. Uma categoria celestial sagrada e a outra secular profana, sem
meios termos. É perceptível nesse embate a existência de uma “luta” entre
essas esferas. O sobrenatural e o natural, a fé e a razão, sempre opostos e
inimigos um do outro7. Porém, a perspectiva da redenção nos revela que
Cristo é o Senhor de todas as esferas.

A graça também restaura a natureza caída. A luz e as trevas não estão em


uma queda de braço. Colossenses 1.20 diz: “portanto, por meio do Filho,
Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo. Ele trouxe a paz por
meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para si mesmo
todas as coisas, tanto na terra como no céu”. Se Deus resolve fazer algo, isso
acontece. O plano de remissão dEle é tão imenso que visa a restauração de
toda a criação, seja ela natural, sobrenatural, secular ou sagrada. Aos olhos
de Deus existem apenas aqueles que o amam e os que não o amam.
Todas as coisas se encontram sob o domínio de Deus, não importa em
qual esfera estejam dentro de nossas mentes.

Leia com atenção o capítulo 8 de 1 Coríntios. Como falávamos no


início deste capítulo, com nosso crescimento espiritual deveria vir a
maturidade. Nesse trecho da carta, o apóstolo Paulo trata de um problema
com alimentos oferecidos aos ídolos, ou seja, alimentos dedicados aos
demônios. Para Paulo, um crente maduro e consciente de sua fé, não havia

“Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo.
Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para
si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.”
20 Colossenses 1.20
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1Aula 3

problema em comer dessa carne. Segundo o comentarista bíblico Russel


Champlin, ele:

Sentia-se a vontade ao comprar e consumir tais alimentos; e isso


porque esses crentes mais maduros não tinham escrúpulos a
respeito, sabendo que o ídolo nada é. No entanto, os crentes mais
escrupulosos e fracos na fé, por causa de sua conexão com a idolatria,
até bem recentemente, se revoltavam contra isso, sentindo que tais
alimentos estavam contaminados por costumes satânicos.8

Da mesma maneira, hoje, dentro da igreja de Cristo, existem muitos


cristãos novos e antigos que carecem de maturidade espiritual. Sejam
eles frequentadores ou líderes, todos precisam amadurecer. Assim como
ocorria na igreja primitiva, precisamos ter ciência de que nenhuma ação
satânica pode abalar os pés firmados na rocha. Isso significa que se alguém
está em Cristo não precisa ter medo de macumba, de superstições, de
visitar familiares ou amigos que tenham em suas casas elementos usados
pelo mal.

Como cristãos maduros, não devemos estar apegados à regra pura e ao


método cru, se oramos de sapatos ou não, se nos ajoelhamos ou se temos
um cabelo azul.

Como Spurgeon9 escreveu:

Eu acredito que cada partícula de poeira que dança em um raio de


sol não move um átomo a mais ou a menos do que Deus determina;
que cada partícula dos espirros de água que batem contra o barco a
vapor tem a sua órbita, assim como o sol no céu; que a palha que sai
da moenda é dirigida como as estrelas em seus cursos. O rastejar de
um pulgão sobre o botão de uma rosa está tão determinado como a

“Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo.
Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para
si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.”
Colossenses 1.20
21
1Aula
aiD 3 Cosmovisão cristã bíblica

marcha devastadora da pestilência; a queda das folhas secas de um


álamo está tão absolutamente determinada como a queda de uma
avalanche.

Devemos entender que todo o universo se encontra debaixo do domínio e


da mão poderosa do Senhor e que tudo está em uma sinfonia harmoniosa
de acordo com a vontade e regência de Deus. “Cristo nos libertou para que
nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e
não se tornem escravos novamente.” (Galátas 5.1.)

Para refletir
Você consegue identificar algo dentro da chamada cultura “secular”
que possua traços de inspiração divina?

É possível que algo dentro da “esfera secular” seja agradável a Deus?

A perspectiva da redenção nos revela que Cristo é o Senhor de todas as


esferas.

“Portanto, por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si mesmo.
Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para
si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu.”
22 Colossenses 1.20
Dia: Aula 4
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1

A força da cultura

Na maravilhosa criação relatada no livro de Base bíblica:


Gênesis no capítulo 1, versículos 27 e 28, está Gênesis 1.27-28;
escrito: “Assim Deus criou os seres humanos; ele 1 Coríntios 10.31
os criou parecidos com Deus. Ele os criou homem
e mulher e os abençoou, dizendo: —Tenham
muitos e muitos filhos; espalhem-se por toda a terra e a dominem. E
tenham poder sobre os peixes do mar, sobre as aves que voam no ar e
sobre os animais que se arrastam pelo chão”. Nesse trecho das Escrituras
encontramos o que chamamos de mandato cultural.

Deus ordenou à humanidade que cuidasse de sua criação e a expandisse.


Ordenou que povoasse a terra e a dominasse. Quando Deus pede para
que Adão dê nome aos animais, Ele está pedindo que Adão participe do
processo de criação com Ele. O poder e a autoridade sobre a natureza
foram concedidos ao homem para que fosse pastor e enriquecedor de
todas as coisas criadas.

Cuidar da criação e ampliá-la envolve desenvolver ciência e cultura. Não


se planta nem se cultiva de qualquer maneira. Para cuidar e prosperar é
necessário técnica e estudo. Da mesma maneira, não se expande a espécie
humana sem organizar sociedade.

Segundo Abraham Kuyper, se não houvesse o pecado, diversas estruturas


sociais e filosóficas deixariam de existir, “todavia, teríamos a ciência. Nessa
medida, a ciência se encontra na mesma categoria que o casamento e a

“Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo
para a glória de Deus.”
1 Coríntios 10.31
23
1Aula
aiD 4 Cosmovisão cristã bíblica

família, ambos os quais igualmente sofreram deformações monstruosas como


resultado do pecado”. 10

Podemos perceber que desde o princípio estava nos planos de Deus que
o homem fizesse ciência. A capacidade para criar instrumentos que o
ajudassem a cuidar do jardim tem relação direta com o desenvolvimento
de tecnologia para atender às expectativas de Deus.

Conforme aprendemos a respeito do raciocínio em esferas, a ciência não


deve ser vista como inimiga da fé. Pelo contrário. A ciência faz parte do
que Deus planejou para Seus filhos. Segundo Darrow Miller, “assim como
ideias têm consequências, nossa adoração também. O culto leva à cultura.
Esta, por sua vez, determina o tipo de sociedades que iremos construir”.11

Tudo que fizermos como sociedade e o que formos como cultura, deve
manifestar nossa fé. Nossas leis, políticas públicas, instituições, formas de
governo, entre centenas de outros aspectos, devem refletir Cristo.

Questionando a relevância da igreja, Christian Britto aponta:

Se hoje nos fossem entregues as chaves da cidade, se como cristãos


recebêssemos “passe livre” para oferecer soluções para problemas
governamentais e públicos, que diferença faríamos com relação
aos não cristãos? Se não aprendermos a pensar a partir da palavra
de Deus sobre estas questões certamente não faremos diferença.
Segundo Oswald Chambers, “muitos cristãos realmente amam a
Deus e querem servi-lo fervorosamente, mas pensam como pagãos,
não possuem a mente de Cristo”. Se como igreja quisermos ser
relevantes e influenciarmos nossa sociedade, precisamos aprender a
língua da ciência.12

“Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo
para a glória de Deus.”
1 Coríntios 10.31
24
Aula 4
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1

Como cristãos genuínos, além da nossa espiritualidade, devemos nos


preocupar com o conhecimento científico sabendo que não se trata de um
fim em si mesmo, mas que busca e propõe respostas para os problemas da
humanidade, com interesse e responsabilidade.

Quando estudamos nossas searas de trabalho, estudamos a criação e nos


aproximamos do Criador. “Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou
fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios
10.31.)

Deus derrama Sua graça sobre os justos e injustos. Ele nos concede o
conhecimento necessário, a capacidade criativa e tecnológica para que
possamos amenizar as mazelas e o sofrimento de toda a Sua criação.

“Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo
para a glória de Deus.”
1 Coríntios 10.31
25
1Aula
aiD 4 Cosmovisão cristã bíblica

Para refletir

De que maneira a igreja de Cristo pode se espalhar e fazer a diferença


fora de suas paredes?

Como, na prática, podemos fazer todas as coisas para a glória de Deus?

Tudo que fizermos como sociedade e o que formos como cultura, deve
manifestar nossa fé em Cristo Jesus, o nosso Senhor.

“Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo
para a glória de Deus.”
1 Coríntios 10.31
26
Dia: Aula 5
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1

Olhos bons e olhos maus

Chegamos ao último dia da semana 01. Base bíblica:


Alguns afirmam que Leonardo da Vinci Mateus 6.22-23; Tiago 1.22;
disse a famosa frase: “os olhos são a janela 1 João 3.13; Romanos 12.2;
da alma”. A Bíblia nos diz algo parecido, Filipenses 2.13-16; Filipenses
afirmando que “os olhos são como uma luz 4.8; João 16.33; 1 João 4
para o corpo: quando os olhos de vocês são
bons, todo o seu corpo fica cheio de luz” (Mateus 6.22).

Durante toda esta semana nos dedicamos a entender cosmovisão, a


maneira de perceber o mundo. De nada nos será útil apenas entender
alguns conceitos, saber outros termos, ouvir a Palavra e não ser praticantes
(Tiago 1.22). Se cosmovisão tem a ver com enxergar, precisamos treinar
nosso olhar para que ele seja bom. Se nosso olhar for bom, todo nosso
interior, e até o exterior, será iluminado e por consequência iluminará.
“Porém, se os seus olhos forem maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão.
Assim, se a luz que está em você virar escuridão, como será terrível essa
escuridão!” (Mateus 6.23.)

Como pensar biblicamente? Filipenses 4.8 diz: “Por último, meus irmãos,
encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo
o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente”. O princípio
revelado nesse texto nos ensina com o que devemos ocupar nossa mente
e que tipo de pensamentos nutrir. Tudo o que tiver sua origem no
orgulho, no egoísmo, na murmuração, na sensualidade, na difamação,
nos ciúmes, no desejo de poder e nas diversas obras da carne, não deve,
sob hipótese alguma, permear o nosso interior. Também não devemos

“Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o
seu corpo fica cheio de luz.”
Mateus 6.22
27
1Aula
aiD 5 Cosmovisão cristã bíblica

ser pessoas que não pensam em nada, sempre cheias de vento e falsa paz.
Como se diz na sabedoria popular, a mente vazia é a oficina do diabo.

O interior de cada cristão deve ser cheio de um pensamento vitorioso e


livre. Por mais que passemos por lutas e aflições neste mundo, estamos
ancorados na vitória de Cristo sobre o mal e a morte (João 16.33). Em 1
João 3.13 está escrito: “Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia”.
Dentro de nós não há mais espaço para o medo, para a ansiedade e a
vergonha. Devemos ser pessoas que sempre veem o que há de melhor
no outro e no mundo. Satanás deseja que cada palavra, cada olhar, cada
jeito com que fomos ou não fomos tratados coloquem nosso interior em
chamas. O diabo deseja que o nosso senso de justiça próprio e a nossa
própria cosmovisão ditem as normas.

Jesus veio nos trazer a cosmovisão do céu. 1 João 4.8 é direto e claro:
“Quem não ama não o conhece, pois Deus é amor”. Da mesma maneira
o apóstolo diz: Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é
mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu
irmão, a quem vê” (1 João 4.20).

O pensamento bíblico nos faz viver de maneira santa e irrepreensível.


Devemos permanecer firmes e inculpáveis em meio a uma geração
corrompida.

“Pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo
com a boa vontade dele. Façam tudo sem queixas nem discussões, para que
venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis
no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês
brilham como estrelas no universo, retendo firmemente a palavra da
vida.” (Filipenses 2.13-16.)

“Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o
seu corpo fica cheio de luz.”
Mateus 6.22
28
Cosmovisão cristã bíblicaDia 1
Aula 5

Para refletir

Como podemos passar a pensar biblicamente?

Qual a relevância de aprender a respeito do conceito de cosmovisão


cristã bíblica na nossa vida pessoal e no mundo ao nosso redor?

Se nossas “lentes” que enxergam o mundo forem boas, todo nosso interior e
até o exterior serão iluminados e, por consequência, iluminarão.

“Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o
seu corpo fica cheio de luz.”
Mateus 6.22
29
Semana 2
Cultura, princípios e valores

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos 12.2
Dia: Dia 1Aula 1
Cultura, princípios e valores

A cultura brasileira e a cultura


do Reino

Como vimos na semana anterior, a


Base bíblica:
cosmovisão é um ponto de vista no qual nos
Romanos 12.2; Tito
posicionamos para compreender a realidade.
2.7-8
Quando Cristo entra em nossa vida, o prisma
pelo qual entendemos a realidade começa a se alterar e uma nova forma
de pensar, agir e ser se instala em nós. No entanto, isso não acontece
imediatamente: é um processo. Quanto mais mergulhamos em Cristo,
mais os valores que estavam impregnados em nossa mente vão sendo
revistos e abandonados. A nova mentalidade em Cristo vai se formando
na medida de nosso relacionamento com Ele. Paulo afirma exatamente
isso em Filipenses 1.6: “Pois eu estou certo de que Deus, que começou esse
bom trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no
Dia de Cristo Jesus”.

Como isso é possível? A conversão representa voltar nossos olhos para Deus
e para tudo o que Ele tem para nós. Isso nos modifica completamente.
Como foi quando você se converteu? O que os amigos e parentes
começaram a observar, falar e até mesmo criticar? O que aconteceu foi
que você mudou. A nova vida em Cristo nos dá um novo olhar sobre tudo
ao redor. Para o cristão, é a Palavra de Deus que determina sua maneira
de compreender o mundo e não mais a cultura de seu povo. Por meio
dos ensinamentos de Jesus, é preciso fazer uma releitura da cultura em
que estamos inseridos, pois naturalmente ela influi diretamente no nosso
modo de ser e fazer.

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos 12.2 33
1Aula
aiD 1 Cultura, princípios e valores

Vamos pensar um pouco sobre como a cultura de um povo influi


diretamente em seus princípios e valores. A cultura é a marca de um
povo. Tudo o que fazemos é reflexo dessa cultura: os gostos, as escolhas, as
manifestações artísticas...

Quando nascemos, já estamos completamente inseridos na cultura


de nossos pais e isso nos direciona por toda a vida. Somos brasileiros
e, portanto, a cultura do nosso povo é a nossa também. Uma cultura
impregnada de múltiplas influências, pois somos um país formado por
povos indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos, japoneses,
alemães, entre tantos outros. Essa miscigenação é acentuada em nossa
religiosidade, caracterizada pelo sincretismo religioso, uma mistura de
crenças oriundas especialmente das religiões indígenas, cristãs e africanas.

Se colocarmos o nosso olhar observador um pouco mais longe, poderemos


ver que é uma cultura do “tudo pode”, do “viver para o meu prazer” e do
“todo caminho leva a Deus”. Kathryn Butler afirma que “hoje em dia, nossa
cultura tem maior estima pela realização de desejos individuais do que
pelo evangelho da graça”.13 Uma cultura predominantemente hedonista,
centrada no “eu” e na busca pelo prazer. Uma cultura globalizada, na qual
as mídias sociais influenciam sobremaneira a vida de cada um e nos nivela
em nossas crenças e valores.

Consequentemente, essa forma de enxergar o mundo nos afeta


profundamente, pois é a própria forma de ser e fazer do povo brasileiro.
Esse jeito cultural de ser pode nos induzir a flexibilizar os valores e a achar
tudo normal: o conceito de família, o aborto, a ideologia de gênero, a
pornografia, a pedofilia, a forma de fazer política e tantos outros temas
que têm permeado o que vemos e ouvimos, principalmente por meio das
mídias sociais. Isso é estar imerso na cultura, tão mergulhado que parece
mesmo que tudo é normal, que não há outra forma de compreender e agir

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
34 Romanos 12.2
Dia 1Aula 1
Cultura, princípios e valores

sobre a realidade. É como a história do sapo que vai se cozinhando aos


poucos na água até que morre sem perceber.

Como cristãos, precisamos aceitar passivamente preceitos que são


contrários a Palavra de Deus? Claro que não! Nossa cosmovisão cristã julga
a cultura e a reinterpreta sob o prisma da justiça de Deus. Paulo afirma
isso claramente em Romanos 12.2: não podemos nos conformar com o
mundo. Portanto, não podemos estar numa forma que não se representa
mais naquilo que nos tornamos a partir do momento que temos uma
nova vida em Cristo. Por isso, precisamos buscar a cultura do Reino. Que
Reino é esse? Aquele que Jesus implantou ao desvestir-se da Sua glória
e tornar-se homem para que toda a humanidade fosse salva. Esse Reino
possui preceitos bem claros que estão expressos na Sua Palavra. Quer saber
como viver de acordo com essa cultura, que deve caracterizar todo cristão?
Busque seus fundamentos na Bíblia.

A Cultura do Reino então pode ser definida como o conjunto de


conhecimentos, artes, crenças, leis, moral e costumes ensinados por Cristo
a seus seguidores, exclusivamente através da Bíblia.

Diferente da cultura secular, onde qualquer item deste conjunto pode


ser sobreposto, substituído por um novo com o passar dos anos e
amadurecimento do povo, dentro da Cultura do Reino existem alguns
conhecimentos, crenças, leis, moral, hábitos e costumes que são imutáveis.
O que Jesus definiu como certo ou errado há mais de 2 mil anos continuará
certo ou errado hoje e sempre.14

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos 12.2 35
1Aula
aiD 1 Cultura, princípios e valores

Para refletir
Como você se percebe e se posiciona estando inserido numa cultura
cujos valores são a negação da cultura do Reino?

Que atitudes práticas você pode incorporar ao seu dia para fazer
diferença, brilhar a luz de Cristo e trazer pessoas de seu relacionamento
para perto dele?

A Cultura do Reino transforma o meu caráter e as minhas obras.

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
36 Romanos 12.2
Dia: Dia 1Aula 2
Cultura, princípios e valores

Valores e princípios bíblicos na


vida do cristão

Hoje vamos conversar sobre princípios e Base bíblica:


valores do Reino de Deus. À primeira vista, Mateus 22.35-40;
pode parecer que são sinônimos. Embora Filipenses 1.9-11
princípios e valores estejam intimamente
relacionados, são distintos entre si, pois
enquanto os princípios “dão a base para a formação dos valores”15, estes
são sua aplicação prática, ou seja, são as “regras individuais que orientam,
como bússolas internas as relações, as decisões e as ações”.16 No entanto, são
profundamente influenciados pela cultura, pois as decisões individuais são
também reflexo de uma mentalidade coletiva, impregnada de princípios
que regem nosso grupo social.

Um exemplo: o princípio diz que precisamos buscar o bem comum,


mas a cultura nos insta a entender o aborto como uma possibilidade e,
consequentemente, podemos ter como valor que a mulher pode escolher
interromper uma gravidez indesejada, pois, afinal, o corpo é dela. Se
pensarmos a partir dos princípios e valores do Reino, vamos buscar o
bem comum (princípio), afirmando que na concepção já existe vida
e, portanto, o aborto é um ato que não podemos aceitar (valor).17

Um mestre da lei perguntou a Jesus qual era o maior mandamento.


Ele respondeu e nos deu a diretriz que deve balizar toda a nossa vida:
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos
(Mateus 22.36-40). Nessa diretriz, encontra-se o fundamento para
que possamos viver os princípios e valores do Reino, pois amar de
forma incondicional a Deus e as pessoas implica buscar a integridade.

“Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e
com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais
importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.”
Mateus 22.37-39 37
1Aula
aiD 2 Cultura, princípios e valores

Segundo Jack Welch18, “pessoas com integridade dizem a verdade,


mantêm sua palavra, assumem responsabilidade por suas ações, admitem
erros e os consertam”. Portanto, integridade é uma condição que deve
definir aquele que tem o padrão de Cristo como propósito de vida.

E o que significa ser íntegro segundo os padrões do Reino? Ser seguidor


de Cristo, ou seja, ser cristão, implica optar por buscar insistentemente
a Sua vontade, aplicando de maneira prática os princípios e valores do
Reino em nosso cotidiano, nas circunstâncias em que vivemos. Qual a
consequência dessa opção? A transformação radical da forma como nos
relacionamos com as coisas do mundo e com as pessoas. Você pode dizer
que isso é impossível. Realmente, se nos firmarmos em nossa própria força
não vamos conseguir, pois somos humanos e falhos. O apóstolo Paulo
confessou isso quando disse que não conseguia fazer o bem que ele queria:

“Sabemos que a lei é divina; mas eu sou humano e fraco e fui vendido ao
pecado para ser seu escravo. Eu não entendo o que faço, pois não faço o que
gostaria de fazer. Pelo contrário, faço justamente aquilo que odeio. Se faço o
que não quero, isso prova que reconheço que a lei diz o que é certo. E isso
mostra que, de fato, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em
mim é que faz. Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na
minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade
de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas
justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não
quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz.
Assim eu sei que o que acontece comigo é isto: quando quero fazer o que é
bom, só consigo fazer o que é mau. Dentro de mim eu sei que gosto da lei de
Deus. Mas vejo uma lei diferente agindo naquilo que faço, uma lei que luta
contra aquela que a minha mente aprova. Ela me torna prisioneiro da lei
do pecado que age no meu corpo. Como sou infeliz! Quem me livrará deste
corpo que me leva para a morte? Que Deus seja louvado, pois ele fará isso

“Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e
com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais
importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.”
38 Mateus 22.37-39
Dia 1Aula 2
Cultura, princípios e valores

por meio do nosso Senhor Jesus Cristo! Portanto, esta é a minha situação:
no meu pensamento eu sirvo à lei de Deus, mas na prática sirvo à lei do
pecado.” (Romanos 7.14-25.)

Como faremos então? Buscar a graça de Deus diariamente, pois é Ele


quem nos direciona e capacita para escolher fazer o certo segundo os Seus
padrões. Já temos a dica de Jesus: amar incondicionalmente.

O apóstolo Paulo, em Gálatas 5.13, afirma: “porém, vocês, irmãos, foram


chamados para serem livres. Mas não deixem que essa liberdade se torne
uma desculpa para permitir que a natureza humana domine vocês. Pelo
contrário, que o amor faça com que vocês sirvam uns aos outros”. Sim,
somos livres para decidir o que podemos fazer, mas não podemos deixar
que aquilo que parece ser certo do ponto de vista cultural nos afaste do
elevado padrão que a Bíblia, nossa regra de fé e conduta, apresenta.

A ordem de Cristo é que não devemos fazer para as pessoas, aquilo que não
queremos que elas façam para nós (Mateus 7.12) e até mesmo devemos
deixar de fazer qualquer coisa que possa aborrecer nosso próximo (Romanos
14.21). Jesus ainda alerta que tudo o que fizermos para os outros pode
voltar para nós mesmos (Mateus 7.1-2). Sendo assim, a Ética Cristã coloca
o “outro” antes do “eu”. Já os valores do mundo ensinam que a vontade
deve estar em primeiro lugar.19

Um dia, Jesus entrou em sua vida para fazer uma revolução: mudou
completamente sua direção e mostrou um novo caminho, bem estreito,
íngreme, com vários obstáculos pela frente. Esses percalços forjam
diariamente o seu caráter de nova criatura em Cristo e o direciona para
também ser revolucionário, questionando a sociedade e os valores culturais
pré-estabelecidos.

“Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e
com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais
importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.”
Mateus 22.37-39
39
1Aula
aiD 2 Cultura, princípios e valores

Para refletir

Você tem buscado ser um referencial do padrão bíblico?

Quais as áreas da sua vida que ainda precisam ser revolucionadas?

O cidadão do Reino inspira pessoas a buscarem a Deus.

“Jesus respondeu: —‘Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e
com toda a mente.’ Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais
importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’.”
40 Mateus 22.37-39
Dia: Dia 1Aula 3
Cultura, princípios e valores

O cristianismo e a contracultura

A Bíblia narra como Israel, embora sendo Base bíblica:


o povo escolhido por Deus, em diversos Levítico 18.3-4
momentos abriu mão de sua singularidade.
Adoraram outros deuses (Números 25.1,2;
2 Reis 17.7-9), pediram um rei para servir e
ser igual às outras nações (1 Samuel 8.19-20), seguiram os costumes de
outras culturas (Ezequiel 5.7), revoltaram-se contra Deus (Ezequiel 20.7-
8). Também Jesus encontrou um povo conformado, adaptado à cultura de
sua época, hipócrita e legalista. Alguma semelhança com o que vivemos
hoje?

John Stott20, no prefácio do livro Contracultura Cristã, afirma:

Urge que não somente vejamos, mas também sintamos, a grandeza dessa
tragédia, pois, na medida em que uma igreja se conforme com o mundo,
e as duas comunidades pareçam ser meramente duas versões da mesma
coisa, essa igreja está contradizendo a sua verdadeira identidade. Nenhum
comentário poderia ser mais prejudicial para o cristão do que as palavras:
“Mas você não é diferente das outras pessoas!”

Seguir a Cristo com inteireza de coração significa fazer parte de um


movimento de contracultura. Um movimento que questiona os padrões
pré-estabelecidos e que proclama a volta de Jesus e o arrependimento
como fundamentais para o redirecionamento da vida. Um movimento
que entende que temos uma missão enquanto vivermos nesta terra: fazer
Jesus conhecido de todos os povos.

“Não sigam os costumes do povo do Egito, onde vocês moravam, nem os costumes
do povo de Canaã, a terra para onde eu os estou levando. Não vivam de acordo com
as leis desses povos. Pelo contrário, obedeçam às minhas leis e guardem os meus
mandamentos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Levítico 18.3-4 41
1Aula
aiD 3 Cultura, princípios e valores

O tema essencial de toda a Bíblia, desde o começo até o fim, é que o


propósito histórico de Deus é chamar um povo para si mesmo; que este
povo é um povo “santo”, separado do mundo para lhe pertencer e obedecer;
e que a sua vocação é permanecer fiel à sua identidade, isto é, ser “santo” ou
“diferente” em todo o seu pensamento e em todo o seu comportamento.21

Portanto, viver na contracultura significa abandonar uma atitude alienada,


conformista ou passiva. Os bem-aventurados, aqueles que tiveram
um encontro genuíno com Jesus e desejam seguir seus mandamentos,
entendem que não são do mundo, mas estão no mundo para fazer
diferença. E essa diferença significa questionar a cosmovisão secular,
apresentando de forma consistente a cosmovisão do Reino. Significa
buscar a justiça social, assumindo nossa responsabilidade social cristã em
todas as esferas da sociedade.

Somos cidadãos do Reino de Deus. Por isso, nosso primeiro objetivo é


buscar o Seu Reino e a Sua justiça. A Palavra de Deus nos assegura que
todas as demais coisas nos serão acrescentadas (Mateus 6.33). Por isso,
fazemos diferente e fazemos diferença por onde passamos. Ao buscar o
Reino, enxergamos claramente que precisamos confrontar os valores da
cultura que afrontam os princípios de Deus.

Assim, os discípulos de Jesus têm de ser diferentes: tanto da igreja nominal,


como do mundo secular; tanto dos religiosos, como dos irreligiosos. O
Sermão do Monte é o esboço mais completo, em todo o Novo Testamento,
da contracultura cristã. Eis aí um sistema de valores cristãos, um
padrão ético, uma devoção religiosa, uma atitude para com o dinheiro,
uma ambição, um estilo de vida e uma teia de relacionamentos: tudo
completamente diferente do mundo que não é cristão. E esta contracultura
cristã é a vida do reino de Deus, uma vida humana realmente plena, mas
vivida sob o governo divino.22

“Não sigam os costumes do povo do Egito, onde vocês moravam, nem os costumes
do povo de Canaã, a terra para onde eu os estou levando. Não vivam de acordo com
as leis desses povos. Pelo contrário, obedeçam às minhas leis e guardem os meus
42 mandamentos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Levítico 18.3-4
Dia 1Aula 3
Cultura, princípios e valores

Para refletir
Como você pode ser agente da cultura do Reino e fazer diferença
nesta terra?

Que atitudes práticas demonstram que você pode ser as mãos de


Jesus na promoção da justiça social?

O cidadão do Reino busca a justiça de Deus.

“Não sigam os costumes do povo do Egito, onde vocês moravam, nem os costumes
do povo de Canaã, a terra para onde eu os estou levando. Não vivam de acordo com
as leis desses povos. Pelo contrário, obedeçam às minhas leis e guardem os meus
mandamentos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” Levítico 18.3-4
43
1Aula
aiD 4 Cultura, princípios e valores Dia:

Cidadania

Ontem, vimos que o seguidor de Jesus deve Base bíblica:


observar os princípios e valores defendidos Mateus 5.13-16
nas Escrituras: justiça, verdade, obediência,
honestidade, lealdade, gratidão.

Como cidadãos do Reino, temos uma responsabilidade dada por Deus


de fazer diferença nesta terra, exercendo nossa cidadania, composta por
direitos e deveres. Isso significa que vivemos uma batalha espiritual, pois
nossa luta é contra as forças do mal que estão impregnadas em todas as
estruturas sociais. Paschoal Piragine afirma:

Quando uma igreja se lança na missão de levar o evangelho a uma cidade,


ela não lida apenas com as questões de foro íntimo de cada homem, mas
ela se defronta com um mal sistêmico e materializado em instituições de
poder, em formas de cultura e comunicação controladas por principados e
potestades espirituais. A missão no contexto social é mais do que transmitir
virtudes, é confrontar estes poderes malignos instituídos e materializados
na cidade. Não somente os sistemas de poder podem estar sob o controle
de Satanás, mas também aspectos preponderantes da cultura de um povo,
como afirma Paulo em Efésios 2.1-2: “Vocês estavam mortos em suas
transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a
presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que
agora está atuando nos que vivem na desobediência”. Nesta perspectiva,
a missão no contexto social é um confronto contra Satanás, que não está
somente agindo, ou guerreando com anjos nos lugares celestiais, mas que
trava a sua batalha de modo concreto e personificado nas instituições e

“Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas
que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.”
Mateus 5.16
44
Dia 1Aula 4
Cultura, princípios e valores

em aspectos da cultura que ditam a maneira de viver e os valores de um


povo. Por isso, para Lithincum, a cidade é o principal campo de batalha
entre Deus e Satanás. É bom observar que os autores que defendem esta
ideia nunca deixam de afirmar que apesar da batalha e da sedução, o homem
continua sendo responsável por seus atos e o cenário não é desculpa para as
decisões que tomamos diante de Deus e dos homens.23

Em 1974, num congresso em Lausanne, na Suíça, milhares de


evangélicos, representando 150 países, se reuniram para pensar estratégias
de evangelização do mundo. Nesse encontro foi elaborado o pacto de
Lausanne, cujo objetivo era reafirmar o propósito da igreja e unir os
cristãos de diferentes denominações no desafio de orar, planejar e trabalhar
para fazer Jesus conhecido de todos os povos. O ponto 5 desse documento
refere-se à responsabilidade social da igreja.24

Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto,


devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a
sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão.
Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção
de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma
dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não
explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos
algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente
exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação
com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política
salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são
ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões
de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso
próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação
implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação,
de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar

“Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas
que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.”
Mateus 5.16
45
1Aula
aiD 4 Cultura, princípios e valores

o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem


Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar,
mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A
salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade
de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.25

Somos responsáveis pela sociedade que estamos construindo. Existem


áreas de influência que permeiam a sociedade, nas quais devemos estar
engajados para contribuir e apresentar posicionamentos bíblicos para a
resolução dos problemas. Quais são essas áreas? Família, igreja, educação,
governo, mídia, artes e entretenimento e negócios. A mudança social só será
possível quando líderes dessas diferentes áreas convergirem em unidade de
pensamento e propósito. Por isso, é tão importante que tenhamos líderes
comprometidos com a visão do Reino, de forma que possam influenciar
as políticas que são estabelecidas nas diferentes escalas sociais. Participar
de conselhos municipais, associações, comitês, entre outros, garante que
os temas abordados também sejam explicitados sob a ótica cristã, pautada
estritamente nos princípios bíblicos.

Torna-se cada vez mais imprescindível que se forme uma liderança forte,
composta por influenciadores maduros que são respeitados e ouvidos
nas diferentes instâncias sociais. Todos nós, em nossa área de influência,
podemos pautar as ações por aquilo que cremos. Este é nosso grande
desafio: apresentar a cosmovisão bíblica ao mundo.

Nossa missão de fazer discípulos extrapola os muros da igreja e nos direciona


a ir para o mundo com uma mensagem de esperança. Como fazer isso?
Encontre em sua comunidade áreas nas quais você possa contribuir de forma
efetiva: associações de bairro, conselhos comunitários, conselhos escolares,
conselhos municipais, câmara municipal, entre outros. Além disso,
precisamos também estar preparados como profissionais, buscar agir

“Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas
que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.”
Mateus 5.16
46
Cultura, princípios e valoresDia 1Aula 4

com excelência e ser agentes de transformação onde Deus nos colocou.


Como igreja de Jesus, queremos formar líderes influenciadores
que possam ocupar todos os espaços em todas as esferas da nossa
sociedade. Prepare-se para liderar participando dos cursos e outras formas
de capacitação desenvolvidos pela área Ministerial de Educação Cristã da
PIB Curitiba.

Para refletir

Qual sua área de influência?

Como você tem usado os recursos (profissão, recursos materiais, dons


e talentos) que Deus lhe deu para influenciar pessoas?

Somos responsáveis por impactar o contexto social com os valores do


Reino.

“Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas
que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.”
Mateus 5.16
47
1Aula
aiD 4 Cultura, princípios e valores

Para saber mais

Como alcançar as 7 áreas de influência?


Loren Cunningham apresenta alguns exemplos de como podemos ser
influenciadores. Leia, refletindo sobre como você pode ser um deles.
Alcançando as 7 áreas de influência.

• Família
Discipule sua família, buscando um relacionamento intenso com Deus e
educado por meio dos princípios bíblicos.

• Religião
Jesus ordenou aos Seus discípulos que discipulassem as nações. Fazemos
isso saindo pelo mundo. Igreja é o lugar onde nos alimentamos para que
possamos levar o reino de Deus por toda a terra.

• Educação
A próxima geração é influenciada diariamente em nossas escolas e
universidades. Cristãos devem se envolver escrevendo currículos,
ensinando, administrando e participando em associações de pais e mestres
e como membros de conselhos escolares.

• Artes (celebração, entretenimento, esportes e cultura)


Deus é o criador das artes. Qualquer território que abandonamos,
Satanás preenche. Nós devemos recapturar para Jesus cada forma de
entretenimento, buscando-o para darmos formas criativas de mostrar ao
mundo o autor do drama, espetáculo, beleza, cor, vida, emoção e alegria.

“Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas
que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.”
Mateus 5.16
48
Cultura, princípios e valoresDia 1Aula 4

• Mídia
A mídia possui um papel crucial no modelar da sociedade. Precisamos de
cristãos para trazer a verdade para essa esfera.

• Governo
Deus levantou líderes piedosos no Egito antigo e na Babilônia, e Ele pode
fazer o mesmo hoje. Precisamos de cristãos preparados para servir em
todas as esferas de governo. É preciso dizer que eles terão de enfrentar
uma cova de leões moderna. Deus usará isso para purificá-los e edificar seu
caráter, produzindo líderes servos.

• Economia
Jesus sabia que é difícil servir a Deus quando somos abençoados
materialmente. Mas Deus quer que seu povo seja bem-sucedido no
mundo dos negócios e use seus recursos para propagar a mensagem de
Cristo. O problema não é o dinheiro, mas se este é mais importante para
nós do que Deus (veja Lucas 18.18-25). Deus nos testará nisso, e poderá
pedir para darmos tudo o que temos.

De igual modo, precisamos de cristãos chamados à ciência e à tecnologia


como seus campos missionários. Nunca como hoje uma sociedade pode
fazer tantos milagres tecnológicos e mesmo assim estar tão incerta de suas
amarras morais.

Há dois reinos – luz e trevas – e eles estão em guerra. Precisamos vencer para
o reino da luz e o fazemos à medida que nos movemos para dentro de cada
uma dessas sete áreas de influência no espírito oposto ao que Satanás está

“Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas
que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.”
Mateus 5.16
49
1Aula
aiD 4 Cultura, princípios e valores

trabalhando. Onde ele espalha ódio, nós devemos mostrar amor; onde
a ganância prevalece, devemos dar mais do que qualquer outro. Onde a
intolerância está ganhando, devemos mostrar lealdade e perdão.

Precisamos orar: venha a nós o Teu reino, seja feita a Tua vontade em
qualquer que seja a área de influência para qual Deus nos chamou.

À medida que discipularmos as nações, ouvindo o Mestre e obedecendo,


Ele nos usará para dar ao mundo sistemas econômicos piedosos, formas
de governo baseadas na Bíblia, a educação ancorada na Palavra de Deus,
famílias que tenham Jesus como cabeça, entretenimento que mostra Deus
em sua variedade e animação, mídia baseada em comunicar a verdade em
amor, e igrejas que enviam missionários para todas as áreas da sociedade.
Dessa forma, veremos a grande comissão sendo completada e milhões
entrando no Reino de Deus.

Adaptado de: https://jocum.org.br/as-7-areas-de-influencia/

“Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas
que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.”
Mateus 5.16
50
Dia: Cultura, princípios e valoresDia 1Aula 5

Aculturamento: conceito

Várias questões foram levantadas Base bíblica:


nesta semana, incentivando a que nos Daniel 1.8 e 1 Pedro 1.16
enxerguemos como cidadãos do Reino,
com responsabilidade de fazer diferença
nesta terra em todas as áreas de influência
nas quais estamos inseridos. Qual o objetivo principal de tudo isso? Trazer
Cristo para perto das pessoas, ensiná-las a adorar o Deus verdadeiro e a
construir sua vida alicerçadas nas promessas e no ensino da Palavra de
Deus. Vejamos, ainda, o que diz o Pacto de Lausanne sobre isso, quando
se refere à evangelização e à cultura26:

O desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer


metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado será o
surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e estreitamente
relacionadas com a cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e
provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua
cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda,
toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca.
O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra,
mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e
insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As
missões, muitas vezes, têm exportado, juntamente com o evangelho, uma
cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames
de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de
Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua

“Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o
rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.”
Daniel 1.8
51
1Aula
aiD 5 Cultura, princípios e valores

autenticidade pessoal, a fim de se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm


de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus.

Precisamos estar atentos para que, efetivamente, não fiquemos submissos


aos ditames da nossa cultura. Que estratégias podem ajudar para que
estejamos atentos para cumprir nossa missão para o Reino de Deus?
Como ser um discipulador que está atento às mudanças do seu tempo,
mas consegue manter-se firme nos princípios da Palavra de Deus?

Já não é mais possível crer que a única missão da igreja é salvar o pobre
pecador perdido. Antes de tudo, a igreja existe para glorificar a Deus, pois
não fomos criados para a queda, mas para a Sua glória. É a missão da igreja
para com Deus. Com a contingência da entrada do pecado no mundo, Deus
proveu a nossa restauração através de seu filho. Assim, é acrescida à missão
da igreja uma preocupação com o mundo: proclamação do evangelho aos
pecadores perdidos. É a missão da Igreja para com o mundo. Mas a igreja
deve prover meios para a manutenção espiritual do cristão, para que ele
consiga viver para a glória de Deus. É a missão da igreja consigo mesma.
À visão integral da missão da igreja temos de acrescentar a sua tarefa de
socorrer o pobre e necessitado, seja cristão ou não. É a responsabilidade
social da igreja. Como cristãos, devemos ser sal da terra e luz do mundo
(Mt 5.13-16).27

Nossa igreja tem uma estratégia que chamamos de Movimento Discipular.


Por meio dessa ação, você pode ser um influenciador de vidas, exercitando
o BOM: Bíblia, Oração e Missão.28

O Movimento Discipular tem a missão de proclamar o evangelho e levar


cada crente à maturidade cristã, pelo poder do Espírito Santo, no amor de
Cristo para a glória de Deus, por meio da Bíblia, da oração e do engajamento
na missão de Jesus Cristo. Nossa visão é inspirar e capacitar cada cristão
a ser um discípulo que multiplica discípulo. Cinco valores embasam esse

“Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o
rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.”
Daniel 1.8
52
Dia 1Aula 5
Cultura, princípios e valores

movimento: intimidade com Deus, relacionamentos transformadores,


intencionalidade no ensino, discipulado integral, imitar Jesus. Ser como
Jesus e fazer o que ele fazia.29

Essa estratégia está ligada à missão da igreja: ter um relacionamento


intenso com Deus, amar e servir ao próximo e fazer Jesus conhecido de
todos os povos, no poder do Espírito Santo.

Para estar firme, é preciso fazer parte de uma comunidade. Pesquisas


mostram que quem está inserido em um grupo tem mais probabilidade
de manter-se fiel. Somos relacionais e precisamos uns dos outros. Por
isso, não deixe de envolver-se nas células, de ser voluntário em algum
ministério e de participar das celebrações da igreja. Seu engajamento o
ajudará a manter-se fiel e não se deixar corromper por valores contrários
à Palavra de Deus.

“O que eu peço a Deus é que o amor de vocês cresça cada vez mais e que tenham
sabedoria e um entendimento completo, a fim de que saibam escolher o melhor.
Assim, no dia da vinda de Cristo, vocês estarão livres de toda impureza e de
qualquer culpa. A vida de vocês estará cheia das boas qualidades que só Jesus
Cristo pode produzir, para a glória e o louvor de Deus.” (Filipenses 1.9-11.)

“Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o
rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.”
Daniel 1.8
53
1Aula
aiD 5 Cultura, princípios e valores

Para refletir

Que conclusões você tira do estudo desta semana?

Como você pode manter-se firme nos seus princípios e valores?

Que atitudes práticas você pode fazer para ser um influenciador


cristão?

Devemos viver de maneira correta e buscar agir conforme aquilo que o


Senhor espera de nós.

“Daniel resolveu que não iria ficar impuro por comer a comida e beber o vinho que o
rei dava; por isso, foi pedir a Aspenaz que o ajudasse a cumprir o que havia resolvido.”
Daniel 1.8
54
Semana 3
Identidade

“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”


Romanos 8.16
Dia: Dia 1Aula 1
Identidade

Quem sou eu?

A cosmovisão cristã é a lente pela qual vemos


Base bíblica:
o mundo, mas ela também determina a
1 Pedro 2.9;
forma como enxergamos a nós mesmos.
Romanos 8.16
Durante esta semana, iremos explorar o tema
“Identidade” para poder compreender, de
fato, quem o Senhor nos criou para ser.

Ao longo da sua vida, você será definido de várias formas diferentes. Cada
pessoa com quem você tiver contato o identificará por um aspecto distinto,
e são vários os títulos que recairão sobre você. Seus pais o chamarão de
filho, seu chefe de empregado e alguns outros de amigo. Haverá também
aqueles que o encorajarão a encontrar em si mesmo, baseado na sua
história, nas suas características e nos seus desejos, a sua melhor definição.
Mas, em meio a tantas possibilidades, como encontrar a sua verdadeira
identidade?

Durante a história, muitas pessoas tentaram responder a essa pergunta.


Apocalipse fala sobre uma igreja que havia tentado firmar sua identidade
nas coisas terrenas. Essa era a igreja de Laodiceia, que dizia: “Somos ricos,
estamos bem de vida e temos tudo o que precisamos” (Apocalipse 3.17).

A cidade de Laodiceia como um todo se orgulhava por não depender


financeiramente do tesouro imperial30. Eles tinham muito mais riquezas
do que as cidades ao seu redor, e sua sensação de autossuficiência no aspecto
financeiro se estendeu também para o aspecto emocional e espiritual
de suas vidas. Ao olhar para si mesmos, se encontraram completos,

“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”


Romanos 8.16

57
1Aula
aiD 1 Identidade

e pensavam não precisar de mais nada. Porém, Deus via algo muito
diferente. Sobre os cristãos de Laodiceia, Ele disse: “Vocês não sabem que
são miseráveis, infelizes, pobres, nus e cegos” (Apocalipse 3.17).

Quando comparamos a visão dos cristãos de Laodiceia acerca de si


mesmos com a forma como Deus os via, é fácil notar que eles estavam
cegos. Eles pensavam estar bem, mas Deus via neles miséria. Aquela igreja
não foi capaz de encontrar sua verdadeira identidade, pois tentou firmá-la
no ouro e na prata, nas riquezas passageiras e terrenas.

Na Bíblia, vemos também aqueles que tentaram encontrar sua identidade


não nas coisas do mundo, mas em si mesmos. Um deles foi Salomão,
que, apesar de ter recebido de Deus sabedoria maior do que a de qualquer
outro homem, se perdeu ao procurar em seu próprio espírito as respostas
para suas perguntas. No livro de Eclesiastes, ele escreveu:

“E pensei assim: ‘Eu me tornei um grande homem, muito mais sábio do


que todos os que governaram Jerusalém antes de mim. Eu realmente sei o
que é a sabedoria e o que é o conhecimento.’ Assim, procurei descobrir o
que é o conhecimento e a sabedoria, o que é a tolice e a falta de juízo. Mas
descobri que isso é o mesmo que correr atrás do vento. Quanto mais sábia é
uma pessoa, mais aborrecimentos ela tem; e, quanto mais sabe, mais sofre.”
(Eclesiastes 1.16-18.)

Salomão foi um dos maiores reis de Israel, mas não foi capaz de responder
às perguntas mais elementares sobre seu próprio propósito e existência.
Convencido de sua própria sabedoria, concluiu que tudo o que havia
debaixo do céu era inútil, e se perdeu nos seus próprios pensamentos.
Buscou em si mesmo as respostas para seus questionamentos e não chegou
a lugar algum. Assim, fica claro que a nossa identidade também não pode
ser encontrada em nós mesmos. Onde, então, poderemos descobrir quem
realmente somos?

“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”


Romanos 8.16

58
Dia 1Aula 1
Identidade

“O Espírito de Deus se une ao nosso espírito para afirmar que somos filhos de
Deus.” (Romanos 8.16.) De todas as designações que podemos receber,
esta é a que mais tem valor: somos filhos de Deus. É aí que está a perfeita
manifestação de quem você foi criado para ser: um filho amado que se
relaciona intimamente com seu Pai. Fomos criados à imagem e semelhança
dEle (Gênesis 1.27), e fomos escolhidos por Ele para fazer parte do seu povo
(1 Pedro 2.9). Ele nos adotou e nos deu novos propósitos, novas direções
e, principalmente, nova vida. A partir disso, recebemos nossa verdadeira
identidade, que não está no mundo, tampouco em nós mesmos — ela está
nEle. Que durante esta semana você possa mergulhar nessa verdade e se
surpreender com a beleza do plano de Deus para cada um de nós.

“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”


Romanos 8.16

59
1Aula
aiD 1 Identidade

Para refletir
Quais são os aspectos e áreas da sua vida nos quais você costuma
firmar sua identidade?

Se sua identidade estivesse completamente firmada em Deus, o que


mudaria?

Quem eu sou está no Eu Sou.

“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”


Romanos 8.16

60
Dia: IdentidadeDia 1Aula 2

Quem me define?

Quando alguém decide entregar sua vida Base bíblica:


para Jesus, muitas coisas mudam. O modo de Romanos 1.1
falar, a forma de se vestir, as pessoas com que
se relacionar — tudo é impactado por essa
decisão. Mas, se a mudança se restringir às características externas, ela será
muito rasa. Se existe algo que de fato precisa mudar, é a compreensão de
si. Ontem, falamos sobre como nossa identidade não pode se firmar nas
coisas terrenas ou no nosso próprio coração, e hoje iremos nos aprofundar
nesse tema para compreendermos melhor quem é Aquele que firma e
sustenta nossa identidade.

Mesmo antes de sua conversão, o apóstolo Paulo já era um homem muito


influente. Nas suas próprias palavras:

“Fui circuncidado quando tinha oito dias de vida. Sou israelita de


nascimento, da tribo de Benjamim, de sangue hebreu. Quanto à prática
da lei, eu era fariseu. E era tão fanático, que persegui a Igreja. Quanto ao
cumprimento da vontade de Deus por meio da obediência à lei, ninguém
podia me acusar de nada.” (Filipenses 3.5-6.)

O currículo de Paulo era ótimo, e ele com certeza tinha muito do que se vangloriar.
Cidadão romano por nascimento, ele tinha privilégios especiais e era visto como
alguém relevante na sociedade. Sendo um fariseu, ele era um homem considerado
irrepreensível perante os judeus. Mas, a partir do seu encontro com Jesus, tudo
isso caiu por terra. Depois de encontrar seu Salvador, Paulo ficou cego, mas foi
esse o evento que fez com que ele enxergasse o mundo e a si mesmo de uma forma

“Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou
para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.”
Romanos 1.1
61
1Aula
aiD 2 Identidade

completamente diferente. Nas suas epístolas, Paulo se apresentou como


apóstolo chamado pela vontade de Deus (1 Coríntios 1.1), enviado para
anunciar vida (2 Timóteo 1.1) e escravo de Cristo (Romanos 1.1). Ele
tinha muito para falar sobre o seu próprio mérito, mas ainda assim decidiu
se identificar usando aquilo que Deus dizia dEle.

Paulo compreendeu que todas as suas antigas designações não tinham


mais valor, quando comparadas ao entendimento de quem ele era em
Deus. Ser fariseu ou cidadão romano se tornou muito menos importante
do que ser escravo de Cristo. A sua trajetória de vida e suas “credenciais”
civis e religiosas eram invejadas por muitas pessoas de sua época, mas ele
entendeu que sua única fonte verdadeira de valor era Deus.

Da mesma forma, todos nós podemos nos enxergar sob perspectivas


diferentes. Há aqueles que, ao olharem para si mesmos, veem apenas o seu
pecado. Essa visão vem permeada do sentimento de culpa e de impureza,
e nos afasta mais do que nos aproxima de Deus. A Bíblia nos exorta
a lutar diariamente contra o pecado, mas não a nos definir por ele —
Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres (Gálatas 5.1).
Sob outra perspectiva, também não é bíblico apoiar sua autoimagem em
uma santidade “conquistada” ou em realizações ministeriais. É impossível
gerar dentro de si uma justiça perfeitamente aceitável a Deus, uma vez
que “todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus” (Romanos
3.23). Os mestres da lei estavam completamente atentos aos registros de
Moisés, mas se encontravam afastados de Deus a ponto de não serem
capazes de reconhecer o Messias mesmo ao conversarem com Ele (Marcos
3.22). Enxergar-se a partir do pecado não é a solução, mas viver a partir
de uma autojustificação também não é.

Deus é a rocha perfeita na qual nossa autoestima deve estar fundada. Através
da sua Palavra, o Senhor deixa claro que não somos filhos perfeitos, mas

“Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou
para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.”
Romanos 1.1
62
IdentidadeDia 1Aula 2

ainda assim Ele nos ama e nos quer para si. Através da renovação da mente
(Romanos 12.2), podemos chegar cada vez mais perto de quem Ele nos
criou para ser, e do propósito que Ele havia dado a cada um de Seus filhos
mesmo antes da criação do mundo. Uma identidade fundada no Deus
imutável é inabalável, e foi essa a fundação que levou Paulo a evangelizar
milhares de pessoas. Que, assim como Paulo, você escolha se apresentar
com base naquilo que Deus diz sobre você, não nas suas conquistas e
méritos terrenos. Somos pecadores, mas também somos filhos e fomos
chamados viver a partir da visão que nosso Pai tem de nós.

“Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou
para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.”
Romanos 1.1
63
1Aula
aiD 2 Identidade

Para refletir

Qual é a importância de ter uma identidade firmada em Deus?

Como seu engajamento em uma igreja local pode facilitar o processo


de compreensão da identidade dada por Deus para você?

Uma identidade fundada no Deus imutável é inabalável.

“Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, escrevo esta carta. Deus me chamou e me separou
para ser seu apóstolo, a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus.”
Romanos 1.1
64
Dia: IdentidadeDia 1Aula 3

Para que fui criado?

Parte do processo de compreender sua


Base bíblica:
verdadeira identidade é compreender o Isaías 43.7;
seu propósito. Essa questão levanta muitos Gênesis 1.26
questionamentos, e muitas vezes eles são
deixados sem resposta. Por que Deus criou
a humanidade? O que devo fazer com a minha vida? Qual é a minha
missão? Felizmente, todas essas perguntas são respondidas na Palavra de
Deus.

Antes da criação do mundo, Deus já era completo e autossuficiente. Ele


nunca precisou da humanidade, mas, em todo Seu poder, desejou criá-la.
Ele já era adorado incessantemente pelos anjos, mas, como uma expansão
do Seu amor, decidiu criar o homem e a mulher. Criou também todo o
universo, e a sua grandeza é percebida nas Suas obras:

“Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é,


o seu poder eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas claramente.
Os seres humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem
feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma.” (Romanos 1.20.)

O mundo, e tudo que nele há, foi criado para anunciar a grandeza de Deus.
O Sol e as estrelas, a terra e o oceano, as flores e os animais, tudo foi criado
por Ele e para Ele. Mas a criação só foi completa depois que Deus formou
Adão e Eva. Eles também foram criados especialmente para engrandecer o
nome de Deus, mas de forma ainda mais singular: “E disse Deus: Façamos
o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1.26).

“Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que mostrem a
minha grandeza.”
Isaías 43.7
65
1Aula
aiD 3 Identidade

Adão e Eva foram criados de forma distinta, com uma característica


especial: eles (e depois, toda sua descendência) eram semelhantes a Deus.
Deus já se manifestava nas coisas criadas, mas apenas o homem e a mulher
foram feitos à sua imagem. E qual é a função de uma imagem, senão
apontar para o original? Adão e Eva, nas suas singularidades masculinas e
femininas, revelavam as características de Deus e refletiam a Sua natureza,
ainda que de forma defasada. A importância de voltarmos ao relato
da criação é o fato de que, mesmo depois da queda, o design inicial de
Deus permaneceu. Apesar do pecado que envolve o mundo, hoje nós
somos chamados a voltar ao plano inicial, vivendo de forma santa e em
intimidade com Deus.

Sob outra perspectiva, o texto de Isaías deixa claro que não fomos criados
para benefício próprio, mas para anunciar a grandeza de Deus: “Todos
eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que
mostrem a minha grandeza” (Isaías 43.7). É, sim, vontade de Deus que
Seus filhos sejam alegres, satisfeitos e contentes, mas essas características
são consequências de uma vida entregue ao Senhor, e não um fim em si
mesma. Viver numa busca incessante pela felicidade e pelo contentamento,
além de ser uma tentativa de colocar o seu próprio ego no centro, é uma
missão fadada ao fracasso, e isso fica muito claro ao observarmos o resto
da criação. Quando Deus criou as plantas, Ele deu um fruto diferente
para cada uma delas: as macieiras deveriam dar maçãs, as mangueiras
deveriam dar mangas e os cajueiros deveriam dar cajus. Seria impossível
uma macieira dar morangos de forma satisfatória, pois não foi para esse
propósito que Deus a criou. Da mesma forma, se toda a humanidade
foi criada para a glória de Deus, será impossível encontrar verdadeira
satisfação vivendo para seu próprio benefício ou prazer. O Espírito
de Deus nos preenche com a paz que excede todo o entendimento, e
somos exortados a estar alegres em todo o tempo (Filipenses 4.4-6),

“Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que mostrem a
minha grandeza.”
Isaías 43.7
66
Dia 1Aula 3
Identidade

mas isso é apenas consequência de uma vida completamente dedicada a


engrandecer o nome do Senhor.

Diante dessa perspectiva, muitos poderiam pensar que Deus é alguém


egoísta, por exigir toda a glória para si mesmo. Mas, quando observamos
as Escrituras, fica claro que isso não é verdade. Em sua carta aos coríntios,
Paulo diz o seguinte:

“Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória que vem
do Senhor. Essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e vai nos tornando
cada vez mais parecidos com o Senhor, que é o Espírito.” (2 Coríntios 3.18.)

Ao adorarmos a Deus, nos tornamos cada vez mais parecidos com Ele.
Perceba como é um privilégio ter uma vida transformada, a ponto de
parecer-se com o Deus santo a quem os anjos louvam dia e noite! Pelo
livre acesso conquistado por Jesus na cruz, todos recebemos o direito de
chegar perto do Pai em adoração, e isso é uma alegria imensurável. Deus
não é egoísta por exigir adoração, mas bondoso por possibilitá-la. Que
privilégio é termos sido criados com esse propósito em mente!

Assim, fica claro que a razão pela qual fomos formados vai muito além de
uma vida calma, de uma carreira profissional ou de um ministério dentro
da igreja. Esses são ótimos meios para engrandecer a Deus, mas são apenas
ferramentas. Acima de tudo, nós fomos criados para engrandecer a Deus
em uma vida abundante, e apenas dessa forma será possível encontrar
alegria, plenitude e contentamento.

“Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que mostrem a
minha grandeza.”
Isaías 43.7
67
1Aula
aiD 3 Identidade

Para refletir

Quais são as atitudes práticas que você pode tomar para engrandecer
a Deus hoje?

Em quais aspectos da criação você percebe a glória de Deus?

Deus já se manifestava nas coisas criadas, mas apenas o homem e a


mulher foram feitos à sua imagem. E qual a função de uma imagem, senão
apontar para o original?

“Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que mostrem a
minha grandeza.”
Isaías 43.7
68
Dia: IdentidadeDia 1Aula 4

Indivíduos, não rebanhos

No dia 3, vimos que toda a humanidade Base bíblica:


foi criada para a glória de Deus. Essa é uma Efésios 2.10; 1 Coríntios
verdade importantíssima que todo cristão 12; Salmos 139
deve guardar em seu coração, mas que ainda
deixa algumas perguntas sem resposta. Todas
as coisas foram criadas para engrandecer o nome de Deus, mas como cada
um de nós se encaixa nesse propósito? Existe um objetivo geral, mas como
aplicá-lo de forma específica?

A Bíblia está repleta de histórias sobre pessoas que decidiram glorificar a


Deus com sua vida, mas que fizeram isso de formas muito diferentes. Noé
construiu uma arca, José governou o Egito e Davi comandou exércitos.
Todas essas pessoas estavam inseridas em um único grande propósito, mas
cumpriram-no de formas específicas e singulares, que estavam relacionadas
às suas habilidades e histórias. Deus deu a cada um deles uma missão
única, porque eles foram criados de forma única.

“Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu


te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são
maravilhosas! Digo isso com convicção.” (Salmos 139.13-14.)

Cada um de nós foi criado de modo especial e admirável, de forma


completamente singular! Todos os aspectos de quem você é foram
projetados por Deus com um propósito em mente: seus dons e talentos,
suas habilidades e suas preferências, seus gostos e desgostos, tudo isso foi

“Se o corpo todo fosse olho, como poderíamos ouvir? E, se o corpo todo fosse ouvido,
como poderíamos cheirar?”
1 Coríntios 12.17
69
1Aula
aiD 4 Identidade

pensado por Deus, para que um dia você pudesse completar a sua missão
nesta terra.

Mas como descobrir qual é a sua missão específica? A resposta está, antes
de tudo, na Palavra de Deus e no que Ele diz sobre você. Verdadeiramente,
Ele diz que você é recebido como filho (Galátas 4.4-5), que você é
herdeiro de Deus e coerdeiro com Cristo (Romanos 8.17), que você não
está sozinho (1 Pedro 5.9), que você foi justificado (Romanos 5.1) e que
você será exaltado no tempo devido (1 Pedro 5-6). Mas as pistas para
encontrar sua missão também estão em você mesmo, e se manifestam nas
características que Ele deu e na história que Ele permitiu viver. Analisando
as suas habilidades (as ferramentas que Deus deu), oportunidades (portas
que Deus abriu para você) e a inclinação do seu coração (as preferências
que Deus colocou em você), você perceberá que Deus o formou, preparou
e direcionou para algo singular. Seu propósito específico certamente está
escondido em uma dessas três áreas, pois se o Senhor o criou para algo, Ele
também o equipou para isso.

Talvez a parte mais relevante desse processo seja a compreensão de que a


missão que Deus deu é para você e mais ninguém, e o propósito que Deus
deu para outra pessoa é somente dela. É muito comum vermos cristãos
que se sentem tentados a viver o que o Senhor separou para outra pessoa,
e até mesmo o rei Davi passou por isso. 1 Crônicas 17 narra o momento
em que ele desejou construir um templo para adorar a Deus, mas foi
impedido: essa tarefa caberia ao seu filho Salomão, que subiria ao trono em
alguns anos. O desejo de Davi era nobre e Deus reconheceu isso, mas ele
não foi chamado para construir templos, e sim para guerrear e estabelecer
o território designado para o povo de Deus. Ele era único e tinha uma
missão única — que desastre Israel teria vivido, caso ele tivesse tentado
viver a missão dada a outro rei. Fosse esse o caso, na história do mundo
sobraria um Salomão, e faltaria um Davi. Da mesma forma, deixar de

“Se o corpo todo fosse olho, como poderíamos ouvir? E, se o corpo todo fosse ouvido,
como poderíamos cheirar?”
1 Coríntios 12.17
70
IdentidadeDia 1Aula 4

viver o que Deus planejou para a sua vida é abandonar o privilégio que é
fazer parte da grande história construída por Deus.

A Bíblia diz, em 1 Coríntios 12, que a igreja é semelhante a um corpo,


formado por vários membros com funções diferentes. Ouvidos, mãos
e boca são úteis para propósitos muito diferentes, mas, justamente
por suas singularidades, têm o mesmo valor. “Se o corpo todo fosse olho,
como poderíamos ouvir? E, se o corpo todo fosse ouvido, como poderíamos
cheirar?” (1 Coríntios 12.17.) Nós também, como membros da igreja de
Cristo, temos funções diferentes, manifestadas nos dons que o Espírito
dá conforme a sua vontade (1 Coríntios 12.11). Alguns dons costumam
receber maior destaque público, mas, na perspectiva divina, todos eles são
vitais. No livro A Revolução do Voluntariado, o pastor Bill Hybels fala de
pessoas que tiveram suas perspectivas de vida transformadas no momento
em que decidiram se engajar em uma igreja local e servirem ativamente,
usando seus dons de forma prática. Sob a perspectiva do sacerdócio
universal estabelecido no Novo Testamento, Hybels diz:

Imagine o que aconteceria na sua igreja e na sua comunidade se todo


ministro potencial — sacerdote, sacerdotisa, os capacitadores e os que
são capacitados — vivessem de acordo com a ordem bíblica. Que poder
extraordinário seria liberado!31

Esse cenário impressionante foi visto na igreja primitiva, depois da


ascensão de Jesus. Entendendo seus papéis no ministério, os primeiros
cristãos decidiram cumprir a grande comissão usando seus dons e talentos.
O resultado foi um mundo “alvoroçado” pelo poder do evangelho (Atos
17.6). Se o Senhor nos criou de forma única, devemos abraçar isso com
gratidão e encontrar alegria na Sua vontade, que é boa, perfeita e agradável.
Ter sua identidade firmada em Deus é o primeiro passo para transformar o
mundo com uma cosmovisão cristã!

“Se o corpo todo fosse olho, como poderíamos ouvir? E, se o corpo todo fosse ouvido,
como poderíamos cheirar?”
1 Coríntios 12.17
71
1Aula
aiD 4 Identidade

Para refletir

Você tem usado seus dons e talentos para servir a Deus? Como você
pode fazer isso de forma prática?

Quais traços da sua personalidade você pode usar como ferramentas


para o avanço do Reino?

“Imagine o que aconteceria na sua igreja e na sua comunidade se todo


ministro potencial [...] vivesse de acordo com a ordem bíblica. Que poder
extraordinário seria liberado!”32

“Se o corpo todo fosse olho, como poderíamos ouvir? E, se o corpo todo fosse ouvido,
como poderíamos cheirar?”
1 Coríntios 12.17
72
Dia: IdentidadeDia 1Aula 5

Lidando com as falhas

A Bíblia é um livro repleto de revelações Base bíblica:


especiais dadas por Deus, e ela conta Romanos 4.25; Lucas 18.9-14
histórias e mais histórias que foram vividas
por pessoas diferentes em momentos
diferentes. Não há um tema sequer que
ela deixe de abordar, sendo “útil para o ensino, para a repreensão, para
a correção e para a instrução na justiça” (2 Timóteo 3.16). Entretanto,
esse livro todo culmina em um evento central: “Jesus foi entregue para
morrer por causa dos nossos pecados e foi ressuscitado a fim de que nós
fôssemos aceitos por Deus” (Romanos 4.25). Desde o Éden já havia
profecias sobre Jesus (Gênesis 3.15) e toda a antiga aliança apontava para
a necessidade de um salvador. O sacrifício de Jesus revela o amor de Deus
pela humanidade, mas também traz outra implicação importante — nós
somos tão falhos, tão pequenos e tão pecadores que não fomos capazes
nem mesmo de remediar nossos próprios erros. Estávamos envoltos no
nosso próprio pecado, e só Jesus poderia percorrer a distância que nos
separava de Deus. Assim, uma vez que estamos diante de um Deus tão
bom e tão santo, como podemos lidar com as nossas imperfeições?

A Bíblia mostra a forma como algumas pessoas lidaram com suas falhas.
Na parábola do fariseu e do cobrador de impostos, Jesus dá dois exemplos
muito contrastantes entre si:

“Jesus também contou esta parábola para os que achavam que eram muito
bons e desprezavam os outros:

“O pecado não dominará vocês, pois vocês não são mais controlados pela lei, mas
pela graça de Deus.”
Romanos 6.14
73
1Aula
aiD 5 Identidade

— Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro,


cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: “Ó
Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral
como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este
cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte
de tudo o que ganho.”

— Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto


para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou
pecador!”

E Jesus terminou, dizendo:

— Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para
casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e
quem se humilha será engrandecido.” (Lucas 18.9-14.)

O fariseu teve uma atitude que muitos classificariam como arrogante.


Cheio de si e distante de Deus, ele não só ignorou suas imperfeições,
como não foi capaz de enxergá-las. Ele pensava ter conquistado mérito
ao cumprir os pormenores da Lei, mas não entendeu que, diante de
Deus, a obediência genuína tem muito mais valor do que os sacrifícios (1
Samuel 15.22). O cobrador de impostos, por outro lado, se apresentou
diante de Deus com um coração contrito e sincero. Sem nem mesmo
levantar a cabeça, ele assumiu uma posição humilde e reconheceu que era
pecador. Por causa dessa atitude, ele voltou para casa em paz com Deus.

É muito comum vermos cristãos que, assim como o fariseu, se esforçam


para “fazer por merecer”, tentando se atentar aos mínimos detalhes
para poder se salvar. Entretanto, a Bíblia diz que, como pecadores, nós
somos completamente incapazes de alcançar nossa salvação por mérito
próprio; ela vem apenas pela graça (Efésios 2.8). Além de ser algo

“O pecado não dominará vocês, pois vocês não são mais controlados pela lei, mas pela
graça de Deus.”
Romanos 6.14
74
IdentidadeDia 1Aula 5

impossível de ser feito, tentar conquistar a própria salvação cria o sentimento


constante de fracasso e desânimo, pois todos somos falhos. Assim, não
é incomum encontrarmos pessoas que, ao olharem para si mesmas, só
conseguem enxergar o pecado, e que se esforçam tanto para merecer, mas
que se desanimam ao perceber que não conseguem conquistar a perfeição.
Entretanto, se nos reduzimos às nossas falhas, anulamos o sacrifício de
Cristo e nos submetemos novamente ao jugo de escravidão. A boa notícia
é que a justificação se tornou disponível gratuitamente na cruz de Jesus
e, a partir de sua morte e ressurreição, aqueles que o reconhecem como
Senhor e Salvador têm a oportunidade de ser lavados de toda impureza.
A luta contra o pecado permanece, mas ele já não tem mais poder de
condenação sobre aqueles que são guiados pelo Espírito (Romanos 8.1).

Assim, fica claro que, segundo a Bíblia, não devemos ignorar nossas falhas,
mas também não devemos tomá-las como fator determinante da nossa
identidade. É importante reconhecer que somos pecadores, mas também
devemos lembrar que em toda a Sua bondade o Senhor apagou as nossas
transgressões (Isaías 43.25). Um grande exemplo disso é o apóstolo Paulo,
que dizia ser o pior dos pecadores (1 Timóteo 1.15), mas que preferia
se apresentar como apóstolo de Cristo (1 Timóteo 1.1). Ele reconheceu
suas falhas, mas escolheu basear a sua identidade em quem Jesus era. Da
mesma forma, que você também possa viver uma vida guerreando contra o
pecado, mas tendo a consciência de que, em Jesus, você é filho e herdeiro.

Durante esta semana, você teve a oportunidade de se aprofundar e


aprender mais sobre a sua verdadeira identidade. A cosmovisão cristã
ensina a ver o mundo de uma forma diferente, mas também ensina a
olhar para si mesmo. Que você seja guiado pelo Espírito Santo ao firmar
a sua identidade, e possa viver esse processo com alegria e confiança. Esse
é só o ponto de partida!

“O pecado não dominará vocês, pois vocês não são mais controlados pela lei, mas
pela graça de Deus.”
Romanos 6.14
75
1Aula
aiD 5 Identidade

Para refletir

Com quais falhas você tem mais dificuldade de lidar?

Como você pode enxergar isso a partir de uma perspectiva bíblica?

Que você também possa viver uma vida guerreando contra o pecado, mas
tendo a consciência de que, em Jesus, você é filho e herdeiro!

“O pecado não dominará vocês, pois vocês não são mais controlados pela lei, mas
pela graça de Deus.”
Romanos 6.14
76
Semana 4
Postura do cristão

“Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem
sábio que construiu a sua casa na rocha.”
Mateus 7.24
Dia: Dia 1Aula 1
Postura do cristão

Alicerces da edificação

Todos nós sabemos o quanto é importante


Base bíblica:
um sólido alicerce na construção de uma
Mateus 7.24-27
casa. Embora não seja visível, o alicerce é de
valor fundamental, sendo responsável pela
sustentação da casa. O solo onde a casa é construída também deve ser
bem escolhido, para que a casa não desabe.

Ao comparar uma casa edificada sobre a rocha e sobre a areia, a Palavra


de Deus está nos ensinando que nossa vida espiritual deve estar firmada
em Cristo.

Embora a rocha seja o melhor alicerce para a vida de cada um de nós,


devemos nos lembrar também de que uma casa apenas depositada sobre
a rocha também pode desabar. Quando a Palavra nos diz que a casa, que
é nossa vida, precisa estar construída sobre a rocha, isso significa que, ao
fazer um alicerce, é necessário aprofundar a fundação e firmar as estacas
profundamente. Só assim a casa ficará firmemente sustentada.

E, sendo a casa uma metáfora para a vida, compreendemos que a


construção é progressiva. Dia a dia somos transformados por Jesus, desde
que seja Ele o fundamento para cada um de nós.

Em Mateus 7.24-27, a chuva, o vento e enchentes se referem a chuvas


torrenciais, a tempestades ‒ e não à chuva tranquila tão agradável e
necessária para a vida. Essas tempestades apontam para as provações e
dificuldades pelas quais todos nós passamos em alguns momentos. E

“Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem
sábio que construiu a sua casa na rocha.”
Mateus 7.24
79
1Aula
aiD 1 Postura do cristão

para que possamos estar firmes diante de tais situações, manter nossa fé e
segurança em Cristo e nos valores da Sua Palavra são fonte de segurança
para a nossa vida emocional e espiritual.

A areia não é base segura para a vida. O que poderia ser comparado a
construir uma casa sobre a areia? Podemos refletir sobre algumas questões:

• Valores do mundo: na cultura atual percebemos cada vez mais os


valores sendo distanciados das verdades de Deus. Pessoas roubam,
mentem, caluniam, matam e, ao invés de se arrependerem, tentam
justificar os pecados. Os valores seculares de família, trabalho, gestão
de recursos financeiros, sexualidade e tantos outros não encontram
respaldo na Bíblia, e quando os seguimos, nos firmamos na areia e
colheremos consequências da desobediência (Isaías 5.20-23).

• Falsas doutrinas: as falsas doutrinas comprometem a vida espiritual,


também nos firmando em areia. São doutrinas que procedem de
mentes humanas, e embora possam encontrar aparente fundamento
em uma parte da Bíblia, frequentemente se contradizem quando
observadas pela totalidade da Palavra ou em outras partes da mesma.
Falsas doutrinas podem ter aparência de verdade, mas levam ao
engano, ao desvio de uma cosmovisão bíblica saudável e, por fim,
ao enfraquecimento da vida espiritual. Por outro lado, doutrinas
verdadeiras (a “sã doutrina”) procedem de Deus e têm fundamento
bíblico sólido, confirmadas em partes e no todo das Escrituras.

• Confiança em si mesmo: em uma sociedade que tem privilegiado


o egocentrismo e a autoestima excessiva, de uma maneira sutil,
podemos ser levados a colocar em nossos atributos a confiança
para as diversas situações da vida: confiança em como adquirir e
administrar nossos recursos, confiança em como educar nossos filhos,

“Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem
sábio que construiu a sua casa na rocha.”
Mateus 7.24
80
Dia 1Aula 1
Postura do cristão

confiança em como resolver os problemas, confiança nas mais diversas


decisões que tomamos. Embora tenhamos cada vez mais facilidade
em ferramentas, ensinamentos e descobertas científicas para nos
auxiliar nas mais diversas áreas, a autoridade e palavra final devem
vir de buscar a Deus em oração e da leitura da Palavra. Podemos,
sim, buscar conhecimento para as decisões, nos divertir, trabalhar
e desfrutar os recursos do nosso trabalho, mas sem colocar nessas
coisas o melhor do nosso foco e confiança (1 Coríntios 6.12), o que
também representaria um fundamento da vida na areia.

Além desses exemplos, há muitas outras formas de construir nossa vida


sobre fundação frágil. Mas, como nos manter firmados sobre a Rocha e
buscar em Cristo uma profundidade espiritual sólida? Jesus falou sobre
essa passagem quando estava terminando o Sermão do Monte, em que
Ele discorre sobre alguns princípios e valores que norteiam a vida cristã.
E enfatizou que é importante não somente ouvir e compreender seus
ensinamentos, mas também praticá-los.

Onde você percebe que está edificada sua vida? Se está na rocha, esse
alicerce está profundo o suficiente para sustentá-lo nos ventos e chuvas
que nos sobrevêm? Há algo que você acha que ainda poderia mudar neste
momento?

Tanto a casa edificada sobre a rocha quanto a casa edificada sobre a areia
passam por chuvas, ventos e enchentes. O que as diferencia é a base
onde estão firmadas. Quem nos mantém de pé diante das tribulações é
Deus, quando nEle está colocada a nossa confiança, e nossas decisões e
comportamentos estão pautados em Sua Palavra e valores.

“Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem
sábio que construiu a sua casa na rocha.”
Mateus 7.24
81
1Aula
aiD 1 Postura do cristão

Para refletir
Faça uma revisão de algumas áreas de sua vida e analise se suas
decisões e condutas sobre essas áreas estão firmadas sobre a Rocha
ou sobre a areia.

Em quais áreas você percebe necessidade de mudança? Que decisões


você pretende tomar para que tais mudanças ocorram?

Quando temos nossa vida firmada em Cristo, ainda que passemos por
dificuldades, nos manteremos firmes Naquele que nos sustenta.

“Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem
sábio que construiu a sua casa na rocha.”
Mateus 7.24
82
Dia: Postura do cristãoDia 1Aula 2

Ética ensinada por Jesus

A palavra cosmovisão indica a maneira pela Base bíblica:


qual cada um de nós enxerga e interpreta a Mateus 5.7
realidade. Através da cosmovisão, colocamos
“lentes” (ou mudamos nossos olhos), e
através dessas lentes ou novo olhar, observamos o mundo à nossa volta,
pensamos, tomamos decisões; inclusive o vocabulário que utilizamos pode
ser influenciado pela nossa cosmovisão. Há diferentes tipos de cosmovisão,
por exemplo: cristã, humanista, marxista, islâmica, pós-moderna.

Nem sempre temos clareza de que essa maneira de ver e compreender


o mundo afeta a forma como raciocinamos, tomamos decisões e nos
comportamos. Somos diariamente bombardeados por informações
culturais por meio de músicas, comerciais, programas de entretenimento,
publicidade, universidades e tantas outras formas. E embora digamos
viver segundo a cosmovisão cristã, também somos influenciados por
outras formas de pensar.

Através da Bíblia, aprendemos a pensar e a nos comportar segundo o


padrão ético do Reino de Deus. Nos capítulos 5 a 7 do livro de Mateus,
Jesus ensina alguns aspectos da ética cristã:

• Bem-aventuranças: em Mateus 5.3-13, Jesus ensina sobre o caráter do


cristão, e suas consequências espirituais. Ele nos fala que, ao seguirmos
o padrão de seus ensinos, ainda que tenhamos lutas e dificuldades,
seremos recompensados por Deus, e Seu foco são as bênçãos

“Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as
deixará completamente satisfeitas.”
Mateus 5.6
83
1Aula
aiD 2 Postura do cristão

espirituais. Jesus nos mostra também que Seu conceito de felicidade é


diferente daquele a que estamos habituados: para Ele, felicidade vem
da confiança e da submissão a Deus.

• Como podemos influenciar o mundo ao nosso redor, ao nos comparar


com sal e luz: o sal e a luz são tão comuns e de fácil acesso em nossos
dias, que somente nos damos conta de sua importância quando
nos faltam. O sal não está entre os temperos mais rebuscados, mas
certamente é de grande valor. Sendo sal, trazemos o sabor e a pureza
de quem anda com Cristo, e os revelamos à humanidade. E como luz,
seremos ainda mais relevantes nos locais escuros, onde os valores e
comportamentos demonstram vidas em trevas. Como sal e luz, temos
a possibilidade de demonstrar a presença de Deus, para que Ele seja
visto e glorificado por meio de nós.

• A justiça segundo Jesus: em Mateus 5.17-48, Jesus nos ensina sobre


o comportamento do cristão diante de situações frequentemente
observadas, não somente naqueles tempos, mas também em nossa
época. Fala sobre situações de ódio entre pessoas, homicídios,
julgamentos, adultério, divórcio, vingança, amor aos inimigos. Jesus
não nos traz uma nova lei, mas padrões de comportamento que Ele
mesmo vai nos capacitando a viver, com o auxílio do Espírito Santo.

• Disciplinas espirituais: Jesus nos ensina em Mateus 6.1-18 sobre a


prática da caridade, jejum e oração. Ao falar sobre esses três aspectos da
vida cristã, Ele enfatiza que devemos praticá-los não com a motivação
de sermos vistos e aclamados pelos nossos semelhantes. Devemos ser
discretos e buscar a atenção e a aprovação de Deus em nossas práticas.

• Prioridades: Jesus enfatiza em Mateus 6.19-34 a importância de


colocarmos as prioridades corretas para a vida, sendo o Reino de

“Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as
deixará completamente satisfeitas.”
Mateus 5.6
84
Postura do cristãoDia 1Aula 2

Deus o que devemos manter como foco. Ao fazer isso, Deus nos
acrescentará tudo o que nos for indispensável. Ele nos ensina ainda
que manter as prioridades em ordem correta também nos ajuda a
conservar o coração em paz, livre de preocupações desnecessárias.

Além de trazer outros ensinamentos sobre ética cristã, Jesus nos ensina,
através da oração do Pai Nosso, que devemos pedir a Deus que faça com
que o Reino dEle se torne presente em nossas vidas aqui na terra, assim
como ocorre no céu. Ao orar assim, estamos nos envolvendo com o
compromisso de ser essas pessoas que oram, mas também que agem em
concordância com Deus nessa missão. Reino é uma metáfora para um
povo governado por um rei, sob leis específicas. Nós, cristãos, vivemos
sob a ética desse Rei, que é Jesus. Quando pedimos “venha o teu Reino”,
demonstramos que somos participantes nesse compromisso ao ler, ouvir e
praticar a cosmovisão ensinada nas Escrituras.

É possível que você tenha observado em seu cotidiano ideias e


comportamentos que podem ser melhor alinhados a essa ética bíblica.
É comum que tais ideias façam parte inclusive de nossas vidas, pois
absorvemos muito da cultura que nos cerca, e vamos substituindo pela
ética e cosmovisão cristãs à medida que caminhamos rumo à santificação
e maturidade espiritual. Mas, agora que você fez tais reflexões, pode, de
maneira mais intencional, confrontar seus valores, pensamentos, ações
e reações com aquilo que Jesus nos ensina. E então, onde encontrar
desacordos com os valores de Cristo, ceder para que Ele exerça a soberania
que conquistou sobre você quando foi chamado para ser o Senhor da
sua vida. A soberania de Deus raramente é óbvia: são necessárias uma
avaliação e confrontação constante da nossa parte. E enquanto fazemos
isso, seremos o sal e a luz, influenciando os demais em nossa volta.

“Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as
deixará completamente satisfeitas.”
Mateus 5.6
85
1Aula
aiD 2 Postura do cristão

Para refletir
Leia novamente os capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus. Liste o
que você tem vivido de acordo com os princípios da cultura vigente e
o que tem vivido segundo a cosmovisão cristã.

De que maneira prática você tem exercido a ética cristã nos ambientes
onde está atualmente colocado?

O Rei Jesus nos trouxe uma nova visão de vida e comportamento, que
devemos conhecer e praticar, para que estejamos alinhados com o Reino
de Deus, onde se tem a verdadeira justiça, alegria e paz.

“Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as
deixará completamente satisfeitas.”
Mateus 5.6
86
Dia: Postura do cristãoDia 1Aula 3

Um olhar para o coração

O coração habitualmente é mencionado na


Base bíblica:
Palavra de Deus de maneira simbólica, sendo Colossenses 3.23
o lugar dos nossos sentimentos, mas também
a fonte de nossas decisões e posicionamentos.

Antes de conhecer a Cristo, muitos de nós provavelmente andávamos


distantes e esquecidos de Deus, vivendo absortos nas questões da vida
diária, com trabalho, amigos, família ou quem sabe até vivendo em
incredulidade. Talvez alguns de nós tenhamos vivido por algum tempo
em uma sonolência espiritual, descuidados do jardim do coração, onde
brotavam e cresciam espinhos e ervas daninhas, em meio a algumas
flores fugazes da autossuficiência. Andar nesse jardim era trabalhoso:
desvencilhar-se do espinho do orgulho aqui, saltar uma pedra da justiça
própria ali, tatear o caminho da cegueira espiritual acolá… Quantos
tropeços, quedas e arranhões ocorreram nessa caminhada em que o destino
era incerto, pois não havia um mapa ou bússola confiáveis para nos guiar.

E então, em um momento, o Senhor nos chama para participar de Seu


amor e, através da salvação, nos dá um novo coração! E, como jardineiro
hábil e diligente, vai transformando esse jardim descuidado em um lugar
agradável, onde realmente um Rei pode habitar. Vai trocando as flores
antigas por novas espécies, de cores, formatos e perfumes agradáveis.
Vai nos dando a oportunidade de enfeitar o jardim do nosso coração
com retidão de caráter, com bondade, esperança, perdão, sabedoria... A
atmosfera desse novo jardim exala o perfume de Cristo, que o irriga com
o fluir da graça e do amor a cada momento e por toda a vida.

“O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo o Senhor
e não as pessoas.”
Colossenses 3.23
87
1Aula
aiD 3 Postura do cristão

Quando cada um de nós conhece a Cristo como Salvador, acontece uma


mudança de rumo em nossa vida, que provém do despertamento espiritual,
das orações e do conhecimento da Palavra de Deus, da leitura, pregações
e várias outras possibilidades. Quando o conhecemos, vamos mudando
a forma de olhar e compreender a nós mesmos e o mundo à nossa volta.
Velhos hábitos, pensamentos e sentimentos vão progressivamente sendo
trocados por hábitos e valores que enfeitam o trono do Deus que habita
em nós. E enquanto somos transformados, nossa gratidão naturalmente
transborda em prontidão para servi-lo.

Você talvez já tenha percebido esse desejo de agradar a Deus também


de forma prática, através de suas habilidades, do seu trabalho, das suas
finanças. E, ainda que seja realizado de maneira prática, esse serviço
deve envolver todo o nosso ser, nossa disposição, nossa decisão de fazer
e dar de nós o melhor, assim como Ele faz conosco. Compreendemos
que, de fato, ao cuidar das pessoas e abençoá-las, é a Cristo que estamos
servindo (Mateus 25.35-40), e isso nos leva a nos empenhar ainda
mais. Por compreender isso, servimos com inteireza, de todo o coração.
Servimos com alegria, com louvor nos lábios e mãos obedientes. Servimos
voluntariamente, ao perceber o suave som de Sua voz a nos mostrar onde
há necessidades. Inteireza de coração envolve diligência e perseverança,
pois, enquanto somos transformados, envolvemos o nosso melhor de cada
momento para agradar Aquele que nos escolheu por sua soberana graça.
Como não oferecer o nosso melhor a quem deu a Sua vida por nós?

Ao amar a Deus de todo o coração, assim também o serviremos. Ele não


espera que tenhamos um coração dividido, assim como o jovem rico que
hesitou em vender o que tinha para seguir a Jesus (Mateus 19.16-30).
Da mesma forma como aconteceu com aquele jovem, nós não seremos
aceitos em nossa devoção e em nosso serviço se o fizermos com pesar.

“O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo o Senhor
e não as pessoas.”
Colossenses 3.23
88
Postura do cristãoDia 1Aula 3

E o que pode dividir nosso coração diante de Deus? Há inúmeras


possibilidades de distração, em especial neste tempo em que vivemos:
desde sentimentos que sobrecarregam nossa alma, até pensamentos,
afazeres e entretenimentos excessivos ou até pecaminosos. Um coração
dividido perde sua força e foco naquilo que é essencial. E o essencial para a
nossa saúde espiritual e para que possamos servir a Deus de todo o coração
é manter nossa atenção nEle. É ter um coração transformado dia a dia
por Sua Palavra e pela comunhão com Ele, que nos traz a beleza de uma
espiritualidade santa e sincera. A integridade de coração é o que nos leva à
integridade na devoção e no serviço a Deus.

Deus espera que todo o nosso coração esteja disponível para Ele. Nossas
meditações, decisões e comportamentos devem vir da fonte de um
coração puro e voltado para Deus. Assim como Ele não nos negou seu
próprio Filho enquanto ainda éramos servos do pecado, devemos também
retribuir a esse amor, dando a Ele o nosso melhor todos os dias.

“O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo o Senhor
e não as pessoas.”
Colossenses 3.23
89
1Aula
aiD 3 Postura do cristão

Para refletir

Ao olhar neste momento para o seu coração, você o percebe íntegro


na adoração e serviço a Deus ou um coração dividido?

Há algo que você percebe que está ocupando o lugar que pertence a
Deus em seu coração?

Quando recebemos o amor de Deus em nossas vidas, nosso coração


transborda em gratidão, e queremos dar a Ele o nosso melhor, servindo e
amando as pessoas como Cristo nos ama.

“O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo o Senhor
e não as pessoas.”
Colossenses 3.23
90
Dia: Dia 1Aula 4
Postura do cristão

A transformação operada
por Deus

Ao ler Gálatas 5.16-26, somos apresentados Base bíblica:


e confrontados com comportamentos de Gálatas 5.16-26
uma vida segundo a natureza humana e de
uma vida dirigida pelo Espírito Santo. Essa
passagem nos mostra de uma maneira muito clara as diferenças em ambas
as situações, mostrando que o próprio Deus nos capacita a viver segundo
seus valores.

Provavelmente você já tenha ouvido dizer ou até já tenha percebido que


pessoas que convivem por muitos anos podem ir se tornando parecidas,
principalmente em suas opiniões e gostos pessoais. Há pessoas que
contam que, em suas memórias de infância, há aquele amigo ou amiga
que, pela convivência diária e prolongada, foram aprendendo uns com os
outros, desenvolvendo comportamentos semelhantes quanto a músicas,
lugares, comidas, jeito de se vestir... Já se diz em meios acadêmicos que
amigos próximos têm uma genética similar, como se fossem da mesma
família, e até suas atividades cerebrais vão progressivamente se tornando
parecidas. Também em um relacionamento conjugal, podemos perceber
essa similaridade ao longo dos anos de convivência.

Em Gálatas 5.16, este fato já era observado: se andarmos em amizade e


comunhão com o Espírito Santo, seremos progressivamente transformados
em nosso caráter, comportamentos e valores. Ao se ter uma vida devocional
consistente, em seu dia a dia, certamente observará momentos em que
você terá caminhos a escolher, e poderá optar entre seguir os desejos da

“Quero dizer a vocês o seguinte: deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e
não obedeçam aos desejos da natureza humana.”
Gálatas 5.16
91
1Aula
aiD 4 Postura do cristão

sua própria natureza humana ou a seguir a direção do Santo Espírito que


em você habita.

E como se pode andar nessa comunhão que gera transformação em nós?


Em primeiro lugar, recebemos e reconhecemos a presença do Espírito de
Deus em nosso interior. Isso ocorre quando entregamos a vida a Cristo,
e então temos a convicção do selo e da habitação do Espírito em nós. E,
tendo-o em nós, devemos manter essa habitação santa, cuidando do nosso
corpo e de nossas atitudes, com a intenção de agradá-lo.

Quando caminhamos em comunhão com o Santo Espírito, também


mantemos as disciplinas da vida espiritual em dia: oração, leitura da Palavra
e busca de santificação. Não apenas nos focando no relacionamento com
Deus, mas também no relacionamento com o próximo: vivendo em
santidade e praticando atos de santidade, que sejam condizentes com a
amizade desenvolvida com Jesus.

Fazemos tudo isso para agradar ao Espírito de Deus, mas também com
a Sua ajuda. É uma caminhada em que há reciprocidade; para que nossa
vida seja renovada, nós o buscamos, caminhamos com Ele, ouvimos Sua
voz e vamos sendo cheios de Sua natureza, que então nos transforma,
e espontaneamente fazemos escolhas diferentes daquelas que a natureza
humana faria por si mesma.

Toda espécie de vida que há sobre a terra passa por renovação constante, e
o mesmo ocorre com a vida humana. Somos transformados diariamente
em nosso corpo através dos elementos provenientes da alimentação,
nutrientes e da água que ingerimos. Da mesma forma, a vida espiritual é
dinâmica e precisa se aperfeiçoar. E assim como ocorre com o corpo, existe
uma programação para que a transformação espiritual ocorra. No corpo,
isso se faz pela direção do DNA, que orquestra as reações do organismo

“Quero dizer a vocês o seguinte: deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e
não obedeçam aos desejos da natureza humana.”
Gálatas 5.16
92
Postura do cristãoDia 1Aula 4

físico; no espírito também há algo a nos mover em direção a mudanças: a


caminhada em comunhão com o Espírito Santo.

Quando andamos nessa amizade que é a comunhão com o Espírito


Santo, vamos sendo moldados independentemente das circunstâncias. Na
verdade, muitas vezes as adversidades são o material usado para trabalhar
em nós as mudanças: nesses momentos vamos demonstrar se podemos ou
não expressar o amor, a alegria, a paz, a paciência.

Quando temos comunhão com o Espírito Santo, a carne vai sendo


vencida. Ao caminharmos com Ele em um relacionamento diário, somos
transformados pela graça de Deus, e ensinados a viver segundo o fruto
do Espírito e os valores cristãos. Assim como uma planta pode produzir
frutos agradáveis, podemos também produzir frutos espirituais, como
resultado da fé e da obediência a Deus.

Na caminhada da fé, o Espírito de Deus deve ser um companheiro


constante com quem dialogamos e de quem ouvimos a direção, os alertas
sobre perigos no caminho, que nos ensinam os pontos de descanso em
lugares aprazíveis. E nessa caminhada, sua voz nos instrui, sua presença
nos motiva. E assim, como bons amigos, vamos sendo influenciados e
transformados em nossa maneira de pensar, nos relacionar e agir.

“Quero dizer a vocês o seguinte: deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e
não obedeçam aos desejos da natureza humana.”
Gálatas 5.16
93
1Aula
aiD 4 Postura do cristão

Para refletir

Pense em três momentos nos últimos dias em que teve a oportunidade


de optar por ações e reações segundo a natureza humana caída ou
segundo valores cristãos. O que você fez?

Se você percebeu algo em que poderia ter agido diferente, o que


impediu de fazê-lo? (Falta de observação, vergonha, medo de críticas,
outros...)

A amizade e a convivência diária com o Espírito Santo de Deus nos fazem


progressivamente parecidos com Cristo. Devemos buscá-lo de maneira
intencional e constante.

“Quero dizer a vocês o seguinte: deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e
não obedeçam aos desejos da natureza humana.”
Gálatas 5.16
94
Dia: Postura do cristãoDia 1Aula 5

Mordomia

Desde a criação, no primeiro capítulo de Base bíblica:


Gênesis, a Palavra já nos fala de árvores e Mateus 7.17-19
seus frutos (Gênesis 1.11-12). No Jardim
do Éden, havia a árvore da vida, que nos
remete à vida em seu sentido mais pleno e
espiritual e à comunhão eterna com Deus. Havia também a árvore do
conhecimento do bem e do mal, cujos frutos o homem não poderia comer.

No primeiro Salmo, temos uma comparação do homem que ama a Deus


com uma árvore plantada junto ao riacho, cujas folhas não murcham e
seus frutos nascem no tempo certo.

Assim como a árvore foi criada para crescer e então dar frutos e produzir
sementes que darão origem a novas árvores, da mesma forma, em nossa
vida espiritual devemos também dar frutos; dar bons frutos para o Reino
de Deus e proporcionar a outros sementes que os levarão ao crescimento
espiritual, como árvores maduras e frutíferas.

Uma árvore saudável permanece firme, ancorada ao solo por suas raízes,
que dele extraem água e outros nutrientes que a alimentam. Da mesma
forma, devemos buscar uma boa qualidade de alimento espiritual, para
que nos mantenhamos saudáveis e possamos produzir bons frutos. A
qualidade da vida e dos frutos de uma árvore dependem do terreno onde
ela está, e do que dali extrai como nutrientes. Temos à nossa disposição

“Assim, toda árvore boa dá frutas boas, e a árvore que não presta dá frutas ruins. A
árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas
boas. Toda árvore que não dá frutas boas é cortada e jogada no fogo.”
Mateus 7.17-19 95
1Aula
aiD 5 Postura do cristão

o fluir da graça que nos renova, perdoa, restaura, fortalece, motiva. Tudo
o que necessitamos para produzir bons frutos está à nossa disposição, se
mantivermos nossas raízes conectadas ao solo fértil da presença de Jesus.

Da mesma forma que devemos estar unidos a Cristo e devemos cuidar


de nossa vida espiritual, para que possamos continuar dando bons frutos
para o Reino de Deus, também temos de ser zelosos com nosso corpo e
saúde física.

Tudo o que foi colocado por Deus em nossas mãos deve ser cuidado com
dedicação, para que façamos uma boa prestação de contas quando esse
momento chegar.

Devemos ser bons mordomos do Senhor, administrando bem nosso


tempo, os recursos naturais, recursos materiais e o nosso próprio corpo.

Para que possamos seguir servindo a Deus e a seus propósitos para nós,
é necessário que tenhamos boa saúde, que o tronco dessa árvore, que
somos nós, esteja fortalecido para os bons frutos que, de antemão, fomos
preparados para produzir (Efésios 2.10). Assim, glorificamos a Deus
também com nosso corpo, que é morada do Espírito Santo.

O nosso corpo físico foi criado por Deus e, juntamente com o nosso ser
imaterial, expressa a vida que nos foi dada para manifestar a vontade e
glória de Deus enquanto aqui vivermos. No Salmo 139, Davi expressa sua
admiração por tão complexa e maravilhosa ação ao formar o corpo de um
ser humano, na qual o Criador se envolve em cada detalhe, em cada célula
e tecido, nos moldando, assim como um oleiro se envolve na formação de
um vaso. No entanto, Ele não somente nos criou para a vida, mas ainda
mais: nos criou para a salvação. A salvação se manifesta em todas as partes do
nosso ser, a começar do espírito, mas ainda atingindo a redenção da alma e do

“Assim, toda árvore boa dá frutas boas, e a árvore que não presta dá frutas ruins. A
árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas
boas. Toda árvore que não dá frutas boas é cortada e jogada no fogo.”
96 Mateus 7.17-19
Postura do cristãoDia 1Aula 5

corpo. Todo o nosso ser é alvo da misericórdia salvífica, e da mesma forma


devemos nos importar e cuidar de cada área da vida.

A saúde da mente também deve ser lembrada; pensamentos e emoções


equilibrados e em conformidade com os valores do Reino nos levarão a
atitudes e decisões que beneficiarão a nós mesmos e àqueles com quem
nos relacionamos e convivemos. Através da leitura da Palavra, oração e
comunhão com Deus, vamos tendo a mente progressivamente renovada.

Como cristãos, não damos atenção somente ao que é eminentemente


espiritual, mas compreendemos que tudo o que foi criado por Deus
pertence a Ele e é alvo do nosso cuidado.

Dessa forma, percebemos que, ligados a Cristo, cuidando de todas as


áreas de nossa vida e renovando a mente através de uma vida devocional
contínua e consistente, seremos como árvores plantadas junto a ribeiros
de águas. Os frutos que daremos ao longo do tempo serão agradáveis e
condizentes com o chamado de todos nós, que é viver segundo os valores
do Reino e dando frutos para a glória de Deus.

“Assim, toda árvore boa dá frutas boas, e a árvore que não presta dá frutas ruins. A
árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas
boas. Toda árvore que não dá frutas boas é cortada e jogada no fogo.”
Mateus 7.17-19 97
1Aula
aiD 5 Postura do cristão

Para refletir

Como você tem cuidado de seu corpo, sono, alimentação e vida


devocional?

Há alguma área que gostaria de melhorar neste momento? Como


pretende fazê-lo?

Para que possamos ser árvores frutíferas para o Reino de Deus, precisamos
cuidar de nossa saúde física, emocional e espiritual, dando atenção à
saúde do corpo, ao sono, alimentação, atividade física e vida devocional.

“Assim, toda árvore boa dá frutas boas, e a árvore que não presta dá frutas ruins. A
árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas
boas. Toda árvore que não dá frutas boas é cortada e jogada no fogo.”
98 Mateus 7.17-19
Semana 5
Masculinidade e feminilidade -
O design bíblico

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
Dia: Masculinidade e feminilidade Aula 1

Homem e mulher – feitura de


Deus

O plano de Deus para a humanidade tem


Base bíblica:
sido atacado de diversas formas. Desde o
Gênesis 1.27
Éden, o inimigo tenta confundir e distorcer
o modelo idealizado por Deus. Ao longo da
história, o inimigo continua usando as mesmas estratégias para afastar a
humanidade da comunhão com o seu criador. Desde que o pecado entrou
nos relacionamentos, a relação entre homens e mulheres sofre. A opressão
e injustiça contra a mulher fez com que muitas se levantassem para lutar
por um mundo mais justo. De fato, o movimento feminista surgiu como
uma forma de defesa das mulheres diante de tantas situações de abuso,
agressões e injustiças presentes na sociedade do século XIX. Desde o
início do movimento feminista, o papel da mulher na sociedade tem sido
revisto. As diferentes ondas do movimento pregam “novas verdades” sobre
a identidade da mulher (veja quadro sobre feminismo). O posicionamento
cristão passou a ser criticado nos círculos intelectuais como mais uma
forma de opressão, especialmente por causa do patriarcado. Dessa forma, o
pensamento feminista realiza um doutrinamento distinto da visão bíblica
para o papel da mulher, sob a lógica do politicamente correto, a flexibilização
da verdade, a adoração à liberdade de expressão e o culto do self. Essa forma
de pensar é defendida com tanto afinco que parece ser natural e aquela que
deve direcionar nossa cosmovisão. Sendo assim, culturalmente, o papel do
homem e da mulher tem sido flexibilizado ou até mesmo descaracterizado,
muitas vezes invertido, quando analisados do ponto de vista bíblico33.

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
101
1Aula
aiD 1 Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

Em alguns casos, a perspectiva da feminilidade e da masculidade tem


sido até mesmo desvinculada da própria biologia. Passa-se a defender,
por exemplo, que o bebê seja tratado de forma neutra, sem vinculação
a seu sexo biológico e, até mesmo, sem a informação de seu gênero em
sua certidão de nascimento. A ideia veiculada é que, quando atingir certa
idade, a própria pessoa pode escolher como quer se identificar: homem
ou mulher. Essa visão neutra nada tem em comum com a visão bíblica.34

Por outro lado, ao olharmos para a Palavra de Deus descobrimos que há


um design lindo e divino: homem e mulher foram criados à imagem de
Deus! Ele nos olha como Seus filhos amados, especiais e únicos. Embora,
para cada um, Deus apresente funções distintas, não existe diferença
quanto à igualdade de existência, valor ou dignidade dos gêneros. Os
dois têm a responsabilidade de honrar a Deus e servi-lo com excelência.
É preciso compreender quais são as demais responsabilidades e papéis
dados por Deus distinguindo o que são preferências pessoais e o que é um
direcionamento deixado na Palavra.

Deus nos criou à Sua imagem. Nenhum outro ser vivo na face da terra
possui a “imagem e semelhança” de Deus. Ele compartilha isso apenas
comigo e com você.

“Vistam-se com a nova natureza, criada por Deus, que é parecida com a
sua própria natureza e que se mostra na vida verdadeira, a qual é correta e
dedicada a ele.” (Efésios 4.24.)

“e se vestiram com uma nova natureza. Essa natureza é a nova pessoa que
Deus, o seu criador, está sempre renovando para que ela se torne parecida
com ele, a fim de fazer com que vocês o conheçam completamente.”
(Colossenses 3.10.)

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
102
Dia 1Aula 1
Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

Ser conforme a imagem de Deus é espelhar a Sua santidade. Viver uma


vida de santidade nos aproxima de Deus e nos deixa cada vez mais
parecidos com Ele. Deus nos formou debaixo de Seu plano perfeito.
Nenhum ser humano possui o gênero “indeterminado”, porque Ele nos
criou maravilhosamente. Nunca fez parte do plano de Deus que tal coisa
existisse. Mais uma vez eu repito: Ele nos criou conforme a Sua imagem,
homem e mulher.

A criação do homem e da mulher demonstra a grandeza e a glória de


Deus: “Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de
que mostrem a minha grandeza” (Isaías 43.7).

E quer saber de mais uma coisa? Apesar do que o mundo diz, nós temos o
mesmo valor diante de Deus. As funções do gênero não estão relacionadas
com capacidade, competência e habilidade. Deus nos criou com qualidades
e características diferentes e nenhuma delas é superior à outra, muito pelo
contrário. Essas características se equilibram e se complementam. Há
algumas características que já estão incutidas na natureza humana, tanto
para o homem quanto para a mulher, que foram dadas por Deus.

Apesar de sermos parecidos com Deus, isso não nos torna iguais a Ele.

“Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de
vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos
esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la. Pois foi
Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus,
ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado
para nós.” (Efésios 2.8-10.)

Nós somos pecadores e necessitamos da graça que só Ele pode nos dar.
“Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus. Mas, pela

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
103
1Aula
aiD 1 Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os
salva.” (Romanos 3.23-24.)

Deus nos fez à Sua imagem, mas por causa do pecado essa semelhança se
tornou quase irreconhecível; então Ele enviou Jesus. E através do sacrifício
de Jesus na cruz somos perdoados, somos limpos e somos santificados. E
nEle nos tornamos uma nova criatura.

“Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e
já chegou o que é novo. Tudo isso é feito por Deus, o qual, por meio de Cristo,
nos transforma de inimigos em amigos dele.” (2 Coríntios 5.17-18a.)

Nossa visão diante do papel do homem e da mulher deve ser norteada


pela Palavra de Deus, que nos ensina sobre como Ele nos olha com
igualdade. Por isso, é tão importante mantermos um relacionamento
profundo com Deus, de forma a termos convicção de quem realmente
somos. Assim, teremos segurança para refletir a Sua imagem de uma
forma tão extraordinária que esse reflexo vai envolver todos aqueles que
se relacionam conosco.

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
104
Dia 1Aula 1
Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

Feminismo35
Origem: Século XIX - influência da Revolução Francesa e as alterações
sociais que começaram a acontecer nessa época.

Conceito: Movimento social e político que luta pela garantia de direitos


das mulheres, especialmente pela igualdade de direitos entre mulheres e
homens.

ONDAS

Primeira: Entre o final do século XIX e o início do século XX

• Marcada pela luta das mulheres para a conquista de espaço na política


e pelo direito de votar. O movimento de luta pelos direitos políticos
ficou conhecido como sufragismo.

• Na primeira onda, as mulheres também começaram a questionar a


falta de reconhecimento de direitos trabalhistas.

Segunda: Entre os anos 1960 e 1990

• A principal demanda era a liberdade e a igualdade de direitos.

• Foram intensificados os debates a respeito da liberdade sexual da


mulher e sobre o papel social da maternidade.

• Foi durante essa época que o movimento começou a se tornar mais


forte, organizado e mais amplo.

Terceira: A partir dos anos 90

• Busca da conquista de liberdade total para as mulheres: suas decisões


sobre modo de vida, escolhas profissionais, sexualidade, maternidade
e entendimento sobre as questões de gênero.

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
105
1Aula
aiD 1 Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

• Intensifica-se a luta contra a sociedade patriarcal, que privilegia os


interesses dos homens.

• Surge a ideia do feminismo interseccional, ou seja, o feminismo que


agrega todos os tipos de mulheres, com seus variados modos de vida
e suas questões específicas.

PAUTAS

• o fim da desigualdade salarial (na prática) entre homens e mulheres;

• igualdade da participação das mulheres na política do país, tanto na


ocupação de cargos políticos como na tomada de decisões;

• questões de saúde ligadas diretamente à condição de mulher, como


prevenção de doenças, sexualidade e discussão sobre o direito ao
aborto;

• libertação de padrões de beleza impostos pela cultura;

• combate aos diferentes tipos de assédio, como o moral e o sexual;

• fim da violência contra a mulher: violências dentro de relacionamentos,


violência sexual, assédio moral, violência obstétrica, entre outras, e
direitos relacionados à maternidade e à amamentação.

Muitas das lutas e conquistas do feminismo são justas, porém é falsa a


ideia de que o cristianismo defende a opressão contra a mulher.

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
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Dia 1Aula 1
Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

FEMINISMO NO BRASIL

Primeiros registros – século XIX – as mulheres começaram a questionar


se o seu papel social deveria ficar restrito à vida doméstica e ao cuidado
com a família.

Década de 30 – ganhou força – conquista do direito ao voto em 1932.

A partir da década de 60 – começou a ganhar a forma que tem hoje.

Acontecimentos relacionados ao feminismo no Brasil:

• a abolição da escravatura;

• o movimento de libertação sexual;

• o surgimento da pílula anticoncepcional;

• a conquista do direito ao voto;

• a abertura da primeira Delegacia de Atendimento Especializado à


Mulher no ano de 1985;

• a criação da Lei Maria da Penha em 2006.

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
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1Aula
aiD 1 Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

Para refletir

Quem você é diante de Deus?

Como você se percebe como um ser criado por Deus, e parecido com
Ele?

Deus nos criou homem e mulher parecidos com Ele para refletirmos a Sua
glória em tudo o que fizermos.

“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou: homem e mulher os
criou.”
Gênesis 1.27
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Dia: Masculinidade e feminilidade Aula 2

Machismo e feminismo

Como vimos na aula 1 deste capítulo, a Base bíblica:


cosmovisão bíblica valoriza o homem e a Romanos 1.1
mulher, pois entende que ambos foram
criados à imagem e semelhança de Deus,
possuindo o mesmo valor. Nos dias de hoje, o feminismo e o machismo
coexistem em nossa sociedade, ambos trazendo desequilíbrio entre as
relações. É preciso ressaltar que Deus foi e é o primeiro a se importar com
a dignidade da mulher. McCoy afirma que:

As leis do Antigo Testamento sobre a personalidade feminina têm muito


a dizer aos evangélicos contemporâneos. (...) Infelizmente, a noção de
advocacia em nome das mulheres é muitas vezes considerada como um valor
feminista. No entanto, quando essas leis são interpretadas de acordo com
seu contexto cultural, elas oferecem uma descoberta notável: a dignidade
das mulheres é um valor apresentado e afirmado pelas Escrituras. Como
tal, uma teologia biblicamente informada da dignidade de uma mulher
é totalmente harmoniosa com uma teologia biblicamente consistente da
feminilidade36.

O que houve como design idealizado por Deus?

No livro de Gênesis, no capítulo 3, vemos que Deus criou o homem


e a mulher à Sua imagem e os colocou no Jardim do Éden. Ali havia
tudo o que eles precisavam para ter uma vida tranquila com suas
necessidades supridas. Bastava que eles fossem obedientes a Deus e então
poderiam desfrutar a plena comunhão com Ele. Adão e Eva viviam em

“‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.


Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.’
Gênesis 3.15
109
1Aula
aiD 2 Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

harmonia, até que Eva foi tentada pela serpente (que a Bíblia diz ser o
mais sagaz dos animais selvagens criados por Deus). A serpente serviu
como personificação do próprio diabo, o nosso adversário.

Eva disse à serpente que Deus os autorizara a comer de todas as árvores


que havia no jardim, menos da árvore do fruto do conhecimento do bem
e do mal, pois certamente iriam morrer se comessem do fruto.

“Mas a cobra afirmou: — Vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse
isso porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, os seus
olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal.”
(Gênesis 3.4-5.)

Essa é a forma como Satanás age até hoje, distorcendo a Palavra de


Deus e fazendo com que desacreditemos dela. Por isso, a importância da
intimidade com Deus e de conhecer profundamente a Sua Palavra. Só
assim não seremos enganados e tentados a pecar contra Ele.

Eva não resistiu à tentação, comeu do fruto e deu a Adão que também
comeu. Ao comerem do fruto proibido, mostraram que sua pretensão era
ser como Deus. Não bastou servi-Lo e desfrutar todas as Suas bênçãos,
não foi suficiente a eterna comunhão com Ele e desfrutar sua proteção.
O homem e a mulher queriam mais. Esse é chamado de pecado original.

O juízo de Deus sobre a mulher tem como resultado a frustração de seu


relacionamento natural dentro do lar.

“Para a mulher Deus disse: — Vou aumentar o seu sofrimento na gravidez,


e com muita dor você dará à luz filhos. Apesar disso, você terá desejo de
estar com o seu marido, e ele a dominará.” (Gênesis 3.16.)

“‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.


Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.’
Gênesis 3.15
110
Dia 1Aula 2
Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

Ela teria de conviver com um processo muito doloroso do parto e estar


subordinada a seu marido. Antes mesmo do pecado, Deus já havia
colocado o homem em uma posição de liderança, como vemos em
Gênesis 2.18: “Depois o Senhor disse: — Não é bom que o homem viva
sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra
metade”. Mas, agora, a mulher teria de ser submissa a um homem que já
não era mais moralmente puro. Assim, o pecado prejudicou a harmonia
desse relacionamento.

Para o homem, a consequência veio na frustração de seu trabalho como


provedor.

“E para Adão Deus disse o seguinte: — Você fez o que a sua mulher disse
e comeu a fruta da árvore que eu o proibi de comer. Por causa do que você
fez, a terra será maldita. Você terá de trabalhar duramente a vida inteira
a fim de que a terra produza alimento suficiente para você. Ela lhe dará
mato e espinhos, e você terá de comer ervas do campo. Terá de trabalhar
no pesado e suar para fazer com que a terra produza algum alimento; isso
até que você volte para a terra, pois dela você foi formado. Você foi feito de
terra e vai virar terra outra vez.” (Gênesis 3.17-19.)

O relacionamento que o homem tinha antes com a terra, já não existia


mais. Tudo seria mais penoso e pesado. Também a morte física se tornou
real. Portanto, a consequência do pecado atingiu os dois, homem e mulher.

Para Deus não existe diferença entre homem e mulher; ambos têm
o mesmo valor. Cada um tem o seu papel no reino de Deus e, apesar
de serem diferentes, o homem não é mais importante que a mulher e
vice-versa. Não existe machismo algum no relato de Gênesis 2.22,
quando Deus faz a mulher da costela de Adão, ou em Efésios 5.22-25,
em que as mulheres são exortadas a serem submissas a seus maridos.
A dominação do homem sobre a mulher é a consequência do pecado.

“‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.


Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.’
Gênesis 3.15
111
1Aula
aiD 2 Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

O pecado distorce os relacionamentos. As mulheres foram muito oprimidas


ao longo da história, mas isso somente aconteceu como consequência da
entrada do pecado no mundo.

Se Deus se preocupa com a dignidade e a justiça da mulher, a igreja,


que é a família de Deus, precisa ser a primeira a lutar para que a mulher,
independentemente de sua posição social, raça, idade, credo, seja res-
peitada em todos os aspectos, repudiando todas as formas de violência
e injustiça contra ela, oferecendo acolhimento e uma nova esperança a
quem precisar.37

“‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.


Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.’
Gênesis 3.15
112
Dia 1Aula 2
Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

Para refletir

Você se sente superior ao sexo oposto?

Como você tem lidado de forma bíblica com as pressões que o mundo
impõe relacionadas ao machismo e ao feminismo?

Você entende o seu papel no Reino de Deus?

Existe plena igualdade entre homem e mulher e Jesus veio redimir a


ambos. Através da fé em Cristo, nos tornamos filhos de Deus, unidos em
Cristo e herdeiros da graça divina, independentemente do sexo.

“‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.


Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.’
Gênesis 3.15
113
Aula 3 Masculinidade e feminilidade Dia:

O ensino de Jesus: um novo


conceito sobre o valor
da mulher
Para que se entenda o relacionamento que
Base bíblica:
Jesus tinha com as mulheres de seu tempo, Gálatas 3.2
é preciso que se entenda o contexto social
judaico e a visão do povo judeu a respeito do
valor da mulher na sociedade.

Havia uma grande desvalorização em relação às mulheres do tempo de


Jesus38. Elas eram tratadas quase sempre como mercadoria de troca pelos
pais e criadas quase que unicamente para conseguir um bom casamento
e cuidar das tarefas domésticas. Quando havia o nascimento de um varão
(homem), este era comemorado com festa e motivo de muita alegria.
Obviamente temos exceções. Na Bíblia, podemos encontrar mulheres
que desempenharam grandes papéis na história do povo de Deus, mas
essas exceções só vêm confirmar a regra de que a vida das mulheres não
era nada fácil.

Então, Jesus, em Sua reflexão sobre o reino de Deus, inclui também a


mulher, retomando o valor do ser humano independentemente do
seu sexo e mostra que, para Deus, somos todos de igual importância.
Podemos ver isso acontecer em algumas passagens do Novo Testamento.

João (4.7-16) narra o encontro de Jesus com a mulher samaritana. Nesse


encontro, Jesus quebra vários preconceitos. Conversar com uma mulher
em público era mal visto para a época; ainda tinha a questão, nesse relato,
de que era um judeu conversando com uma samaritana e esses dois povos
tinham sérias divergências; e, por último, era um homem falando de

“Desse modo não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas
livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo
Jesus.”
114 Gálatas 3.28
Masculinidade e feminilidade - O design bíblicoDia 1Aula 3

assuntos religiosos com uma mulher, sendo que esse tipo de conversa
era reservado somente aos homens nas sinagogas. Até mesmo a mulher
samaritana conhecia o “seu lugar” na sociedade, e “aquele homem” estar
falando com ela, a deixou espantada.

“A mulher respondeu:

— O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o senhor me


pede água? (Ela disse isso porque os judeus não se dão com os samaritanos.)”
(João 4.9.)

Os samaritanos eram discriminados pelos judeus, mas Jesus, apesar de ser


judeu, não deu importância a essa questão.

Há também uma outra passagem que se encontra em João 8.1-10, que


narra a história de uma mulher que foi apanhada em adultério. Jesus
não permite que os agressores a apedrejem. A lei dizia que somente às
mulheres eram dadas as condenações públicas quando acusadas de
adultério. Mas ali há uma reflexão: existe adultério sem que haja uma
figura masculina envolvida no caso? Jesus não discute a lei, apenas muda
o alvo do julgamento. Em vez de permitir que eles coloquem a luz da lei
em cima da mulher para poder condená-la, pede que eles se examinem a
si mesmos à luz do que a lei exige deles.

A atitude de Jesus para com as mulheres é, em muitos sentidos, inovadora


e até mesmo revolucionária, como podemos ver em Lucas 8.1-3:

“Algum tempo depois Jesus saiu e viajou por cidades e povoados,


anunciando a boa notícia do Reino de Deus. Os doze discípulos foram
com ele, e também algumas mulheres que haviam sido livradas de espíritos
maus e curadas de doenças. Eram Maria, chamada Madalena, de quem
tinham sido expulsos sete demônios; Joana, mulher de Cuza, que era alto

“Desse modo não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas
livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo
Jesus.”
Gálatas 3.28 115
Aula 31 aiDMasculinidade e feminilidade - O design bíblico

funcionário do governo de Herodes; Susana e muitas outras mulheres que,


com os seus próprios recursos, ajudavam Jesus e os seus discípulos.”

Essas mulheres citadas acima faziam parte do ministério de Jesus e,


inclusive, seguiam viajando com Ele. Para muitos rabinos da época, isto
era uma prática inconcebível: abandonar o seu lar para seguir viajando.
Mas elas entendiam seu chamado e a missão. Marta e Maria foram amigas
e discípulas de Jesus. Inclusive Maria é elogiada por Ele.

“Aí o Senhor respondeu:

— Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas
apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém
vai tomar dela.” (Lucas 10.41-42.)

Quando Jesus foi preso e condenado, os discípulos fugiram, mas algumas


mulheres decidiram arriscar as próprias vidas e permaneceram aos pés
da cruz, foram até o sepulcro, creram e espalharam as notícias sobre a
ressurreição.

Agora você consegue entender quão preciosa é a responsabilidade e papel


da mulher no Reino de Deus?

Jesus rompeu uma série de preconceitos culturais e criou um movimento


novo. Entre suas inovações está o discipulado das mulheres. Nesse
discipulado eram permitidas mulheres em igualdade de condições com os
homens. Jesus conviveu com elas, conversou com elas, seja em particular
ou em público, e procurou escutá-las. E elas participaram ativamente de
Seu ministério e foram abençoadas com milagres e curas. Através desses
relatos, a Bíblia não se torna machista e nem feminista. Ela traz equilíbrio
e liberdade.

“Desse modo não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas
livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo
Jesus.”
116 Gálatas 3.28
Masculinidade e feminilidade - O design bíblicoDia 1Aula 3

Nossa geração vem sendo bombardeada por falsas ideias acerca da


feminilidade e da masculidade. Movimentos que visam a “libertação”
da mulher e de minorias estão promovendo o engajamento político
e educacional como estratégias, utilizando as mídias como meio de
influenciar e incutir na igreja seus ideais, utilizando toda forma de
expressão cultural (literatura, filmes, séries, desenhos infantis, debates,
teatro, entre outros), colocando uma roupagem de encantamento e beleza
em relacionamentos destruídos pelo pecado. Por isso, é preciso conhecer a
visão bíblica, que é a única que traz a verdadeira liberdade para a mulher
e para o homem. Deus espera que Seus filhos busquem sabedoria para
lidar com o privilégio e a responsabilidade de ser homem e ser mulher,
conduzir sua família e educar seus filhos, de forma que o ensino bíblico
seja o norteador de seu relacionamento. Como cristãos, precisamos nos
posicionar usando a Palavra de Deus como resposta frente às controvérsias
de nosso tempo.39

“Desse modo não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas
livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo
Jesus.”
Gálatas 3.28
117
Aula 31 aiDMasculinidade e feminilidade - O design bíblico

Para refletir

Qual é a sua responsabilidade no Reino de Deus?

O que você tem feito para exercê-la?

Jesus trouxe um novo significado, reafirmando o valor da mulher em uma


sociedade onde ela sempre foi tratada de maneira inferior. Ele restaura a
dignidade da mulher, conduz ao centro os excluídos e desarma os costumes
que produzem morte ao invés de vida.

“Desse modo não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas
livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo
Jesus.”
118 Gálatas 3.28
Dia: Masculinidade e feminilidade Aula 4

Sexualidade sadia

O sexo foi criado e abençoado por Deus. Base bíblica:


A falsa crença de que sexo é algo sujo e 1 Coríntios 7.25-40
pecaminoso tem levado muitos homens
e mulheres a desenvolver problemas com
relação à sexualidade. Por causa dessa visão distorcida, muitos ainda
enxergam a questão da sexualidade com muitos tabus, que aliás são
transmitidos por várias gerações, o que faz com que sejam gerados diversos
problemas que têm, inclusive, afligido e angustiado parte dos cristãos que
estão em nossas igrejas.

Afinal de contas, você sabe o que é sexualidade? Ao nascer, passamos a ter


contato com o mundo ao nosso redor. Sexualidade diz respeito a como
me relaciono com este mundo, com as pessoas que estão à minha volta
e como me relaciono comigo mesmo. Em Gênesis 1.28, Deus declara
a bênção ao primeiro casal, Adão e Eva: “Sejam férteis e multipliquem
-se!” Nesse versículo, Deus deixa muito claro para nós que o sexo foi
originado antes mesmo que o pecado entrasse no mundo. A bênção do
sexo é anterior à queda do homem. Houve permissão e bênção da parte de
Deus. O homem e a mulher complementando um ao outro, dotados de
sabedoria, sentimentos, emoções e repletos de responsabilidades morais,
assim como o próprio Deus planejou para eles desde o início. Sem
sombras de dúvidas, a sexualidade está embutida nessa primeira relação
entre Adão e Eva. A sexualidade acontece exatamente dessa forma,
através das relações interpessoais.

“Eu estou dizendo isso porque quero ajudá-los. Não estou querendo obrigar ninguém
a nada. Pelo contrário, quero que façam o que é direito e certo e que se entreguem ao
serviço do Senhor com toda a dedicação.”
1 Coríntios 7.35 119
1Aula
aiD 4 Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

O apóstolo Paulo abordou a questão da sexualidade de uma forma muito


clara e objetiva no Novo Testamento, especificamente em 1 Coríntios 7.1-
5. Paulo não poupou palavras para falar sobre este assunto, e não deixa
nenhuma dúvida quanto à santidade do sexo saudável quando é praticado
dentro do contexto do casamento entre um homem e uma mulher.

Uma das características do pecado é exatamente corromper tudo o que é


bom, perfeito e agradável, tudo o que é abençoado pelo Criador, vindo a
transformar tudo em algo ruim, prejudicial, amargo, em desamor e com
direito a receber o julgamento e a condenação de Deus. E esta tem sido a
realidade do que acontece em muitos casos em se tratando de sexualidade:
o sexo deixa de ter relação com a bênção dada pelo Criador. Veja uma
grande verdade bíblica que tem sido loucura para o mundo caído: “Ele
respondeu: Vocês não leram que, no princípio, o Criador os fez homem e
mulher e disse: Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua
mulher, e os dois se tornarão uma só carne? Assim, eles já não são dois, mas sim
uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe” (Mateus 19.4-6).
O sexo praticado fora de uma aliança de casamento entre um homem e
uma mulher é considerado imoralidade. Em 1 Coríntios 7.2, lemos: “mas,
por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa e cada mulher o seu
próprio marido”.

As relações sexuais têm sua legitimidade reconhecida somente dentro


da união conjugal entre um homem e uma mulher. Tudo o que está
fora dessa verdade é considerado pecado, imoralidade, adultério e
fornicação que, nesse caso, é a relação sexual entre pessoas que não
são casadas. Desta forma, fica explícito que o sexo praticado fora desse
contexto é considerado uma prática contrária ao padrão designado por
Deus; é pecado e ponto final, não tem conversa. Você pode até se perguntar:
não tem como dar um jeitinho nem que seja com uma pornografia “leve”?

“Eu estou dizendo isso porque quero ajudá-los. Não estou querendo obrigar ninguém
a nada. Pelo contrário, quero que façam o que é direito e certo e que se entreguem ao
serviço do Senhor com toda a dedicação.”
120 1 Coríntios 7.35
Masculinidade e feminilidade - O design bíblicoDia 1Aula 4

Você sabia que há casos, em que o sexo, mesmo dentro do casamento,


pode se tornar pecado? Toda e qualquer prática sexual que gera sofrimento
e rouba a dignidade do homem e da mulher, sem sombra de dúvidas, será
contrária ao padrão bíblico estabelecido por Deus para a sexualidade.

Para refletir

Qual é o seu olhar sobre a sexualidade?

Solteiro ou casado, como você lida com a sua sexualidade?

A forma como nos relacionamos por meio da sexualidade afeta diretamente


a forma como nos relacionamos com Deus.

“Eu estou dizendo isso porque quero ajudá-los. Não estou querendo obrigar ninguém
a nada. Pelo contrário, quero que façam o que é direito e certo e que se entreguem ao
serviço do Senhor com toda a dedicação.”
1 Coríntios 7.35 121
Aula 5 Masculinidade e feminilidade Dia:

A Bíblia e as questões da
imoralidade sexual

A prática sexual no casamento tem um Base bíblica:


padrão estabelecido por Deus como está Romanos 1.18-32
escrito em Gênesis 2.24: “Por essa razão, o
homem deixará pai e mãe e se unirá à sua
mulher, e eles se tornarão uma só carne”. A
união conjugal entre um homem e uma mulher em um ambiente que
proporciona o amor e respeito mútuo se relaciona com o plano de Deus
para o casamento. A imoralidade sexual acontece quando há o rompimento
desse padrão elevado. Como exemplo disso podemos citar o adultério, a
fornicação, que neste caso, é a relação sexual entre pessoas que não são
casadas, a prática da homossexualidade, o incesto ou qualquer outro tipo
de atividade sexual pecaminosa. O sexo é uma prática que deve acontecer
dentro de muita intimidade. Sendo mal direcionado, gera dor, angústia,
confusão e sofrimento. O ato sexual necessita de um ambiente seguro
que ofereça amor e compromisso. O apóstolo Paulo descreve uma relação
de obras da carne em Gálatas 5.19-21: “As coisas que a natureza humana
produz são bem-conhecidas. Elas são: a imoralidade sexual, a impureza, as
ações indecentes, a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas,
as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, as
invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas com essas. Repito o que
já disse: os que fazem essas coisas não receberão o Reino de Deus”.

A prática da homossexualidade, da união de pessoas do mesmo sexo e


outras práticas que caminham totalmente contra a pureza sexual e contra

“E, como não querem saber do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus, ele
entregou os seres humanos aos seus maus pensamentos, de modo que eles fazem o
que não devem.”
122 Romanos 1.28
Dia 1Aula 5
Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

os laços conjugais do matrimônio entre um homem e uma mulher, têm


marcado profundamente nossa sociedade pós-moderna. Em se tratando
da sociedade brasileira, temos enfrentado muitas mudanças culturais tais
como a união civil entre pessoas do mesmo sexo e o crescente número de
divórcios. Em paralelo a isso, surgem pessoas interessadas em reinterpretar
a Bíblia para que ela possa se adaptar a essa cultura relativista, afirmando
que a Bíblia é um documento humano e contém erros e contradições.

Como podemos analisar esses fatos a partir dos ensinos da Bíblia, nossa
regra de fé e prática? Em Romanos 1, o apóstolo Paulo alerta sobre o
crescimento da idolatria no coração do ser humano em todas as coisas e
não somente por conta da prática sexual entre pessoas do mesmo sexo. O
pecado da idolatria se manifesta com a homossexualidade, pornografia,
vícios sexuais e muitas outras imoralidades carnais. O ser humano se
declara muito mais preocupado consigo mesmo do que com o Deus
criador de todas as coisas. Pessoas que conduzem suas vidas dessa forma
tendem a estar envolvidos com a perversão da sexualidade. Não conseguem
ver a Deus como deveriam, e o olhar fica totalmente desfocado do que é
bom, perfeito e agradável. E Paulo escreve que o resultado dessa perversão
é o homem sendo entregue aos seus próprios desejos carnais gerados
no coração, recebendo em si mesmos a devida punição do seu erro.

O homem não glorifica a Deus e, conforme o que consta nas Escrituras


Sagradas, esse homem nasce sem essa capacidade interior de glorificar a
esse Deus criador. É justamente por causa disso que o conhecimento do
evangelho se faz necessário. Quando Paulo ouviu que havia imoralidade
na igreja de Corinto, ficou espantado com a situação. A imoralidade era
tão comum que havia quem mantivesse relação sexual com a mulher
do seu próprio pai, como está escrito em 1 Coríntios 5.1: “Agora estão
dizendo que há entre vocês uma imoralidade sexual tão grande, que nem

“E, como não querem saber do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus, ele
entregou os seres humanos aos seus maus pensamentos, de modo que eles fazem o
que não devem.”
Romanos 1.28 123
Aula 5 Masculinidade e feminilidade Dia:

mesmo os pagãos seriam capazes de praticar. Fiquei sabendo que certo homem
está tendo relações com a própria madrasta”. Essa forma de viver, que
acontecia dentro da igreja de Corinto, distorceu o sentido do amor e tais
práticas tornaram-se comuns.

Tenha a certeza de que Deus perdoa seu pecado. Veja o que a Palavra
de Deus afirma em 1 João 1.9: “Mas, se confessarmos os nossos pecados a
Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os
nossos pecados e nos limpará de toda maldade”. Em Tiago 5.16, está escrito:
“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e façam oração uns pelos
outros, para que vocês sejam curados. A oração de uma pessoa obediente a
Deus tem muito poder”. Aqui Tiago introduz um assunto bastante sensível,
que tem a ver com a confissão mútua de pecados. Essa confissão é
tremendamente importante tanto para a cura do corpo, quanto para a
cura da alma, visto que algumas doenças têm origem em almas doentes.
Neste mundo individualista em que vivemos, podemos achar estranha
essa prática, mas podemos ver pelas Escrituras que não o era para a igreja
primitiva.40

Existe um ponto de alerta, pois é possível que, mesmo uma pessoa que
já aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador, caia em tentação. Deus está
sempre pronto a perdoar quando tomamos verdadeiramente consciência
de nosso pecado e nos arrependemos. Isso não nos dá o direito de continuar
praticando aquilo que nos separa de Deus. O arrependimento implica
reconhecer o pecado e decidir deixá-lo, buscando um relacionamento
profundo com o Senhor e, também, a ajuda de um mentor e intercessor
que poderá nos acompanhar e apoiar. No entanto, é importante salientar
que o perdão dos pecados não nos exime das suas consequências, no que
se refere à imoralidade sexual, como as doenças sexualmente transmissíveis
e a quebra de relacionamentos na família.

“E, como não querem saber do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus, ele
entregou os seres humanos aos seus maus pensamentos, de modo que eles fazem o
que não devem.”
124 Romanos 1.28
Dia 1Aula 5
Masculinidade e feminilidade - O design bíblico

Mas existe uma boa notícia: é possível restaurar essa sexualidade que se
encontra adoecida. O processo de restauração se inicia quando admiti-
mos que não temos controle sobre nossa sexualidade e que precisamos
de ajuda. Faz parte desse processo de restauração decidir abandonar
tudo o que foi construído fora da vontade de Deus e nos posicionar em
direção aos seus valores e propósitos para nossa vida.

Para refletir

Você tem demonstrado tolerância à imoralidade sexual?

Que tipo de atitudes você tem tomado para lutar contra a imoralidade
sexual?

O processo difícil de mudança de mente e atitude é uma batalha que só


pode ser vencida com um relacionamento profundo com Deus.

“E, como não querem saber do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus, ele
entregou os seres humanos aos seus maus pensamentos, de modo que eles fazem o
que não devem.”
Romanos 1.28 125
Semana 6
Família

“E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois
numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem.” Mateus 19.5-6
Dia: FamíliaDia 1Aula 1

Uma só carne

A família “foi criada por Deus e é parte do


Base bíblica:
plano dele para a humanidade”41. “Quem
Mateus 19.4-6
acha uma esposa encontra a felicidade: recebeu
uma bênção de Deus, o Senhor.” (Provérbios
18.22.) É uma aliança para toda a vida celebrada entre um homem e uma
mulher na presença de Deus. Portanto, homem e mulher devem deixar a
casa de seus pais e formar a sua família, a qual “deve ser encarada como um
lugar de comunhão, farol de oração, de proclamação do ensino das coisas
de Deus”42 e de felicidade em Deus.

O casamento é um compromisso firmado publicamente perante a lei e


perante Deus, no qual há a troca de alianças. Na Bíblia, Deus fez também
alianças e talvez a mais conhecida seja a aliança feita com Noé, simbolizada
pelo arco-íris no céu. As alianças que Deus faz são imutáveis e inquebráveis;
assim, os cristãos devem seguir seu exemplo sendo fiéis às suas alianças.
Afinal, o casamento torna o homem e a mulher uma só pessoa. Você já
reparou que no início e no final da Bíblia existe o relato de um casamento?
Já observou que o primeiro milagre de Jesus foi numa festa de casamento?
Essa união é tão importante que se compara ao relacionamento que Cristo
tem com a Igreja.

Depois da decisão de seguir a Cristo, o casamento é a escolha mais


importante da vida. Já ouviu essa frase? Ela é uma grande verdade. Assim,
os solteiros devem orar muito antes de tomar a decisão por um cônjuge.
Em função do pecado e da dureza do coração, há muitas dificuldades de
comunicação e de relacionamento, resultando em divórcios.

“E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois
numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem.” Mateus 19.5-6
129
1Aula
aiD 1 Família

Relacionar-se não é fácil e, mesmo nos melhores casamentos, existem


momentos de batalhas e incertezas; porém, deve-se fazer de tudo para
obedecer a Deus e permanecer no casamento mesmo em meio às
dificuldades, investindo no amor e no respeito ao seu cônjuge.

Em Mateus 19.6, Jesus afirma que, além de tornar-se uma só carne,


“ninguém separe o que Deus uniu”. Ora, se nos tornamos uma só pessoa,
separar-se equivale praticamente a rasgar seu próprio corpo.43 Para aqueles
que estão lendo e já são divorciados, lembrem-se de Romanos 8.28: “todas
as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. Abordaremos
mais sobre o assunto no último dia desta semana. Mesmo que você tenha
se casado sem ter a certeza do direcionamento de Deus, seja fiel à sua
aliança e permita que Ele seja o elo do seu casamento, como diz Eclesiastes
4.12: “Dois homens podem resistir a um ataque que derrotaria um deles se
estivesse sozinho. Uma corda de três cordões é difícil de arrebentar”.

Ao longo da Bíblia, temos muitas orientações para um bom relacionamento


matrimonial. O casamento, para dar certo, não deve ser baseado apenas
no amor como sentimento, mas no amor como uma atitude, uma escolha
de olhar para Cristo e não para as pessoas, e, assim, amar como Cristo
amou. Em Lucas 14.26, Jesus afirma que ninguém pode ser Seu seguidor
“se não me amar mais do que ama seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus
filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo”.

Na maioria das vezes, a frustração no casamento está relacionada ao desejo


de ser reconhecido pelo cônjuge, mas a Bíblia nos fala que “O que vocês
fizerem façam de todo coração, como se estivessem servindo o Senhor e não
as pessoas. Lembrem que o Senhor lhes dará como recompensa aquilo que ele
tem guardado para o seu povo”. Várias passagens falam que devemos ser
imitadores de Cristo44. Hoje, em seu casamento, você tem exercido um
amor que se doa, que perdoa e não exige nada em troca?

“E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois
numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem.” Mateus 19.5-6
130
FamíliaDia 1Aula 1

Em 1 Coríntios 13, temos uma lista de características de quem ama:


“paciente, bondoso, não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso, nem grosseiro,
nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas, não fica alegre quando
alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando faz o que é certo, nunca
desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência”. Uau! Já pensou
em aplicar TODAS essas características em relação a quem você mais ama?

1 Timóteo 5.8 diz que devemos exercer essas características


principalmente com os da nossa família. “Porém aquele que não cuida
dos da sua própria família, negou a fé e é pior do que os que não creem.”
Especialmente no casamento devemos exercer o amor perdoador,
como Cristo nos perdoou, lembrando que “todos pecaram, não há um só
justo” (Romanos 3.23). Assim, como seu cônjuge tem várias coisas que
podem desagradar, também pode haver em você coisas que o desagrada.

Efésios 6.12 diz que nossa luta não é contra pessoas, e que há um
inimigo dos casamentos. A Bíblia compara Satanás a um “ladrão
que veio para matar, roubar e destruir” (aí deve estar incluso matar
amor, respeito e destruir família), mas Cristo afirma que veio “para
que as ovelhas tenham vida, a vida completa”. (Veja João 10.10.)

É importante, ainda, tocar numa questão que está muito presente em


nosso cotidiano, inclusive em lares de pessoas que se dizem cristãs. Existem
circunstâncias extremas e complicadas que envolvem os relacionamentos
abusivos. Esse tipo de conduta é contrário à lei e não é aceito em nossa
comunidade de fé. Relacionamentos abusivos, contrários à lei, devem ser
tratados, acompanhados e denunciados. Toda pessoa que estiver passando
por situações que considera indignas, humilhantes e agressivas, precisa
buscar ajuda.

“E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois
numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem.” Mateus 19.5-6
131
1Aula
aiD 1 Família

Para saber mais: Há diferença entre união estável e casamento?

A união estável é marcada pela informalidade. Embora possa ser


documentada, a lei não exige a sua formalização. O casamento, em
contrapartida, depende de algumas formalidades: processo de habilitação,
publicação dos proclamas, necessidade de testemunhas, celebração e
assinatura do assento no livro de registro.

Apesar de a união estável ser reconhecida pela legislação brasileira, até como
uma maneira de proteger os direitos dos companheiros, ela e o casamento,
juridicamente falando, são coisas diferentes, tanto que a nossa Constituição
estabelece que a lei deve “facilitar sua conversão em casamento”.

Gabriel Bittencourt (advogado)

“E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois
numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem.” Mateus 19.5-6
132
FamíliaDia 1Aula 1

Para refletir

Como está seu casamento hoje?

Como você tem enfrentado as dificuldades no seu casamento?

Não importa a circunstância, essa relação é preciosa para Deus. Não olhe
para o tamanho do seu problema, mas olhe para o tamanho do seu Deus.
Deus pode fazer novas todas as coisas.

“E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois
numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem.” Mateus 19.5-6
133
1Aula
aiD 2 Família

Autoridade e submissão

O modelo bíblico para o bom funcionamento Base bíblica:


do casamento é o relacionamento de Cristo 1 Co 11.3; Ef 5. 22-29;
com a igreja. Deus criou o ser humano para 1 Tm 3.2-5; Tito 1.7-9;
relacionar-se com Ele e, de maneira especial, 2.6-8; 1 Pe 3.1-2, Pv 31.
criou o relacionamento entre homem e
mulher. Assim, criou Eva para ser uma auxiliadora idônea para Adão. A
palavra original “Ezer”, para auxiliadora, foi usada poucas vezes na Bíblia
para contextualizar o auxílio, ou socorro, do próprio Deus. Portanto, a
mulher é um auxílio importante para o homem.

Cada um possui um papel no casamento, ambos valorosos para Deus,


mas com funções diferentes. Biblicamente pode-se afirmar que o
marido recebeu a responsabilidade de ser o cabeça do lar45. A liderança
do marido deve seguir sempre o modelo de Cristo, que deu a própria
vida em amor: uma liderança sacrificial e serva, que deve ser exercida de
maneira sábia, tratando a esposa com honra, de forma abençoadora e não
dominadora. Segundo John Stott, essa liderança do marido refere-se, na
prática, a cuidado e não a controle, evidenciando mais a responsabilidade
que autoridade. “Também você, marido, na vida em comum com a esposa,
reconheça que a mulher é o sexo mais fraco e que por isso deve ser tratada com
respeito.” (1 Pedro 3.7.)

O marido é a autoridade debaixo da autoridade de Cristo. “Ora, o marido


deve amar como Cristo amou a Igreja, dando sua vida por ela e também amar
como ama seu próprio corpo.” (Efésios 5.25.), E o versículo 28 afirma que uma
das responsabilidades do marido é proteger sua esposa. Proteger envolve

“Mas quero que entendam que Cristo tem autoridade sobre todo marido, que o marido
tem autoridade sobre a esposa e que Deus tem autoridade sobre Cristo.”
1 Coríntios 11.3
134
FamíliaDia 1Aula 2

respeitar, cuidar e, inclusive, prover. Assim, vemos que o homem é o


principal responsável pela provisão financeira do lar (Provérbios 24.27).
Por natureza, os homens são mais bem preparados para servir, lutar e
morrer se for necessário; essa mesma motivação se transfere para o lar e
para a família, como protetor.46

Em 1 Timóteo 3.2-5 e Tito 1.7-9; 2.6-8, são descritas características do


homem irrepreensível: marido de uma só mulher, moderado, sensato,
respeitável, hospitaleiro, não orgulhoso, não violento ou briguento, não
apegado ao vinho, nem ávido pelo lucro desonesto, amigo do bem, amável,
pacífico, sensato, justo, consagrado, com domínio próprio e apegado à
mensagem; deve governar bem a sua família, tendo os filhos sujeitos a ele,
com toda a dignidade. “Marido, ame sua esposa e não seja grosseiro com ela.”
(Colossenses 3.19.)

Como sacerdote do lar, é responsável pela liderança espiritual da família,


expressando com sua conduta o caráter de Cristo, cuidando e amparando
sua família como quem cuida de si mesmo e participando ativamente da
educação de seus filhos, inclusive da educação espiritual. 1 Pedro 3.7 diz:
“Aja assim para que nada atrapalhe as orações de vocês”. Sua responsabilidade
é tamanha que até suas orações podem ser interrompidas. Como tem sido
sua conduta de buscar o modelo de autoridade de Cristo?

A esposa recebeu a responsabilidade de ser uma auxiliadora idônea que


respeita a liderança de seu marido em obediência a Deus. Por amor e
obediência a Cristo, a mulher deve submeter-se à liderança e autoridade
do marido e em tudo obedecer a ele (conforme Efésios 5.24). “Esposa,
obedeça ao seu marido, como você obedece ao Senhor. Pois o marido tem
autoridade sobre a esposa, assim como Cristo tem autoridade sobre a Igreja. E
o próprio Cristo é o Salvador da Igreja, que é o seu corpo. Portanto, assim como
a Igreja é obediente a Cristo, assim também a esposa deve obedecer em tudo ao
seu marido.” (Efésios 5.22-24.)

“Mas quero que entendam que Cristo tem autoridade sobre todo marido, que o marido
tem autoridade sobre a esposa e que Deus tem autoridade sobre Cristo.”
1 Coríntios 11.3
135
1Aula
aiD 2 Família

Estar submissa ao marido é uma resposta a Deus, portanto, sua submissão


ao homem não é condicionada ao comportamento dele. Ainda que o
marido falhe, a postura da esposa deve permanecer como auxiliadora, não
acusadora. A Palavra de Deus confere mutualidade e respeito, portanto
também o marido deve manter-se respeitoso e íntegro em todas as
situações. “Assim também você, esposa, deve obedecer ao seu marido a fim
de que, se ele não crê na mensagem de Deus, seja levado a crer pelo modo de
você agir. Não será preciso dizer nada porque ele verá como a conduta de você
é honesta e respeitosa.” (1 Pedro 3.1-2.) Quando a mulher se sujeita ao seu
marido, ela está confiando que o próprio Deus suprirá sua necessidade
e guiará as decisões de seu marido. Você tem confiado em Deus ou tem
criticado seu marido, na tentativa de ajudá-lo?

De forma complementar, a esposa auxilia seu esposo na administração do


lar, é corresponsável por ensinar os filhos no caminho do Senhor e parceira
na provisão de sua família. Em 1 Timóteo, 1 Pedro e em Tito, encontramos
características que agradam a Deus: conduzir-se honesta e respeitosamente,
atitudes dignas, não caluniadoras, mas sóbrias e confiáveis, em tudo com
espírito dócil e tranquilo, prudente, pura, bondosa, no temor do Senhor,
e que, com sabedoria, edifica sua casa (Provérbios 14.1).

Em Provérbios 31, há um modelo de inspiração para mulheres: ela é


temente ao Senhor, fala com sabedoria e delicadeza, seu marido confia
nela, ela só lhe faz o bem e nunca o mal. Trabalhadora, sempre ocupada, ela
nunca tem preguiça e está sempre cuidando da sua família. Não tem medo
do futuro, administra suas finanças, trabalha com dedicação e prazer. Seus
filhos a respeitam e falam bem dela, e o seu marido a elogia. Você enxerga
na sua vida as características da mulher de Provérbios? A Bíblia instrui as
mulheres a serem mais preocupadas com seu comportamento do que com
sua beleza (Provérbios 31.30; 1 Pedro 3.4).

“Mas quero que entendam que Cristo tem autoridade sobre todo marido, que o marido
tem autoridade sobre a esposa e que Deus tem autoridade sobre Cristo.”
1 Coríntios 11.3
136
FamíliaDia 1Aula 2

“Se uma família se divide, e as pessoas que fazem parte dela começam a lu-
tar entre si, ela será destruída.” (Marcos 3.25.) Dessa forma, ao marido é
dada a tarefa de prestar contas de sua família perante Deus; e à mulher, a
responsabilidade de auxiliá-lo de forma idônea para que juntos e de for-
ma interdependente cumpram a vontade de Deus para o seu lar. “Jesus
continuou: — Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos.”
(João 14.15.)

“Mas quero que entendam que Cristo tem autoridade sobre todo marido, que o marido
tem autoridade sobre a esposa e que Deus tem autoridade sobre Cristo.”
1 Coríntios 11.3
137
1Aula
aiD 2 Família

Para refletir
Marido: no dia a dia, você tem exercido sua autoridade como cabeça
e sacerdote do lar, sendo imitador de Cristo, independentemente das
atitudes de sua esposa e filhos?

Esposa: você tem obedecido ao Senhor, respeitando e obedecendo


em tudo ao seu marido, mesmo quando a decisão dele difere da sua?

Respeitar os mandamentos e os papéis conferidos a cada um, assim


como respeitar a hierarquia estabelecida por Deus, faz um casamento ser
saudável.

“Mas quero que entendam que Cristo tem autoridade sobre todo marido, que o marido
tem autoridade sobre a esposa e que Deus tem autoridade sobre Cristo.”
1 Coríntios 11.3
138
Dia: FamíliaDia 1Aula 3

Amor e respeito na família

Eclesiastes 9.9 diz: “aproveite a vida com a


Base bíblica:
mulher que você ama”. Para um casamento
Efésios 5.33; 1Co 13.1-3;
ser um pedacinho do céu na terra, devemos 1 Pedro 2.17; 1 Co 7.3
nos lembrar de colocar Cristo no centro e
estar atento aos Seus mandamentos. Uma
das áreas que pode afetar diretamente os casamentos é a relação entre
o amor e o respeito, descritos em Efésios 5.33, que, em outras palavras,
afirma que os homens necessitam de respeito na mesma proporção que as
mulheres precisam de amor; ambos incondicionalmente.

Você provavelmente já viu alguma cena em que a mulher pergunta ao


homem se ele a ama, mas não é comum o contrário, pois a mulher precisa
da reafirmação do amor do seu marido. Porém, em filmes de guerra,
vemos como os homens prezam pelo respeito à autoridade e dão a vida
por seus companheiros de guerra; há uma questão de respeito e honra.

As necessidades do homem e da mulher são diferentes, assim como seus


papéis, e Deus conhece a necessidade de cada um. Portanto, a necessidade
do homem é ser respeitado como cabeça e a da mulher é ser valorizada,
estimada e honrada. Por isso, não é o mesmo mandamento para ambos.
“Num relacionamento pessoal precisamos chegar muito mais ao coração
do que à razão.”47

Há um caminho para o coração de cada homem, mulher e cada criança. É


preciso aprender esse caminho, no caso das pessoas que são significativas
na nossa vida. Às vezes fica difícil porque as pessoas são diferentes, têm

“(...) cada marido deve amar a sua esposa como ama a si mesmo, e cada esposa deve
respeitar o seu marido.”
Efésios 5.33
139
1Aula
aiD 3 Família

temperamentos diferentes e maneiras distintas de enxergar o mundo.


Mesmo assim não podemos desistir.48

Pessoas padecem por desnutrição afetiva, ou seja, quando não se sentem


amadas, por isso é tão importante aprender o caminho correto para o
coração do seu cônjuge. Dessa maneira, pode-se entender que, para
chegar ao coração do homem, é necessário respeitar sua liderança e
encorajá-lo em todas as áreas de sua vida, e para chegar ao coração da
mulher, é preciso demonstrar amor em todas as linguagens de amor
existentes. No relacionamento entre pais e filhos, esse conceito também
se aplica ao perceber que pais necessitam principalmente de respeito e
filhos de demonstrações de amor. Muitas famílias hoje estão doentes, com
dificuldades de comunicação e sofrendo desnutrição afetiva, às vezes, por
autodefesa, medo de machucar-se.

A Palavra de Deus é clara ao dizer que: “Tratem a todos com o devido


respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei” (1 Pedro 2.17); e
continua: “Mas, se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é
louvável diante de Deus. Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo
sofreu no lugar de vocês, deixando exemplo, para que sigam os seus passos” (1
Pedro 2.20-21). Assim, independentemente da atitude de seu cônjuge,
ou seja, merecedor ou não de amor ou respeito, sua reação sempre deve
ser coerente com a palavra de amor e respeito, pois estas é uma ordenança
para ambos.

Somos chamados para amar, a exemplo de Cristo. A Palavra de Deus diz:


“O cristão deve submeter-se ao Senhor, zelando por seu relacionamento com
Deus, vivendo de acordo com as características de um seguidor de Cristo”;
“Alcançando o cônjuge com sua conduta.” (1 Coríntios 7.8-16; 1 Pedro 3.1).
Existe um conhecido provérbio chinês que diz: “me ame quando eu menos
merecer, pois é quando eu mais preciso”. Ser imitador de Jesus não é fácil,

“(...) cada marido deve amar a sua esposa como ama a si mesmo, e cada esposa deve
respeitar o seu marido.”
Efésios 5.33
140
FamíliaDia 1Aula 3

pois ele mesmo não cometeu pecado algum e mesmo assim foi insultado,
mas não respondeu com insultos, antes colocou sua esperança em Deus,
o juiz. 1 Pedro 2.20-21 afirma: “se vocês sofrem por terem feito o bem e
suportam esse sofrimento com paciência, Deus os abençoará por causa
disso, pois foi para isso que ele os chamou”.

Outra questão importante sobre o amor e o respeito no casamento é a


sexualidade. Na intimidade do casal esse princípio de amor e respeito
também deve ser aplicado. As necessidades emocionais e fisiológicas são
diferentes e ambos devem estar satisfeitos dentro do casamento, porém
nunca se deve usar o sexo como barganha ou por egoísmo. Este deve ser
um momento de troca, de intimidade e de alegria para ambos: “Uma
esposa precisa de abertura emocional por meio de conversa e se sentir
amada. O marido, por sua vez, tem necessidade de abertura física por meio
da intimidade sexual. A recusa da esposa pode ser interpretada como falta
de respeito à sua necessidade.”49 1 Coríntios 7.5 diz para “não se recusarem
a não ser por mútuo consentimento e depois unam-se para que Satanás não os
tente”. Acerca dessa área também é importante que o casal converse sobre
o que pode ser melhorado.

O amor, o respeito e o diálogo devem existir sempre no casamento,


permeados por bons pensamentos e pelo perdão; o marido exerce uma
liderança serva e sacrificial, que escuta a sua esposa, e esta respeita a
liderança de seu marido sendo sua auxiliadora, mesmo quando a decisão
dele não a agrada, sabendo que Deus tem planos de fazer o bem e não o
mal para sua vida (Jeremias 29.11).

“(...) cada marido deve amar a sua esposa como ama a si mesmo, e cada esposa deve
respeitar o seu marido.”
Efésios 5.33
141
1Aula
aiD 3 Família

Para refletir
Como você, marido, pode demonstrar mais amor prático por sua
esposa hoje; e como você, esposa, pode mostrar seu respeito pelo seu
marido hoje?

Você já expôs ao seu cônjuge sua necessidade mais profunda?

As famílias estão carentes de amor, respeito e diálogos, e os consertos


necessários só podem ser feitos mediante o agir do Espírito Santo,
arrancando a amargura de cada membro.50

“(...) cada marido deve amar a sua esposa como ama a si mesmo, e cada esposa deve
respeitar o seu marido.”
Efésios 5.33
142
Dia: FamíliaDia 1Aula 4

Os filhos e a honra aos pais

“Os filhos são um presente do Senhor; eles são Base bíblica:


uma verdadeira bênção...” (Salmos 127.3-5.) Ef 6.4,1; Dt 6.2-9,
Gênesis 1.28 começa dizendo que Deus os Sl127.3-5, Gn 1.28; Ef 6.
abençoou ao dizer “tenham muitos filhos”. 1-2; Cl 3. 20-21
As palavras usadas na Bíblia para os filhos
são: heranças, presentes, benção. É um privilégio e uma honra ter filhos.
Percebe-se, hoje, uma inversão de valores, segundo a qual o casamento
está no fim da lista de desejos e realizações; ter filhos, então, às vezes nem
está na lista. Quando os filhos passaram a ser um fardo pesado demais
para carregar?

É um privilégio e uma chance única estar ao lado dos próprios filhos, pelo
curto período de tempo que eles permanecem em casa, enquanto jovens.
O tempo é precioso. Como obter qualidade de tempo sem quantidade? A
Palavra de Deus diz para renovarmos nossa mente a fim de experimentar
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12.2). E a vontade
de Deus é encontrar lares nos quais o fruto do Espírito seja manifesto,
conforme Gálatas 5.23, onde os pais desenvolvem um relacionamento
íntimo com Deus.

Muitas famílias hoje vivem um caos, mas Deus pode transformar esse
caos em bênção. Filhos exigem dedicação, tempo e altruísmo, por
isso criar filhos certamente não é tarefa fácil numa cultura que preza
a felicidade e o prazer, que esquece de amar como Jesus amou, serviu
e se doou sem esperar recompensas. Filhos são espelhos dos pais e
refletem o que muitas vezes eles não gostariam de enxergar, porém

“Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe, pois isso é certo.(...)
Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo
contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos.”
Efésios 6.1,4 143
1Aula
aiD 4 Família

certamente serão impactados por meio da experiência dos pais com Deus.

A Palavra de Deus, porém, exorta: “Portanto, prestem atenção na sua


maneira de viver. Não vivam como os ignorantes, mas como os sábios.
Os dias em que vivemos são maus; por isso aproveitem bem todas as
oportunidades que vocês têm. Não ajam como pessoas sem juízo, mas
procurem entender o que o Senhor quer que vocês façam” (Efésios 5.15-
17). A família nunca deve ser deixada em segundo plano, em prol de
um ministério ou trabalho, pois, como Paulo afirmou a Timóteo, não
é possível cuidar da casa de Deus se não governa bem a própria família.
Você está em atividades que o afastam de sua missão como cônjuge ou pai/
mãe? Que tal incluir sua família nas atividades ministeriais ou incentivá-
-los a servir e, assim, começarem a ter as próprias experiências com Deus?

A Bíblia ensina que devemos ter filhos obedientes e respeitosos51. Pais


precisam de santidade e sabedoria para ter filhos obedientes, pois ninguém
dá aquilo que não tem. É necessário analisar como você está disciplinando
seus filhos. É preciso ensinar, orientar, ajudar, construir valores, sem
sufocar ou gerar amargura no coração. É importante educar construindo
pontes no coração do seu filho. É preciso que exista discernimento divino
para chegar ao coração.52 “Ao servo do Senhor não convém brigar, mas,
sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente” (2 Timóteo
2.24).

Por outro lado, o amor sem regras produz pessoas egoístas, autoritárias,
exigentes e desregradas. É comum que pais e mães que têm pouco
tempo de qualidade com os filhos tentem compensar a ausência sendo
permissivos.53 Deve haver o equilíbrio entre autoridade e amor, tendo
paciência, determinação e fé. O amor lança fora todo medo, promove
comunhão, inspira respeito e gera autoridade, sem autoritarismo, como
diz 1 Pedro 5.2-3: “pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus
cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como

“Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe, pois isso é certo.(...)
Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo
contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos.”
144 Efésios 6.1,4
FamíliaDia 1Aula 4

Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir.
Não ajam como dominadores dos que foram confiados a vocês, mas
como exemplos para o rebanho”. Seja o modelo para seus filhos, tenha
experiências com Deus para compartilhar. Inclua seus filhos em algumas
decisões importantes que precisam da resposta do Senhor e permita que
eles também possam ser instrumento de Deus na vida familiar. Mesmo os
pequenos podem surpreendê-los sendo sensíveis ao Espírito Santo.

“Se a casa não estiver construída sobre os valores e princípios da


Palavra de Deus, haverá sofrimento.”54 Certamente você já ouviu a frase
atribuída a Benjamin Franklin: “Se você está falhando em planejar, está
planejando falhar”. Baucham afirma que há muitos objetivos honrados
para este mundo, mas poucos deles chegam ao nível da honra de treinar
nossos filhos para seguirem o Senhor e guardarem seus mandamentos.55
Contudo, o que se percebe hoje são filhos abandonando a fé. Você tem
sido intencional em passar seus valores cristãos e experiências pessoais de
fé?

Os cristãos têm a missão de ensinar a Palavra de Deus de geração em


geração, como diz Deuteronômio 6.4-9: “Guardem sempre no coração
as leis que eu lhes estou dando hoje e não deixem de ensiná-las aos seus
filhos. Repitam essas leis em casa e fora de casa, quando se deitarem e
quando se levantarem. Amarrem essas leis nos braços e na testa, para não
as esquecerem; e as escrevam nos batentes das portas das suas casas e nos
seus portões”. Portanto, é dever do pai e da mãe ensinar seus filhos no
caminho do Senhor, em todas as situações do dia a dia, através de histórias
da Bíblia, memorização de versículos, biografias de heróis da fé e por que
não suas próprias respostas de oração?!

“Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe, pois isso é certo.(...)
Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo
contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos.”
Efésios 6.1,4 145
1Aula
aiD 4 Família

O lar é o primeiro ambiente de aprendizado dos filhos, e os pais são seus


primeiros discipuladores; seus valores estão sendo passados desde o dia
do nascimento deles. A Palavra de Deus deve ser ensinada a eles desde
crianças:“Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são
capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda
a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para
a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto
e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.15-17).

Filhos, e isto serve para os pais que também são filhos, vocês devem honrar
e respeitar seus pais, independentemente do comportamento deles, pois
é isso que agrada ao Senhor. É uma atitude de obediência e amor a Deus
em primeiro lugar. Também os pais são filhos de Deus, e é importante que
os filhos vejam e saibam que seus pais também se submetem à autoridade
do Pai celeste por amor.

“Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe, pois isso é certo.(...)
Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo
contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos.”
146 Efésios 6.1,4
FamíliaDia 1Aula 4

Para refletir

Sua postura como filho tem sido de amor, respeito e honra aos seus
pais terrenos e ao seu Pai celeste?

Quais valores você tem ensinado através de seus hábitos?

Talvez sejam valores nobres de trabalho e estudo, porém serão inúteis


se não houver relacionamento com Deus, dando prioridade em buscá-
-lo e conhecer sua vontade: “Por isso desprezei a vida, pois o trabalho
que se faz debaixo do sol pareceu-me muito pesado. Tudo era inútil, era
correr atrás do vento” (Eclesiastes 2.17). Peça que o Espírito Santo lhe
revele como demonstrar mais amor a cada um deles e que Ele conserte
o que, porventura, estiver errado.

Sabedoria é ter controle das nossas emoções e morte para nossa vontade.
Pais servos são respeitados e honrados por amor. “Ele dá sabedoria com
bondade a todos.” (Tiago 1.5.)

“Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe, pois isso é certo.(...)
Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo
contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos.”
Efésios 6.1,4 147
1Aula
aiD 5 Família Dia:

Solteiros e viúvos

A Bíblia é o manual do cristão e por meio Base bíblica:


de sua leitura pode-se entender a boa, Isaías 54.5; 1 Timóteo 3.11;
perfeita e agradável vontade de Deus em 1 Pedro 3.4; Tito 2.3-5
todas as áreas da vida. Em primeiro lugar,
cabe ressaltar que a maneira de viver de
todo cristão, independentemente de seu relacionamento pessoal, deve ser
de acordo com as características de um seguidor de Cristo.

Aos solteiros cabe submeter-se ao Senhor, zelando por seu relacionamento


com Deus. O apóstolo Paulo dá sua opinião pessoal em 1 Coríntios 7,
afirmando que o casamento traz preocupações e interesses pelas coisas
deste mundo a fim de agradar ao cônjuge. E que os “solteiros e viúvas
deveriam ficar sem casar” (v. 8), e completa que “o solteiro se interessa pelas
coisas do Senhor porque quer agradá-lo” (v. 32). Ele repete o conselho às
mulheres solteiras e viúvas: “estão interessadas nas coisas do Senhor porque
querem se dedicar de corpo e alma a ele” (v. 34). Paulo ainda afirma que se
não há condições de dominar o desejo sexual, é melhor que se casem (v. 9)
e orienta que devem se casar com um cristão (v. 39).

Em Provérbios 24.27, o conselho dado é que o solteiro deve assumir a


responsabilidade por sua provisão, antes de se casar: “Não construa a sua
casa, nem forme o seu lar até que as suas plantações estejam prontas e você
esteja certo de que pode ganhar a vida”.

“Pois o seu Criador, o Senhor Todo-Poderoso, será seu marido.”


Isaías 54.5

148
FamíliaDia 1Aula 5

Para todos que não estão casados e possuem filhos, além de dedicar-
se ao Senhor e possuir um caráter íntegro, acrescenta-se assumir a
responsabilidade pela provisão de sua família e pelo ensino e instrução dos
seus filhos no caminho do Senhor.

No caso das viúvas, o conselho em Tito 2 e 1 Timóteo 5 é que elas


ponham sua esperança em Deus e que não se entreguem ao prazer, sendo
responsabilidade de sua própria família cuidar delas e não as abandonar. Já
no caso das viúvas mais novas, Paulo diz: “Por isso, eu quero que as viúvas
mais novas casem, tenham filhos e cuidem da sua casa, para que os nossos
inimigos não tenham motivos para falar mal de nós” (1 Timóteo 5.14).

Aproveitando o conselho de Paulo, é importante que as pessoas solteiras,


viúvas, com filhos ou não, dediquem-se ao seu relacionamento com o
Senhor. Há quem tenha o direcionamento de Deus para se manter solteiro,
assim como Paulo, mas muitos esperam formar família. Não é fácil esse
tempo de espera, porém a espera no Senhor traz o amadurecimento
necessário para o cumprimento da promessa e do propósito dEle para sua
vida:“sejam como os que creem e têm paciência, para que assim recebam o que
Deus prometeu” (Hebreus 6.12).

Você pode ter passado ou ainda estar passando por muitas lutas em
função do seu status de relacionamento pessoal, mas Deus é um Deus
de recomeços, de novas chances para corações arrependidos e dispostos a
segui-lo. Lembre-se da história de Jó. Por isso, seja encorajado a esperar
pacientemente no Senhor. Salmos 40.1 diz:“Esperei com paciência pela
ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro”.
Deus usa esse tempo de espera para restaurar e amadurecer a fé e o
relacionamento com Ele. Deus, em sua sabedoria, fez muitos personagens
de fé como Abraão, Davi e José esperarem por anos até o cumprimento
de sua promessa.

“Pois o seu Criador, o Senhor Todo-Poderoso, será seu marido.”


Isaías 54.5

149
1Aula
aiD 5 Família

“Meus irmãos, sintam-se felizes quando passarem por todo tipo de aflições.
Pois vocês sabem que, quando a sua fé vence essas provações, ela produz
perseverança. Que essa perseverança seja perfeita a fim de que vocês sejam
maduros e corretos, não falhando em nada! Mas, se alguém tem falta de
sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque é generoso e dá com bondade
a todos. Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum, pois quem
duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro.
Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois não tem
firmeza e nunca sabe o que deve fazer.” (Tiago 1.2-8.)

Mas existe uma boa notícia: é possível restaurar essa sexualidade que se
encontra adoecida. O processo de restauração se inicia quando admiti-
mos que não temos controle sobre nossa sexualidade e que precisamos
de ajuda. Faz parte desse processo de restauração, decidir abandonar
tudo o que foi construído fora da vontade de Deus e nos posicionar em
direção aos Seus valores e propósitos para nossa vida.

“Pois o seu Criador, o Senhor Todo-Poderoso, será seu marido.”


Isaías 54.5

150
FamíliaDia 1Aula 5

Para refletir

Existe alguma área da sua vida que precisa ser restaurada hoje por
Deus?

De que maneira você pode se aproximar ainda mais do Senhor hoje?

“Em todas essas situações temos a vitória completa por meio daquele
que nos amou. Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do
amor de Deus[...]. Em todo o Universo não há nada que possa nos separar
do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.”
(Romanos 8.37-39.)

“Pois o seu Criador, o Senhor Todo-Poderoso, será seu marido.”


Isaías 54.5

151
Semana 7
A igreja e seu impacto na
sociedade

“Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores,
batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-
-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com
vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” Mateus 28.19-20
Dia: A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 1

Origem da igreja

Neste capítulo, vamos mergulhar na história


Base bíblica:
da igreja, conhecer um pouco sobre homens
Mateus 28.19-20
e mulheres escolhidos por Deus em seu
tempo para que o evangelho chegasse até
nós. Esses servos de Deus, com sua cosmovisão cristã, deixaram marcas
de transformação por onde passaram. Vamos refletir também sobre como
nós, igreja de Cristo, podemos ser instrumentos de transformação em
nossa sociedade.

Conhecer a história propicia refletir sobre erros e acertos e, assim, avaliar e


repensar nossas ações enquanto seguidores de Cristo. A história da igreja é
extensa e, portanto, foi necessário selecionar alguns marcos dessa trajetória
para este estudo. Incentivamos você a aprofundar seu conhecimento neste
tema.56

Como já vimos nos capítulos anteriores, a Bíblia deve ser o guia prático
do cristão. Assim, nosso entendimento do papel da igreja na sociedade
não pode ter outro ponto de partida a não ser a compreensão do que as
Escrituras ensinam a respeito da igreja.

Como tudo começou?

Desde o início da Bíblia, vemos a iniciativa de Deus em cuidar de sua


criação e comunicar-se com ela. Logo no terceiro capítulo de Gênesis,
vemos também a escolha do homem em rebelar-se contra a orientação
de seu Criador. Ali Deus apresenta ao homem e à mulher qual seria a

“Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores,
batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-
-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com
vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” Mateus 28.19-20 155
1Aula
aiD 1 A igreja e o seu impacto na sociedade

consequência de sua escolha em desobedecer, em pecar. Deus poderia ter


decidido exterminar sua criação, porém, havia um plano de redenção:
Ele enviaria um Messias, um Salvador. Como parte desse plano, Deus faz
um chamado especial a Abraão e diz que de seus descendentes formaria
uma grande nação e que, por meio de seus descendentes, toda a Terra
seria abençoada (Gênesis 12.2-2). Deus deixa clara sua intenção de ter
comunhão com o homem (Gênesis 17.1). Assim, a partir dos descendentes
de Abraão formou-se o povo de Israel , povo escolhido de Deus. Ao longo
do Antigo Testamento, é narrada a história da ação de Deus no meio desse
povo.

Muitos profetas foram enviados por Deus para revelar Sua vontade a um
povo que, apesar de ter experimentado maravilhas e milagres, por muitas
vezes escolheu afastar-se, inclusive adorando outros deuses. Ao longo do
Antigo Testamento, encontra-se também o amor de Deus e Seu desejo
de comunhão com todas as nações. Ele mesmo afirmou, em Isaías 56.7b:
“pois minha casa será chamada ‘Casa de Oração’ para todos os povos”. O
povo de Israel aguardava o Messias, porém não esperava que Ele nascesse
humildemente, em uma estrebaria, na cidade de Belém. Deus enviou
Jesus. Assim começa o Novo Testamento. Seu impacto foi tão grande que
a história da humanidade é organizada em antes de Cristo e depois de
Cristo.

Jesus surpreendeu a todos com Seus ensinamentos: ensinava com


autoridade e amor. Ele explicou que Sua morte era necessária para a
redenção da humanidade. Após sua ressurreição, Jesus deixa aos Seus
seguidores a grande comissão, registrada em Mateus 28.19-20, que se
encontra em destaque no início deste capítulo.

Por meio de Jesus, todos poderiam ter acesso ao Pai. Com a Sua vinda,
fazer parte do povo de Deus, não significava ser um descendente físico

“Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores,
batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-
-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com
156 vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” Mateus 28.19-20
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 1

de Abrãao, mas, sim, ser um discípulo de Cristo. Esses novos discípulos


reuniam-se em casas para adorar a Deus e compartilhar a vida
encorajando-se e fortalecendo-se na Palavra. Então, para se referir ao
grupo de seguidores de Cristo, é utilizado na Bíblia o termo ekklesia, que
em português é traduzido como igreja. Ao longo do Novo Testamento,
essa palavra aparece 87 vezes, associada ao grupo de cristãos reunidos
para o estudo da Palavra, oração, testemunho da obra de Deus, suporte
financeiro e espiritual para a obra missionária.

A Bíblia nos ensina que a igreja possui um chamado à santidade, a usar


os dons para mútua edificação e expor a multiforme sabedoria de Deus.
A igreja deve estar pronta para dar e receber. Ela é chamada de a noiva
de Cristo, sendo a coluna e baluarte da verdade (1 Timóteo 3.15). Em
Efésios 2, o apóstolo Paulo afirma que, como criação de Deus, fomos
criados para fazer boas obras. Somos concidadãos membros da família de
Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas tendo Jesus
Cristo como pedra angular no qual todo o edifício cresce para tornar-
se um santuário santo no Senhor, edificados juntos para tornarem-se a
morada de Deus por Seu Espírito. Deus escolheu não morar em templos
feitos por mãos humanas (Atos 17.24), mas, sim, habitar no cristão (1
Coríntios 6.19). Todos os cristãos, juntos, formam a igreja. Por isso, é
impossível dissociar o cristão da igreja. O cristianismo não é apenas um
conjunto de valores para ser vivido individualmente, mas, sim, é o viver
por e com uma missão: expandir o Reino de Deus.

Algumas marcas devem acompanhar esse edifício vivo que é a igreja: o zelo,
o fervor, a ajuda mútua, a hospitalidade (...) sobretudo o amor, que deve
ser a marca do discípulo de Cristo. Somos chamados de cooperadores de
Deus (1 Coríntios 3.9), de corpo de Cristo (Romanos 12.4-5). Em Efésios
4.11 e 12, somos ensinados que Deus deu dons diversos para a igreja.

“Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores,
batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-
-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com
vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” Mateus 28.19-20 157
1Aula
aiD 1 A igreja e o seu impacto na sociedade

“Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de
construir o corpo de Cristo.” (Efésios 4.12.) A principal missão da igreja
é buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, anunciando o evangelho
e fazendo discípulos, ensinando a Palavra de Deus. Essa é a definição de
igreja de Cristo segundo a Palavra de Deus.

Embora tenhamos com o alvo a perfeição, a igreja não será perfeita até
a volta de Cristo, pois seus membros são pecadores, em processo de
santificação, e, como seres humanos, erram. Em seu ministério, Jesus,
ao ser questionado por que comia e bebia com os pecadores, respondeu
que são os doentes que precisam de médico (Lucas 5.27-32). Assim, a
mensagem de Jesus é para os pecadores. Porém, todo cristão deve ter seus
olhos fixos no alvo que é Cristo, lembrando que pela sua graça somos
salvos, não pelas obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8-9).

Vale lembrar que em Jesus não há diferença de valor entre homens e


mulheres, raças, ricos ou pobres. (Gálatas 3.28). Somos um povo só: a
família de Deus.

Assim, em conformidade com o ensino bíblico, nosso propósito como


Primeira Igreja Batista de Curitiba é levar pessoas a um relacionamento
intenso com Deus, amar e servir ao próximo, e fazer Jesus conhecido de todos
os povos, no poder do Espírito Santo.

“Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores,
batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-
-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com
158 vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” Mateus 28.19-20
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 1

Para refletir
Deus lhe deu dons e habilidades para construir o Corpo de Cristo. A
Bíblia deixa claro que assim como no corpo cada parte é importante
e necessária para o seu bom funcionamento, o mesmo acontece na
igreja. Qual é sua parte no corpo?

Você já está engajado na igreja e ativo no cumprimento da grande


comissão?

Conhecer a história nos propicia refletir sobre erros e acertos e, assim,


avaliar e repensar nossas ações enquanto seguidores de Cristo.

“Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores,
batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-
-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com
vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” Mateus 28.19-20 159
1Aula
aiD 2 A igreja e o seu impacto na sociedade Dia:

A igreja primitiva

O que a Bíblia fala sobre a igreja primitiva?


Base bíblica:
Atos 2.43-47 e 4.32-34
Após a ascensão de Jesus ao céu, a promessa
de que o Consolador viria se cumpriu.
Marcada pelo Pentecostes, a vinda do Espírito Santo impulsionou a
pregação da Palavra e muitos se converteram. Os seguidores de Cristo
eram pessoas simples, artesãos, comerciantes. Homens e mulheres que
atenderam ao chamado de Cristo e passaram a ser uma comunidade de
fé. Unidos, repartiam tudo o que tinham, reuniam-se no pátio do templo
e compartilhavam refeições. “Louvavam a Deus por tudo e eram estimados
por todos.” (Atos 2.47.)

Esse primeiro grupo de cristãos enfrentou grandes desafios. Os judeus


visavam eliminar os cristãos, pois os consideravam uma seita que precisava
ser destruída. Estêvão (Atos 7.54-60) e Tiago (Atos 12.2) foram mortos
por terem se mantido fiéis a Jesus, tornando-se uns dos primeiros mártires
da igreja. A perseguição não abalou a fé dos seguidores de Cristo e, assim,
eles se espalhavam e cresciam em número. Nesse período de perseguições,
aconteceu a conversão de um inimigo voraz da igreja. Paulo, que possuía
um documento autorizando a prisão de cristãos, teve uma experiência
transformadora com Jesus. Tornou-se um missionário e escreveu várias
cartas às igrejas, que, no futuro, fariam parte do Novo Testamento.

O que houve nos primeiros séculos?

Durante algum tempo, os cristãos enfrentaram apenas a perseguição dos


judeus. Porém, Nero, que reinou de 54 a 68 d.C., foi o primeiro imperador

“Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que
tinham.”
Atos 2.44
160
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 2

romano a proclamar-se inimigo do culto a Deus58. Foi sob seu governo


que o apóstolo Paulo foi decapitado, e Pedro, segundo a tradição, foi
morto crucificado de cabeça para baixo, pois não se considerava digno de
morrer como Jesus. Sob o domínio de Nero, muitos cristãos foram mortos
de forma cruel, mas, mesmo com toda a perseguição em Roma, a igreja
crescia e continuava pregando o evangelho. Em 81 d.C., o imperador
Domiciano perseguiu intensamente os cristãos59. Segundo a tradição, foi
durante seu reinado que João foi condenado ao exílio, na ilha de Patmos,
onde escreveu o Apocalipse. A maior perseguição contra a igreja ainda
estaria por vir. Décio (reinou entre 249-251) e Diocleciano (reinou entre
284 a 305), foram imperadores que expandiram a perseguição, que antes
restringia-se à cidade de Roma, determinando que todos os habitantes
do Império Romano adorassem os deuses romanos. O imperador
Diocleciano determinou que todos os cristãos deveriam ser perseguidos;
as igrejas, destruídas, e manuscritos, queimados.60

Em 305, Constantino foi aclamado imperador. Sua mãe era cristã de


origem grega. Antes de uma batalha, Constantino teve uma visão e
converteu-se ao cristianismo. Ele foi usado naquele momento para cessar
a perseguição aos cristãos61. Em 313, assinou o edito de Milão, em que
o império seria neutro em relação ao credo religioso e, assim, a igreja de
Cristo poderia viver em paz.

Além de forte perseguição, os cristãos enfrentavam ainda outros desafios.


Um deles era as crenças equivocadas que os não cristãos tinham em relação
às práticas de fé. Muitos pensavam que os cristãos eram canibais que
tomavam sangue e comiam carne humana durante seu culto. Além disso,
dentro da própria igreja havia heresia. A principal delas era o gnosticismo
que, dentre outras coisas, afirmava que Jesus Cristo não havia sido um
homem realmente, somente tinha a aparência de um ser humano62.

“Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que
tinham.”
Atos 2.44
161
1Aula
aiD 2 A igreja e o seu impacto na sociedade

Como resposta aos desafios de sua época, a igreja precisou tomar algumas
atitudes:

• Organização do Canon Bíblico: enquanto já havia consenso sobre


os livros que compunham o Antigo Testamento, a igreja primitiva
precisava definir quais seriam os livros que comporiam o Novo
Testamento. Para isso, três critérios foram adotados: evidências de
que o livro é inspirado por Deus; aceitação dos livros e cartas entre as
igrejas, e escritores com autoridade dada por Deus.63

• Declarações de fé: os primeiros discípulos dos apóstolos organizaram


afirmações sobre o que significava ser um cristão. Foi então elaborado
o primeiro credo da fé cristã. A palavra credo significa simplesmente, o
que cremos. Credo apostólico:64 Creio em Deus Pai Todo-Poderoso,
o Criador dos Céus e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho,
nosso Senhor, que foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da
virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado,
morto e sepultado. Ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos.
Subiu ao céu e está assentado à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso,
de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja de Cristo, na comunhão dos santos, no perdão dos
pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna65.

• Apostolicidade da igreja: a igreja começou a se unir, pois não


havia uma autoridade unificada para responder aos falsos ensinos.
Começaram a se organizar e escrever. Assim, surgiu a Igreja Católica
Antiga; católica, no sentido universal (ainda não é a Igreja Católica
Romana). Nessa época, grandes homens de Deus foram usados
para auxiliar a igreja a dar respostas a heresias. “Os apóstolos e os
pais da igreja escreviam para suas igrejas e contra seus oponentes,
para promoverem o avanço e a defesa da fé cristã na forma por eles

“Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que
tinham.”
Atos 2.44
162
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 2

interpretada. Embora a articulação de sua fé fosse influenciada pelo


contexto-cultura, tradição e pressupostos, todos eles partilhavam de
uma crença comum: a Bíblia como fonte e autoridade primordial
para a fé cristã”.66

Para refletir
A igreja passou por muitos desafios no primeiro século. Firmados
na fé viva em Jesus, os pais da igreja deixaram um legado de uma fé
corajosa e verdadeira. Muitos foram mártires, para que a mensagem
pudesse seguir adiante. Em respostas à demanda do seu tempo, a
igreja fez uma afirmação de sua fé e uniu-se para combater as heresias
que estavam surgindo. Quais são os desafios do nosso tempo que
precisam de uma resposta da igreja?

Que legado de fé iremos deixar para as próximas gerações?

Os seguidores de Cristo eram pessoas simples, artesãos, comerciantes.


Homens e mulheres que atenderam ao chamado de Cristo e passaram a
ser uma comunidade de fé.

“Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que
tinham.”
Atos 2.44
163
1Aula
aiD 2 A igreja e o seu impacto na sociedade

Histórias que inspiram


Policarpo Bispo de Esmirna viveu no século II. Já idoso, foi submetido a
julgamento e recusou-se a abrir mão da sua fé. Veja uma parte do diálogo
entre Policarpo e o Procônsul, momento antes da execução:

“Policarpo disse: ‘Oitenta e seis anos venho servindo-o e nenhum mal me


fez. Como posso blasfemar contra meu rei, que me salvou?’ (...) Insistiu
o procônsul: ‘Como não te arrependes, farei com que o fogo te dome se
desprezas as feras’. Policarpo disse: ‘Ameaças com um fogo que arde algum
tempo, mas depois de um pouco se apaga. E ignoras o fogo do juízo
futuro e do castigo eterno, reservado aos ímpios. Mas, por que tardas?
Traga o que quiseres.’

“Enquanto dizia isto e muitas outras coisas mais, enchia-se de valor e de


alegria, e seu rosto transbordava de graça, ao ponto de que não somente
não caiu em confusão pelas coisas que lhe diziam, mas, pelo contrário, foi
o procônsul que ficou fora de si e chamou o arauto para que no meio do
estádio apregoasse três vezes: ‘Policarpo confessou que é cristão’.”

Baseado em CESAREIA, E. História Eclesiástica. Livro X. São Paulo: Editora Novo Século,
1999. (págs. 83-87).

“Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que
tinham.”
Atos 2.44
164
Dia: A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 3

O perigo da igreja oficial

Como você vê a parceria entre igreja e


Base bíblica:
estado? O Brasil é um estado laico, isto é, Efésios 4.11-12 e
nossa Constituição afirma que deve existir 1 Pedro 2.9
separação entre a igreja e o Estado. Os
reformadores da igreja também concordavam
que o Estado não deveria interferir na igreja. A história mostra que sérios
problemas podem surgir quando não há separação entre o Estado e a igreja
e esta precisa atender às demandas e interesses políticos e econômicos
de uma nação, distanciando-se cada vez mais do padrão bíblico, do que
significa ser igreja de Cristo, apresentado no primeiro dia deste capítulo.

Como vimos anteriormente, Constantino afirmou ter tido uma


experiência sobrenatural, e tornou-se cristão. Em 313, assinou o Edito
de Milão que deu liberdade religiosa ao cidadão romano. Em 325,
Constantino promoveu o Concílio de Niceia quando, pela primeira vez, os
principais líderes da igreja reuniram-se para definir questões importantes
da fé cristã. Um dos grandes pontos discutidos foi a controvérsia ariana,
uma crença que afirmava que Jesus não era totalmente divino. Em
resposta a esse desafio daquele tempo foi elaborado o Credo Niceno67:

Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas


visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus,
gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai; Deus de Deus,
luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito,
consubstancial ao Pai; por quem foram feitas todas as coisas que estão no
céu ou na terra. O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu,

“Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente


dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os
atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz.”
1 Pedro 2.9 165
1Aula
aiD 3 A igreja e o seu impacto na sociedade

se encarnou e se fez homem. Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos


céus. Ele virá para julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo. E quem
quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia,
ou que antes que fosse gerado ele não existia, ou que ele foi criado daquilo
que não existia, ou que ele é de uma substância ou essência diferente (do
Pai), ou que ele é uma criatura, ou sujeito à mudança ou transformação,
todos os que falem assim, são anatematizados pela Igreja Católica.

Assim, os líderes da igreja afirmaram sua fé em um Deus Trinitário: Deus


Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Afirmaram que Jesus é totalmente
homem e totalmente Deus. Todavia, o imperador estava em acordo com a
doutrina dos arianistas, pois ela tinha uma aceitação mais fácil no império,
sendo vantajosa politicamente. Coube aos líderes da igreja manterem-se
firmes em sua convicção bíblica e posicionarem-se contra a imposição do
imperador, dando testemunho assim de que a fé não pode estar a serviço
dos interesses do Estado, mas que precisa ser coerente com o ensino
bíblico.68

Com a conversão do imperador Constantino, em poucos anos o


cristianismo passou de uma religião dos mais simples, para a religião dos
imperadores. Com isso, surgiram novas demandas e uma transformação
grande do cristianismo primitivo de pessoas humildes, para o cristianismo
das grandes basílicas, de pessoas poderosas. A unificação entre o cristianismo
e o Estado trouxe ao bispo uma nova autoridade: poder também sobre as
questões civis. A relação estreita com o império influenciou o culto cristão,
inserindo novos costumes. Alguns grupos discordavam da maneira como o
cristianismo estava sendo conduzido, como, por exemplo, os monges, que
buscavam o distanciamento, ou os donatistas que afirmavam que a igreja
havia se corrompido. Esses grupos, porém, acabaram por adotar posições
extremistas: enquanto os monges caminharam para um legalismo, os
donatistas tornaram-se guerrilheiros.69

“Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente


dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os
atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz.”
166 1 Pedro 2.9
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 3

Em 380, o imperador Teodósio I tornou o cristianismo a religião oficial


de Roma. Assim, as controvérsias teológicas passaram a ser resolvidas
pelo Estado. A partir daquele momento, todos deveriam concordar com
as doutrinas impostas pelo imperador. Teodósio I dividiu o império em
dois: império do Oriente e do Ocidente. O império do Ocidente foi se
enfraquecendo. Em 410, houve uma invasão bárbara que provocou a
queda do Império Romano. Foi nessa época que surgiram os Papas e a
Igreja Católica Romana como conhecemos hoje. Leão I foi o primeiro
Papa nesse modelo e conseguiu manter a paz em meio a um período
turbulento.

A unificação dos interesses do Estado e da igreja passou a ser o novo


modelo de cristianismo, cada vez mais distante do modelo bíblico de
igreja. Tal distanciamento e a ânsia pelo poder levaram a igreja a um
período muito triste da história, marcado por Cruzadas, que provocaram
a morte de milhares de pessoas, e a cobranças abusivas da igreja por meio
de indulgências. Esse modelo perdurou por mais de mil anos. Tal cenário
desencadeou a necessidade de uma reforma dentro da igreja.

A história nos mostra que há um grande risco quando a igreja se afasta das
Escrituras ou procura moldá-las para torná-las politicamente mais corretas
às questões do seu tempo. Assim, fica evidente a importância de que a
conduta do cristão esteja enraizada na Palavra de Deus, mesmo quando
seu ensinamento vai contra as decisões daqueles que estão no poder. Cabe
aos cristãos buscar em Deus sabedoria, conhecimento, unidade e estratégia
para responder com convicção e amor aos desafios do nosso tempo.

Vale ressaltar que a igreja tem um papel muito importante atuando como
uma voz profética de seu tempo. É preciso que ela esteja tão distante do
Estado a fim de que tenha liberdade para ser uma consciência e tão próxima
para poder criticar e apontar os pecados desse Estado. A separação entre

“Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente


dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os
atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz.”
1 Pedro 2.9
167
1Aula
aiD 3 A igreja e o seu impacto na sociedade

igreja e Estado se dá no sentido de não ser um departamento do


governo ou ser sustentada por ele, porém deve permitir que a igreja
possa ter uma consciência profética do seu tempo e, por meio dessa
consciência, ser aquela que aponta tanto os desvios espirituais,
éticos, morais e financeiros como também os valores e virtudes70.

Para refletir

Quais são os desafios atuais da igreja em relação ao seu relacionamento


com o Estado?

Em sua opinião, como é possível influenciar as estruturas de nossa


sociedade sem se corromper?

Como seguidores de Cristo, não podemos nos distanciar do padrão bíblico


do que significa ser igreja.

“Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente


dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os
atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz.”
168 1 Pedro 2.9
Dia: A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 4

A Reforma e sua influência


no mundo

A história mostra que muitas ações foram Base bíblica:


feitas em nome de Deus, mas que, na Romanos 12
verdade, tinham como alvo trazer mais e mais
poder aos líderes. Essa discrepância entre as
práticas religiosas e a Palavra de Deus começou a ser notada e criticada por
homens como Lutero, Calvino, Melanchthon e Zwinglio. Seu principal
apelo era que a Palavra de Deus voltasse a ter um papel central na igreja.
Um dos resultados da luta desses homens é o acesso livre que hoje temos
às Escrituras Sagradas. Que privilégio poder ter uma Bíblia em casa!

Foram muitos desafios enfrentados para que a igreja como a conhecemos


hoje pudesse existir. A Reforma foi um período marcado por lutas e mortes.
Homens convictos de seu chamado lideraram um intenso movimento de
renovação da igreja. Não teremos tempo de explorar os fatos históricos que
marcaram esse importante período da história da igreja. Todavia, iremos
nos concentrar em como a Reforma trouxe novamente a Palavra de Deus
como fundamento da fé e na transformação integral que ela proporcionou
por onde passou.

Em comemoração aos 500 anos da Reforma, o Pastor Carlito Paes71, fez


um resumo da contribuição desse movimento para a sociedade:

O período medieval europeu foi finalizado por dois grandes movimentos


consecutivos e interligados: o movimento Renascentista, a partir do século
XV, e o movimento da Reforma Protestante, a partir do XVI. Artistas e
humanistas do Renascimento europeu procuravam fazer uma releitura das

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos 12.2 169
1Aula
aiD 4 A igreja e o seu impacto na sociedade

artes e literaturas clássicas, enquanto os reformadores buscavam uma


releitura do cristianismo primitivo e das Escrituras Sagradas, que foram
sendo desfigurados ao longo dos governos e decretos papais. Indiretamente,
a Reforma surgiu do Renascimento. E a Reforma, por sua vez, trouxe o
fomento e o desenvolvimento do mundo moderno tal como o conhecemos
hoje. Gerou dádivas desfrutadas ainda hoje, como a liberdade do indivíduo, a
igualdade, o nacionalismo e a democracia. Aconteceram também mudanças
nas leis, no casamento e na família. Ainda, o movimento missionário
decorrente direta e indiretamente da Reforma Protestante, juntamente com
a reação católica romana, influenciou de forma profunda o Novo Mundo,
que estava prestes a surgir com novos conceitos e instituições na educação,
governo e saúde, literalmente, até os confins da terra. Na política, o estado
moderno é fruto da quebra do monopólio católico de controle do estado
europeu. A igreja controlou o estado medieval, mas a Reforma fortaleceu
o ideal do estado secular, um princípio bíblico, o que contribuiu para o
crescimento da liberdade política regional.

Os fundamentos da igualdade e liberdade são evolução da tese luterana


de que não existe diferença entre leigo e clérigo, de que todos são iguais
perante Deus. Todos os Pais da Reforma insistiram no conceito dos direitos
e responsabilidades do indivíduo em interpretar as Escrituras segundo sua
consciência e orações. As mudanças se seguiram para o estado de direito
e o capitalismo e, bem ou mal, foram um fundamento para a economia
moderna.

A elevação do status da mulher, a dignidade do ser humano e a libertação


dos escravos foram algumas das ações diretas da evolução dos princípios
que a Reforma Protestante trouxe ao mundo. (...) Embora ainda haja
pouco reconhecimento pela sociedade pós-moderna acerca da raiz de seus
direitos e valores desfrutados na atualidade, em especial para o pensamento,
leis e sociedade civil, o legado aí está.

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
170 Romanos 12.2
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 4

Os reformadores enfrentaram muitos desafios para que a igreja pudesse


se parecer mais com o padrão dado por Deus em Sua Palavra. Graças a
sua coragem, ousadia e disposição em morrer por Cristo, muitas pessoas
tiveram sua vida transformada por Jesus. Como cristãos, somos chamados
a continuar esse legado de fé, fazendo diferença neste momento histórico,
onde Deus nos colocar.

Para refletir

A Reforma protestante teve diversos impactos na sociedade. Quais


são aqueles que afetam diretamente sua vida?

Quais são as principais lições que você pode aprender com os


reformadores?

Cristãos convictos de seu chamado lideraram um intenso movimento de


renovação da igreja e impactaram a sociedade.

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos 12.2 171
1Aula
aiD 4 A igreja e o seu impacto na sociedade

Histórias que inspiram

William Carey (1761-1834)72 deixou um impressionante legado.


Mesmo enfrentando oposição quando expressou seu desejo de fazer
missões, seguiu o seu chamado e, por sua coragem e obediência a Deus,
ele é considerado o pai das missões modernas. Teve muita importância na
história da Índia: influenciou o surgimento do nacionalismo indiano e o
subsequente movimento pela independência. Lutou contra o infanticídio
e começou dezenas de escolas para crianças de todas as castas. Lutou contra
os assassinos cruéis e opressores da mulher indiana. Após 25 anos de luta
um édito foi emitido banindo a prática de queima de viúvas em seu país.
Defendeu o acesso à educação, criando várias escolas acessíveis a todos.
Dedicou-se ao estudo de idiomas e tradução das Escrituras. Fundou o
primeiro Seminário Bíblico na Índia.

Contribuiu, ainda, em diversas áreas do conhecimento, como na economia


(é apontado como precursor da ideia da poupança). Defendeu a ética
na economia e fomentou relações econômicas entre Índia e Inglaterra;
na engenharia (trouxe a máquina a vapor para a Índia); na medicina
(lutou pelo tratamento digno de leprosos que eram queimados vivos); na
comunicação (trouxe a imprensa para a Índia).

William Wilberforce (1759-1833)73 nasceu em uma família nobre da


Inglaterra e dedicou-se à vida política, sendo eleito para um cargo público
aos 21 anos de idade. Aos 24 converteu-se ao cristianismo. Ele considerou
suas opções, inclusive o ministério cristão, mas foi convencido por John

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
172 Romanos 12.2
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 4

Newton de que Deus o queria permanecendo na política, em vez


de entrar para o ministério. “Espera e crê que o Senhor te levantou
para o bem da nação”, escreveu Newton. Depois de muito pensar e
orar, Wilberforce concluiu que Newton estava certo. Deus o chamara
para defender a liberdade dos oprimidos como parlamentar. “Minha
caminhada é de vida pública. Meu negócio está no mundo, e é
necessário que eu me misture nas assembleias dos homens ou deixe
o cargo que a Providência parece ter-me imposto”, escreveu em seu
diário, em 1788. Outro que o influenciou fortemente foi John Wesley.

Newton e Wesley tinham, além de uma fé vibrante no evangelho, uma


forte convicção de que não havia maior pecado pesando sobre as costas
do Império Britânico do que o terrível e abominável tráfico de escravos,
que Wesley batizara de “execrável vileza”. Uma fonte de estímulo nessa
luta foi sua participação ativa no chamado Grupo de Clapham (Clapham
Sect), constituído de pessoas ricas cujas residências ficavam em Clapham,
um elegante bairro localizado a 8 quilômetros de Londres, que apoiava
muitos líderes leigos na busca de uma reforma social. Ficaram conhecidos
como “os Santos” por causa de seu fervor religioso e desejo de estabelecer
a retidão no país.

Vários comentaristas observaram que eles planejavam e trabalhavam com


um comitê que estava sempre reunido em “conselhos de gabinete” em
suas residências para discutir o que precisava ser consertado e estratégias
que poderiam usar para alcançar seus objetivos. Nesse grupo, discutiam
os erros e as injustiças de seu país, e as batalhas que teriam de travar para
estabelecer a justiça. Os membros do Grupo de Clapham demonstraram
a diferença que um grupo de cristãos pode fazer.

Eles elaboraram 12 marcas que nortearam seu esforço pela reforma social
na Inglaterra do século XIX:

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos 12.2 173
1Aula
aiD 4 A igreja e o seu impacto na sociedade

1. Estabeleça objetivos claros e específicos.

2. Pesquise cuidadosamente para produzir uma proposta realista e


irrefutável.

3. Construa uma comunidade comprometida que apoie uns aos outros. A


batalha não pode ser vencida sozinha.

4. Não aceite retiradas como uma derrota final.

5. Comprometa-se a lutar de forma contínua, mesmo que a luta demore


décadas.

6. Mantenha o foco nas questões; não permita que os ataques malignos de


oponentes o distraiam ou provoquem resposta similar.

7. Demonstre empatia com a posição do oponente, de forma que diálogo


significativo aconteça.

8. Aceite ganhos parciais quando tudo o que é desejado não puder ser
obtido de uma só vez.

9. Cultive e apoie suas bases populares quando outros, que estiverem no


poder, se opuserem a seus projetos.

10. Transcenda à mentalidade simplista e direcione-se às questões maiores,


principalmente as que envolvem questões éticas!

11. Trabalhe através de canais reconhecidos, sem lançar mão de táticas


sujas ou violentas.

12. Prossiga com senso de missão e convicção de que Deus o guiará


providencialmente se estiver verdadeiramente a seu serviço.

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
174 Romanos 12.2
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 4

Wilberforce e seus amigos do Grupo de Clapham também ajudaram a


fundar escolas cristãs para os pobres, a reformar as prisões, a combater
a pornografia, a realizar missões cristãs no estrangeiro e a batalhar pela
liberdade religiosa. Mas Wilberforce acabou por se tornar mais conhecido
por seu compromisso incansável com a abolição de escravidão e do
comércio de escravos. Sua luta começou por volta de 1787. O comércio
de escravos foi finalmente abolido em 25 de março de 1806. Quando a
lei foi aprovada, todo o Parlamento se pôs de pé e aplaudiu Wilberforce
por vários minutos, enquanto ele, já desgastado pelos anos, chorava com
o rosto entre as mãos.

Florence Nightingale (1820-1910)74 estava destinada a receber uma boa


educação, a se casar com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar
da casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria
a esse modelo. Era diferente; gostava de matemática, e era o que queria
estudar (os pais não deixaram). Aos 16 anos, algo aconteceu: “Deus falou-
me”, escreveu depois, “e convocou-me para servi-lo”.

Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente


dos enfermos hospitalizados. Naquela época, os hospitais curavam tão
pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção)
que os ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres,
e Florence preparou-se para cuidar deles, praticando com os indigentes
que viviam próximo à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando
hospitais, coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram
consideradas pessoas de categoria inferior, de vida desregrada. Mas
Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em
prática o que aprendera. Naquela época, Inglaterra e França enfrentavam
Rússia e Turquia na guerra da Crimeia.

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos 12.2 175
1Aula
aiD 4 A igreja e o seu impacto na sociedade

Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que


chefiasse um grupo de enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa
a que Florence entregou-se de corpo e alma: cuidava incansavelmente
dos pacientes, percorrendo enfermarias à noite; era a “dama da lâmpada”,
segundo a expressão do The Times de Londres. Florence providenciava
comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das
enfermeiras. Mais que isso, fez estudos estatísticos (sua vocação para a
matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos
soldados resultava das péssimas condições de saneamento.

Seus méritos foram reconhecidos, e ela recebeu uma importante


condecoração da rainha Vitória.

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme
por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
176 Romanos 12.2
Dia: A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 5

A igreja e os desafios atuais

Após conhecermos sobre o modelo bíblico


Base bíblica:
para a igreja e um pouco da história de
Efésios 4.11-12
nossa fé, chegou a hora de refletirmos sobre
os desafios da igreja atual. A igreja brasileira
tem crescido muito numericamente. O último censo realizado no país em
2010 apontou que o número de evangélicos no país aumentou de forma
significativa. Em 1980, eram 6,6%; em 1991, 9%; em 2000, 15,4%; e em
2010, 22,2%. Em 2020, com certeza, teremos ainda um percentual maior
da população que se denomina evangélica. Como o aumento de cristãos
tem influenciado nos outros indicadores de nossa sociedade? Há menos
divórcios? Menos assassinatos? Maior número de empregos?

Landa Cope afirma: “Tenho escutado e ensinado que é necessário somente


20% de uma sociedade com o mesmo ideal para que possa influenciar e
até liderar os outros 80% numa determinada direção. Ensinamos que o
Evangelho é bom para uma sociedade e que seus princípios abençoam, até
mesmo, aqueles além da nossa crença”.75

A Igreja Primitiva transformou Israel, revolucionou o Império Romano


e estabeleceu o alicerce para que países da Europa Ocidental se
tornassem as nações mais prósperas do mundo. Como isso é diferente
daquilo que temos visto na história moderna de missões! Hoje, a
África evangelizada apresenta uma situação pior em todas as áreas de
sua Sociedade (doenças, criminalidade, justiça, Economia e Família)
que antes de chegar o Cristianismo. A América do Norte tem um
número enorme e aparentemente crescente de cristãos praticantes,

“Foi ele quem ‘deu dons às pessoas’. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o
corpo de Cristo.” Efésios 4.11-12 177
1Aula
aiD 5 A igreja e o seu impacto na sociedade

mas decrescentes em termos de valores morais e de qualidade de vida.


Missionários trabalhando na Índia dizem que, enquanto divulgamos
que a Nagalândia é 80% cristã, ignoramos que 70% dos adolescentes da
capital desse estado são viciados em drogas. Ruanda, com uns 60 anos
de avivamento contínuo na Igreja, pratica genocídio nas guerras civis
tribais. Alguns dizem que, hoje, existe um número de cristãos no mundo
maior que o total de cristãos que já existiu na história. Onde está o poder
para influenciar e transformar as comunidades que o apóstolo Paulo,
São Patrício, Calvino e muitos outros experimentaram em suas épocas?

Durante esta semana, estudamos o que a Bíblia fala sobre a igreja de


Cristo. Vimos também alguns dos desafios enfrentados pela igreja nos
primeiros séculos e os perigos de uma igreja oficial, que serve para atender
aos interesses do Estado. Além disso, conhecemos algumas histórias
inspiradoras de pessoas que se colocaram a serviço de Deus e deixaram
um lindo legado de fé, esperança e amor. Sem dúvidas, muitos outros
fatos históricos e biografias poderiam ser adicionadas a este material.
Incentivamos, inclusive, que você acesse os materiais sugeridos, leia
biografias missionárias, pois, ao olhar para a história, podemos corrigir
ações no presente e evitar erros futuros.

A igreja de Cristo venceu muitos desafios e tentativas de destruí-la. Muitas


pessoas deram suas vidas para que a verdade do evangelho pudesse chegar
até nós. A igreja vence porque não é uma instituição humana, mas, sim,
Corpo de Cristo. Eu e você somos chamados a ser igreja, família de
Deus. Somos chamados para influenciar nossa comunidade a partir dos
valores do Reino, que não apenas salvam a alma, mas se importam com as
condições de vida e influenciam de forma relevante a comunidade em que
está inserida. Sob esse prisma, a crítica de um cristão de que a igreja está
sendo omissa em relação a alguma mazela da sociedade na verdade é uma
autocrítica, pois a igreja não é uma instituição formada por prédios, mas,

“Foi ele quem ‘deu dons às pessoas’. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o
178 corpo de Cristo.” Efésios 4.11-12
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 5

sim, o corpo de Cristo, formado por mim e por você. Assim, cada desafio
atual é uma oportunidade para que a igreja responda. Alguns desafios
talvez exijam a sistematização da fé, como no caso da igreja primitiva que
organizou o credo apostólico. Outros, estratégias claras de ação para lutar
como Wilforce e seus amigos. Em qual área de influência da sociedade
Deus tem chamado você para iniciar um movimento de transformação,
baseado nos princípios da Palavra de Deus? Igreja de Cristo, este é o
convite: “Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor
vai nascendo sobre ti” (Isaías 60.1).

Histórias que inspiram


Ao longo deste capítulo, conhecemos as histórias de homens e mulheres de
Deus que marcaram sua geração, sendo instrumentos para transformação
do contexto em que viviam. Nos dias de hoje, muitos cristãos também têm
se levantado para fazer diferença em nossa sociedade. Conheça algumas
iniciativas em diferentes áreas de influência de membros e frequentadores
de nossa igreja:

Albert e Mariana Martins: Ele, ministro de comunicação de nossa igreja;


ela, nutricionista e pedagoga. Sentiram o chamado para fundar uma
escola cristã como resposta à necessidade de um ensino de qualidade, com
um olhar voltado à formação de alunos que amem e vivam os valores do
Reino de Deus. Em 2020, a Escola recebeu o Prêmio Consagração Pública
Municipal.

Para saber mais: https://www.escolagrace.com.br/escola-crista-em-


curitiba-quem-somos/

“Foi ele quem ‘deu dons às pessoas’. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o
corpo de Cristo.” Efésios 4.11-12 179
1Aula
aiD 5 A igreja e o seu impacto na sociedade

Amanda Prussak: estilista, lançou a marca Dress for Freedom que luta
contra o tráfico de pessoas e a exploração sexual. Seu trabalho ganhou
visibilidade nacional e internacional, e gera renda para muitas mulheres.

Para saber mais: Dress for Freedom: conheça a marca que luta contra o
tráfico de pessoas - Vogue | moda (globo.com)

Gabriela Costa Wanzo: jovem de 19 anos que decidiu movimentar-se


para arrecadar cestas básicas em meio à pandemia do COVID 19. Em sua
última iniciativa, arrecadou mais de 900 cestas para serem fornecidas a
famílias em situação de vulnerabilidade atendidas por nossa igreja.

Iloine Hartmann Martins: é pedagoga, fundadora do Projeto Geração


para Cristo. Entre 2012 e 2015, sentiu o sonho de levar a Palavra de Deus
gratuitamente para as crianças. No início, juntamente com seu esposo,
investiu recursos próprios para comprar livros de editoras. Em 2018,
publicou a primeira série de livros Geração para Cristo. Desde então, já
foram publicados vinte livros e impressas 200.000 cópias. Mais dez livros
estão sendo preparados para serem impressos até o fim de 2021. O projeto
completo é formado por seis séries de dez livros cada.

Para saber mais: https://www.facebook.com/GPCgeracaoparacristo/

Leonardo Sindice da Silva: fundou em 2013 a ACVP (Associação


Curitiba Vôlei de Praia), um projeto social para transformação de vida
por meio do esporte. Esse projeto surgiu como resposta ao desejo de
impactar a sociedade por meio de uma missão integral. São em média 600
atendimentos por semana.

Para saber mais: https://www.facebook.com/acvp10/

“Foi ele quem ‘deu dons às pessoas’. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o
180 corpo de Cristo.” Efésios 4.11-12
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 5

Markenson e Claudia Marques: empresários que escolheram impactar


a vida de pessoas por meio de projetos socialmente relevantes. Além do
Projeto Ceifar inaugurado em 1993, que é uma comunidade terapêutica
no tratamento da dependência química, em janeiro de 2021, inauguraram
em Cipó/BA o Projeto Conexão Sertão, com 3.100m2 de área construída.
A gestão do projeto, em parceria com nossa igreja nas áreas de ensino,
esportes e cultura, levará para mais de 600 crianças e adolescentes
expectativa de NOVAS HISTÓRIAS DE VIDA a fim de transformar a
expectativa daquele povo que vive em uma região que está entre os 13%
piores IDHs do Brasil.

Para saber mais: Projeto Conexão Sertão – Instituto Novas Histórias


(institutonovashistorias.com.br)

Renault e Marilia Tissot: casal de engenheiros que há vinte anos sentiu


o desejo de oferecer oportunidades concretas de transformação social
a adolescentes e jovens. Fundaram a A Elo Apoio Social e Ambiental.
Começaram com um grupo de 15 aprendizes e, desde então, já formaram
mais de 5.600 jovens, com idade entre 14 e 21 anos, de Curitiba e Região
Metropolitana, com renda familiar de até 3 salários mínimos.

Para saber mais: https://eloapoio.org.br/?page_id=2

Silvana Piragine: é bailarina e iniciou o Projeto Novos Sonhos em Curitiba,


em 2016, em parceria com a Junta de Missões Nacionais. O objetivo é
alcançar meninas em situação de vulnerabilidade. Nos três primeiros anos,
o projeto atendeu mais de 200 meninas, que faziam gratuitamente aulas
de ballet clássico e hip-hop, além de receberem um acompanhamento
psicológico, odontológico, clínico e espiritual de profissionais voluntários.
As meninas também integram um programa preventivo contra as drogas,
realizado em rodas de conversa, utilizando como base os valores cristãos.

“Foi ele quem ‘deu dons às pessoas’. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o
corpo de Cristo.” Efésios 4.11-12 181
1Aula
aiD 5 A igreja e o seu impacto na sociedade

Além disso, nossa igreja desenvolve inúmeras iniciativas para ser agente de
transformação integral:

ABASC – Associação Batista de Ação Social é o braço da ação social de


nossa igreja. Durante a Pandemia causada pelo Covid 19, em 2020, mais
de 400 voluntários se envolveram para levar ajuda a quem mais necessita.
Foram confeccionadas e doadas mais de 22.000 máscaras de proteção e
distribuídas 400 cestas básicas por mês, além de kits de higiene e limpeza.
A ação Amor que Afofa a Cama, uma iniciativa de levar alimento e carinho
aos enfermos, entregou mais de 1.500 refeições.

Conheça os projetos da ABASC: www.abasc.org.br.

Cristolândia-Paraná: é um programa de prevenção, recuperação e


assistência a pessoas em situação de rua, em sua maioria dependentes
químicos. Em 2020/2021, realizou mais de 2.000 triagens, acolhendo
mais de 300 pessoas.

Para saber mais: Cristolândia Paraná | Primeira Igreja Batista de Curitiba


(pibcuritiba.org.br)

Projeto Vida & Arte: busca identificar as áreas com potencialidade para
o enriquecimento cultural, resgate social, prevenção contra o acesso
à marginalidade e violência, mudança na perspectiva de vida de toda a
comunidade, e principalmente construir valores de vida, pautados em
princípios cristãos, através de atividades com ênfase nas artes musicais, de
dança e cênicas. Ao longo de 10 anos, o projeto já atendeu 3.500 crianças.

Para saber mais: Projeto Vida & Arte Curitiba | Primeira Igreja Batista de
Curitiba (pibcuritiba.org.br)

“Foi ele quem ‘deu dons às pessoas’. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o
182 corpo de Cristo.” Efésios 4.11-12
A igreja e o seu impacto na sociedadeDia 1Aula 5

Sua vida também pode inspirar outras e gerar transformação. Qual é


a área que você pode influenciar? Há algum sonho guardado em seu
coração e que você sente que é hora de tirar do papel? Você sente que
é hora de arregaçar as mangas e se unir a outros cristãos para que pos-
sam impactar mais vidas? Você precisa atualizar-se ou capacitar-se em
alguma área específica para cumprir com excelência a missão que Deus
tem colocado sem seu coração? Lembre-se: Deus lhe deu características
únicas para serem usadas para Sua Glória e no avanço do Seu Reino.

Para refletir

Qual é o desafio atual que tem chamado a atenção do seu coração?

Qual a sua parte para que a igreja seja uma resposta às questões do
nosso tempo?

A igreja vence porque não é uma instituição humana, mas, sim, Corpo de
Cristo. Deus quer deixar um legado de fé, esperança e amor por meio de sua
igreja, por meio de sua vida! Mãos à obra!

“Foi ele quem ‘deu dons às pessoas’. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o
corpo de Cristo.” Efésios 4.11-12 183
Referências bibliográficas
Dia 1

Dicionário Houaiss: weltanschauung


1

2
Kamikaze: Japan’s Suicide Gods Albert Axell e Hideaki Kase, Pearson
Longman Publishing, 2002
3
CRISTIANIDADE. Qual é a sua Cosmovisão? Disponível em: <http://
www.cristianidade.com.br/qual-e-a-sua-cosmovisao/> Acesso em:
20/12/2020
4
CRISTIANIDADE. Qual é a Sua Cosmovisão? Disponível em: <http://
www.cristianidade.com.br/qual-e-a-sua-cosmovisao/> Acesso em:
20/12/2020
5
CRISTIANIDADE. Qual é a Sua Cosmovisão? Disponível em: <http://
www.cristianidade.com.br/qual-e-a-sua-cosmovisao/> Acesso em:
20/12/2020
6
Bonhoeffer, D. (1995). Cristo, Igreja e Mundo. In Ética (p. 107–119). São
Leopoldo: Editora Sinodal.
7
CRISTIANIDADE. RACIOCÍNIO EM ESFERAS. Disponível em:
<http://www.cristianidade.com.br/raciocinio-em-esferas/> Acesso em:
20/12/2020
8
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo
por Versículo – Vol. 4 – 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios. São
Paulo: Candeia, p.155, 2000.

<https://coalizaopeloevangelho.org/article/o-quaeo-soberano-e-deus/>
9

Acesso em: 20/12/2020

Kuyper, Abraham. Sabedoria e Prodígios: graça comum na ciência e na


10

arte (locais do kindle 326-328). Editora Monergismo. Edição do Kindle.

185
Referências
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11

BRITTO, Christian M. De. Cultura: o domínio humano sobre a criação,


12

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https://coalizaopeloevangelho.org/article/o-hospital-nao-e-o-ceu-
13

discernindo-o-pensamento-secular-na-medicina/. Acesso em 08/01/2021.

In: https://www.maisqueadoradores.com/page/2017/12/06/o-que-e-
14

cultura-do-reino-serie-cultura-do-reino-01/ acesso em 07/01/2021.

SANTOS, Mônica. In: https://elos360.com.br/2017/02/20/qual-e-


15

diferenca-entre-principios-e-valores-e-o-que-isso-tem-ver-com-sua-vida/
acesso em 10/01/2021.

Idem nota 7.
16

Veja o encontro doutrinário com o Pr. Paschoal Piragine para um


17

aprofundamento deste tema em https://youtu.be/JNP0veGObAI

SANTOS, Mônica. In: https://elos360.com.br/2017/02/20/qual-e-


18

diferenca-entre-principios-e-valores-e-o-que-isso-tem-ver-com-sua-vida/
acesso em 10/01/2021.

RODRIGUES, Welfany. https://www.esbocosermao.com/2019/10/


19

principios-da-moral-e-da-etica-cristas.html, acesso em 15/01/2021.

STOTT, John. Contracultura cristã. A Mensagem do Sermão do Monte,


20

Londres. ABU Editora, p. 8, 1ed, 1981.

STOTT, John. Contracultura cristã. A Mensagem do Sermão do Monte,


21

Londres. ABU Editora, p. 9, 1ed, 1981.

186
Referências bibliográficas
Dia 1

STOTT, John. Contracultura cristã. A Mensagem do Sermão do Monte,


22

Londres ABU Editora, p. 11, 1ed, 1981.


23
PIRAGINE JR. Paschoal. Processo histórico do pensamento e ação social
protestantes na América Latina, à luz dos valores das escrituras aplicados à
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Quer saber mais? Acesse https://www.lausanne.org/pt-br


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Pacto de Lausanne, 1974. In: https://www.lausanne.org/pt-br/recursos-


25

multimidia-pt-br/pacto-de-lausanne-pt-br/pacto-de-lausanne. Acesso em
08/01/2021.

Pacto de Lausanne, 1974. In: https://www.lausanne.org/pt-br/recursos-


26

multimidia-pt-br/pacto-de-lausanne-pt-br/pacto-de-lausanne. Acesso em
08/01/2021.

Rega, L. S. (1998). Visão Bíblica da Atuação Social da Igreja. In: Caderno


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de Ação Social. Rio de Janeiro: Conselho de Ação Social da Convenção


Batista Brasileira .
28
Quer saber mais sobre o Movimento Discipular? Inscreva-
-se no canal do youtube: https://www.youtube.com/channel/
UC5GAMSBTRYQ4dWGytkligtQ

TORRES, Daniel. Movimento Discipular. Projeto Igrejas Acolhedoras.


29

2020.

ELLICOTT, Charles John. A Bible Commentary for English Readers.


30

Londres: Cassel and Co., 1905.

Hybels, Bill. A Revolução do Voluntariado: Liberando o poder de cada um


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de nós. São Paulo: Editora Vida, 2013.

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Referências
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Hybels, Bill. A Revolução do Voluntariado: Liberando o poder de cada um


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de nós. São Paulo: Editora Vida, 2013.

Torres, S., Morais, M., Lundgren, F., Fernandes, E., Varga, C., Ribeiro,
33

M., Piragine, S., Oliveira, A. “Feminilidade segundo o padrão bíblico”.


Material não publicado. Outubro de 2020.

Torres, S., Morais, M., Lundgren, F., Fernandes, E., Varga, C., Ribeiro,
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M., Piragine, S., Oliveira, A. “Feminilidade segundo o padrão bíblico”.


Material não publicado. Outubro de 2020.

In: https://www.todapolitica.com/movimento-feminista/ e https://


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www.todapolitica.com/movimento-feminista-brasil/ acesso em 7/2/2021

McCoy, K. J. Old Testament Laws Concerning Particular Female


36

Personhood and Their Implications for the Dignity of Women. Ann Arbor,
MI: ProQuest LLC, 2016 (Tradução livre).

McCoy, K. J. Old Testament Laws Concerning Particular Female


37

Personhood and Their Implications for the Dignity of Women. Ann Arbor,
MI: ProQuest LLC, 2016 (Tradução livre).

William Barclay, Commentary to the New Testament (Viladecavalls


38

(Barcelona), Spain: EDITORIAL CLIE, 2006), 818.

Torres, S., Morais, M., Lundgren, F., Fernandes, E., Varga, C., Ribeiro,
39

M., Piragine, S., Oliveira, A. “Feminilidade segundo o padrão bíblico”.


Material não publicado. Outubro de 2020.

PIRAGINE, Paschoal. A oração de fé. Sermão 02/05/2021. In.: https://


40

www.youtube.com/watch?v=0q0-8qRud6E

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p. 5.


41

188
Referências bibliográficas
Dia 1

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p. 5.


42

Barclay, W. Comentário Bíblico, p. 127.


43

Filipenses 2.5; Efésios 5.1; 1 Coríntios 11.1.


44

Efésios 5.25-29 e 1 Coríntios 11.3.


45

Edderichs, E. Amor o que ela mais deseja e Respeito o que ele mais precisa.
46

Editora Mundo Cristão, 2008, p.58.

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p. 6.


47

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p. 64.


48

Edderichs, E. Amor o que ela mais deseja, e Respeito o que ele mais precisa.
49

Editora Mundo Cristão, 2008, p. 128.

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p.


50

110.

Êxodo 20.12; Colossenses 3.20-21.


51

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p. 77.


52

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p. 89.


53

Piragine, P. J. Doenças da Família Moderna. 2010. Ed. AD Santos, p. 92.


54

Baucham, V. A Família Guiada Pela Fé. Ed. Monergismo, p. 41.


55

Uma série de vídeos sobre a história da Igreja, foi feita pela Escola do
56

Discípulo e está disponibilizada gratuitamente no https://www.youtube.


com/channel/UCXDIsJpQCOi88jpt_AUGWbg

189
Referências
Dia 1 bibliográficas

Chamados assim, pois são descendentes dos doze filhos de Israel, nome
57

dado por Deus a Jacó, filho de Isaque, filho de Abrãao. Também são
chamados de hebreus e judeus.

CESAREIA, E. História Eclesiástica. Livro II. São Paulo: Editora Novo


58

Século, 1999.

CESAREIA, E. História Eclesiástica. Livro II. São Paulo: Editora Novo


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Século, 1999.

Escola do Discípulo. A História da Igreja como você nunca viu. Episódio


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1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KmpucxGB1jA.


Acesso em 10 de dez. de 2020.

CESAREIA, E. História Eclesiástica. Livro X. São Paulo: Editora Novo


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Século, 1999.

KASHEL, W., ZIMER, R. Dicionário da Bíblia de Almeida. São Paulo:


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SBB, 1999.
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KRUGER, M. The Biblical Canon. Disponível em: https://www.
thegospelcoalition.org/essay/the-biblical-canon/. Acesso em 08 de dez. de
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MOURA, V. O primeiro Credo Cristão. Disponível em: https://www.
sercristao.org. Acesso em 20 de dez de 2020.)

A igreja Hillsong compôs uma canção baseada nesse credo. O nome


65

original é I Believe (Nisto cremos). Disponível em: https://www.youtube.


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DOCKERY, D. S. Hermenêutica Contemporânea à Luz da Igreja


66

Primitiva. Editora Vida: São Paulo, 2005.

190
Referências bibliográficas
Dia 1

Escola do Discípulo. As consequências de Constantino. Episódio 2.


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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KmpucxGB1jA.


Acesso em 15 de dez. de 2020.

Credo Niceno – Wikipédia, a Enciclopédia Livre. Disponível em:


67

pt.wikipedia.org/wiki/Credo_Niceno. Acesso em: 15 de dez. de 2020.

Escola do Discípulo. As consequências de Constantino. Episódio 1.


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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KmpucxGB1jA.


Acesso em 15 de dez. de 2020.

Escola do Discípulo. As consequências de Constantino.


69

Episódio 2. Disponível em: https://www.youtube.com/


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Paschoal Piragine. Disponível em: www.paschoalpiragine.com.br.


70

PAES, C. A Reforma protestante e suas contribuições para o mundo. O


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72

Editorial Vida, 1983. CLEBER. William Carey. Perspectivas no


Movimento Cristão Mundial. Disponível em: http://perspectivasbrasil.
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Disponível em: icp.com.br. Acesso em 14 de dez. de 2020;
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moderna-enfermagem_5455.html. Acesso em 15 de dez. de 2020.

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75

de Deus para discipular as nações. 2ª. Edição. Almirante Tamandaré JMÍ:


Gráfica & Editora Jocum Brasil. 2008.
A cosmovisão é a lente pela qual enxergamos o
mundo.

O Caderno de Cosmovisão Cristã nos auxilia, através


dessa lente, a ver o mundo e a viver a vida por meio dos
ensinamentos bíblicos dados por Deus para nós
através da Bíblia. E nada melhor do que a Palavra de
Deus para nos ajudar a compreender a ela mesma, e
nos posicionarmos frente a tantos questionamentos.

Por isso, a sua cosmovisão deve ser bíblica cristã.

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