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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA DA 16ª

VARA DO TRABALHO DE SALVADOR – BA.


Processo. 0000xxx-xx.2017.5.05.0016

TIBURCIO FULANO DA SILVA por sua advogada sub-firmada, nos autos do


processo supra movido contra CICRANO LTDA ME, E ESTADO DA BAHIA, vem a
Vossa Excelência, com fundamento no Art. 897-A. e 775 da CLT, opor:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
I. Preliminarmente
Importante salientar que os embargos de declaraçã o sã o tempestivos, haja vista
que a r, sentença foi pública no Diário de Justiça Eletrônico em 27/03/2018,
assim, considerando o prazo para apresentaçã o de recurso é de até 05 (cinco)
dias segundo o Art. 897 da CLT, em dias úteis conforme nova redaçã o do art.
775 do mesmo dispositivo. Pelo o que, o termo final do prazo recursal seria o dia
06/04/2018.
II. Da omissão
A Douta julgadora foi omissã o na prolaçã o da sentença do presente processo em
nã o manifestar-se a cerca dos honorá rios advocatícios sucumbenciais. Tal pedido é
implícito, inclusive, por trata-se de verba alimentar inerente ao exercício da
advocacia.
O Embargante entende, conforme disposiçã o da pró pria lei, que faz jus, ao
advogado, o direito a percepçã o aos honorá rios advocatícios sucumbencias, a teor
do que dispõ e a CLT, no que tange as alteraçõ es trazidas pela Lei nº 13.467/17, in
verbis:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e
o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa. (destaquei).
É sediço que norma processual tem aplicabilidade imediata, nã o retroage para
alcançar situaçõ es consolidados antes de sua vigência, tempus regit actum,
CPC/2015:
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos
processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
É sediço também que o direito aos honorá rios advocatícios surge com a sentença, e
pode ser inclusive reconhecido de oficio, visto tratar-se de verba alimentar e
direito implícito do advogado.
"O direito aos honorários exsurge no momento em que a sentença é proferida"
(STJ, REsp. n. 1.465.535, p. 30/54)
Nã o bastando isso, como bem definido, ainda, pelo STJ, in verbis:
"no tocante aos honorários advocatícios de sucumbência, ainda que se pudesse
ultrapassar a natureza jurídica de direito material, em virtude da relevância social
do tema ou mesmo por questão de imperativo de política judiciária, a fixação de um
marco temporal, para a incidência do novo CPC, é medida salutar, em face das
enormes dificuldades que surgirão para a aplicação imediata da norma,
principalmente nos processos já sentenciados e em curso. Ressalte-se, ademais, que a
adoção da sentença como marco temporal - para a incidência de regra de direito
processual, como método de prevenir eventuais e futuros problemas, com a aplicação
imediata da norma adjetiva - já foi utilizada por este Superior Tribunal, em casos
que cingiam a competência da Justiça do Trabalho, após a edição da Emenda
Constitucional nº 45/2004, nos moldes estatuídos pelo Supremo Tribunal Federal.
[...]
Observa-se, portanto, que a sentença, como ato processual que qualifica o
nascedouro do direito à percepção dos honorários advocatícios, deve ser considerada
o marco temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015. A
hermenêutica ora propugnada pretende cristalizar a seguinte ideia: se o capítulo
acessório da sentença, referente aos honorários sucumbenciais, foi prolatado em
consonância com o CPC/1973, serão aplicadas as regras do vetusto diploma
processual até a ocorrência do trânsito em julgado. Por outro lado, nos casos de
sentença proferida a partir do dia 18.3.2016, as normas do novel CPC cingirão a
situação concreta. Não se pode olvidar, ainda, que a posição em epígrafe verbera nos
princípios do direito adquirido e da não surpresa. Induvidosamente, a parte
condenada em honorários advocatícios na sentença, em conformidade com as regras
do CPC/1973, possui direito adquirido à aplicação das normas existentes no
momento da prolação do respectivo ato processual" (STJ, REsp. n. 1.465.535, p. 33-
34/54).
"Os honorários advocatícios são instituto de direito processual material, pois, apesar
da previsão em diploma processual, confere direito subjetivo de crédito ao advogado
em face da parte que deu causa à instauração do processo" (STJ, REsp. n. 1.465.535,
p. 23/54).
Neste sentido, TRT5:
“Destaque-se, ainda, que a lei nova que trata dos honorários advocatícios,
quando aplicável ao processo em curso, por óbvio não viola a coisa julgada. Da
mesma forma, não viola qualquer ato jurídico perfeito, até porque ele inexiste
entre a parte e o advogado da parte contrária. Por fim, como já dito, como o
direito aos honorários advocatícios somente surge com a sentença, por certo
que não se pode falar em direito adquirido da parte a não ser condenado nesta
prestação.” (TRT5, desembargador relator Edilton Meireles, 1ª Turma’’ RO
0000301-54.2017.5.05.0464, 4ª Sessão ordinária, realizada em 1º. 03.2018).
(destaquei).
Portanto, é plenamente cabível a condenaçã o em honorá rios advocatícios de
sucumbência. Aqui, a Lei nº 13.467/17 nã o retroagirá nem violará direito
adquirido ou qualquer ato jurídico perfeito e acabado. No caso sub examine, apesar
a reclamató ria trabalhista ter sido ajuizada antes do início da vigência da reforma
em junho de 2017, a sentença de primeiro grau, desta açã o, foi proferida no dia
19/03/2018, obviamente, apó s a vigência da nova lei.
Partindo-se do principio de que, se a nova lei diz que o advogado, por sua
atuação processual, faz jus aos honorários advocatícios, esse direito deve ser
respeitado a partir da nova lei vigente na data da sentença.
Negar este direito relativo à verba alimentar, garantido em lei federal, é
negar vigência à lei negar o direito ao recebimento ao “salário” do advogado-
trabalhador, e violar o disposto em norma federal. Assim pugna-se o
reconhecimento do direito do advogado a percepção aos honorários de
sucumbência no importe de 15%.
Pelo ao exposto, requer a procedência dos presentes embargos, apó s cumpridas as
formalidades legais, para acrescer à condenaçã o os honorá rios advocatícios
sucumbenciais a parte vencida, no importe de 15% nos termos da lei citada.
Nos exatos termos, pugna deferimento.
Salvador/BA. xx de março de 2018
ALEXANDRA GOMES
OAB/BA xx.xxx

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