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Open Access ARTÍCULO DE INVESTIGACIÓN

Caracterização das vítimas de traumatismo encefálico que evoluíram para morte encefálica

Characterization of cranioencephalic traumatism victims who evolved to brain death

Caracterización de las víctimas de traumatismo encefálico que


evolucionaron a muerte encefálica

Priscila Ferraz Silva1, Andreia Soares da Silva2, Walnizia Kessia Batista Olegário3,
Betise Mery Alencar Sousa Macau Furtado4
Histórico Resumo
Introdução: O Trauma Cranioencefálico constitui a principal causa de morte, de sequelas irreversíveis nos
politraumatizados e tem custo elevado para o poder público, além de estar entre os principais problemas de saúde pública
Recibido: no país. Leva a várias complicações, entre elas a morte encefálica que é definida como a parada total e irreversível das
13 de junio de 2018 funções cerebrais, sendo incompatível com a vida. Desta forma faz-se necessário uma equipe capacitada e treinada para
Aceptado: abordar as vítimas de Trauma Crânioencefálico. Este estudo teve como objetivo descrever os fatores clínicos/ traumáticos
08 de agosto de 2018 presentes nas vítimas de trauma crânioencefálico que evoluíram para morte encefálica. Materiais e Métodos: Estudo
descritivo, retrospectivo e documental realizado em hospital público de referência do Estado de Pernambuco. Resultados:
Foram analisados 121 prontuários de vítimas de Trauma Cranioencefálico, no período de janeiro de 2013 a dezembro
1 Especialista em Emergência de 2014. Houve predominância do sexo masculino (83%), na faixa etária de 21-30 anos (34,7%), etiologia do trauma
Geral na modalidade de acidentes automobilísticos (35%) seguido de agressão por arma de fogo (21%). Ocorrendo os acidentes aos domingos
Residência pelo Hospital (27,3%), sendo a maioria Trauma Crânioencefálico grave (78,5%) chegando ao local de atendimento em uso de via aérea
da Restauração. HR/ definitiva (73,6%). Discussão: As vítimas que evoluem para morte encefálica são geralmente homens, em idade produtiva,
Universidade de Pernambuco, envolvidos em acidentes automobilísticos graves, com atenção para o aumento da violência por agressão com arma de
Maceió-AL, Brasil. Autor de fogo. Conclusões: Essas informações podem auxiliar a prática clínica dos enfermeiros e a elaboração de protocolo de
avaliação mais sistematizado para as vítimas de Trauma Crânioencefálico que evoluem para morte encefálica.
Correspondencia. E-mail:
priscilaferrazsilva@yahoo.com.br Palavras chave: Lesões Encefálicas Traumáticas; Morte Encefálica; Doação de Órgãos; Emergências.
https://orcid.org/0000-0001-8695-6289
2 Faculdade de Ciências Médicas Abstract
Introduction: Cranioencephalic Trauma is the main cause of death and irreversible sequelae in polytraumatized patients,
FCM/UPE – Brasil. Doutoranda which represents a high cost for the public authorities. This is also one of the main public health problems in the country
em Ciências da Saúde e Pós since it leads to several complications, including brain death, defined as the total and irreversible interruption of brain func-
Graduada em Doação, Captação tions, which is incompatible with life. As a result, it is necessary to have a trained and qualified team to address the victims
e Transplante de Órgãos e of Cranioencephalic Trauma. The aim of this study is to describe the clinical/traumatic factors present in Cranioencephalic
Tecidos HIAE/SP, Recife, Brasil. Trauma victims who evolved to brain death. Materials and Methods: Descriptive, retrospective and documentary study
https://orcid.org/0000-0001-5811-8173 carried out in a public hospital of reference in the State of Pernambuco. Results: 121 medical records of cranioencephalic
3 Especialista em Emergência trauma victims who evolved to brain death victims were analyzed from January 2013 to December 2014. A predominance
Geral na modalidade de of males (83%) was observed in the age range of 21 to 30 years (34.7%), etiology of road traffic trauma (35%), followed
by assault with firearms (21%). Accidents occurred on Sundays (27.3%), of which the majority were in severe Cranio-
Residência pelo Hospital da encephalic Trauma (78.5%), with patients arriving at the site of care using a definitive airway (73.6%). Discussion: The
Restauração. HR/Universidade victims who evolve to brain death are generally male, of productive age, involved in serious traffic accidents, with attention
de Pernambuco. Mestranda em to the increase in violence due to aggression by firearm. Conclusions: This information may assist in the clinical practice
Modelos de Decisão e Saúde/ of nurses and in the development of a more systematic assessment protocol for Cranioencephalic Trauma victims who
UFPB, João Pessoa-PB, Brasil. evolve to brain death.
https://orcid.org/0000-0002-3437-2254 Key words: Traumatic Brain Injuries; Brain Death; Organ Donation; Emergency.
4 Professora adjunta da Faculdade
de Enfermagem Nossa Senhora Resumen
das Graças/UPE. Doutora em Introducción: El Trauma Craneoencefálico constituye la principal causa de muerte y de secuelas irreversibles en pacientes
Ciências, Recife, Brasil. politraumatizados y representa un alto costo para el poder público, además de estar entre los principales problemas de
https://orcid.org/0000-0001-6344-8257 salud pública del país, dado que conduce a varias complicaciones, entre ellas, la muerte encefálica definida como la
interrupción total e irreversible de las funciones cerebrales, lo cual es incompatible con la vida. A raíz de lo anterior, se
hace necesario contar con un equipo capacitado y entrenado para abordar a las víctimas de Trauma Craneoencefálico. Este
estudio tiene por objeto describir los factores clínicos/traumáticos presentes en las víctimas de trauma craneoencefálico
que evolucionaron a muerte encefálica. Materiales y Métodos: Estudio descriptivo, retrospectivo y documental realizado
en un hospital público de referencia del Estado de Pernambuco. Resultados: Se analizaron 121 historias médicas de
víctimas de trauma craneoencefálico, en el período comprendido entre enero de 2013 a diciembre de 2014. Se observó
predominio del sexo masculino (83%), en el rango de edad de 21 a 30 años (34,7%), etiología del trauma por accidentes
de tránsito (35%), seguido de agresión por arma de fuego (21 %). Los accidentes ocurrieron los domingos (27,3%), de los
cuales la mayoría correspondió a Trauma Craneoencefálico grave (78,5%), con pacientes que llegaron al lugar de atención
utilizando vía aérea definitiva (73,6%). Discusión: Las víctimas que evolucionan a muerte encefálica son generalmente
hombres, en edad productiva, involucrados en accidentes de tránsito graves, con atención hacia el aumento de la violencia
por agresión con arma de fuego. Conclusiones: Esta información puede ayudar en la práctica clínica de los enfermeros
y en la elaboración de un protocolo de evaluación más sistematizados para las víctimas de Trauma Craneoencefálico que
evolucionan a muerte encefálica.
Palabras clave: Lesiones Traumáticas del Encéfalo; La Muerte Cerebral; Donación de Órganos; Emergencia.

Como citar este artigo: Silva PF, Silva AS, Olegário WKB, Furtado BMASM. Caracterização das vítimas de traumatismo encefálico que evoluíram
para morte encefálica. Rev Cuid. 2018; 9(3): 2349-60. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.v9i3.565
©2018 Universidad de Santander. Este es un artículo de acceso abierto, distribuido bajo los términos de la licencia Creative Commons
Attribution (CC BY-NC 4.0), que permite el uso ilimitado, distribución y reproducción en cualquier medio, siempre que el autor original
y la fuente sean debidamente citados.

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Priscila Ferraz Silva, Andreia Soares da Silva, Walnizia Kessia Batista Olegário, Revista Cuidarte
Betise Mery Alencar Sousa Macau Furtado

INTRODUÇÃO As lesões encefálicas decorridas do TCE são


divididas em primárias, quando ocorrem no
O Traumatismo crânio encefálico (TCE) segundo momento do trauma e secundárias, quando é
classificação internacional de doenças (CID-10) tardia ao acidente e dependem de fatores intra
é qualquer lesão traumática que pode apresentar e extracerebrais7,8. O tratamento do TCE visa
comprometimento anatômico ou funcional prevenir a lesão secundária, fornecer oxigênio e
tanto do crânio em si, como do couro cabeludo, manter a pressão arterial adequada para perfusão
meninges e encéfalo1. O TCE passou a ser cerebral, quando a vítima não evolui para morte
relatado como importante fator de óbito em suas encefálica e óbito decorrente do TCE grave,
vítimas a partir de 1682, tomando dimensões muitos sobrevivem com danos que resultam em
cada vez maiores devido ao aumento de sua invalidez ou incapacidade para realização de suas
incidência estar diretamente relacionado com a atividades no trabalho e até mesmo cotidianas7.
evolução da humanidade e o desenvolvimento
da tecnologia2. Pesquisas3 mostram que ocorrem Etiologicamente, as principais causas do TCE
1.700.000 casos de TCE por ano nos Estados são acidentes automobilísticos, quedas, assaltos
Unidos, compreendendo 275 mil internações, 52 e agressões, esportes e recreações e por projétil
mil mortes, e cerca de 80.000 a 90.000 pessoas por arma de fogo9. As mortes por trauma em
apresentam incapacidade em longo prazo por crianças são causadas pelos TCE`s chegando a
lesão cerebral. No Brasil as lesões traumáticas marca de 75% a 97% das mortes por trauma4.
relacionadas aos acidentes de trânsito constituem O Brasil segue a mesma linha e as ocorrências
a maior causa de morte entre 10 e 29 anos de aumentam a cada ano, caracterizando-se como
idade. Sendo uma importante causa de morbidade um desafio aos gestores de políticas públicas,
e mortalidade no Brasil3. os dirigentes e profissionais da área de saúde,
considerando que atinge preponderantemente
É dividido em leve, moderado e grave, para a porção jovem e produtiva da sociedade. O
essa classificação o indicador clínico utilizado TCE apresenta destaque quando são analisados
é a Escala de Coma de Glasgow (ECGl)4, que os mortos e feridos, sendo uma das lesões mais
é utilizada mundialmente na identificação de frequentes4.
disfunções neurológicas, acompanhamento
e evolução do nível de consciência; prediz Acredita-se que o TCE seja responsável por
prognóstico e ainda padroniza a linguagem entre praticamente metade dos óbitos relacionados
os profissionais de saúde5. Aqueles classificados a eventos traumáticos5. Nos Estados Unidos, a
com lesões graves têm maior risco de morrer, e quarta causa de morte são os traumas mecânicos,
sua mortalidade está geralmente relacionada à entre a faixa etária de 1 a 45 anos de idade, sendo
presença e progressão das lesões encefálicas6. 40% desses óbitos ocorridos por TCE10. Em 2009,
estimou-se em 500/ano o número de casos novos

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de TCE. Dos quais, 50 mil vão a óbito antes de É importante destacar que, desde 1997, o
chegar ao hospital, de 15 a 20 mil morrem após o enfermeiro está legalmente inserido no processo
atendimento hospitalar e, dos 430 mil restantes, de captação de órgãos como membro ativo
50 mil apresentaram sequelas neurológicas de da equipe, conforme a primeira Resolução nº
maior ou menor intensidade9. 1.480, do Conselho Federal de Medicina12.
Posteriormente, em 2004, o Conselho Federal
Além das estimativas mostradas acima o TCE de Enfermagem por meio da Resolução nº
leva a várias complicações, entre elas a morte 292/2004 regulamenta a atuação do enfermeiro
encefálica (ME), esta que possibilita a doação na captação, bem como no transplante de órgãos
de órgãos. A ME é definida como a parada e tecidos13. No entanto, quando este profissional
total e irreversível das funções cerebrais, desconhece o processo de doação-transplante e a
sendo incompatível com a vida11. Os critérios execução correta de suas etapas, dificulta que a
para o diagnóstico da Morte Encefálica obtenção dos órgãos e tecidos seja realizada de
são: coma profundo sem nenhuma reação a uma forma segura e com qualidade.
estímulos dolorosos, ausência de reflexos do
tronco encefálico e ausência de movimentos Sabendo que as vítimas que evoluem para morte
respiratórios espontâneos (apneia), esses sinais encefálica são vítimas graves em sua maioria estão
devem ser constatados para o diagnóstico. A internadas em unidades intensivas e em setores
causa da lesão neurológica determinante do coma de emergência o conhecimento do enfermeiro
deve ser conhecida, nenhum distúrbio eletrolítico acerca de cuidados intensivos são indispensáveis
ou ácido-base grave pode estar presente, os a sua prática assistencial. Um estudo realizado
pacientes não podem estar sob efeito de drogas em 2017 em Buenos Aires trouxe como objetivo
sedativas ou paralisantes neuromusculares e a tornar visível a prática dos cuidados intensivos
temperatura corporal deve estar acima de 32°C11. de enfermagem lendo e escrevendo, concluindo
que a leitura melhora a prática profissional14.

O protocolo utilizado para o diagnóstico da


Dessa forma o enfermeiro que não possui
ME, instituído pela Resolução 2173/2017
conhecimento no processo de morte encefálica
do CFM (Conselho Federal de Medicina),
(reconhecimento do possível doador de órgãos e
dispõe o seguinte: são necessários dois exames
seus cuidados) contribui para recusa da doação
clínicos realizados por profissionais diferentes
dos órgãos por parte dos familiares e com o
e capacitados, não pertencente a equipe de
manejo inadequado do potencial doador nas
transplante , realizar esse procedimento de
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e Prontos
conhecimento de ME com intervalo de 1 hora
Socorros (PS)13.
(para maiores de 2 anos) e um exame obrigatório
(Doppler Transcraniano, eletroencefalografia ou
arteriografia) que detecta a ausência de perfusão Neste contexto, o presente estudo justifica-se
cerebral ou atividade elétrica cerebral11. uma vez que o TCE tem grande consequência na

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saúde da população em geral, tanto na morbidade das vítimas de morte encefálica identificada pela
quanto na mortalidade. E se tratando de pacientes Comissão Intrahospitalar de doação de órgãos
de TCE que evoluem para Morte Encefálica faz e Tecidos para transplante (CIHDOTT) ficam
necessário encontrar enfermeiros qualificados, arquivados.
experientes e com conhecimento nesta área, com
o objetivo de identificar precocemente pacientes Para coleta de dados, utilizou-se como base o
com suspeita de ME, realizar sua manutenção relatório emitido pela CIHDOTT do IMIP, com a
colaborando assim com o processo de doação de relação de todos os protocolos de morte encefálica
órgão nas instituições hospitalares. cuja causa do coma tenha sido o TCE e os dados
clínicos colhidos foram os encontrados no
Atendendo toda essa problemática o objetivo prontuário em formato tradicional do Hospital da
deste estudo foi descrever os fatores clínicos/ Restauração no momento da admissão da vítima
traumáticos presentes nas vítimas de trauma (avaliação primária, exame de reflexos, exame de
crânioencefálico que evoluíram para morte tomografia de crânio). Foram incluídos no estudo
encefálica. Essas informações podem auxiliar todos os pacientes atendidos no hospital vítimas
na implantação de medidas preventivas, de de TCE que tinham evoluído para ME.
conhecimento, atendimento e identificação
precoce de potenciais doadores pelos profissionais Os dados foram coletados em prontuários
da enfermagem. tradicionais, da Central de Transplante do
IMIP e complementados com os prontuários do
MATERIAIS E MÉTODOS Serviço de Arquivo Médico (SAME) do HR, no
período de janeiro de 2013 a dezembro de 2014.
Pesquisa descritiva, retrospectiva e documental, Para tanto, utilizou-se um formulário específico
realizada no Hospital da Restauração (HR) e (elaborado pelo autor). Foram estudadas
Instituto Materno Infantil Professores Fernando variáveis sociodemográficas (sexo e faixa
Figueira (IMIP), localizados em Recife, etária), relacionadas à ocorrência do acidente
Pernambuco. O HR foi selecionado por ser a (dia da semana e etiologia do trauma); clínicas
maior unidade da rede de saúde pública do Estado relacionadas ao trauma (gravidade do TCE,
e, também, o maior e mais complexo serviço de tipo de ventilação e tomografia); relacionada
urgência e trauma das Regiões Norte e Nordeste avaliação clínica de morte encefálica (avaliação
do Brasil. É referência para o atendimento de pupilar e avaliação de reflexo de tronco).
alta complexidade, como casos de vítimas de
acidentes de trânsito nas especialidades de Para a análise da gravidade das vítimas, foi
traumato-ortopedia, cirurgia geral, cirurgia utilizada Escala de Coma de Glasgow (ECGl),
vascular periférica, neurocirurgia, neurologia e que é o indicador clínico mais empregado
cirurgia bucomaxilofacial. O IMIP conta com a para se quantificar a gravidade, no qual foram
central de transplante onde todos os prontuários estipulados os seguintes escores para classificar
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a gravidade do trauma: Grave - 3 a 8; Moderado realizado com prontuários, sendo realizado um


- 9 a 13; Leve - 14 a 15. Devido a falta de termo de aceitação da comissão Intra-Hospitalar
informações não puderam ser analisadas as de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante
seguintes variáveis: escolaridade, ocupação, (CIHDOTT) do IMIP e do Arquivo de serviço
habilitação, uso de álcool e o uso do capacete. Os médico (SAME) do Hospital da Restauração
dados foram analisados descritivamente através para autorização da pesquisa. O projeto de
de distribuições absolutas e percentuais uni e pesquisa foi aprovado do Comitê de Ética em
bivariadas e para os testes de independência entre Pesquisa do Complexo Hospitalar do Hospital
os grupos, foi utilizado o teste Exato de Fisher e Universitário Oswaldo Cruz - HUOC (CAEE de
odds ratio (OR), com intervalo de confiança de 42775114.4.0000.5192).
95%, sendo considerado significativo p<0,05.
RESULTADOS
Os dados foram digitados na planilha EXCEL
e o programa estatístico utilizado para obtenção
Foram coletados dados de 121 prontuários durante
dos cálculos estatísticos foi o SPSS (Statistical
o período de coleta de dados, sendo a maioria do
Package for the Social Sciences) na versão 21.
sexo masculino procedentes de diversas cidades
de Pernambuco, conforme a Tabela 1.
Não foi necessário Termo de consentimento
livre e esclarecido (TCLE), pois o estudo foi

Tabela 1. Características sociodemográficas das vítimas com TCE. Recife, PE, Brasil, 2013-2014
Características n=121 %

Sexo
Feminino 20 17
Masculino 101 83
Faixa Etária
16-20 24 19,8
21-30 42 34,7
31-40 19 15,7
41-50 18 14,9
>51 18 14,9

Fonte: Dados organizados pelos autores, Brasil, 2014.

Em relação à ocorrência de TCE observa-se que significativo de agressões por arma de fogo (21%)
a etiologia do trauma predominante foi acidente ultrapassando a marca de acidente automobilístico
de moto (35%), seguindo com um percentual (9%) e que maioria ocorreu no domingo (27,3%)
(Tabela 2).
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Tabela 2. Etiologia do trauma e dia da semana das vítimas com TCE. Recife, PE, Brasil, 2013-2014

Características n=121 %

Etiologia do trauma
Acidente de moto 43 35
PAF* 25 21
Queda 25 21
Atropelamento 13 11
Acidente automobilístico 11 9,0
Agressão física 03 2,0
Encontrado desacordado 01 1,0
Dia da semana que ocorreu o acidente
Domingo 33 27,3
Segunda-feira 21 17,4
Terça-feira 13 10,7
Quarta-feira 08 6,6
Quinta-feira 14 11,6
Sexta-feira 12 9,9
Sábado 20 16,5

Fonte: Dados organizados pelos autores, Brasil, 2014.

*PAF= Perfuração por arma de fogo. Mecanismo do trauma1= carro x moto, moto x bicicleta considera-
se o primeiro descritor.

Na Tabela 3, podemos identificar que houve 16 e 30 anos quando comparados a vítimas >31
associação significativa entre a faixa etária da anos (p=0,0234, OR=3,23, IC=1,18-8,8), ou seja,
vítima e etiologia do trauma (Tabela 3), onde há um grande número de jovens envolvendo-se
há um maior risco de (Perfuração por Arma de em brigas, tráfico de drogas o que poderia estar
Fogo) PAF nos jovens com faixa etária entre levando ao seu óbito precoce nessa faixa etária.

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Tabela 3. Associação entre a faixa etária e a etiologia mais prevalente do trauma das vítimas
com TCE. Recife, PE, Brasil, 2013-2014

Etiologia do Trauma Faixa Etária p R IC


16 a 30 >31
PAF* (+) 19 6 0,0234** 3,23 1,18 - 8,8
PAF (-) 47 48
Acidente por moto (+) 26 17 0,4451
Acidente por moto (-) 40 37
Queda (+) 7 18 0,0034 4,1 1,5 - 10,8
Queda (-) 59 37

Fonte: Dados organizados pelos autores, Brasil, 2014.


*PAF= Perfuração por arma de fogo. **Teste Exato de Fisher.

Considerando as características clínicas das das vítimas, onde não há registro na avaliação
vítimas que evoluíram para ME, observa-se que inicial em 35,5% dos casos.
78,5% foram classificados como graves (escore
3-8), o tipo de ventilação realizado na admissão Na descrição da Tomografia Axial
foi ventilação mecânica, com a introdução de um Computadorizada (TAC) de crânio realizada
tubo orotraqueal (73,6%) (Tabela 4). pelas vítimas de TCE que evoluíram para ME,
foi observado que (31,4%) dos profissionais
Em relação à avaliação da presença de reflexos ou responsáveis pela avaliação e descrição, não
não, verifica-se que 35,5% dos profissionais não descreveram as características dos resultados
informam no prontuário a presença ou ausência nas 12 horas decorridas de internação hospitalar
de reflexos do paciente em sua avaliação clínica das vítimas, sabendo-se ainda que segundo
inicial, o mesmo acontece sobre avaliação pupilar o protocolo de ME a causa do coma deve ser
conhecida por exame de imagem ou líquor11.
(Tabela 4).

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Tabela 4. Características clínicas na admissão das vítimas com traumatismo cranioencefálico


que evoluíram para morte encefálica, atendidos em hospital de referência de Pernambuco,
2013-2014
Características n=121 %
Classificação do TCE*
Leve 11 9,1
Moderado 08 6,6
Grave 95 78,5
Não Informado 07 5,8
Tipo de Ventilação
Tubo Orotraqueal 89 73,6
Espontânea 13 10,7
Máscara de Venturi 06 5,0
Traqueostomia 01 0,8
NI** 12 9,9
Presença de reflexo
Sim 38 31,4
Não 40 33,1
NI** 43 35,5
Resultado da TAC de Crânio***
Contusão 06 5,0
Edema 03 2,5
Hematoma Extradural 11 9,1
Hematoma Intraparaquimentoso 05 4,1
Hematoma Subaracnóide 09 7,4
Hematoma Subdural 14 11,6
Múltiplas Lesões 33 27,3
Nenhuma lesão 02 1,7
NI** 38 31,4
Pupilas
Anisocóricas 20 16,5
Isocóricas 20 16,5
Midriátricas 34 28,1
Média Fixa 03 2,5
Pupilas Reativas 01 0,8
Sem condições de Avaliação 02 1,7
NI** 41 33,9
Fonte: Dados organizados pelos autores, Brasil, 2014.
*De acordo com a Sociedade Brasileira de Neurologia. **Não Informado. ***Tomografia Axial
Computadorizada de Crânio.
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DISCUSSÃO motociclísticos, a faixa etária predominante foi


de 15-24 anos e maioria do sexo masculino 474,
Observou-se na Tabela 1, um predomínio de
adultos jovens, do sexo masculino, envolvidos em envolvidos em acidentes de moto, como foram
acidentes. A ocorrência dos acidentes de motos vistos em nossos resultados15. Vale destacar
no sexo masculino pode-se inferir que acontece ainda que há diversos estudos nacionais que
devido a atração dos homens por velocidade,
somando-se a isso em muitas ocasiões a mistura
do álcool com a direção, ocasionando acidentes, o predomínio de homens jovens4,6,7.
e em sua maioria chegando ao TCE grave2,3.
Observa-se o predomínio de adultos jovens nos Outro estudo4 analisou Vítimas de acidentes de
acidentes (34,7%) de 21 - 30 anos o que produz
impacto na economia, por atingir indivíduos na
idade produtiva. semana, corroborando com nosso estudo e
atribuiu a isso o aumento da ingestão de bebida
alcoólica de forma mais exagerada motivando o
comportamento sócio-cultural dos jovens, que se excesso de velocidade, realização de manobras
expõem mais a situações de risco na condução arriscadas, distração e descumprimento das
de veículos, a inexperiência, a alta velocidade, normas de segurança, fatores que contribuem
a impulsividade, utilização de manobras e o uso tanto para a ocorrência quanto para as lesões
de álcool4,9, certamente a relação idade, pouca mais graves4,15.
experiência, comportamento de risco e atitudes
inseguras são fatores que contribuem para a
ocorrência de acidentes4. da vítima e etiologia do trauma (Tabela 3), onde
há um maior risco de (Perfuração por Arma de
Os dados apresentados na Tabela 2 corroboram Fogo) PAF nos jovens com faixa etária entre 16 e
com estudos anteriores, nos quais a principal 30 anos quando comparados a vítimas >31 anos
causa de TCE são os acidentes motociclístico (p=0, 0234, OR=3,23, IC=1,18-8,8), ou seja,
e automobilísticos6,7 há um grande número de jovens envolvendo-se
os dados ditos anteriormente se devem à alta
velocidade, à falta de atenção, ao alcoolismo, ao levando ao seu óbito precoce nessa faixa etária.
não uso de equipamentos de proteção e à falta
Analisando o número de vítimas de TCE por
tráfego 3,7,15.
queda, o risco aumenta nos maiores de 31 anos
(p= 0,0034, OR=4,1 IC=1,5-10,8), o que pode
Outro estudo15, realizado no mesmo hospital, inferir que nesta faixa etária há adultos que
analisou as características das vítimas de acidentes trabalham em locais que envolvem altura, muitos
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sem equipamento de proteção individual (EPI) classificados como leve seguidos de moderado
adequado e, principalmente idosos que podem e grave3,15. Vale destacar que no presente estudo
apresentar alterações no equilíbrio postural, foram avaliados os pacientes que evoluíram
diminuição de força muscular decorrente da para morte encefálica, portanto consideram-
sarcopenia, presença de comorbidades ou uso se acidentes com cinemática grave já sendo
de determinados medicamentos. Em relação esperado um mau prognóstico, diferente dos
ao acidente motociclístico não houve diferença estudos anteriores.
significativa entre as idades (p>0,05), mostrando
a ocorrência devido a outras etiologias como Para continuidade da avaliação da vítima de TCE
não utilização de equipamentos de segurança, que é atendida na unidade hospitalar os reflexos, a
desrespeito às leis de trânsito, imprudência ao pupila e o exame de imagem devem ser observados
dirigir e ingestão de bebidas alcoólica. e avaliados e redigidos aos prontuários, pois o
registro em saúde de forma adequada melhora
Associando os dados encontrados na tabela 4 a qualidade do cuidado prestado ao paciente,
que descreve a classificação do TCE e o tipo de porém problemas frequentes vêm sendo
ventilação, obtemos neste estudo que as vítimas apontados pelas pesquisas, como a qualidade
graves (78,5%) apresentavam-se com uma desse registro devido à ausência de informações
ventilação por tubo orotraqueal (IOT) (73,6%) básicas, bem como informação escrita de forma
corroborando com a literatura que afirma, vítimas as vezes incoerente e inadequada , diagnósticos
com ECGl menor que 8 pontos (TCE grave), ilegíveis, contraditórios e até mesmo ausentes,
devem ser submetidos a uma via aérea definitiva falta de itens básicos e registro inadequado18.
(IOT) e mantidas em assistência ventilatória
até que seja viável a ventilação sem aparelhos, Houve limitações de análises e associações de
subsequente a melhora do quadro neurológico8,16. alguns aspectos clínicos como avaliação pupilar,
avaliação de reflexos de tronco e discrição
De forma semelhante um estudo avaliou o perfil de tomografia devido á falta de registro nos
clínico e sociodemográfico de pacientes com prontuários e fichas de atendimento por parte dos
TCE identificou que TCE grave prevaleceu profissionais envolvidos, não vindo a esclarecer
(55,2%). O mecanismo de trauma predominante ou corroborar, com dados clínicos para abertura
no citado estudo foi o de acidente motociclístico de protocolo de morte encefálica de maneira ágil
com (62,5%) das vítimas corroborando com os e adequada. Desta forma esse estudo também
resultados desta pesquisa17. atenta para importância da descrição de dados
clínicos em prontuários para possíveis estudos
Houve divergência na literatura quanto a de melhoria do sistema de saúde, assistência
classificação do TCE, pois outros estudos de saúde corroborando para a qualidade de
identificaram que a maioria dos TCE’s são assistência prestada a vítima.

2358 Rev Cuid 2018; 9(3): 2349-60


Rev Cuid 2018; 9(3): 2349-60 Caracterização das vítimas de traumatismo encefálico que evoluíram para morte encefálica

CONCLUSÕES assim como a identificação precoce de potenciais


doadores pelos profissionais de saúde (médicos e
Neste estudo, verificou-se que o perfil das enfermeiros) através de formulação de protocolos
vítimas de TCE que evoluíram para ME era sistematizados para avaliação das vítimas de
predominantemente do sexo masculino, na TCE que evoluem para morte encefálica.
faixa etária de 21-30 anos, tendo o acidente
motociclístico como o principal tipo de impacto, Conflito de interesses: Os autores declaram que
com as maiores ocorrências nos finais de semana não há conflito de interesses.
predominando o domingo.
REFERÊNCIAS
Observou também o grande número de jovens
que evoluíram para ME devido à agressão por 1. Organização Mundial de Saúde. CID –10, tradução
do Centro Colaborador da OMS para a Classificação de
arma de fogo, com associação significativa Doenças em Português. 9 ed. São Paulo: EDUSP, 2003.
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na faixa etária entre 16 e 30 anos. Por meio da
de de vítimas de acidentes de trânsito: uma revisão. Rev
ECGl, foi observada a prevalência dos traumas Enferm UFSM. 2013; 3(1): 53-9.
https://doi:10.5902/217976926206.
graves (escore de 3-8) necessitando de intubação 3. Santos AMR, Sousa MEC, Lima LO, Ribeiro NS, Ma-
orotraqueal e ventilação artificial. deira MZA, Oliveira ADS. Perfil epidemiológico do
trauma cranioencefálico. Rev enferm UFPE. 2016; 10(11):
3960-8.
4. Albuquerque AM, Silva HCL, Torquato IMB, Gouveia
Houve limitações em algumas variáveis devido BLA, Abrantes MSAP, Torres VSF. Vítimas de aciden-
à falta de registro nos prontuários prejudicando tes de moto com traumatismo. Rev enferm UFPE. 2016;
10(5): 1730-8.
o objetivo do estudo, porém este resultado vem 5. Santos WC, Vancini-Campanharo CR, Lopes MC,
intensificar que o registro é de alta relevância no Okuno MF, Batista RE. Avaliação do conhecimento
de enfermeiros sobre a escala de coma de Glasgow em
exercício profissional e que apesar do perfil do um hospital universitário. Einstein. 2016; 14(2): 213-8.
serviço de emergência dificultar essa prática, cabe https://doi:10.1590/S1679-45082016AO3618
6. Oliveira DMPO, Pereira CU, Freitas ZMP. Escalas para
aos gestores e supervisores elaborar protocolos avaliação do nível de consciência em trauma cranioence-
fálico e sua relevância para a prática de enfermagem em
junto à equipe que possibilite o registro da neurocirurgia . Arq Bras Neurocir. 2014; 33(1): 22-32.
assistência prestada contribuindo para o cuidado 7. Silva LAP, Ferreira AC, Paulino RES, Guedes GO,
Cunha MEB, Peixoto VTCP, et al. Análise retrospectiva
com o paciente/vítima como colaborando com da prevalência e do perfil epidemiológico dos pacientes
dados para as pesquisas que são indispensáveis vítimas de trauma em um hospital secundário. Rev Med.
2017; 96(4): 246-54.
para melhoria da assistência em saúde. h t t p : / / d x . d o i . o r g / 1 0 . 11 6 0 6 / i s s n . 1 6 7 9 - 9 8 3 6 .
v96i4p245-253.
8. National Association of Emergency Medical Techi-
Os dados coletados permitiram a construção nicians. Atendimento Pré-hospitalar ao traumatizado (
PHTLS). 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015.
de discursos na prática clínica do enfermeiro 9. Viégas MLC, Pereira ELR, Targino AA, Furtado VG,
como também debates acadêmicos acerca do Rodrigues DB. Traumatismo cranioencefálico em um
hospital de referência no estado do Pará, Brasil: prevalên-
conhecimento dos enfermeiros sobre o TCE, suas cia das vítimas quanto a gênero, faixa etária, mecanismos
de trauma, e óbito. Arq. Bras. Neurocir. 2013; 32(1): 15-8.
características e o processo de Morte Encefálica

Revista Cuidarte 2359


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Betise Mery Alencar Sousa Macau Furtado

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