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Introducao
’ industrial, neste canto quase esquecido do globo, em uma
“Por que plantavas estrelas
Depois de colher o sol
Não viste nas caravelas
A morte com o seu farol
Eh! Guaimiaba Eh! Eh! Guaimiaba !
Amavas a terra livre
Terra sem males sonhavas
Até que o invasor pisou
Flor da paz que guardavas”
— Salomão Habib & João de Jesus Paes Loureiro.
Guaimiaba.
Fúria no Inferno Verde é uma Campanha de
Lobisomem: O Apocalipse, ambientada na Amazônia do
Século XIX, cujo cenário Principal é o Caern do Forte da
Samaúma, localizado nas cercanias da cidade de Santa
Maria de Belém, então capital da Província do Grão Pará.
O clima neste cenário histórico é um misto de
Dark Ages e Apocalipse, pois ainda que as metrópoles
europeias usufruam do período de ascenso da nova
ordem colonialista mundial e o inicio da revolução
região selvagem que os colonizadores europeus
apelidaram de “Inferno Verde”, a população dominada
por mestiços, tapuios e escravos ainda encontra-se imersa
em muito da Idade das Trevas. O Sistema usado será o
do W20, com as habilidades e dons do Dark Ages
quando a necessidade de adaptação histórica exigir.
Em meio à Segunda Guerra da Fúria, entre
disputas tribais e territoriais os bravos guerreiros Garou
se vêem em um cenário exótico e desconhecido, onde as
fronteiras entre o mundo físico e espiritual são muito
mais fracas do que na Europa, Incarnas poderosos ainda
são capazes de se manifestar nesta região selvagem
tomada pela Wyld e True Fae nativas ainda podem ser
encontradas perambulando sob a sombra da floresta.
Enquanto a crescente presença dos Estrangeiros da
Wyrm avança sobre as regiões selvagens trazendo consigo
a mácula da Weaver e a corrupção, despertando horrores
jamais vistos em suas terras natais. Bem vindos à
Amazônia Selvagem do século XIX. Bem vindos ao
Inferno Verde!
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No ano de 1813, a capital da Província, a Cidade
de Santa Maria de Belém do Grão Pará, conta com uma
população fixa de cerca de 60 mil habitantes, composta
por fidalgos de origem portuguesa, escravos, negros
livres, caboclos constituindo-se em um dos principais
focos de proliferação da Wyrm em uma região onde a
natureza selvagem e o poder da Wyld permanecem quase
completamente intocados pela presença humana, um
importante entreposto comercial que serve de portal de
entrada para boa parte daqueles que sobem ou descem a
foz do Rio Amazonas em direção aos Andes peruanos ou
ao interior da floresta e que usufrui de uma ligação direta
com a Europa, que vive o período final das Guerras
Napoleônicas após a derrota do exercito de Napoleão
pelos russos no ano anterior, embora a corte portuguesa
esteja instalada na distante província do Rio de Janeiro
desde 1908 sob as assas da toda poderosa Coroa
Britânica, enquanto a Novo Mundo vive o período
conturbado das Guerras de Independência
Hispanoamericana.
Embora represente uma das maiores cidades
localizadas no interior da hostil região amazônica, o
núcleo urbano de Santa Maria de Belém corresponde
apenas ao que viriam a ser os bairros da Cidade Velha,
Comércio, Campina e a porção sudoeste de Batista
Campos, então entrecortados por numerosos igarapés e
igapós, onde cresce a tensão entre a orgulhosa nobreza de
origem portuguesa e uma ascendente e ambiciosa classe
mercantil de plebeus com sangue mestiço e bolsos
recheados de riquezas oriundas do comercio de escravos
e “drogas do sertão”, como madeira, óleos vegetais,
seringa, animais e frutas exóticas.
O Mercado do Ver-o-Peso, embora já se constitua
no mais importante centro comercial da Amazônia, não
conta, ainda, com a presença do imponente Mercado de
Ferro. Nos limites da cidade, o imenso descampado que
viria a ser a Praça da República, abriga um cemitério
popular onde são enterrados em covas rasas os anônimos
e desvalidos, além do paiol do exército imperial que
confere ao local o sugestivo nome de “Largo da Pólvora”,
ligado, por uma estrada de terra à rústica, à capela às
margens de um belíssimo igarapé, onde só décadas mais
tarde será erguida a Basílica de Nazaré.
Naquele ano de 1813, a cidade prepara-se para as
comemorações da 20ª edição do Círio de Nossa Senhora
de Nazaré, onde a pequena imagem de madeira da santa
será mais uma vez acompanhada em procissão desde a
opulenta Catedral da Sé até a humilde capela às margens
do igarapé fora dos limites da cidade, uma festividade que
vem ganhando mais e mais apelo junto às classes mais
populares, mas que ainda devia muito às opulentas
celebrações do Dia de Reis, na Catedral da Sé, a favorita
da orgulhosa elite da província que mobiliza todas as
camadas sociais.
Grandes fazendas dedicadas ao plantio de cana de
açúcar, movidas por trabalho escravo, circundam o
núcleo urbano da capital, entre as quais destaque-se a
Fazenda do Engenho do Murutucu, o mais importante
engenho de cana-de açúcar da Amazônia, de propriedade
dos descendentes diretos do renomado arquiteto italiano
Antônio Landi, que com sua existência e expansão
ameaça as fronteira do Caern do Forte da Samaúma,
localizado às margens do lago do Utinga cercado por
mata fechada e com fama de ser um local assombrado e
vigiado por onças selvagens, onde poucos ousam se
aproximar.
Revoltas de escravos são frequentes, diante da
brutalidade dos capatazes nessas fazendas e deram origem
a três grandes quilombos nas cercanias de Belém: O
mocambo Caxiú, o maior da região, localizado onde viria
a ser o município de Acará, alvo de incursões periódicas
dos odiosos capitães do mato; o mocambo Caraparu, às
margens do rio Caraparu, que daria origem a um dos
distritos do município de Santa Izabel do Pará e mantém
comercio com as comunidades ribeirinhas da região; e o
pequeno e discreto mocambo de Abacatal, que resistiria
até os dias atuais no bairro do Aurá, em Ananindeua.
A presença indígena na cidade se resume a
descendentes indígenas catequizados e assimilados pela
sociedade local, os caboclos, que habitam casebres de
palha às margens do rio e são tolerados como cidadãos de
segunda classe do império português desde a reforma
promovida pelo Marques de Pombal que proibia a
escravidão indígena e buscava assimilar os índios à
sociedade colonial.
Os indígenas que mantinham sua cultura e tradição
são vistos como selvagens e perigosos, desde o sangrento
levante dos tupinambás, dois séculos antes, quando
tropas portuguesas e mercenários britânicos
exterminaram as aldeias indígenas nas proximidades da
capital. Apesar de ilegal há meio século, a escravidão de
indígenas considerados não civilizados não chega a ser
desconhecida nas fazendas no entorno de Belém, embora
não seja nem de longe tão comum como a escravidão dos
negros que movimenta o tráfico de escravos com a
África. Sem a intervenção de padres franciscanos
influenciados pelos Filhos de Gaia, mesmo um humilde
caboclo que se meta em confusão poderia facilmente se
ver preso aos grilhões da escravidão vítima de algum
fidalgo especialmente arbitrário.
Apesar de raros, pelas ruas da cidade é possível
observar negros livres alforriados tentando ganhar a vida
como pequenos comerciantes e prestadores de pequenos
serviços, sempre ocupados em tentar escapar da miséria
que insiste em seguir em seu encalço, há, também, alguns
“negros de ganho”, escravos enviados por seus senhores
para arrecadar dinheiro vendendo produtos ou serviços
que iam de alimentos prontos em tabuleiros à
prostituição pelas noites do centro da capital. Como
entreposto comercial, a cidade é um local especialmente
perigoso para negros livres, que podem facilmente ser
capturados e comercializados como escravos em outros
postos se não mantiverem amigos influentes e
mantiveram as cabeças baixas para não chamar atenção.
O letramento é algo raro, normalmente reservado
ao clero, a nobreza e aos mais abastados membros da
classe mercantil, as missas são rezadas em latim,
ignorando a perplexidade de uma população mais
familiarizada com o nheengatu, a língua geral amazônica
derivada do tupi e falada indiscriminadamente por
brancos, negros, caboclos e tapuios por todo o vale do
Amazonas e até nas províncias espanholas vizinhas da
Colômbia e Venezuela, do que a própria língua
portuguesa, normalmente restrita aos documentos e às
conversas formais entre autoridades da Coroa.

No século XIX a sociedade Garou no Brasil é
caótica e fragmentada, Senhores das Sombras
infiltrados entre os colonos espanhóis buscam estar à
frente das mais ousadas missões que desbravam os
segredos ocultos no coração das regiões selvagens do
Novo Mundo e são responsabilizados pela recente
extinção dos Camazotz e pela deflagração da Guerra da
Fúria, na qual ocupam com orgulho a posição de
vanguarda na Guerra; seguidos por raros Presas de
Prata de origem portuguesa (ou ainda mais raramente
Holandesa) que seguiram para o novo mundo
acompanhando seus parentes da baixa nobreza
portuguesa, quase sempre na condição de renegados ou
de jovens ousados sedentos de glória e aventuras em
terras exóticas e repletas de desafios desconhecidos;
Crias de Fenris e Fiannas de origem britânica,
 infiltrados entre os mercenários ingleses que visitavam
com frequência a região, vistos quase sempre com pouca
simpatia pelas tribos Garou que tomaram Parentes entre
os povos nativos e descendentes africanos, num espectro
que vai do prudentemente desconfiado ao abertamente
hostil.
Entre os povos nativos, em meio ao fogo cruzado
da Guerra entre os Garou de origem europeia e os
metamorfos nativos, preocupado com a preservação dos
domínios da Wyld, há os Uktena Amazônicos de
ascendência hegemonicamente indígena, mas também
africana, cujo principal Caern é o inóspito Forte da
Samaúma, na entrada para a foz do Grande Rio
Amazonas, onde são ainda tolerados os Filhos de Gaia,
quase sempre ligados aos missionários jesuítas e
capuchinhos, mas também com vínculos entre
abolicionistas e quilombolas; os raros Peregrinos
Silenciosos de ascendência africana que nascem ou
visitam a região; e as ainda mais raras Fúrias Negras que
se aventuram por essas bandas buscando preservar os
domínios da Wyld e explorar seus segredos. 
Com esforço é possível encontrar nos grandes
núcleos urbanos ou em incursões de estudo no interior
das regiões selvagens, os Tetrassomianos, precursores
renascentistas dos Andarilhos do Asfalto e, de maneira
muito mais generalizada, nos becos decrépitos de vilas e
cidades e nos porões imundos dos navios, os Roedores
de Ossos.