CESÁRIO VERDE

“O SENTIMENTO D’UM OCIDENTAL”

Principais Temáticas
A Representação da Cidade e do Campo
A tensão dialética entre a cidade e o campo é um dos temas fundamentais na poesia de Cesário:

- Cidade: O espaço urbano é visto como um lugar de futilidade, de corrupção, de

sofrimento, de doença, de opressão e de destruição. A ideia de morte associada à cidade
cria no sujeito poético uma repulsa em relação a esta, por onde gostava de deambular
mas que acaba por o aprisionar
- Campo: O campo apresentado não tem um espaço idílico bem como não aparece
associado ao bucolismo e ao devaneio poético, é um espaço real. É o dia-a-dia concreto,
autêntico e real. Ele associa o campo à vida, fertilidade, vitalidade, alegria e saúde. O
campo é perspetivado como um lugar de liberdade – sendo que o espaço rural não é
idealizado, mas descrito de forma realista e concreta.

A Questão Social
A sua poesia tem uma intensão crítica e de análise social, ao denunciar a atmosfera conflituosa
dos grandes centros urbanos
- Probelmas adjacentes ao urbanismo (a precária saúde pública, a miséria, os vicios, a
poluição)
- Problemas sociais (opressão social, ausência de amor)
O sujeito poético apresenta claramente um sentimento de empatia em relação aos elementos
das classes mais baixas. Com efeito é feita uma crítica às condições degradantes em que o povo
vivia. O “eu” lírico admira a força física e a pujança dos trabalhadores.
A injustiça social denunciada na poesia de Cesário Verde torna-se mais gritante pelo contraste
que nela se estabelece entre o labor permanente do povo, que é visto como a força ativa da
sociedade, e o ócio que caracteriza as classes dominantes.

Deambulação e Imaginação: O Observador Acidental

Cesário Verde representa nos seus versos a cidade através do registo de perceções sensoriais –
Sensacionismo.
A caracterização da cidade é feita enquanto o “eu” lírico caminha pelas ruas sem destino,
anotando em movimento o que vê, cheira, ouve, … O facto de deambular, de se deslocar no
espaço, permite-lhe ter uma perceção dinâmica e um conhecimento mais completo da realidade
urbana.
Mas Cesário não se contenta em apresentar a realidade “como ela é”, ou seja, de forma
“objetiva”. O sujeito poético coloca a sua subjetividade nessa descrição e acompanha-a de
insinuações apreciativas e de comentários avaliativos.
Esse olhar subjetivo da realidade e da cidade concretiza-se em vários casos numa
representação imaginativa das figuras, dos elementos e dos espaços. Esta é uma técnica de
representação do real que se propicia à análise e à critica social através da comparação,
metáfora e imagem.
Por fim, a imaginação do sujeito lírico também é resposável por fazer alusões ao passado da
cidade.

Perceção Sensorial e Transfiguração Poética do Real

Através das sensações (visuais, táteis, etc.) o sujeito poético cria uma nova realidade, a partir de
elementos reais, com ajuda da sua imaginação e visão transfiguradora – a visão do exterior
através da visão íntima e subjetiva do “eu”

“O Sentimento d’um Ocidental”