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REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL SUPREMO. SECRATARIA JUDICIAL DA CAMARA CRIMINAL PROC. N° 02/22 COPIA DO DOUTO ACORDAO PROFERIDO NOS AUTOS DE LIBERDADE CONDICIONAL EM QUE E ARGUIDO AUGUSTO DA SILVA TOMAS REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL SUPREMO SENTENCA P2N0219 1. RELATORIO A Direccao do Servico Penitenciario de Luanda, propée a liberdade condicional do recluso Augusto da Silva Tomas, solteiro, de 65 anos de idade, nascido aos 6 de Outubro de 1957, filho de Inocéncio Tomas e de Mariana da Silva, natural de Cabinda, residente antes de preso em Luanda, distrito Urbano da Samba, condominio Atlantico Sul, vide fis. 21 e 22 dos autos. Invocando estarem preenchidos os requisitos e fundamentos legais Para a concessao de liberdade condicional, vide a fls. 22 dos autos. Consta do referido documento, que o recluso Augusto da Silva Tomas, foi julgado e condenado no Processo n.° 02/19, pelo Tribunal Supremo na pena Unica de 7 (sete) anos e 1 (um) més de prisdo, com opiniao unanime de que até a presente data, o recluso tem sido acompanhado pela area de assisténcia a reabilitagao penitencidria com realce a assisténcia social, caracterizada pelo acompanhamento reabiltativo, familiar, médico e psicolégico. Figura ainda no documento um resumo da rota ee ‘ recluso da qual consta que o mesmo esta preso desde 21 ae el 2018, actualmente internado no Hospital Priséo de Sao fae com metade da pena cumprida aos 6 de Abril de 2022, estando a extingao de referida pena prevista para 21 de outubro de 2025. Em vista os autos, o Dignissimo Magistrado do M°. P®. emitiu o seguinte douto parecer que se transcreve: “O arguido Augusto da Silva Tomas, ora requerente, foi condenado nas penas parcelares de 7 anos de priséo pelo crime de Peculato e 2 meses de priso pelo crime de Participagéio econémica em negécio, sendo em camulo juridico condenado na pena Unica de 7 anos e 1 més de priséo, reelaborado que foi este, nos termos do Acérdao de fis 6284 e seguintes do processo principal A condenagao teve como fundamento toda a prova produzida nos autos, mormente a que resultou da discussao e julgamento da causa. Em conformidade com a Liquidagéo de pena de fis 31, 0 arquido foi reso em 18 de Setembro de 2018, tendo completo jé metade da pena em 2 de Abril do ano em curso, feitos os céiculos relacionados com o tempo de priséo preventiva cumprido, incluindo a domiciiar e 0 tempo jé consumido no cémputo da pena aplicada A proposta de Liberdade Condicional proveniente da Direcgéo Nacional do Servigo Penitenciério, é favorével ao requerente porque se enquadra no ambito dos beneficios prisionais a luz do art.° 80° da Lei n° 8/08, de 29 de Agosto, Lei Penitenciéria, proposta esta ancorada no Principio da ressocializacdo do recluso previsto no art.° 3° n° 1 da mesma lei Por outro lado, mostram-se reunidos os pressupostos para concessdo desta liberdade previstos no art.° 59.° do C. P. Angolano e Sobre a matéria jé em outras ocasiées o requerente tinha o seu consentimento nos termos do art.° 564° do C.P. P. Angolano e foram cumpnidos os requisitos de forma consagrados neste ultimo normativo. Acresce também, que os crimes cometidos pelo requerente néo constam do leque das factualidades que constituem inadmissibilidade de liberdade condicional do art.° 63° do C. P. Angolano. Recentemente, por via de uma negociagao com o Estado Angolano, © requerente deu inicio ao pagamento da indemnizagéo a que foi condenado, cujas cépias constam deste apenso- vide fis 6 a 19. Ora, sendo que as penas visam a protecgéo de bens juridicos essenciais 4 subsisténcia da comunidade e a reintegragaéo do condenado na sociedade e parte desta pena de pris4o e nao sé ja foi executada, estamos em condig6es de afirmar que os fins das penas foram atingidos. A liberdade condicional surge assim como um modo de realizagao da pena progressiva, dito na linguagem penitenciaria, rota progressiva e a libertagao no caso seré compativel com a defesa da ordem juridica e da paz social, sufragada nos termos do quanto dispée o art.° 59° n® 2 al. b) do citado C. Penal. Finalmente, ela se enquadra no contexto da politica criminal hodierna, por isso 6 um beneficio cujo objectivo é o de criar um periodo de transigao entre a prisdo e a liberdade definitiva do condenado. Por tudo acima exposto, o meu parecer vai no sentido de acolher a Proposta que antecede e conceder ao requerente a liberdade condicional por ele requerida.” © Tribunal ¢ competente, o proponente é legitimo e 0 processo ¢ 0 Proprio e nao enferma de nulidades, nem excepgées ou outras questoes prévias de que cumpra conhecer. I. APRECIAGAO Decorre do art.° 564.° do C.P. Penal que “1: Até 2 meses das datas previstas nos artigos 59.° 60.° do C. Penal, os Servicos prisionais remetem, para efeito de concesséo de liberdade condicional, ao Tribunal competente para a execugao: @) Um relat6rio sobre a forma como decorreu, até aquele momento, @ execugao da pena de prisdo e sobre o comportamento do preso durante o tempo de priséo decorrido; 4) Parecer fundamentado do director do estabelecimento prisional, onde 0 condenado cumpre a pena de prisdo, sobre a concesso da liberdade condicional; ©) Declaragéo do preso a dar consentimento 4 liberdade condicional, 2 (...)" No caso em andlise, por douto acérdao do Tribunal Supremo foi 0 arguido Augusto da Silva Tomas condenado na pena tinica de 7 (sete) anos e 1 (um) més de prisdo, pela pratica dos crimes de Peculato, Participagao Econémica em negocios p. e p. pelos artigos 313.° e 437° ambos do C. Penal e n.° 4, do art.° 40.°, da Lei n.° 3/14 de 10 de Fevereiro, respectivamente. Do auto de liquidagao da pena constante de fis. 31 resulta que foi preso no dia 18 de Setembro de 2018, tendo, deste modo, cumprido metade da pena no dia 18 de Margo de 2022, e termina o cumprimento da pena no dia 18 de Outubro de 2025 Entretanto, com a recente publicagao da lei da amnistia n.° 36/22 de 23 de Dezembro, nos termos do art.” 2, n.°1 da referida Lei, beneficia 0 ora condenado do perdao de 1/4 da pena que Ihe foi aplicada, passando deste modo, a pena de prisdo a cumprir para 5 anos, 3 meses e 22 dias. Com a redugao da pena por aplicagdo do referido perdao, fol cumprida pelo arguido cerca de 4 anos, e 3 meses de prisdo, ou seja, mais que metade da pena, que assim, sera de 2 anos, 7 meses e 26 dias de prisdo, faltando cumprir cerca de 1 ano, 22 dias de prisao. Do relatorio do Estabelecimento Prisional, resulta estar 0 arguido preparado para viver em liberdade, 0 que também foi demonstrado, ainda que tardiamente, com a negociagao feita com o Estado, no sentido do pagamento da indemnizagao em que foi condenado. HA claramente um esforgo para viver de acordo com as normas impostas em sociedade que nos permite fazer um juizo de prognose favoravel, Efectivamente, este juizo basta-se com uma expectativa favoravel, néo com uma certeza absoluta porque impossivel de fazer futurologia ‘Assim, tendo sobretudo em linha de conta a aplicagao do perdao que reduziu a pena aplicada, como referimos anteriormente e sublinhamos agora, temos de concluir estarem preenchidos os requisitos legais, ou seja, mostra-se fundadamente de esperar, atentas as circunstancias do caso € a evolugdo deste durante a execugdo da pena de prisdo, que 0 condenado, uma vez em liberdade, conduzira a sua vida de modo socialmente responsavel, sem cometer crimes, somos de concluir pela concesséo da liberdade condicional, pelo tempo que resta para cumprimento da pena, ficando com a obrigagéo do pagamento total da de residir na indemnizagéo em que foi condenado no mesmo prazo - soe ° do C. Penal. cidade de Luanda, nos termos do art.° 565.° do CPP e 61 Ml, DECISAO Nests temas, “Txt Pecetint wa Pope = a Conucde vytek Conhrei sree hl da Silrm pbite fly gen ves te Pero Ceo foys eres fo le LES) crnee aned AG ts @:, bint Hons hias Le Poses, ca cine Aeue ferreten. Nats © ae esleks no L bauck. - (4 Bu Wancboly Ly Lvramenle. tue ffegen z Cecreprre Bure weris de ly. Liancle acy 26 cb. Veyrlve A 2022. SECRETARIA JUDICIAL DA CAMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL SUPR' DEZEMBRO DE 2022 EMO EM LUANDA, 28 DE

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