Para Sérgio Pinto Martins (2004, p. 50), o Direito do Trabalho “é o conjunto de princípios,
regras e instituições atinentes à relação de trabalho e situações análogas, visando assegurar
melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção
que lhe são destinadas”. Explica ainda que:
Na mesma linha de raciocínio, Mozart Victor Russomano (2000, p.19) esclarece que o Direito
do Trabalho “é um conjunto de princípios e normas tutelares que disciplinam as relações entre
empresários e trabalhadores, ou entre as entidades sindicais que os representam assim como
outros fatos jurídicos resultantes do trabalho”. Todos esses conceitos são importantes e
ressaltam diferentes pontos de vista do mesmo objeto.
Contudo, vamos a uma noção mais simplista e objetiva, conceituando o Direito do Trabalho
como o ramo do direito que estuda as relações de trabalho e sua proteção. Isso inclui as figuras
do empregado e do empregador, das normas de tutela (como a limitação no número de horas de
trabalho, adicionais, férias, etc.) e dos órgãos de fiscalização que serão vistos em nossas últimas
aulas (ex.: Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, etc).
E de onde vêm as normas trabalhistas? Essa pergunta nos remete a um importante tópico que
vamos ver a seguir.
Constituição Federal: é a norma jurídica mais importante que temos em nosso país, ou seja, de
maior hierarquia, pois estabelece o funcionamento do próprio Estado. Foi promulgada em 5 de
outubro de 1988 e prevê em seu Artigo 7º uma série de direitos trabalhistas que são de
fundamental importância, os quais teremos a oportunidade de analisar nas próximas aulas.
Deve-se lembrar que nenhuma lei, decreto ou outra norma jurídica pode contrariar o que está na
Constituição Federal, sob pena de ser declarada inconstitucional e inválida.
Leis: o Direito do Trabalho é regido pelas normas previstas na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). Também, podemos citar outras leis, tais como: Lei nº 5.859/72, que trata do
empregado doméstico; Lei nº 8.036/90, que trata do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS); Lei nº 7.418/85, que institui o vale-transporte; Lei nº 605/49, que traça regras para a
concessão do repouso semanal remunerado; Lei nº 10.748/2003, que cria o Programa Nacional
de Estímulo ao Primeiro Emprego para os Jovens, dentre diversas outras.
Decretos: são normas que regulamentam as leis e são expedidas pelos chefes do poder
executivo (no caso de normas trabalhistas, cuja competência legislativa cabe privativamente à
União na forma do Art. 22 da Constituição Federal, a autoridade competente para essa
regulamentação é o Presidente da República). Podemos citar como exemplos: Decreto nº
95.247/87, que regulamenta a lei instituidora do vale-transporte, de nº 7.418/85; Decreto nº
57.155/65, que regulamenta a lei instituidora da gratificação de Natal (conhecida atualmente
como 13º salário), de nº 4.090/62.
A diferença entre convenção coletiva de trabalho e acordo coletivo de trabalho está nas partes,
ou seja, no primeiro há um documento em que os sindicatos (de trabalhadores e de
empregadores) estabelecem condições de trabalho, enquanto no segundo esse documento é
firmado entre o sindicato dos empregados com empresa(s) da categoria econômica.
Regulamento interno das empresas: são normas criadas pelas empresas empregadoras
e que os trabalhadores devem seguir, e por isso acabam aderidas ao próprio contrato de
trabalho. Exemplos: proibição de utilizar a internet para fins pessoais, obrigatoriedade
de uso de uniformes, etc.
Você provavelmente imaginava que somente a lei criava normas trabalhistas, regulamentando a
relação entre empregado e patrão. No entanto, existe certo espaço de negociação para que esses
intérpretes entrem em acordo sob vários enfoques, desde que o mínimo determinado na
Constituição Federal ou na lei seja observado. É o caso dos acordos coletivos de trabalho e das
convenções coletivas de trabalho, por exemplo.