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Copyright 2021 by J.

Love
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prévia autorização da autora da obra.
Esta é uma obra de ficção. Os nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produto da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Capa: Letícia K. Designer


Amor e Sedução
LOVE, J
2ª Edição — Janeiro de 2021
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Epílogo
Capítulo 1
Eu o apelidei de Mister Sedução.
Eu sei, dar um apelido desses para o cara que paga seu salário não
é muito educado, mas também não existe outra forma de eu me referir a
Adonis. Sério, além do nome perfeito, ele é a tentação em formato de
homem.
Com mais de um metro e noventa, cabelos escuros ondulados,
olhos de um azul esverdeado e lábios carnudos e rosados, ele já é um pacote
completo, agora junte a tudo isso uma barriga trincada, ombros largos e
bíceps arrasadores e terá uma garota do interior quase desmaiando de pura
emoção.
Eu poderia lidar com apenas uma forte atração sexual, mas ainda
tem mais. Sim, eu sei que parece exagero, mas além de gostoso, Adonis é um
homem gentil e cria sozinho a filhinha de seis anos, Liz. Sinto meu coração
derreter a cada vez que eu vejo aqueles dois juntos e sendo babá da garotinha,
presencio essas cenas várias vezes.
Não estava em meus planos sair da minha pequena cidade do
interior, me formar e trabalhar como babá. Meu sonho sempre foi ser
escritora e a questão é que amo escrever e meus livros vendem, mas ainda
assim não é o suficiente para eu pagar todas as contas e depois dos vinte a
gente acaba descobrindo que a prioridade na vida é pagar o aluguel para não
virar uma sem teto.
No começo era para ser um trabalho temporário propiciado pelo
fato de Adonis e Liz serem meus vizinhos e eu poder ganhar um dinheiro
extra enquanto escrevia o livro que colocaria meu nome no mapa da literatura
erótica brasileira. É, isso também não aconteceu.
Todas as minhas tentativas de emplacar um sucesso não deram
muito certo. Meus contos vendem bem na Amazon, mas são poucas páginas
que não se revertem em um bom salário no final do mês e agora estou
passando pelo bloqueio criativo mais longo da história.
Eu sempre escrevi. As palavras são minha paixão, mas sinto que
as perdi na noite em que meu antigo namorado me deu o pé na bunda após eu
pegá-lo com a cara enfiada no decote da garota que trabalha no açougue aqui
do bairro.
Quem colocou um ponto final em tudo fui eu, mas sinto como se
tivesse sido ao contrário e apesar de fazer quase seis meses, ainda lembro das
palavras dele.
— Todo homem trai, Ana Beatriz. Não existe essa coisa de
monogamia e pensa que ao menos você me ama. Não é como se existisse
outro cara disposto a te comer, amorzinho. Você é obesa, então deveria
esquecer essa história e simplesmente continuar nosso namoro.
É lógico que eu não aceitei e eu também não o amava. Existia a
boa convivência e o sexo, mas hoje nem sei se o sexo era tão bom assim.
Sempre a mesma posição e com a luz apagada. Pelo menos agora entendo
que a escuridão era porque ele tinha nojo de mim.
A questão é que mesmo que você não ame alguém
romanticamente, ainda assim essa pessoa pode destruir seu coração. Existem
palavras que ficam na pele como se fosse
uma tatuagem, sempre lembrando
que é insuficiente e foi assim com o Danilo.
Como posso escrever sobre o amor quando tenho esse receio de
não ser boa o bastante? É claro que isso não impediu que eu me apaixonasse
por meu chefe, mas é uma paixão completamente unilateral porque não quero
ser machucada novamente. Caras malhados só ficam com as gordinhas
escondido. Eles transam com você, mas não é aquela com quem andam de
mãos dadas na frente de todos e levam para os almoços em família.
Eu sinto falta das palavras. Fico incompleta sem sonhar com
minhas histórias românticas e cheias de cenas sensuais. Perdi as contas de
quantos começos eu escrevi, mas não passei da primeira página, sempre
sentindo falta de algo.
É esse o motivo de eu continuar trabalhando com babá porque se
eu for exercer minha profissão de historiadora, então terei perdido meu sonho
de viver de literatura e não quero perder isso porque eu sou uma escritora,
apesar de não estar sendo uma nesse momento.
É mais uma das noites em que fico com Liz por Adonis estar de
plantão no hospital em que é pediatra. Ela está deitada ao meu lado no sofá e
estamos assistindo uma série de desenhos animados que gosta, quer dizer, Liz
estava porque agora dorme com a cabecinha apoiada em meu ombro.
Acaricio seus cabelos lisos e castanhos e sorrio. Essa garotinha é
incrível e um dos motivos pelos quais eu me sinto feliz com meu trabalho
inesperado. Não entendo como a mãe pôde abandoná-la ainda bebê, mas não
cabe a mim julgar as escolhas de outras pessoas e ela é muito feliz ao lado do
pai.
Desligo a TV e pego Liz nos braços, a levando para seu quarto
cor de rosa e com desenhos de unicórnios nas paredes. Ajeito as cobertas em
cima dela e acendo a luz noturna, deixando a porta entreaberta e voltando a
sala.
Estou arrumando a cozinha quando meu celular toca e eu volto a
sala, o pegando em cima da mesinha de centro e vendo que é minha melhor
amiga, Poliana. A única pessoa que ainda deve gostar de ligar para os outros
quando temos a alegria de viver na era das mensagens instantâneas.
— Vai me dizer que foi importunar o cowboy novamente?
Minha melhor amiga voltou para a fazenda onde cresceu como
um castigo por ser uma desmiolada e agora preenche seus dias babando pelo
veterinário gato e que se veste como os cowboys dos livros que amamos ler.
— Claro que não! — ela praticamente grita em protesto. — Meus
pais estão em casa e poderiam me mandar para o Alasca se soubessem que eu
ando babando por Ricardo e eu não acho que combino com neve porque
odeio sentir frio.
— Então me conta o que anda acontecendo por aí, apesar de eu
não sentir falta nenhuma dessa vida pacata.
— Querida, eu estou quase surtando. Acredita que eles não têm a
porcaria de um Subway? Não fazia ideia de que iria sentir tanta falta do
cookie com sanduiche de churrasco.
Acabo rindo do drama de Poli, apesar de sentir um pouco de
pena. Acho que eu não conseguiria me acostumar com a vida por lá
novamente. Gosto de ir apenas de vez em quando para visitar meus pais e na
maior parte das vezes os convenço a virem me ver, acho que muito disso veio
dos apelidos que me deram ao longo da infância e adolescência, o que não
aconteceu com Poli que até hoje é considerada a rainha da cidade.
— E por aí, já conseguiu voltar a escrever?
— Não — digo com um suspiro, sentando no sofá e puxando a
barra da minha saia. — Cada vez que fico em frente ao notebook, acabo
digitando apenas abobrinhas.
— Já pensou que talvez seja a falta de experiências reais?
— Como assim?
— Você nunca gostou muito de sair, Ana. Sempre preferiu ficar
em casa com seus livros, ou então em frente à TV e quando viemos para a
cidade grande, acho que apenas eu consegui aproveitar.
— Aproveitou tanto que chegou a ser presa por desacato e teve
que voltar né, Poliana?
— Você entendeu o que eu quis dizer. Acho que se tivesse
algumas experiências reais, então poderia escrever melhor suas histórias.
Suspiro e começo a enrolar uma mecha de cabelo no dedo.
— Não acho que isso seja uma boa ideia. Lembra o que aconteceu
da última vez em que eu me permiti algo novo?
— Nem todos os homens são babacas como o Danilo, Bia. Uma
escritora de romances eróticos que transou poucas vezes não pode ser muito
convincente.
— É ficção, Poli. Eu não preciso ter feito sexo muitas vezes para
escrever sobre isso.
— Ainda assim precisa viver, amiga. Quem sabe fazendo coisas
novas suas ideias voltem.
— Eu ainda tenho ideias, apenas não estou conseguindo escrever.
O que me sugere para mudar, baixar o Tinder?
— Seria uma boa ideia. Muitas pessoas usam o Tinder apenas
para sexo.
— Não é exatamente fácil uma garota gorda conseguir um cara
legal para transar. Eu não quero ser o fetiche de nenhum tarado. Eu quero ser
respeitada.
— Eu sei que aquele babaca te magoou, mas não pode se fechar
para o mundo, Bia. Tenho certeza que existe algum cara legal para você por
aí.
Não falo a ela que meu cara ideal mora exatamente aqui e que
nunca iria me olhar de uma forma que não a profissional. Prefiro guardar esse
segredo comigo.
— Mas você só vai descobrir se tentar — Poli acrescenta ao
perceber que eu fiquei em silêncio.
— Eu não sei se quero tentar e eu tenho noção de que tenho vinte
e três anos e nada de experiencia, mas ainda assim me sinto ridícula de ter
que usar um aplicativo para tentar viver e então conseguir escrever. Será que
eu não mereço ser amada apenas porque minha bunda não cabe em uma calça
trinta e seis?
— Deixa de ser boba, Bia. As pessoas não usam aplicativos
porque são feias ou ruins, as vezes estão apenas carentes.
— Ah, claro. Tudo o que eu precisava era passar a imagem de
mulher carente desesperada.
— Ana Beatriz! Você é muito inteligente e gostosa, então apenas
faça sexo com um desconhecido, acabe com esse bloqueio criativo e esqueça
as palavras daquele babaca do Danilo.
— Você está certa. Vou arranjar um encontro no Tinder e transar
com alguém.
— Ótimo. Agora posso dormir em paz.
Ela encerra a ligação e eu fico olhando para o celular, me
sentindo uma fracassada porque nunca soube lidar muito bem com esse
negócio de sexo casual. Para que transar com alguém com quem não vai ficar
depois? Sei que existe muitas pessoas que curtem, mas não consigo ficar com
alguém sem ter uma ligação emocional com a pessoa. Sei lá, esse negócio de
dizer oi e então transar loucamente não combina comigo.
Ainda estou pensando no absurdo de toda essa situação quando
levanto e tomo um susto ao me deparar com Adonis atrás de mim. Não sei se
eu grito porque estava distraída, ou porque ele deve ter ouvido minha
conversa com a Poli.
Capítulo 2
Adonis
Ela é doce.
Não tenho outra definição que se encaixe para a aparência e jeito
de Ana Beatriz.
Quando a vi pela primeira vez e ela foi direto conversar com Liz e
a deixou confortável, vi que se tratava de uma moça especial e agora, após
seis meses convivendo com ela quase que diariamente, tenho a certeza de que
não me enganei a respeito dela.
Ana tem apenas 23 anos, sete a menos do que eu, mas ainda assim
consegue me fazer perder o rumo com apenas um sorriso e eu sei que
relacionamentos para mim não são exatamente fáceis e não só porque sou pai
solo da Liz.
Muitas mulheres acham incrível que eu crie sozinho minha filha
de cinco anos, na verdade é completamente comum porque muitas mães
criam os filhos sozinhas e a sociedade apenas está acostumada a delegar para
a mulher a responsabilidade de criar e educar as crianças.
Tive um caso de uma noite com Jessica, a mãe de Liz. Logo eu
que nunca fui a favor de relacionamentos casuais, acabei caindo em tentação
e por um deslize encontrei o amor da minha vida.
Jessica nunca quis ser mãe e cogitou fazer um aborto quando
descobriu a gravidez. Após muita conversa, concordamos que ela teria o bebê
e eu assumiria toda a responsabilidade. Hoje ela mora na Austrália e não quis
ter contato algum comigo após o nascimento de Liz.
É por esse motivo que sou cauteloso com meus relacionamentos.
Não quero apresentar alguém que minha filha venha a amar para então
terminar com essa pessoa e a minha menina sofrer. Meus relacionamentos
são estritamente sexuais, ou ao menos eram antes de eu me apaixonar pela
babá.
Eu sei que é a maior furada e meu melhor amigo, Eros, acha que
eu deveria desencanar e apenas ver no que vai dar, mas eu não sou esse tipo
de cara. Quando eu gosto de alguém, quero dar o melhor de mim e eu já
quebrei a cara fazendo isso, mesmo que tenha sido apenas uma vez e quando
era adolescente.
Assim que entrei em casa e deixei meu jaleco em cima da mesa
da sala, ouvi a conversa de Ana Beatriz no celular e a última parte fez com
que meu corpo todo ficasse tenso. Ela está em busca de algo casual e eu não
sei como me sinto sobre isso, quer dizer, é claro que ela não estaria solteira
sempre, mas ainda assim mexe comigo saber que em breve poderá ter um
cara na casa ao lado.
Ela fica com o rosto instantaneamente vermelho quando percebe
que eu ouvi sua conversa e eu sorrio, tentando parecer desinteressado. É meio
difícil isso, não apenas porque ela fica fofa desse jeito, mas porque está mais
gostosa do que nunca.
Vestindo saia preta curta, descalça e com uma blusinha caramelo
que destaca seus seios, além dos cabelos lisos e pretos presos em um rabo de
cavalo torto no alto da cabeça, Bia é a tentação em forma de mulher.
O corpo dela é cheio de curvas, sua bunda é grande, as coxas
grossas e também tem uma boca carnuda que faz com que eu pense em várias
coisas indecentes.
— Liz já está dormindo — ela diz baixo, parecendo constrangida
ao enrolar a ponta do cabelo no dedo. — Vou só terminar de arrumar a
cozinha.
— Você não precisa ajeitar a casa, Bia.
— Eu gosto de fazer isso.
Ela sorri, ainda parecendo encabulada, e pega a tigela de pipoca
em cima da mesa, andando até a cozinha e fazendo eu desviar o olhar da sua
bunda gostosa coberta apenas pela saia indecente.
— Como foi no hospital? — pergunta ao começar a lavar a louça.
— Tudo certo, quer dizer, teve um garotinho que foi brincar de
homem aranha no lustre e acabou com um caco de vidro na testa, mas não vai
ficar cicatriz.
— Isso é bom, eu acho...
Acabo rindo do comentário dela e vou até a cozinha, sentando em
frente à mesa.
— Como a Liz passou o dia?
— Tudo ótimo. Ela se divertiu na escola, comeu certinho e fomos
ao parque no final da tarde. Assim que jantou quis ver um pouco de desenho
animado e acabou dormindo no sofá. Eu a levei para cama e já deixei tudo
pronto para que a leve à escola amanhã. A roupa está em cima da cômoda, o
lanche na terceira prateleira da geladeira e a mochila com uma muda de roupa
extra.
Mordo o lábio diante das informações. Ana Beatriz é
completamente dedicada ao seu trabalho. Sei que ela já é formada, mas
desconheço o motivo de não estar atuando na área, apesar de estar muito
grato porque com ela cuidando de Liz consigo ir trabalhar tranquilo porque
sei o quanto minha filha já a ama.
— Obrigado, Bia. Você é um anjo.
Ela termina de lavar a louça e sorri para mim em agradecimento.
Sinto como se alguém tivesse mexido em meu peito com um garfo diante
desse sorriso. Repreendo-me, não querendo que ela saiba a forma como eu
me sinto.
— Precisa de mais alguma coisa, Adonis?
A pergunta simples faz meu corpo pegar fogo. Preciso dela, de
preferência embaixo de mim e gemendo meu nome.
— Não, você já faz além do que é preciso, Bia.
— Tudo bem, então me avisa do seu próximo plantão e eu me
organizo para preparar tudo com a Liz.
— Envio o cronograma do próximo mês para você mais tarde.
Bia balança a cabeça e começa a andar em direção a porta.
— Ana?
Ao ouvir seu nome, ela me olha.
— Por que não está trabalhando na sua área de formação?
A pergunta é simples, mas ainda assim ela arregala os olhos. Sei
que é formada em história, mas o motivo de não estar atuando nessa área me
deixa curioso.
— Eu não quero ser professora, Adonis. Sou escritora, ou ao
menos era...
Eu não fazia ideia de que Bia era escritora, mas com essa nova
informação passo a entender um pouco mais sobre ela, já que vive lendo
livros e anotando coisas em pequenos quadrados de papéis coloridos.
— Era?
— É uma longa história — diz com um suspiro desanimado.
— Tenho tempo, se quiser conversar sobre isso.
Sabe aquelas pessoas doidas que vão mexer em uma colmeia com
apenas um pedaço de graveto e esperam não ser atacados? Acho que estou
começando a ficar parecido com elas.
Ana Beatriz morde o cantinho do lábio e então balança a cabeça,
voltando a cozinha e sentando na cadeira ao lado da minha.
— Não é uma história interessante na verdade — ela fala,
contornando a toalha da mesa com o dedo indicador. — É que depois de um
término, não consigo mais escrever. Eu tento, mas só escrevo coisas ruins e
que não quero continuar. Só consigo escrever uma história que me emocione,
se isso não acontece então são apenas palavras em um arquivo.
— Você gostava muito dele?
A pergunta escapa da minha boca e eu tento me esforçar para não
parecer ansioso, apesar de querer muito saber a resposta.
— Do Danilo? Não, quer dizer, acho que cheguei a gostar, mas
foi a forma como tudo terminou que mexeu comigo. Não consigo mais
acreditar no amor romântico depois daquilo.
Ela me olha e sorri, parecendo um pouco sem graça.
— Foi tão ruim assim?
— Foi horrível — ela afirma e acaba rindo, mas o tipo de riso
forçado, daqueles que a gente dá para disfarçar. — Ele me traiu e então pediu
que eu me acostumasse a isso porque todos os homens traem.
— Isso é mentira — discordo e ela arregala os olhos castanhos.
— Eu sei que parece que eu estou apenas defendendo a comunidade
masculina, mas não acho que todos traem, eu pelo menos nunca fiz isso e
abomino esse tipo de coisa.
— Você é um homem gentil, Adonis, mas ainda assim isso ficou
na minha cabeça, quer dizer, acho que foi mais a outra parte.
— Não entendi.
— Ele me chamou de obesa — Bia confessa e eu noto como suas
bochechas ficam instantaneamente vermelhas. — Danilo quis dizer que com
o meu tipo de corpo, eu teria de aceitar tudo, ou então ficar sozinha. Agora
sempre lembro dessas palavras quando tento escrever.
Fico sem saber o que dizer, querendo muito encontrar esse cara
escroto e socar a cara dele. Ana Beatriz é linda e claro que seu corpo pode
não ser considerado padrão, mas que se dane isso. Ela é gostosa e merece ter
alguém que deixe bem claro isso.
— Acho que eu não deveria estar contando essas coisas.
Ela parece sem graça com meu silêncio e levanta.
— Boa noite, Adonis. Foi gentil da sua parte me ouvir.
Levanto-me também, ficando de frente para ela e percebendo
nossa grande diferença de altura. A cabeça dela mal alcança meu queixo.
— Você não é nada disso — afirmo. — É muito linda, Ana. Não
deixe que as palavras ruins de um babaca estraguem seus sonhos.
Ela sorri, parecendo ainda mais envergonhada.
— Obrigada por dizer isso, mas eu meio que sei que não posso
esperar muito.
— O que quer dizer?
— Eu não sou um grande exemplo de beleza, Adonis. Não visto
trinta e seis, minha cintura não é fina e minha bunda é enorme e embora eu
queira representar as gordinhas tendo fé no amor, não...
É completamente impulsivo e errado, mas não consigo me
controlar ao vê-la falar tanta coisa errada sobre si mesma.
Emudeço as palavras de Ana Beatriz com minha boca e me sinto
derreter com o toque de seus lábios.
Dei apenas um passo e posso ter fodido com tudo.
Capítulo 3
Ana Beatriz
Sinto como se o mundo tivesse parado de girar.
Eu, que sempre fui tão boa com as palavras, não consigo
encontrar nenhuma para descrever o que sinto no instante em que ele se
abaixa. Seus olhos, de um verde azulado, ficando na altura dos meus para
então passar um braço ao redor da minha cintura e me puxar para perto,
cobrindo minha boca com a sua.
É clichê dizer que sinto como se uma corrente elétrica estivesse
atravessando meu corpo? De repente não sei muito bem o que fazer, como se
eu fosse uma adolescente outra vez.
Estico os braços e acaricio seus cabelos muitos lisos e macios,
sentindo sua língua na abertura de meus lábios, como se estivesse pedindo
permissão para continuar com o beijo. Suspiro e esse pequeno ato é o que
basta para que me beije com mais vontade, sua língua tocando a minha,
descobrindo nuances da minha boca que fazem com que meu corpo fique em
chamas.
Aperto meus seios contra seu peitoral duro, apreciando seu calor
contra meu corpo, gemendo quando morde meu lábio inferior e aperta minha
bunda, me colando ainda mais contra seu corpo.
Sinto como se estivesse derretendo em seus braços, mas da
mesma forma abrupta que o beijo teve início, ele acaba e Adonis se afasta,
me olhando com uma expressão que só consigo descrever como desejosa, se
a ereção visível através da sua calça servir de indicativo.
— Sinto muito — diz com voz rouca, passando a mão nos cabelos
desalinhados. — Não queria me aproveitar de você.
Arregalo os olhos e por um segundo penso em pedir que se
aproveite muito de mim, mas no segundo seguinte lembro de que contei sobre
meu último relacionamento e a constatação do motivo pelo qual fui beijada
com tanta intensidade chega da mesma forma sutil que um tijolo atirado do
sétimo andar.
— Não precisa ter pena de mim — falo baixo, me sentindo
completamente desorientada.
Adonis parece alarmado com minhas palavras, mas não dou
tempo para que diga alguma coisa, simplesmente saio correndo da sua casa,
sem me importar de estar descalça.
Abro o portão e ando poucos passos até minha própria casa,
entrando rapidamente e fechando a porta, me encostando a ela e me
permitindo respirar, com o coração tão acelerado que praticamente se choca
contra as minhas costelas.
Se antes eu achava que estava apaixonada, agora tenho certeza e
não sei classificar esse fato como bom ou ruim.
*
É meio óbvio o fato de eu não conseguir dormir.
Fico virando de um lado para o outro, pensando que meu patrão
teve pena de mim o suficiente para me beijar e também com o corpo ardendo
de desejo.
Os bicos de meus seios ficam intumescidos e visíveis através da
camisola que eu uso e sinto minha boceta cada vez mais molhada ao lembrar
da forma como fui beijada. Adonis é o tipo de homem que sabe beijar e faz
isso de um jeito que é sentido da raiz dos cabelos aos dedos dos pés.
Sabendo que só conseguirei dormir depois que tiver algum tipo de
alívio, me livro das cobertas e da calcinha, abrindo as pernas e então tirando
meus peitos para fora do camisola de alcinhas.
Acaricio meus mamilos sensíveis, sentindo o desejo pulsar entre
minhas pernas. Sou incapaz de refrear os gemidos enquanto puxo meus bicos,
apertando meus seios fartos e imaginando que são as mãos de Adonis. Se ele
já é ótimo com a boca, imagina com todo o resto?
Continuo a me acariciar, deslizando as mãos por minha barriga e
então a virilha, finalmente tocando em meu ponto mais necessitado e
sentindo o quão molhada estou com as pontas dos dedos.
Com uma mão acaricio meus seios e com a outra passo a me
tocar, lambuzando meu clítoris com a fonte do meu desejo, tocando o
pequeno botão do meu prazer e gemendo de tesão.
Acaricio-me com delicadeza, sentindo minha boceta pulsar e
então enfiando um dedo, gemendo mais alto. Viro-me de bruços e mexo em
meu clitóris com movimentos circulares, esfregando meus mamilos sensíveis
no lençol macio.
Empino a bunda quando passo a sentir os primeiros tremores do
orgasmo, mexendo mais e mais rápido e finalmente gozando com um gemido
rouco.
Não é o suficiente, mas sinto o tesão aplacar e finalmente consigo
dormir.
Capítulo 4
Adonis
Ela entendeu tudo errado.
Não foi um beijo por pena, mas de puro desejo por eu não ter sido
capaz de refrear meus impulsos ao ouvi-la se referir a si mesma de uma forma
completamente irreal.
Eu sei que tem caras que acham mulheres gordas feias, mas eu
não sou um deles, na verdade nunca conheci alguém tão bonita e sexy quanto
Ana Beatriz. Não posso ser hipócrita e dizer que a primeira coisa que reparei
nela foi o sorriso, na verdade foram seus peitos incríveis.
A questão é que um par de peitos não são suficientes para fazer
um homem se apaixonar e foi todo o resto sobre ela que me encantou. Seu
jeito gentil, a forma como ri e a maneira como se importa com a minha filha,
pois antes mesmo de ser babá de Liz já a levava para tomar sorvete alegando
que precisava de companhia.
— A Bia não vai me levar na escola hoje, papai?
A pergunta de Liz faz com que eu volte ao presente, olhando para
minha filha sentada ao meu lado, parecendo ansiosa para ir à escola e
aproveitar o dia de contação de histórias.
— Estou de folga, querida. Então hoje é meu dia de levá-la.
Liz sorri e corre para meu colo, me abraçando daquele seu jeito
feliz e que torna minha vida mais colorida. A cada vez que olho para o rosto
da minha filha, não consigo evitar de me sentir um cara de sorte por tê-la
comigo.
Terminamos nosso café da manhã e eu levo Liz para a escola.
Andamos pelo bairro tranquilo e conversamos sobre a visita dos seus avós
mais tarde. Acabo rindo ao perceber que ela inclui Bia em todos os seu
planos e também não sei dizer se isso é uma coisa boa, não depois do beijo de
ontem à noite.
Após deixar minha filha na escola, vou para a academia. Faço os
exercícios de sempre e uma hora e meia depois volto para casa. Assim que
chego à esquina da rua sem saída e arborizada em que moro, vejo Ana
Beatriz no jardim de sua pequena casa com paredes lilás.
Ela está usando um vestido azul com flores brancas e amarelas
que termina logo acima dos joelhos e deixa em evidência a tatuagem da sua
coxa. É uma pilha de livros com uma xícara de café e a fumaça da bebida se
mistura as letras espalhadas. Eu sei cada detalhe porque já a olhei muito.
Bia está distraída e molhando as flores do seu pequeno jardim
com um regador vermelho. Seus cabelos escuros e lisos estão mais uma vez
presos em um rabo de cavalo torto. Ela está gostosa desse jeito e eu paro do
outro lado da rua, vendo que ela está conversando com Jeremias, seu gato de
longos pelos cinzas e olhos verdes que é completamente apaixonado por Liz.
Olhar para ela desse jeito faz com que eu me lembre do beijo de
antes e da forma como seu corpo pequeno se moldou ao meu. Foi um beijo
intenso e eu queria muito simplesmente deitá-la no sofá e me enterrar em seu
corpo, ouvindo seus gemidos de prazer.
Quero tanto essa mulher que fico de pau duro como um
adolescente ao vê-la em roupas curtas e me sinto um idiota por ter agido de
uma maneira tão impulsiva que a fez acreditar que fiz aquilo por pena.
Preciso fazer com que entenda que jamais sentiria pena dela, apenas ódio do
babaca que minou sua autoestima.
Atravesso a rua decidido a conversar com ela e quando Ana
Beatriz me vê, seu rosto adquiri uma coloração rosada que a deixa ainda mais
bonita.
— Bom dia, Bia — falo e apoio os braços no portão de ferro
marrom em frente à sua casa. — Podemos conversar?
Ana Beatriz morde o cantinho da boca e respira fundo, seus seios
se movimentando e chamando a atenção para seu decote. Quero muito chupar
seus peitos e então enfiar meu pau entre eles e ver meu gozo em sua pele
clara, depois deixá-la de quatro e enrolar seus cabelos em minha mão e fazê-
la me olhar por sobre o ombro enquanto a fodo...
— Adonis?
— Oi?
— Eu perguntei se quer entrar e tomar um café.
— Claro...
Bia entra e eu olho para sua bunda gostosa antes de abrir o portão
e segui-la, tendo o pior caso de bolas azuis da história.
*
Ela coloca o café em uma xícara rosa com nuvens azuis e brancas
e em seguida adiciona a quantia perfeita de leite e açúcar, do jeito que eu
gosto.
— Acho que já pode me dizer o que quer, Adonis.
Ana Beatriz põe a xícara na minha frente e toma um gole do seu
café preto e sem açúcar, me olhando e parecendo curiosa, mas ao mesmo
tempo constrangida.
— Quero me desculpar por ontem — digo, contornando a borda
da xícara com o dedo indicador. — Não foi por sentir pena de você que rolou
aquele beijo.
— Não? Tem certeza que não está me dizendo isso apenas por
achar que é o que eu quero ouvir?
— Não sou o tipo de homem que concorda com mentiras
sinceras, Bia.
— Então por quê?
Tomo um gole do café, escolhendo cuidadosamente as palavras e
ao mesmo tempo tendo dois caminhos que posso percorrer. Poderia
simplesmente culpar a carência, ou então dizer toda a verdade, mas a que
custo?
— Primeiro quero que entenda que não estou assediando você —
falo baixo, olhando para seu rosto. — Ou então me aproveitando de alguma
posição de poder, ou ainda qualquer coisa que beire o assédio sexual. Sei que
milhões de mulheres passam por isso todos os dias e têm seus corpos tocados
e o psicológico fragilizado por homens que se acham no direito de fazerem
isso, mas eu não sou esse tipo de cara e quero me desculpar se em algum
momento eu pareci, ou venha a parecer, ter feito algo do tipo.
— Não estou entendo aonde quer chegar com tudo isso, Adonis.
— Eu te beijei porque te desejo, Ana Beatriz.
Vejo o instante em que seus olhos ficam maiores e ela cobre a
boca com as duas mãos, parecendo fofa de um jeito que me faz sorrir.
— Deseja?
— Não... quer dizer... sim, mas não é só isso.
— Não?
Sem conseguir ficar parado, levanto da cadeira e começo a andar
pelo pequeno espaço da cozinha, me sentindo um tolo. Liz vai ficar muito
triste se eu fizer algo que a afaste de Bia, mas também não quero mais sentir
tudo isso e não fazer nada.
— Quando eu me tornei pai, jurei sempre proteger a Liz e ela se
tornou o amor da minha vida. Por cinco anos sequer senti falta de ter alguém
ao meu lado, mas então eu vim morar aqui e me tornei seu vizinho. Você
conquistou minha filha, começou a trabalhar como babá e em todo esse
tempo passei a me sentir diferente em relação a você. Primeiro achei que era
porque é muito bonita, mas eu me via ansioso pelo momento em que te veria
e pensei em guardar tudo isso para mim, mas ontem ouvi tudo aquilo e quis
que soubesse o quanto merece ser amada. Sinto muito se a assustei com o
beijo e estou estragando tudo te dizendo isso e também tem o fato de que eu
sou seu chefe e mais velho. Nossa, isso é completamente inadequado. Sinto
muito, Ana.
Sentindo-me um tolo, abro a porta e saio, desistindo de ver a
reação dela, sabendo que devo ter extrapolado todos os limites.
Capítulo 5
Ana Beatriz
Não consigo me obrigar a ir atrás dele. Permaneço estática,
segurando a xícara de café e sentindo como se o mundo estivesse girando
rápido demais.
Ele gosta de mim também.
Nem em um milhão de anos poderia imaginar algo assim. Adonis,
o dono dos meus sonhos eróticos e o herói dos meus filmes românticos,
também gosta de mim?
É tão surpreendente que eu chego a me beliscar para ter certeza
de que não estou sonhando e é claro que dói e eu começo a resmungar ao
mesmo tempo em que pego meu celular e ligo para minha melhor amiga.
— Ele gosta de mim — anuncio assim que ela atende.
— Ele quem? E por que está me ligando de madrugada?
— Adonis e já são dez horas.
— Adonis, seu chefe? E dez horas ainda é cedo demais para os
meus padrões, Ana.
— Sim, Adonis, meu chefe. Ontem ele me beijou e hoje disse que
gosta de mim e caralho, Poli. Sou doida por aquele homem. Achei que ele
nunca iria me olhar porque eu sou baixinha e gorda e pareço muito com
aquelas batatas rosas que vendem na feira.
— Eu já te falei que é a maior gostosa, Bia! Agora vamos por
partes. Se o gostosão gosta de você e você dele então porque não estão
transando loucamente nesse momento?
— Hã, ele saiu depois que se confessou e eu fiquei tão surpresa
que fiquei em silêncio e não podemos transar loucamente porque eu não me
depilei porque ultimamente só meus dedos chegam perto do meu botãozinho
da felicidade.
— Eu queria ir aí para dar na sua cara, Bia! Faz meses que eu te
vejo disfarçar o quanto está doidinha por seu chefe e agora que o monumento
se confessa fica aqui falando comigo ao invés de estar se divertindo com o
homem?
— Você sabia que eu estava a fim do Adonis?
— Querida, acho que até a Liz, que tem cinco anos, já sacou isso.
— Obrigada por ser tão sincera.
— Sempre que precisar estou aqui. Agora deixa eu me preparar
para conquistar meu cowboy e vê se depila essa boceta e faz a posição do
frango assado com ele. Certeza que depois dessa, esse homem nunca mais vai
te esquecer.
— Frango assado?
— Pesquisa na internet, gata.
Poli desliga na minha cara e eu fico encarando a tela do celular,
dividida entre rir e me preparar para responder a confissão de Adonis.
*
Eu me preparo para ir falar com ele.
Faço uma depilação completa, hidrato os cabelos e besunto minha
pele com meu melhor creme para só então descobrir que ele não está em casa
e ficar parada na frente do portão dele feito uma boba.
É claro que por ser seu dia de folga, Adonis não ficará em casa e
irá sair com Liz. Eles contam os dias para terem esses momentos.
Sentindo-me uma tola por não ter respondido a declaração dele no
momento certo, sento em frente ao meu notebook e encaro a página em
branco. Meu primeiro pensamento é sobre traição e o fato de que todos os
homens traem, mas logo essa ideia é substituída pelo que Adonis me falou
ontem à noite. Não são todos os homens que traem, mas sim aqueles que,
como o Danilo, não tem caráter e nem respeito pela pessoa com quem estão.
Encontro meu caderno de anotações e vou passando as páginas
até encontrar a ideia para um conto erótico sobre um encontro de uma noite.
Alongo os dedos, mexo o pescoço e posiciono as mãos em cima do teclado,
decidida a deixar tudo de ruim que me levou até a esse longo bloqueio de
lado.
Não sou definida através das palavras de alguém, mas sim com
minhas próprias atitudes.
Respiro fundo e digito a primeira palavra. É difícil, mas continuo
e quando percebo uma hora já se passou e cinco páginas foram escritas sobre
uma história que eu não dava crédito algum, mas que está me surpreendendo.
Sorrio, feliz por ter me libertado daquelas palavras ruins e tê-las
substituído em meu coração, colocando nele a pessoa que realmente merece.
*
Estou parada em frente à minha casa. Já é final de tarde e eu
escrevi mais de quatro mil palavras e agora estou me recompensando ao
comer meu chocolate favorito e que custa uma fortuna, portando deve ser
apreciado apenas em momentos especiais.
É enquanto eu me delicio com o doce que vejo o carro de Adonis
parando em frente à sua casa. Olho atentamente, pensando que teremos que
esperar para conversar, mas sabendo que combinei com Liz de terminarmos
de assistir a série animada dos dragões que ela mais gosta.
Eu realmente adoro aquela garotinha de cabelos escuros e tão
parecida com o pai. Liz transformou meus dias ruins de bloqueio criativo em
felizes e estar com ela me fez perceber o quanto eu quero ter minha própria
família um dia, fora que também amenizou um pouco as saudades que sinto
de casa.
Abro o portão, prestes a ir falar com minha garotinha, quando
percebo que somente Adonis está entrando na casa vizinha.
— Onde está a Liz? — questiono parando atrás dele e vendo
como seus ombros ficam mais largos na camiseta branca que está usando.
Adonis se vira e parece surpreso ao me ver. Engulo em seco,
admirando seu rosto com a barba por fazer e os cabelos revoltos.
— Ficou com meus pais hoje — responde, aparentando estar
constrangido.
— Entendi — murmuro e então olho para minha mão, vendo o
chocolate derretendo em meus dedos.
— Acho que pode esquecer o que te disse mais cedo.
Levanto a cabeça, encarando o homem que anda povoando meus
pensamentos nos últimos tempos.
— Por quê?
— Não quero que se sinta pressionada, Ana Beatriz. Sinto muito
se passei dos limites.
Algo na forma como ele se esforça para ser correto e não passar
dos limites me faz sorrir porque o que venho desejando nos últimos tempos é
exatamente o contrário disso.
— Não quero esquecer — afirmo.
— Não?
— Não e sabe o motivo? Nos últimos tempos eu venho desejando
você loucamente.
Adonis arregala os olhos diante das minhas palavras, parecendo
ainda mais sexy, o que não achava ser possível.
— Você me quer?
— Quero — digo e dou um passo em sua direção. — Desde a
primeira vez em que te vi e percebi que é o maior gostoso.
Adonis sorri e eu sinto o reflexo disso no meio das minhas pernas.
— É só isso, Bia? — questiona e abaixa a cabeça, deixando seus
olhos no nível dos meus. — Apenas tesão? Porque se for, acho melhor nem
começarmos. Não sou o tipo de homem que curte sexo casual.
Tenho vontade de pular em cima dele depois dessas palavras.
— Não curto sexo casual também, Adonis. Eu gosto de você e
tentei esconder isso por ser meu chefe, mas acho que agora não preciso, não
é?
— Não, realmente não precisa mais — ele diz e segura meu rosto
com as duas mãos. — Eu posso beijar você?
— Acho que deve.
Sorrimos um paro o outro e estou prestes a tocá-lo quando vejo
que meus dedos então completamente sujos de chocolate derretido. Adonis
segue meu olhar e percebe. Com uma expressão que só posso descrever como
safada, ele segura minha mão e leva meus dedos a boca, chupando cada um
deles e então os lambendo, deixando minha pele livre do doce, mas minha
calcinha encharcada e os bicos dos meus seios mais sensíveis contra o bojo
do meu sutiã.
Deixo escapar um gemido quando Adonis solta minha mão e ele
se aproxima, envolvendo minha cintura com um braço.
— Acho que deveria me beijar agora — falo quando seu nariz
toca o meu.
E, para meu completo prazer, Adonis atende o meu pedido.
Capítulo 6
Adonis
É claro que eu me senti mal por ter me confessado e ela não ter
dito nada como resposta, mas agora enquanto a beijo, percebo que cada coisa
acontece no momento certo, tipo o fato dos meus pais levarem Liz para
passarem a noite com eles e me deixarem um tempo a sós com Ana Beatriz.
— Você quer entrar? — pergunto a ela quando nosso beijo acaba
e eu vejo seus lábios avermelhados e úmidos.
— Quero — diz baixinho e eu percebo que ela está olhando para
meu pau duro através da calça de moletom.
Abro o portão e sinto a mão dela se enroscar na minha e eu tenho
aquela sensação de que sou jovem outra vez, inexperiente até porque não sei
o que esperar de nós dois sozinhos na minha casa, embora eu a queira de
todas as formas que um homem pode querer uma mulher.
Entramos e assim que fecho a porta, o corpo de Ana Beatriz se
choca contra o meu e ela fica na ponta dos pés, puxando meu rosto para si e
me beijando, sua língua tocando a minha e me fazendo gemer contra sua
boca, ao mesmo tempo em que sua mão pequena entra por baixo de minha
camiseta e toca meu abdômen, deixando minha pele arrepiada e meu pau
cada vez mais duro.
— Não quero parecer uma tarada — diz de encontro a minha
boca. — Mas eu te quero de um jeito que me deixa maluca e faz muito tempo
que eu não faço sexo.
— Faz mais de um ano que eu não transo — digo, afastando seus
cabelos dos ombros e beijando seu pescoço, sentindo o gosto da sua pele e
aspirando o cheiro bom do seu perfume.
Ana Beatriz se afasta e me ajuda a tirar a camiseta, lambendo os
lábios quando vê as tatuagens que tenho espalhadas pelo peito. Estremeço
com seu toque e seguro sua mão na minha quando esbarra em meu mamilo.
— Vou te lembrar de como pode ser bom — ela fala e se ajoelha
na minha frente, desamarrando meu tênis e então me ajudando a me livrar
deles, abaixando em seguida minha calça e a cueca juntas. Meu pau salta à
sua frente e ela sorri.
— Grande e grosso como imaginei.
Fecho os olhos quando ela o segura e movimenta sua mão para
cima e para baixo e em seguida lambe toda a extensão, me fazendo gemer em
expectativa para que me coloque em sua boca gostosa.
Ana Beatriz segura minhas bolas e acaricia meu pau, o colocando
na boa e gemendo, o som vibrando em mim e me deixando cheio de tesão.
Ela bate punheta em meu pau ao mesmo tempo em que o chupa,
me deixando a ponto de bala.
— Se não parar vou gozar na sua boca — digo entre gemidos.
— E não é esse o objetivo? — indaga.
— Quero gozar com você.
A coloco em pé e tiro sua camiseta, lambendo os lábios ao ver
seus peitos enormes e empinados com o sutiã. Percebo que ela fica
constrangida e cruza os braços.
— Você é linda — afirmo e me aproximo dela, abrindo o fecho
frontal do sutiã e o tirando. — E gostosa.
Seguro seus peitos com ambas as mãos, adorando a forma como
as auréolas são rosadas e seus bicos grandes. Sem conseguir me conter,
começo a chupar um de seus seios e acariciar o outro, ouvindo seus
gemidinhos.
Conduzo-a até o sofá e assim que ela está deitada, puxo seu short,
vendo sua calcinha pequena e rosa completamente molhada.
— Você é linda — repito quando vejo que está constrangida. —
Me deixa maluco.
Beijo a barriga dela e então chego até sua boceta, não me
contenho e começo a chupá-la através do tecido fino da calcinha, sentindo
quando sua mão chega a meus cabelos e ela os puxa.
— Aí que gostoso.
O comentário feito em meio a gemidos é o suficiente para que eu
afaste sua calcinha para o lado e toque em seu clítoris com a ponta da minha
língua. Ana Beatriz grita e esse é o sinal perfeito para que eu entenda que
estou fazendo as coisas certas.
Coloco suas pernas em meus ombros e começo a chupá-la mais
rápido e com mais força, sentindo seus sulcos em minha boca e ouvindo seus
gemidos cada vez mais altos. Ela aperta as pernas ao meu redor e eu sinto sua
boceta pulsar.
Continuo a chupando e ela grita ao gozar, seu corpo todo
tremendo. Faço mais rápido quando Ana tenta me afastar e vejo o instante em
que ela revira os olhos, estremecendo mais e gemendo ao ter seu gozo
prolongado.
Afasto-me de sua boceta e tiro sua calcinha junto, a jogando no
chão e indo sentar ao seu lado no sofá.
— Isso foi bom — ela fala e puxa meu rosto para si, me beijando.
Ana me beija e começa a acariciar meu pau, gemo contra sua
boca e ela se afasta sorrindo, continuando a me masturbar. Gostando da
brincadeira, me ajeito melhor e ficamos lado a lado, ela me tocando e eu
esticando o braço e dedando sua boceta.
— Ainda estou sensível — ela murmura quando eu toco seu
clítoris.
— Vamos só brincar um pouquinho.
Ela sorri e mexe a mão mais rápido, esfregando o líquido pré-
ejaculatório na cabeça do meu pau e me fazendo gemer. A beijo e introduzo
um dedo em sua entrada molhada, sentindo que ela estremece com meu
toque.
Ana Beatriz move a mão mais rápido ao perceber que estou quase
gozando e eu mordo seu pescoço, sentindo todo o meu corpo ficar tenso e o
tesão me impedindo de continuar a tocá-la. Quando percebe que estou quase
gozando, ela se abaixa e coloca meu pau na boca. Tento falar, mas ela toca
minha bocas e começa a me chupar rápido e isso é o que basta para que eu
exploda em sua boca.
Olhando-me de um jeito completamente sacana, ela engole tudo e
limpa o canto da boca. Sorrio e levanto, sentindo as pernas bambas, mas nada
que me impeça de me ajoelhar na sua frente e abrir suas pernas.
Beijo sua boceta e a lambo toda, chegando até seu cuzinho
depilado e o lambendo, sentindo que ela fica tensa.
— Relaxa, amor.
A chupo naquele lugar secreto e enfio um dedo em sua boceta,
percebendo que isso está a deixando excitada e adorando o jeito como seus
mamilos ficam mais intumescidos.
— Isso — ela geme quando eu chupo seu cuzinho e a dedo na
boceta ao mesmo tempo.
Ana Beatriz passa a gemer alto e eu continuo a excitando
lentamente, encontrando seu ponto G e não deixando de lamber seu
buraquinho. Ela grita e estremece quando o toque a enche de tesão, mas eu
não paro e ao ver que está quase gozando, chupo seu clítoris e introduzo um
segundo dedo.
— Aí meu Deus!
O corpo todo dela treme e sua boceta aperta meus dedos. Ana
Afasta minha cabeça de seu clitóris sensível e eu tiro os dedos no exato
momento em que ela goza, espirrando um líquido claro que molha o tapete e
deixa toda sua bocetinha inchada encharcada.
— O que foi isso? — questiona sem fôlego.
— Você gozou gostoso, amor — digo e, apenas para provocá-la,
lambo seu gozo, sentindo que ela estremece. — Isso se chama squirting e
acontece com algumas mulheres quando ficam bem excitadas.
— É muito bom.
A forma tímida como ela diz isso me faz sorrir e também me sinto
orgulhoso por ter lhe proporcionado tanto prazer.
Capítulo 7
Ana Beatriz
Eu não consigo parar de sorrir e a gente nem transou e ainda
assim Adonis foi capaz de me deixar com as pernas bambas e me fazer gritar
e experimentar o gozo feminino que até então só havia visto em filmes
pornôs e matérias de revistas femininas.
Acabo rindo baixinho ao constatar que o apelido Mister Sedução
o descreve perfeitamente. A boca desse homem é mágica.
— O que foi?
Estamos na cozinha e eu estou vestindo sua camiseta branca
enquanto Adonis está andando apenas de cueca e preparando seu famoso
macarrão à carbonara para comermos.
— Nada — minto e não consigo refrear a risada.
— Vai ter que me contar.
Ele abandona a colher de pau em cima da pia e se aproxima,
envolvendo meus seios com ambas as mãos e acariciando meus mamilos
através do fino tecido da camiseta, me fazendo gemer baixinho, mesmo tão
sensível por ter gozado daquele jeito.
— Me conta, Bia.
A forma como ele diz meu nome me faz sorrir, mas o sorriso
esmorece à medida em que Adonis mordisca minha orelha.
— Estava pensando que o apelido que eu dei a você se encaixou
com perfeição — confesso em meio a suspiros.
— Qual apelido? — ele questiona e lambe meu pescoço.
— Mister Sedução.
Adonis me olha e então começa a rir.
— Você ainda não viu nada, gostosa.
E com uma piscadinha, ele volta a cozinhar, me deixando
completamente maravilhada.
*
Adonis enche a minha taça de um vinho doce delicioso e
comemos o macarrão conversando e sorrindo um para o outro e vez ou outra
ele apoia a mão em minha coxa com uma familiaridade que me deixa com um
quentinho no coração.
— Quer dormir aqui comigo? — ele pergunta quando terminamos
de jantar e ficamos sentados à mesa saboreando o vinho.
— Quero — digo e acabo rindo feito uma boba.
Adonis sorri para mim e pega em minha mão, acariciando meus
dedos.
— Estou apaixonado por você, Ana Beatriz — ele diz sério. —
Seu jeito inocente e a forma como é feliz e doce me deixou com os quatro
pneus arriados. Obrigado por ter aceitado cuidar da minha Liz há seis meses e
por estar correspondendo aos meus sentimentos agora.
Sinto meus olhos ardendo porque, como uma romântica
incorrigível, li declarações de amor centenas de vezes nos livros e assisti em
filmes, mas nunca achei que fosse eu quem estaria no lugar da protagonista.
Estar vivendo esse momento é mágico.
— Eu achei que não seria capaz de gostar de alguém. Sempre
pensei que só mereceria o amor se fosse magra e com aquele corpo padrão
que vemos na televisão e depois do meu último relacionamento, me fechei
completamente, mas então você e Liz apareceram e eu me vi cada vez mais
encantada pelos dois e acabei me apaixonando pelo meu chefe e jurei guardar
segredo porque você é bonito demais, Adonis.
— Você é linda, Ana. Tudo em você é maravilhoso e se precisar
te lembrar disso todos os dias, então vou. Quero que nunca esqueça que tudo
em você é perfeito, desde seus peitos gostosos a seus pés pequenos.
Sorrio e Adonis também.
— Primeiro dia? — questiona e me puxa da cadeira, fazendo com
que eu sente em seu colo.
— Primeiro dia de quê?
— Do nosso namoro.
— Não estamos indo muito rápido e o que Liz vai dizer?
— A Liz te ama e acho que eu estou começando a fazer isso
também.
Minha resposta? Um enorme sim que faz com que ele me beije,
fazendo eu ficar excitada novamente. Aos tropeções vamos para o quanto ao
mesmo tempo em que nos beijamos e ele se livra da minha camiseta, tirando
a cueca e a chutando para longe.
Entramos no quarto nus e rindo feito dois adolescentes. Adonis
me deita de costas na cama e beija todo meu corpo, se concentrando em meus
seios e me fazendo gemer ao me chupar com vontade, enviando ondas de
prazer para o meio das minhas pernas.
Ele me toca entre as pernas e sorri ao ver o quão molhada estou.
Eu beijo as partes de seu corpo que minha boca alcança, acariciando seu pau
grande e grosso e me deliciando com a expectativa de tê-lo dentro de mim.
— Gostosa do caralho — Adonis diz em meio a um gemido,
mordendo a pele sensível do meu seio.
Abro mais as pernas e conduzo seu pau para minha entrada, mas
ao invés de me penetrar, Adonis coloca a cabeça do seu pau em cima do meu
clítoris e começa a me torturar.
— Me fode — peço quando o tesão se torna forte demais,
puxando seus cabelos e beijando sua boca.
— Proteção — ele diz de encontro a meus lábios.
Rapidamente, Adonis sai de cima de mim e abre a gaveta da
mesinha de cabeceira, pegando um preservativo e o rasgando, desenrolando-o
em sua ereção e voltando para o meio das minhas pernas.
— Você é linda.
Seguro sua bunda, o puxando mais para mim. Adonis passa a me
penetrar lentamente, estimulando todos os pontos certos e sendo facilitado
pela minha lubrificação.
Ele toca meu rosto e se inclina, me beijando e mordiscando meu
lábio inferior enquanto continua com o ritmo dolorosamente lento.
— Mais rápido — peço e deslizo as mãos por suas costas. —
Com força.
Adonis faz o que eu peço e o barulho de nossos corpos se mistura
aos gemidos mútuos, me excitando ainda mais e me fazendo mexer o quadril
em sua direção. Vendo que estou quase lá, Adonis passa a estimular meu
clitóris ao mesmo tempo em que mete com força.
Grito quando o orgasmo chega, me fazendo arquear todo o corpo
e estremecer de prazer, explodindo e fechando os olhos, sentindo que Adonis
também chega ao clímax, metendo mais rápido e gemendo de um jeito que
me deixa arrepiada.
Ele me beija ao gozar, unindo nossas respirações ruidosas.
— Você é incrível — diz ao chupar meu lábio inferior. — E
gostosa pra caralho.
Sorrio com o elogio e o abraço, me sentindo saciada e desejada
em igual medida.
— E você é realmente meu Mister Sedução.
Adonis ri e me abraça e eu me sinto protegida em seus braços.
*
Adonis
Sinto-me inquieto e olho para minha pequena filha
completamente apreensivo porquê de todas as pessoas do mundo, Liz é a
mais importante e sua opinião para mim é a que tem maior peso. Sempre
fomos apenas nós e é a primeira vez que estou trazendo outra pessoa para
essa equação.
Olho para Ana e percebo que ela está tão receosa quanto eu. Faz
uma semana desde aquele dia e estamos felizes e agora queremos que Liz
saiba que estamos namorando.
— Você está com dor de barriga, papai?
Estamos na sala da minha casa e Liz está sentada em meu colo e
Ana na poltrona da frente. A pergunta da minha pequena faz com que a
mulher que virou minha vida de pernas pro ar sorria.
— Não, querida, papai só quer te contar uma coisa muito
importante.
Liz arregala os olhos que, assim como os meus, tem uma
tonalidade que mistura o azul e o verde.
— Vamos mudar de casa de novo?
Sorrio diante da sua inocência. Quando saímos do apartamento e
viemos para esse bairro tranquilo e arborizado, Liz nunca havia se mudado e
ficou me perguntando se alguma outra criança ficaria com seu quarto.
— Não, meu amor. Gostamos daqui. Certo?
— Sim! E eu adoro a tia Bia.
Ana sorri quando Liz diz isso e ergue os dois polegares para mim,
parecendo mais confiante.
— O que eu tenho que te contar tem a ver com a tia Bia — digo
ao ver que ela está prestando atenção.
— Tem?
— Sim. O papai e a tia Bia estão...
— Namorando!
O grito alegre de Liz me assusta e Ana Beatriz também arregala
os olhos.
— Sim, querida. O papai está namorando com a tia Bia.
Liz dá um gritinho de felicidade e me abraça, em seguida pula do
meu colo e corre para os braços de Bia.
— Eu pedi isso no meu aniversário — ela confessa ao apertar seu
narizinho contra o de Ana.
— O que você pediu? — Ana questiona rindo.
— Que você namorasse com o meu pai porque eu te adoro.
Elas começam a rir e eu me junto as duas, querendo que minha
vida continue tão alegre quanto esse começo feliz.
Epílogo
Um ano depois...
Ana Beatriz está eufórica e nervosa como nunca vi.
Faz praticamente um ano que estamos juntos e na mesma época
ela conseguiu voltar a escrever, retornando com o sucesso nas plataformas
digitais e se recusando a continuar recebendo o salário como babá de Liz,
dizendo que minha filha era sua companheira nas horas solitárias de escrita.
Agora Liz está com seis anos e Ana Beatriz lançando seu
primeiro livro impresso, um romance erótico que alcançou o primeiro lugar
entre os e-books mais vendidos da Amazon, consequentemente liderando três
categorias e chamando a atenção de uma das maiores editoras do país
especializada em literatura feminina.
Minha Ana agora tem contrato para mais três livros e hoje é o
primeiro evento de lançamento para qual vai e em que é exclusivamente seu.
— E se ninguém for, Adonis? — ela questiona pela milésima vez,
se arrumando em frente ao espelho. Muito gostosa em um vestido azul justo e
sapatos de salto preto.
— Amor, você tem centenas de leitoras. Todas elas estão te
aguardando.
— Todo mundo te ama, tia Bia — Liz acrescenta, sorrindo para
Ana e usando um vestido igual ao seu porque as duas passaram a amar se
vestirem igual.
Ana Beatriz concorda e me estende a mão. Saímos juntos de casa
e eu dirijo os três quilômetros que separam nosso bairro da livraria do centro
da cidade. Apesar de nosso namoro estar sério, ela continua sendo minha
vizinha e eu amo o fato de que tudo entre nós é tranquilo e o sexo incrível.
Assim que estaciono o carro, Ana aperta minha mão, olhando
para a livraria lotada completamente apavorada.
— Tem muita gente — sussurra, parecendo em pânico.
— Amor, estão todos ansiosos por você. É um sucesso.
Ela balança a cabeça e sai junto comigo e Liz do carro. Avistamos
a melhor amiga de Ana, Poli, e os pais da minha namorada nos aguardando.
Todos nos abraçamos e conversamos com tranquilidade, pois conheci os pais
dela no verão passado e nos demos muito bem.
Ana Beatriz é conduzida para uma mesa com tampo de vidro e
uma longa fila se faz em frente a esta, em sua maioria mulheres sorridentes e
tagarelando ao mesmo tempo em que seguram o exemplar da história dela,
com um homem musculoso na capa.
Todas se apaixonaram pela história de um militar e sua doce
amiga de infância e eu sei de cada detalhe porque lia por cima do ombro de
Ana enquanto ela escrevia de madrugada.
O evento dura mais de três horas e no final deste, Ana está
descalça e com um sorriso lindo e que parece iluminar todo o ambiente. Sua
família e a melhor amiga logo se despedem para voltarem para o interior e
ficamos apenas ela, eu e Liz na livraria, com o adendo dos funcionários que
passam ao nosso redor para organizarem tudo.
Começo a ficar nervoso e sinto que o que tenho no bolso da
minha camisa está pesando uma tonelada. Liz me olha e sorri, mesmo tão
pequena já sabe o que pretendo e está mal se contendo de tanta felicidade.
— Estou tão feliz — Ana diz ao me envolver em seus braços. —
Nunca pensei que tantas pessoas iriam se apaixonar por minhas palavras.
— Você é incrível, amor — digo e beijo sua bochecha. — É
apenas o começo de todo o seu sucesso.
— Meu médico bonitão é meu maior fã — ela diz rindo e me
dando um beijo rápido. — Que tal irmos jantar em algum lugar que a Liz
gosta? Ela está sentindo sua falta no último mês com tantos plantões.
— Tenho que fazer só uma coisinha antes.
Liz entende e sai de perto, indo para a sessão de livros infantis.
Beijo os pulsos de Ana e desfaço nosso abraço, respirando fundo e me
apoiando em um só joelho na sua frente.
— Ana Beatriz — começo a falar, sentindo meus olhos
marejarem. — Nesse último ano, você me fez o homem mais feliz do mundo
e me encantou com sua doçura e com o quanto é gostosa.
Ela começa a rir com a última palavra, tapando a boca com as
duas mãos.
— Acho que nunca fui tão feliz em toda a minha vida —
prossigo. — Por muito tempo pensei que seria apenas eu e minha filha, mas
aí você chegou e nos abraçou e agora sinto que temos uma pequena família.
Eu quero mais, muito mais. Você aceita fazer parte desse sonho ainda mais
ao se casar comigo?
Sinto uma lágrima escorrer por meu rosto ao mesmo tempo em
que vejo os olhos de Bia transbordarem. Ela balança a cabeça repetidas vezes
e vem ao meu encontro, se ajoelhando na minha frente e me abraçando.
— Eu quero. Mil vezes sim, Adonis.
— Ela aceitou, pai?
A pergunta de Liz faz com que a gente se afaste rindo.
— Eu aceitei, Lili — Ana afirma ao chamá-la pelo apelido
carinhoso que lhe deu.
— Papai, onde está o anel?
Minha filha coloca a mãozinha na cintura e eu me lembro de que
comprei um anel mesmo.
Retiro a caixinha do bolso e a abro, mostrando a Ana Beatriz um
anel solitário com uma pedra de diamante em formato de uma lágrima. Ela
estica a mão trêmula e eu coloco o anel em seu dedo.
— É lindo — Ana Beatriz diz chorando. — Meu Deus, Adonis.
— Foi a Liz quem escolheu — digo e minha filha parece
orgulhosa.
— Vem cá — Ana a chama e Liz se aproxima, a abraçando. —
Estou muito feliz que você escolheu um anel tão lindo, Lili.
— Você aceita ser minha mãe também, tia Bia?
A pergunta de Liz faz com que eu sinta um nó na garganta e mais
lágrimas escapem dos olhos de Ana, fazendo sua maquiagem ficar borrada.
— Vai ser a maior honra da minha vida, Lili.
Nós três nos abraçamos e ouvimos em seguida os aplausos dos
funcionários da livraria. Não contenho as lágrimas porque Ana não aceitou
somente a mim com seu sim, mas minha Liz.
— Eu amo vocês — Ana Beatriz diz quando nos levantamos.
— Eu te amo — digo em seu ouvido, pegando Liz no colo. — E
amo muito você, Lili.
Saímos da livraria unidos como a pequena família que somos e
continuaremos a ser.
— Eu quero um irmãozinho — Liz fala ao chegarmos à rua.
Olho para Ana Beatriz e ela coloca a mão na barriga, piscando
para mim, e eu posso jurar que nesse momento não existe um homem tão
feliz e abençoado quanto eu.
Fim

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