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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

GUSTAVO MARQUES DA SILVA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I DO CURSO DE LICENCIATURA


EM CIÊNCIAS SOCIAIS

PARANAGUÁ
2022
INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

GUSTAVO MARQUES DA SILVA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I DO CURSO DE LICENCIATURA


EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Relatório de estágio apresentado como requisito parcial


à obtenção de nota do Estágio Curricular
Supervisionado em Licenciatura em Ciências Sociais do
Instituto Federal do Paraná - Campus Paranaguá.

Professor Orientador: Luiz Belmiro Teixeira

PARANAGUÁ
2022

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................ p. 3
2. DESENVOLVIMENTO........................................................................... p. 5
2.1. APRESENTAÇÃO DA ESCOLA........................................................... p. 6
2.2. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA ESTRUTURA FÍSICA
DA ESCOLA……………………………………………………………………... p. 7
2.3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO AMBIENTE ESCOLAR………. p. 9
2.4. O NOVO ENSINO MÉDIO.................................................................... p. 10
2.5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO (PPP)
DA ESCOLA....................................................................................................... p. 11
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... p. 14
4. REFERÊNCIAS....................................................................................... p. 15

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1 INTRODUÇÃO

Este relatório tem como propósito abordar os tópicos que ficaram evidentes durante
o período de observação estagiada no campus da IFPR. Questões como a convivência com
os alunos, o ato de lecionar em sala de aula, o contato mais direto com a instituição, etc., são
os pontos aqui tratados.
O ato de estagiar é importante para que os estudantes dos cursos superiores tenham
visões mais amplas e aproximadas da práxis do lecionar em sala de aula, fazendo
observações e anotações manuscritas das aulas dos professores que acompanham. É com a
existência efetiva dos estágios que os estudantes percebem a insuficiência e
insustentabilidade de somente o conhecimento teórico. Na prática, esse conhecimento
teórico não é performado, coreografado exatamente como se prediz em um mundo platônico
de ideias perfeitas; ele é improvisado, e o estágio serve justamente para que se improvise o
melhor possível, em meio a todos os imprevistos que acontecem em sala de aula com os
alunos. Como bem diz Moacir Gadotti:

“A filosofia da educação implica uma educação da filosofia: não pode pretender uma
intervenção válida se não estiver por dentro (informada, preparada e formada, se ignorar a
realidade) de sua análise, do levantamento dos seus problemas, suas riquezas e
possibilidades, enfim, se não se articular sobre a situação. Quero dizer que a educação
deve representar para a filosofia um autêntico desafio. E, neste caso, sua principal tarefa
consistirá em ajudar os homens a enfrentar esse desafio, em não depor armas em face do
rumo dos acontecimentos, mas em tentar dar-lhes novos rumos voltados para uma
perspectiva humana, ajudando a definir e a delimitar constantemente essa perspectiva.”
[GADOTTI, 2003, p. 37-38]

Ou seja, a educação e a filosofia da educação deixam de ser esferas esotéricas, cuja


iniciação ocorre apenas após a transição da fase de formação da graduação para o efetivo
professar, e passam a se traduzir, da sua teoria, em cada fase do estagiar da licenciatura. Não
como uma tradução de língua estrangeira para língua natal, mas uma tradução de,
efetivamente, palavras em atos, uma práxis pedagógica. Quando bem realizado e bem
acompanhado, o estágio também apresenta os grupos de ideologias que motivaram a
estruturação da instituição de ensino, quer dizer, os evidentes no PPP da instituição.

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2 DESENVOLVIMENTO

O campus Paranaguá localiza-se na cidade de Paranaguá, no litoral do estado, a 91 km


da capital, com uma área de 826,657km2. Existem um total de 26 campus espalhados por todo
o Paraná. Como afirmam Westphal & Brondani (2009), docentes que realizaram estudos sobre
o meio em que o campus está localizado:

“O Campus situa-se na periferia da cidade, em um bairro pobre, carente de infraestrutura e


políticas públicas de apoio social. Os problemas maiores estão relacionados às áreas de
ocupação de restingas e manguezais pelas famílias sem teto e dos moradores do conjunto
habitacional, em torno das dificuldades de emprego, saúde, creches e outras demandas.”
(WESTPHAL & BRONDANI, 2009, P.22)

Os institutos foram criados em dezembro de 2008 através da lei 11.892, que implantou
as Redes Federais de Educação Profissional e Tecnológica e os 38 institutos federais que
existem no país. O IFPR Campus Paranaguá se encontra na Av. Antônio Carlos Rodrigues,
453 - Porto Seguro, Paranaguá - PR, 83215-750. Os estudos e reflexões para a elaboração da
PPP da instituição iniciaram-se em meados de 2008 e intensificaram-se no segundo semestre
de 2011, quando foi instituída a Comissão Central de Construção Coletiva do Projeto
Político-Pedagógico do Campus Paranaguá, conforme a Portaria Nº 017/2011. A Comissão
trabalhou de forma sistemática durante os meses de junho a dezembro de 2011 e respeitou um
cronograma que previa dois encontros mensais.
O trabalho pedagógico no Campus Paranaguá organiza-se na relação entre a Direção
Geral, a Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão, a Coordenação de Ensino, a Coordenação de
Pesquisa e Extensão, as Coordenações de Eixo e Área, a Secretaria Acadêmica, os pedagogos
e os assistentes dos alunos, os técnicos de laboratório e os professores. Cada um desses
servidores participa em conjunto da organização e materialização do trabalho pedagógico, a
partir das orientações do presente Projeto Político-Pedagógico, através de planos de cursos,
planejamentos, cronogramas de trabalho e dos coletivos pedagógicos realizados regularmente.

2.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA ESTRUTURA FÍSICA DA ESCOLA:

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As instalações do Campus Paranaguá estão assim distribuídas: há um Bloco Didático
com 14 salas de aula; Sala Multimídia; Laboratórios de Informática; Laboratório de
Mecânica; Laboratório de Aquicultura; Laboratório de Hardware; Biblioteca; Auditório com
capacidade para 150 pessoas; um Bloco Administrativo (composto por áreas de Planejamento,
Administração, Finanças, Gestão de Pessoas, Tecnologia da Informação, Sala de Reuniões); e
a Área de Ensino (Secretaria Acadêmica, Núcleo de Acompanhamento Pedagógico, Serviço
de Atendimento à Saúde e Enfermagem, Sala de Atendimento e Reuniões). O IFPR Campus
Paranaguá possui um quadro de servidores que inclui corpo docente e técnicos
administrativos, altamente qualificados em suas áreas de atuação. Todo o quadro possui nível
superior e, inclusive, a maioria possui títulos de especialização, mestrado e doutorado.
Em sua estrutura e organização, a Área de Ensino, Pesquisa e Extensão do Campus
Paranaguá é formada pela Biblioteca, Secretaria Acadêmica, Unidade de Atendimento
Estudantil, Unidade Orientadora de Estágio, Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais (NAPNE); Serviço de Atendimento à Saúde e Enfermagem (SASE);
Comitê de Pesquisa e Extensão (COPE); e Corpo Docente. A Biblioteca do Campus
Paranaguá está subordinada ao Sistema de Bibliotecas do Instituto Federal do Paraná
(SIBI/IFPR) e é o órgão responsável pelo fornecimento de material informacional à
comunidade acadêmica bem como auxílio ao desenvolvimento das atividades de ensino,
pesquisa e extensão. A Biblioteca tem adaptado-se aos modernos recursos tecnológicos com o
objetivo de atender aos padrões exigidos para o bom funcionamento de seus serviços e
oferecer um atendimento de qualidade. O horário de funcionamento regular é das 8h às 21h e,
no período de férias, das 8h às 17h. Sua equipe administrativa é formada pelos servidores:
Maria do Amparo Domingues (Bibliotecária); Maurílio Gomes Cassilha, Samir Omar e
Rosângela de Cássia Meister (Auxiliares de Biblioteca).

O corpo docente do Campus Paranaguá é formado por cinquenta professores das mais
variadas áreas do conhecimento. O campus dispõe de uma infraestrutura básica (laboratórios
de ensino e de pesquisa, internet de alta velocidade, bibliotecas, refeitórios, alojamentos,
quadras poliesportivas, softwares, entre outros recursos) e estudos diagnósticos e/ou contínuos
que evidenciem as permanências e rupturas de práticas sociais “tradicionais” aliadas aos
avanços tecnológicos vivenciados pela sociedade e que se materializam em máquinas,
computadores, softwares, entre outros, muitas vezes indispensáveis a melhorias nas condições
de vida. Há um auditório disponível no Campus, o que garante a possibilidade de maior

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aproximação com a Fundação Cultural do município, constatando-se um vasto campo a ser
explorado no desenvolvimento de práticas culturais e interdisciplinares.

2.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO AMBIENTE ESCOLAR:

Em seu funcionamento podemos encontrar 132 servidores, 74 professores efetivos, 3


em cooperação técnica (o Campus Paranaguá evita passar servidores, para cooperação
técnica, segundo nos foi informado pela Silvana), 10 professores substitutos e 45 servidores
técnicos da educação. São, ao total, 1300 estudantes.

Tendo a disposição dos alunos três cursos para educação básica e técnica: Técnico em
informática, quatro técnico em meio ambiente, quatro turmas técnico em mecânica, quatro
turmas do curso superior em Ciências Sociais, quatro turmas de Física, quatro turmas de
Tecnologia e Análise de Desenvolvimento, três turmas de gestão ambiental, quatro turmas de
mestrado e PPGCTS as aulas no período da manhã tem até o meio dia e quarenta e cinco. No
período da tarde as aulas iniciam às 13:30 até as 18:30 do período noturno, quando começam
as aulas da noite que duram até às 23:10.

O estágio foi realizado a partir de 8 de Agosto de 2022. Foram observadas a estrutura


do instituto, para saber qual a disponibilidade para os discentes e docentes no âmbito escolar,
e onde passam a maior parte de seus dias. Listam-se alguns dos aspectos percebidos nessa
observação:

● O campus, além dos cursos técnicos e cursos superiores, tem cursos de pós-graduação
de mestrado em CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e uma agenda para a
implementação de mais cursos de mestrado e doutorado em breve, segundo
informação cedida pelo professor Lucas B. Pelissari;

● Todos os professores da IFPR têm, no mínimo, mestrado em sua formação e anos de


experiência na sua profissão, para garantir um ensino de qualidade isonomicamente
para todos os estudantes;

● As salas para a educação do corpo, como o ginásio nos fundos do campus e a sala de
práticas corporais, bem como a sala de artes, possuem uma infraestrutura de grande
qualidade para educação alternativa às de sala de aula padrão;

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● O campus dispõe de tecnologias de ponta para auxiliar os professores a apresentarem
seus materiais de ensino de modo mais prático e versátil;
● As orientações e co-orientações da IFPR são de extrema qualidade, acompanhando
atenciosamente e prestando apoio de fato aos estudantes, permitindo elaboração de
teses, seja de conclusão de curso ou de mestrado, que sejam interdisciplinares e
transdisciplinares;
● Cursos tanto lato sensu quanto stricto sensu são ofertados;
● A construção do refeitório foi concluída em Setembro e tratativas junto a prefeitura
vem sendo conduzidas para viabilizar o funcionamento efetivo do refeitório, não
sendo possível indicar data exata para o início dos trabalhos, segundo informações
cedidas pelo diretor do Setor Administrativo, Antonio C. Vissoto;
● O elevador, infelizmente, carece de reparos. Como o instituto dispõe de estudantes
com deficiências de locomoção, isso dificulta suas vidas quando precisam ascender até
andares superiores. O NAPNE ( Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais) é o setor responsável por isso e está tomando providências
para resolver o caso.
● A questão da segurança: há muitos espaços periféricos e abertos que levam ao acesso
do campus sem serem o portão principal, o que exige a construção de muros e a
vigilância de mais guardas presentes na propriedade.
● Durante o período de estágio, a turma de Morretes ficara convencida de que o instituto
não permitia aos alunos que moram em outras cidades e que têm dificuldade de
locomoção, a fazer estágio em suas cidades, deixando assim os alunos prejudicados,
por diversos fatores econômicos e de mobilidade. Entretanto, segundo a Seção de
Estágios e Relações Comunitárias, chefiada pelo senhor Ricardo Expedito, foi
informado que o aluno do IFPR pode estagiar em qualquer instituição apta, desde que
sua carga horária não conflite/prejudique seus horários de aula.

2.4 O NOVO ENSINO MÉDIO

Para se ter uma noção desta reforma, é preciso entender a educação efetiva que foi
proposta pela BNCC- Base Nacional Comum Curricular, para trabalhá-la e aplicá-la nas aulas
e, principalmente apresentá-la aos alunos. Trazendo-o para o centro da aprendizagem,

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colocá-lo como protagonista do seu conhecimento e conectá-lo aos conteúdos da sua
realidade.

“A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), registrada em 2017, instituiu


uma mudança na estrutura do EM, que ampliou de 2,4 mil horas para 3 mil horas totais o
tempo mínimo do estudante na escola e um novo sistema curricular brasileiro, até o ano de
2022. Segundo o artigo 35-A, parágrafo 7º da LDB" os currículos do Ensino Médio deverão
considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a
construção de seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e
promocionais". (LDB, 2017)

A partir disso, implementou-se uma organização mais flexível, contemplando as


diretrizes da BNCC.

A IFPR não implantará a nova reforma do ensino médio, pois ela tem autonomia da
grade escolar dele mesmo diferente das demais instituições, por conta disso não vai aderir
esse novo/velho sistema, por conta de já estar incluso em sua grade uma educação técnica e
de qualidade, muita sorte dos alunos do ensino médio. Além disso, estatisticamente, são os
chamados “ensino médio integrados”, como os ofertados pelos institutos federais, que
disponibilizam formações tecnocientíficas e humanísticas de modo que os estudantes se
formem tecnicamente e já estejam aptos para trabalhar com os conhecimentos adquiridos
nessas graduações, o que constata-se aumentos gradativos nas matrículas desses ensinos
médios integrados. Logo, vemos um contraste, um verdadeiro antagonismo entre o ensino
fragmentado, hierárquico e em lato sensu, que apresenta saberes gerais e superficiais sobre
tudo, e um ensino completo, com direções aprofundadas e que oferece possibilidades de
especialização em strictu sensu.

Como aponta a pedagoga Acácia Kuenzer, o objetivo é fazer uma oposição à


pedagogia de fábrica, pragmática e utilitarista, que se instaura nas instituições gerando a
acumulação e estagnação do capital, sem flexibilização. Tudo se fragmenta, se hierarquiza, se
encadeia produtivamente. Ainda segundo Kuenzer, é esse tipo de pedagogia que impede que
tanto o estudante quanto o operário se entregue de corpo e alma ao que faz, porque suas
próprias faculdades são dicotomizadas - ou ele pensa, ou ele faz, mas não ambos. O ensino
integrado, como o que o campus oferece, quebra com esta dicotomia realizando uma práxis do
ensino.

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2.5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO (PPP) DA ESCOLA

O plano para a elaboração do PPP, sua base teórica, foi iniciado em meados de 2008 e
se intensificou em 2011, do segundo semestre deste ano e posteriormente.

A elaboração se deu através de encontros mensais. Em junho, formou-se a referida


comissão e tratou-se de questões elementares quanto ao aprofundamento do conceito de
Projeto Político-Pedagógico; a discussão sobre o processo de elaboração do projeto e a
proposta pedagógica curricular ocorreu em julho; as discussões em torno do marco referencial
ocorreram em agosto; nos meses de setembro, outubro e novembro deu-se continuidade às
discussões sobre o marco referencial e a conclusão de alguns textos com compreensões
iniciais sobre o projeto; e em dezembro aconteceram as discussões a respeito de determinadas
compreensões iniciais, uma prévia sobre as possibilidades de organização curricular e oferta
de ensino, além da organização da semana pedagógica do primeiro semestre de 2012, na qual
se previam o aprofundamento e intensificação dos trabalhos referentes à elaboração do
Projeto Político-Pedagógico.

Frisamos que a importância desse documento que rege as orientações que a instituição
deve seguir se deve ao fato de que é preciso identificar e consolidar um porquê para cada
divisão da instituição. Sendo assim, apareceram na elaboração do documento várias questões
como: quem somos? Por que os institutos federais, a despeito da existência dos CEFETs, das
universidades federais e das universidades tecnológicas federais? Onde estamos? Por que o IF
em Paranaguá? Para quem o IF em Paranaguá?, etc.

O campus Paranaguá iniciou as atividades letivas com uma aula inaugural realizada no
dia 30 de agosto de 2008, entendida como uma escola técnica da universidade federal do
Paraná (UFPR), nesta época eram oferecidos três cursos,do nível técnico integral: Agricultura,
informática, e logística. Desde 29 de dezembro de 2008, com a homologação da Lei 11.892
que instituiu a Rede Federal de Educação.

Desde que a lei foi implantada o instituto vem tendo várias melhorias,e obteve muitos
avanços em cursos e projetos de extensão, sempre com o propósito de proporcionar uma
educação inspiradora e qualidade para seus discentes.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Houve dificuldade em preencher alguns requisitos do relatório, tendo que ir pelo


menos uma vez no estágio da parte da tarde, onde não foi o bastante para ter um veredito da
estrutura do campus que seja decisivo e conclusivo. Do que foi possível absorver e
compreender, no que tange aos contatos com o ambiente escolar do ensino médio, é que as
relações sociais de praticamente todos os agentes, todos os indivíduos, não são frias e
indiferentes. Elas se chocam com relativa intimidade, atração, interesse nas atividades que se
interseccionam. Quer dizer, todos os eventos que ocorrem no campus, repercutem de uma
forma que interessam e interagem com os demais que não sejam das mesmas áreas, mesmas
salas, mesmo cursos, etc. Constato que parte dessas relações dinâmicas se deve ao fato de que
o campus tenha uma interação com os Arranjos Produtivos Locais (APL) frutífera em que, de
fato, eles se dinamizam, se potencializam e se desenvolvem. Isso só acontece porque há
discussões sobre as positivas possibilidades deles, e que, como Paulo Freire diz em Pedagogia
da Autonomia:

“Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade
descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos
córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem
à saúde das gentes. Por que não há lixões no coração dos bairros ricos e mesmo puramente
remediados dos centros urbanos? Esta pergunta é considerada em si demagógica e
reveladora da má vontade de quem a faz. É pergunta de subversivo, dizem certos defensores
da democracia. Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deve
associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é
constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? Por
que não estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais
aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Por que não discutir as
implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas pobres da
cidade? A ética de classe embutida neste descaso? Porque, dirá um educador
reacionariamente pragmático, a escola não tem nada que ver com isso. A escola não é
partido. Ela tem que ensinar os conteúdos, transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes
operam por si mesmos.” [FREIRE, 1996, p. 15]

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Espero que, nas próximas fases do estágio, não seja restrito às observações a algo um
tanto quanto especulativo, palpitoso, nos pareceres que serão transcritos nos relatórios. Com o
estágio nas salas de aula propriamente, ter-se-á contatos bem mais aprofundados e diretos
com a instituição e seus docentes e discentes.
Vejo com um realismo promissor a segunda fase do Estágio, a qual se terá uma
indissociabilidade maior ainda, no caso, da do que valem para os estudantes, como, por
exemplo: como realizar teses de autores sem mostrar os autores que previram, anteriormente,
os mesmos insights que esses autores modernos estão fazendo novamente, ainda que com
diferentes e inovadoras formas alternativas de se ver os fenômenos? Vemos algo muito
presente no ensino técnico integrado da IFPR com este docente com a do discente, em nós
mesmos no ato de estagiar.

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REFERÊNCIAS:

BNCC – Base Nacional Comum Curricular – Educação é a Base

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e
Terra, 2008.

GADOTTI, Moacir. Educação e poder: introdução à pedagogia do conflito. 11º Ed. São
Paulo: Cortez, 1998.

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 2022-2024 IFPR - CAMPUS PARANAGUÁ


INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Normas para elaboração de trabalhos acadêmicos do
Instituto Federal do Paraná (IFPR). Curitiba: Instituto Federal do Paraná, Sistema de
Bibliotecas, 2010.

Acácia Kuenzer defende ensino médio integrado e ações afirmativas para reduzir
vulnerabilidade dos jovens — Portal IFRN

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